Caldeirão da Bolsa

O melhor deste Governo

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

O melhor deste Governo

por luiz22 » 14/9/2005 21:38

14 Setembro 2005 13:59
Sérgio Figueiredo
O melhor deste Governo
sf@mediafin.pt
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Arrepia só ouvir que uma grande reforma estrutural na Educação apenas produzirá resultados ao cabo de uma geração. Vinte e cinco anos. Mais coisa menos coisa. Arrepia por causa do fracasso. Provavelmente o maior da nossa democracia. Falhámos. E contudo o país assiste, desde Veiga Simão, a um desfile de reformas no ensino.
Não há ministro sem obra feita. Só que a escola engrossa cada vez mais o exército de impreparados.

Arrepia por causa do futuro. Não dispomos desse tempo. A viragem tem de ser feita nesta geração. Por esta geração. Para que a próxima seja melhor. E este é o terceiro motivo dos calafrios.

A sensação de que soa a desculpa para que nada aconteça. À espera de um golpe de génio, que faça a tal reforma e transforme cada sala de aulas num laboratório de crânios nacionais.

Só uma coisa destas é impossível mudar. O passado. Pode-se fazer mais em menos tempo.

Lembram-se do arranque da AutoEuropa? E dos disparates que então foram escritos sobre o investimento, supostamente excessivo, que, através de subsídios e outros incentivos, o Estado português suportou na formação profissional?

«A formação de um trabalhador da AutoEuropa vai custar mais a Portugal do que um aluno doutorado em Oxford» - a frase é minha, de 1995, e o tempo veio a confirmar o absoluto desacerto desse tipo de observações.

Foi pouco tempo. Nada que se compare a uma geração. A «academia AutoEuropa» deu-nos a prova de que, em menos de uma década, é possível atingir o patamar da excelência a nível mundial.

O outro equívoco que precisava ser corrigido é que a Educação nacional precisa de tudo menos de duas coisas - de um ministro visionário ou de políticos missionários. Os tais «golpes de génio» é que têm, sucessivamente, levado o ensino para a degradação que todos conhecem.

É por isso que, no meio deste nevoeiro cerrado que nos cobre a cabeça há tão longo tempo, aparece, não um D. Sebastião, mas uma Maria de Lurdes. Sim, a senhora ministra da Educação, até ver, a maior obra socrática.

Esta ministra destaca-se pelo que diz, pelo que faz, pela forma como diz e pela maneira como faz. Não é poeta. Não é profeta. Fala o que tem de falar. É uma daquelas pessoas terra-a-terra, não se perde no acessório, ataca questões nucleares.

Na difícil greve que enfrentou em época de exames, revelou autoridade. Garantiu que os exames iam realizar-se – e assim foi.

Na «batalha» do inglês e da extensão horária, exibiu pragmatismo. Era boa a intenção do legislador, ao colocar os professores metade do dia nas salas e a outra metade em actividade pedagógica. Sucede que a realidade era outra: «part-time» com remuneração «tempo inteiro».

Há uma luta de soberania, que esta ministra está a vencer: o Ministério estava capturado pelos professores. Deixou de estar.

E, no plano político, há medidas que marcam uma legislatura. Estas, da Educação, estão no mesmo plano da «revolução» dos regimes especiais na função pública. É o que fica naquilo que passa. Os futuros Governos agradecem. E, mais importante, é o país quem beneficia.
As decisões fáceis podem fazer-nos parecer bons,mas tomar decisões difíceis e assumi-las faz-nos melhores.
 
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