Caldeirão da Bolsa

Olá, Caldeirão!

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Comentador » 14/11/2005 13:15

O problema é que, dado o estado muito difícil em que se encontra a Segurança Social, à medida que os anos vão passando os governos irão certamente alterar os coeficientes incluídos no cálculo dos montantes das pensões mensais, que tenderão rapidamente para valores próximos de 50% do que cada um recebe à data da passagem à reforma.

E isto não pode ser agradável para ninguém, especialmente para quem seja mais novo e tenha ainda várias décadas à sua frente até chegar à reforma.

Haverá assim a necessidade de obter um complemento de reforma, através de um esquema adequado como pareciam ser os fundos de pensões.

Um abraço

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Fundo de pensões do BCP

por Be Cool » 12/11/2005 22:33

O ministro Vieira da Silva clarificou ontem no Parlamento, e já hoje garantiu de novo em entrevista à Antena 1, que o governo não elaborará OE's recorrendo a medidas extraordinárias e que, por isso, se o fundo de Pensões do BCP vier a ser integrado na Segurança Social, nunca será para esconder o défice nem no OE 2006 (que já foi aprovado) nem nos próximos anos.

Quanto aos méritos ou deméritos da eventual proposta de Paulo Teixeira Pinto (a que talvez se seguirão outros bancos), deixo aqui a opinião de alguém que me parece isento:


ANTÓNIO COSTA
Editorial Diário Económico
2005-11-11 14:00

A bondade de uma operação

A eventual transferência do fundo de pensões do BCP - e de outras instituições bancárias - para o regime geral de Segurança Social pode ser positiva para o Estado.

O Governo já deu sinais de aprovação. Mas a bondade da operação depende, primeiro, da necessidade de garantir um conjunto de pressupostos com vista a assegurar a neutralidade financeira da operação no longo prazo e, depois, do aproveitamento deste balão de oxigénio para introduzir novas medidas estruturais. Caso contrário, a realidade vai dar razão a Fernando Ulrich.

Comecemos pelos factos: os novos contratados do BCP já descontam para o regime geral de Segurança Social e, agora, Paulo Teixeira Pinto quer passar a parcela do fundo de pensões do banco relativa aos trabalhadores no activo para a Segurança Social.

Ou seja, uma tranche de cerca de 900 milhões de euros entraria já nos cofres do Estado, além dos descontos mensais dos referidos trabalhadores. Obviamente, o BCP sairia beneficiado com esta proposta, desde logo porque as novas normas de contabilidade são particularmente exigentes em relação ao tratamento contabilístico dos fundos de pensões dos funcionários e afectam os resultados.

O ponto mais importante, aqui, é a consequência para o Estado. No curto e no médio/longo prazo. No imediato, a Segurança Social receberia um reforço de verbas importante, tanto mais que o sistema público de pensões funciona num regime de repartição entre os que descontam hoje para pagar as reformas dos pensionistas de hoje. E são conhecidas as dificuldades orçamentais da Segurança Social. No médio e longo prazo, salvaguardado o devido provisionamento dos fundos a transferir para o Estado - e o conhecimento destes beneficiários torna possível assegurar uma efectiva neutralidade financeira da operação -, os ganhos seriam marginais.

As contas do DE apontam, grosso modo, para a possibilidade da Segurança Social ganhar mais dois anos na inexorável tendência de ruptura financeira do sistema com a integração do referido fundo de pensões do BCP. Um relatório de sustentabilidade da Segurança Social, anexado ao orçamento de 2006, aponta para a ruptura em 2015. Seria, então, em 2017. É pouco? É, mas é alguma coisa. Daí que seja verdadeiramente importante aproveitar todas as folgas possíveis para mudar o sistema. Sem rupturas, mas com medidas que garantam o longo prazo. Algumas já foram tomadas pelo ministro Vieira da Silva, como a penalização nas reformas antecipadas. Mas é necessário mais. Porque há uma realidade que os portugueses têm de perceber: para manter os actuais níveis de substituição do salário pela pensão, é preciso descontar mais e durante mais anos.
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por ptmasters » 12/11/2005 20:59

Boas,

Pois, resolve-se o problema de curto prazo de um, porque só lá estarão no curto prazo, e resolve-se o problema de longo prazo do outro, porque no longo prazo lá continuarão.

No fundo, é dar uma sapatada naquilo que devia a ser o sistema de pensões e reformas no futuro.

Um abraço
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Olá, Caldeirão!

por Comentador » 12/11/2005 17:55

Olá, Caldeirão!

Projectos mais complexos do que o habitual afastaram-me das intervenções no Caldeirão, embora tenha continuado a efectuar espreitadelas ocasionais.
Deu para ver que este espaço de convívio de ideias se mantém igual a si próprio, talvez até melhor que antes, o que não deixa de ser um feito assinalável.

Parabéns portanto a todos os “suspeitos do costume”.

Mas só tem verdadeiramente sentido estar agora aqui se, ao dizer o que penso, puder dar alguma mais valia por mínima que seja. Veremos se consigo retomar a pedalada.

Neste último ano, como diria um comentador profissional da nossa praça, o mundo ainda se tornou mais perigoso, onde várias ameaças nos espreitam, umas estremecendo à nossa vista outras mais desvanecidas num horizonte de neblina. É nestas alturas, que se impõe ser optimista e fazer desse estado de espírito um modo de ser!

Portugal, este país quase milenar, vai teimando em fazer-nos sorrir com as intervenções de políticos inovadores, que nos dão inúmeros motivos de boa disposição com as inconsequências das suas intervenções e as descobertas de fórmulas mágicas para construir o nosso bem-estar e aumentar a qualidade de vida.

Mas no meio das mais variadas medidas que atropelam a inteligência de uns e criam a esperança de outros mais crédulos, irrompeu, nos últimos dias, a notícia de uma operação extraordinária, daquelas que apanham de surpresa tudo e todos. Excepto aqueles que laboriosamente vêm preparando a possibilidade dessa mesma operação, bem entendido. Refiro-me à eventual passagem do fundo de pensões do BCP para a Segurança Social, arrastando o quase incomensurável valor de cerca de 4 mil milhões de euros. O que corresponde a perto de 3% do PIB nacional!!.

Como nenhum de nós acredita em coincidências quando se trata deste género de operações, dá a impressão que a vantagem é enorme para ambas as partes – BCP e Governo. E, se pensarmos um pouco, não deve ser difícil perceber porquê. Certamente,
temos estado todos muito iludidos a pensar que os fundos de pensões iriam dar um contributo cada vez mais indispensável para a viabilização da Segurança Social, que não poderia, a prazo, arcar com o grosso das responsabilidades das reformas. Puro engano!

Parece mais uma vez que estamos a caminhar no sentido inverso.

Um abraço a todos

Comentador
 
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