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OPINIÃO Publicado 31 Agosto 2005 14:42
José Diogo Madeira
Laughing out loud
jdmadeira@netcabo.pt
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Reza assim o antológico comunicado da LP - Brothers aos órgãos de comunicação social, aquele mesmo texto que provocou na segunda-feira um salto de 5% nas acções da Media Capital: “LP-Brothers Venture Capital vai manifestar nos próximos dias à CMVM a sua intenção de lançar uma OPA ao título Media Capital”.
Reza assim o antológico comunicado da LP - Brothers aos órgãos de comunicação social, aquele mesmo texto que provocou na segunda-feira um salto de 5% nas acções da Media Capital: "LP-Brothers Venture Capital vai manifestar nos próximos dias à CMVM a sua intenção de lançar uma OPA ao título Media Capital".
O que há de mais aberrante nestas linhas é que - pela primeira vez no mundo! - alguém anunciou uma OPA pelos jornais, ainda antes de a lançar definitivamente. "Ó meus amigos, isto é assim: eu vou lançar uma OPA sobre a empresa XPTO, portanto encham-se lá de acções que ainda ganham um bocadinho também".
Ò meu caro LP Brother, por quem se toma? Pelo Pai Natal? Ou, de outra forma, por quem nos julga? Por otários desprevenidos? E, já agora, porque não publicar isso como publicidade paga nos jornais, em anúncio de página inteira: "OPA anuncia-se em breve sobre a Media Capital - Estejam atentos!". ‘Faites vos jeux’, como se diz na roleta.
O magnífico Pedro Xavier Pereira, o já famoso porta-voz/CEO e provavelmente único accionista e faz tudo da não menos magnífica LP - Brothers, sedeada na também não menos deslumbrante praça financeira de Badajoz, apenas tentou, com sucesso, o golpe do "eu sei de uma OPA, eu sei de uma OPA!".
Depois de ter anunciado a compra da Varig e do jornal "A Capital", foi a vez da Media Capital. Tem tudo que ver, não é? Pois sim. Ganhou, com a ajuda de meia dúzia de jornalistas distraídos, uns trocos com um lotezinho de acções, que previamente deve ter adquirido, da empresa gerida por Miguel Pais do Amaral.
Mas conseguiu outra coisa; chamar a atenção da CMVM, que agora o deve investigar à séria para apurar das suas reais intenções. Manipulação de mercado é crime. E a divulgação de falsos factos, com o objectivo de ganhar dinheiro na Bolsa merece ser punida com mão pesada.
Quer dizer, estas coisas têm muita piada, mas transformam o mercado de capitais numa porcaria. A ideia é que os negócios se façam num ambiente "fair" e de salutar "competição" entre os investidores.
Quando aparecem chico-espertos no mercado, acabam por lhe emprestar uma dimensão terceiro-mundista que não interessa nada. Quer dizer, no limite cada um de nós constitui uma pseudo sociedade de investimentos, todas com um nome "fashion" e vagamente anglo-saxónico, e desata a anunciar que vai "opar" tudo e mais alguma coisa.
E depois, quem vai ficar para acreditar na Bolsa?
PS - Enquanto metade do País arde, a outra seca. Os ministros dissolvem-se em declarações "no sense" e em ideias vagas sobre comissões de trabalho para a próxima época de fogos (Portugal tem uma época de fogos da mesma forma que tem um época balnear), enquanto sobre a seca nada dizem.
Mas o que o País precisa saber, de uma vez por todas, são as causas estruturais de tantos fogos florestais - matas mal limpas, bombeiros ineficazes, interesses especulativos? - e uma política séria para acabar de vez com o desastre. Quer dizer, o problema é complexo.
Mas como todos os problemas, trata-se e resolve-se. Se for interesse especulativo, dos madeireiros ou das empresas de meios aéreos, encontre-se um travão na legislação. Se for falta de organização dos meios de combate, contrate-se um especialista na matéria e comprem-se meios. Falta de limpeza nas florestas? Limpem-se as matas! Mas faça-se.
Estamos em 2005! Há logística, há meios, há consultores especializados, há com certeza uma forma definitiva de resolver isto. E, no que diz respeito à questão da falta de água idem, idem aspas. Não há pior política do que não ter política nenhuma para coisa nenhuma.
O Governo não pode ser responsabilizado pelos fogos e pela escassez de chuva. Mas é o único responsável pela definição e execução de políticas que conduzam à redução dos fogos florestais e diminuíam a avidez de água que já se faz sentir um pouco por todo o lado, com o Algarve à cabeça.
Governar é estudar, decidir e executar. E num País com cultura democrática, ou onde se quer consolidar essa cultura, é também partilhar e explicar o estudo, a decisão e a execução com os cidadãos. Por isto, senhor Primeiro-Ministro, fale sobre estes temas. Explique o que se passa e o que pretende fazer.
E, senão o souber fazer, ouça o que já se diz em Espanha: que os fogos e a seca em Portugal são problemas que extravasa para lá do próprio território português e que se os portugueses não os sabem resolver sozinhos, pois que se criem organismos internacionais que intervenham globalmente nestas matérias. Cautela, que isto já não tem piada nenhuma.
Ou tem?
José Diogo Madeira
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jdmadeira@netcabo.pt
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Reza assim o antológico comunicado da LP - Brothers aos órgãos de comunicação social, aquele mesmo texto que provocou na segunda-feira um salto de 5% nas acções da Media Capital: “LP-Brothers Venture Capital vai manifestar nos próximos dias à CMVM a sua intenção de lançar uma OPA ao título Media Capital”.
Reza assim o antológico comunicado da LP - Brothers aos órgãos de comunicação social, aquele mesmo texto que provocou na segunda-feira um salto de 5% nas acções da Media Capital: "LP-Brothers Venture Capital vai manifestar nos próximos dias à CMVM a sua intenção de lançar uma OPA ao título Media Capital".
O que há de mais aberrante nestas linhas é que - pela primeira vez no mundo! - alguém anunciou uma OPA pelos jornais, ainda antes de a lançar definitivamente. "Ó meus amigos, isto é assim: eu vou lançar uma OPA sobre a empresa XPTO, portanto encham-se lá de acções que ainda ganham um bocadinho também".
Ò meu caro LP Brother, por quem se toma? Pelo Pai Natal? Ou, de outra forma, por quem nos julga? Por otários desprevenidos? E, já agora, porque não publicar isso como publicidade paga nos jornais, em anúncio de página inteira: "OPA anuncia-se em breve sobre a Media Capital - Estejam atentos!". ‘Faites vos jeux’, como se diz na roleta.
O magnífico Pedro Xavier Pereira, o já famoso porta-voz/CEO e provavelmente único accionista e faz tudo da não menos magnífica LP - Brothers, sedeada na também não menos deslumbrante praça financeira de Badajoz, apenas tentou, com sucesso, o golpe do "eu sei de uma OPA, eu sei de uma OPA!".
Depois de ter anunciado a compra da Varig e do jornal "A Capital", foi a vez da Media Capital. Tem tudo que ver, não é? Pois sim. Ganhou, com a ajuda de meia dúzia de jornalistas distraídos, uns trocos com um lotezinho de acções, que previamente deve ter adquirido, da empresa gerida por Miguel Pais do Amaral.
Mas conseguiu outra coisa; chamar a atenção da CMVM, que agora o deve investigar à séria para apurar das suas reais intenções. Manipulação de mercado é crime. E a divulgação de falsos factos, com o objectivo de ganhar dinheiro na Bolsa merece ser punida com mão pesada.
Quer dizer, estas coisas têm muita piada, mas transformam o mercado de capitais numa porcaria. A ideia é que os negócios se façam num ambiente "fair" e de salutar "competição" entre os investidores.
Quando aparecem chico-espertos no mercado, acabam por lhe emprestar uma dimensão terceiro-mundista que não interessa nada. Quer dizer, no limite cada um de nós constitui uma pseudo sociedade de investimentos, todas com um nome "fashion" e vagamente anglo-saxónico, e desata a anunciar que vai "opar" tudo e mais alguma coisa.
E depois, quem vai ficar para acreditar na Bolsa?
PS - Enquanto metade do País arde, a outra seca. Os ministros dissolvem-se em declarações "no sense" e em ideias vagas sobre comissões de trabalho para a próxima época de fogos (Portugal tem uma época de fogos da mesma forma que tem um época balnear), enquanto sobre a seca nada dizem.
Mas o que o País precisa saber, de uma vez por todas, são as causas estruturais de tantos fogos florestais - matas mal limpas, bombeiros ineficazes, interesses especulativos? - e uma política séria para acabar de vez com o desastre. Quer dizer, o problema é complexo.
Mas como todos os problemas, trata-se e resolve-se. Se for interesse especulativo, dos madeireiros ou das empresas de meios aéreos, encontre-se um travão na legislação. Se for falta de organização dos meios de combate, contrate-se um especialista na matéria e comprem-se meios. Falta de limpeza nas florestas? Limpem-se as matas! Mas faça-se.
Estamos em 2005! Há logística, há meios, há consultores especializados, há com certeza uma forma definitiva de resolver isto. E, no que diz respeito à questão da falta de água idem, idem aspas. Não há pior política do que não ter política nenhuma para coisa nenhuma.
O Governo não pode ser responsabilizado pelos fogos e pela escassez de chuva. Mas é o único responsável pela definição e execução de políticas que conduzam à redução dos fogos florestais e diminuíam a avidez de água que já se faz sentir um pouco por todo o lado, com o Algarve à cabeça.
Governar é estudar, decidir e executar. E num País com cultura democrática, ou onde se quer consolidar essa cultura, é também partilhar e explicar o estudo, a decisão e a execução com os cidadãos. Por isto, senhor Primeiro-Ministro, fale sobre estes temas. Explique o que se passa e o que pretende fazer.
E, senão o souber fazer, ouça o que já se diz em Espanha: que os fogos e a seca em Portugal são problemas que extravasa para lá do próprio território português e que se os portugueses não os sabem resolver sozinhos, pois que se criem organismos internacionais que intervenham globalmente nestas matérias. Cautela, que isto já não tem piada nenhuma.
Ou tem?
As decisões fáceis podem fazer-nos parecer bons,mas tomar decisões difíceis e assumi-las faz-nos melhores.
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