Porque se reformam?
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Incognitus,
eu não tenho, nem as soluções todas, nem a presunção de as ter. Mas penso saber o caminho.
Quanto aos problemas que colocas, eu replico com o seguinte:
- se o Estado fosse reduzido, por suposição, em 90%, lógico seria que nós pagássemos 90% menos de impostos, directos e indirectos, IRS e IVA, já sem falar dos impostos sobre produtos petrolíferos, as diversas taxas que o Estado impõe, e por aí fora.
- será que tendo as pessoas tanto dinheiro a mais na mão (pela redução de impostos), e sabendo que o Estado não toma conta das funções de Estado Providência actuais, será que não haveria muita gente a contribuir directa ou por intermédio de organizações para os realmente pobres? Hoje em dia, são considerados pobres os que se candidatam ao subsídio mínimo garantido (não me lembro do nome actual), sujeitos a regras cegas. E toda a pobreza que se vê, por ex, na televisão, de pessoas que nem sabem pedir? de um casal de cegos, com outras complicações graves, que deixa de receber qualquer subsídio actual, só porque deram um tachito de telefonista ao marido a ganhar uns poucos euros por mês, como eu conheço?
Não seriam todas estas pessoas tratadas muito melhor por pessoas e organizações de pessoas que estejam próximas delas e que recebam dinheiro de nós, que teremos dinheiro a mais para distribuir por quem mais precisa, e ainda assim ficar a lucrar em relação à situação actual? Quem 'trata' da vida destas pessoas que se encontram em gabinetes ministeriais são 'governantes' que não sabem ou já se esqueceram sequer do que é andar em transportes públicos, quanto mais da pobreza.
- será que as pessoas não se sentiriam, regra geral, mais responsabilizadas pelo seu papel na sociedade, em vez de delegar tudo no Estado como agora e esquecer os outros? Provavelmente teríamos uma sociedade mais solidária. Em Junho, no estado actual da sociedade, a versão de carro mais vendida em Portugal, foi um carro considerado de luxo: o BMW 320d. Não estará qualquer coisa 'mal' nisto?
- Ouvimos todos os dias dizer que há muito desemprego, mas que não há quem queira trabalhar, porque recebe subsídio. Por que não acabar com todos os subsídios?
- Por que não deixar que todos nós possamos evoluir, possamos explorar e ir mais longe, contando para isso com uma reserva material que actualmente é tirada pelo Estado sob a forma de impostos, mal usada e canalizada em grande parte para uma meia dúzia que se apropria dela? Será que com tanta gente capaz, como vemos portugueses a fazer coisas maravilhosas, não poderíamos multiplicar este desenvolvimento várias vezes, sacudindo a sociedade do colete de forças em que está? Não melhoraríamos todos?
eu não tenho, nem as soluções todas, nem a presunção de as ter. Mas penso saber o caminho.
Quanto aos problemas que colocas, eu replico com o seguinte:
- se o Estado fosse reduzido, por suposição, em 90%, lógico seria que nós pagássemos 90% menos de impostos, directos e indirectos, IRS e IVA, já sem falar dos impostos sobre produtos petrolíferos, as diversas taxas que o Estado impõe, e por aí fora.
- será que tendo as pessoas tanto dinheiro a mais na mão (pela redução de impostos), e sabendo que o Estado não toma conta das funções de Estado Providência actuais, será que não haveria muita gente a contribuir directa ou por intermédio de organizações para os realmente pobres? Hoje em dia, são considerados pobres os que se candidatam ao subsídio mínimo garantido (não me lembro do nome actual), sujeitos a regras cegas. E toda a pobreza que se vê, por ex, na televisão, de pessoas que nem sabem pedir? de um casal de cegos, com outras complicações graves, que deixa de receber qualquer subsídio actual, só porque deram um tachito de telefonista ao marido a ganhar uns poucos euros por mês, como eu conheço?
Não seriam todas estas pessoas tratadas muito melhor por pessoas e organizações de pessoas que estejam próximas delas e que recebam dinheiro de nós, que teremos dinheiro a mais para distribuir por quem mais precisa, e ainda assim ficar a lucrar em relação à situação actual? Quem 'trata' da vida destas pessoas que se encontram em gabinetes ministeriais são 'governantes' que não sabem ou já se esqueceram sequer do que é andar em transportes públicos, quanto mais da pobreza.
- será que as pessoas não se sentiriam, regra geral, mais responsabilizadas pelo seu papel na sociedade, em vez de delegar tudo no Estado como agora e esquecer os outros? Provavelmente teríamos uma sociedade mais solidária. Em Junho, no estado actual da sociedade, a versão de carro mais vendida em Portugal, foi um carro considerado de luxo: o BMW 320d. Não estará qualquer coisa 'mal' nisto?
- Ouvimos todos os dias dizer que há muito desemprego, mas que não há quem queira trabalhar, porque recebe subsídio. Por que não acabar com todos os subsídios?
- Por que não deixar que todos nós possamos evoluir, possamos explorar e ir mais longe, contando para isso com uma reserva material que actualmente é tirada pelo Estado sob a forma de impostos, mal usada e canalizada em grande parte para uma meia dúzia que se apropria dela? Será que com tanta gente capaz, como vemos portugueses a fazer coisas maravilhosas, não poderíamos multiplicar este desenvolvimento várias vezes, sacudindo a sociedade do colete de forças em que está? Não melhoraríamos todos?
TerraVerde
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Terraverde, o problema não está em construir o hospital e em opera-lo.
Está sim em que uma franja significativa da população não o poderá usar sem um subsídio do Estado para pagar os seus serviços.
O mesmo se aplica a muitas outras situações, como a Educação.
Eu tb sou por todos os Hospitais e Escolas serem privados, mas isso não elimina o facto de que o Estado teria que continuar a gastar muito dinheiro tanto com a Saúde como com a Educação.
Está sim em que uma franja significativa da população não o poderá usar sem um subsídio do Estado para pagar os seus serviços.
O mesmo se aplica a muitas outras situações, como a Educação.
Eu tb sou por todos os Hospitais e Escolas serem privados, mas isso não elimina o facto de que o Estado teria que continuar a gastar muito dinheiro tanto com a Saúde como com a Educação.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein
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Impossível de certeza.
É uma expressão duplamente perigosa. O que achas impossível, pode não ser impossível para outro. O que pensas ser impossível hoje, podes não o pensar amanhã.
Falas saúde, por ex.
Saúde: há ou não há necessidades a satisfazer nas pessoas que se encontram doentes? Se há, como há, não é preciso o Estado determinar que se construa um hospital. Haverá quem o construa. Sem necessidade de licenças, de ir ao beija-mão dos políticos que nos têm governado.
Passam a custar menos, são construídos em muito menos tempo, localizados onde devem, geridos para fazer aquilo para que, afinal foram criados. Deixam, é certo, de dar umas massas valentes a alguns, de ter o equipamento X que afinal nem é indicado, apenas porque o fornecedor dele paga umas luvas maiores, etc, etc...
É uma expressão duplamente perigosa. O que achas impossível, pode não ser impossível para outro. O que pensas ser impossível hoje, podes não o pensar amanhã.
Falas saúde, por ex.
Saúde: há ou não há necessidades a satisfazer nas pessoas que se encontram doentes? Se há, como há, não é preciso o Estado determinar que se construa um hospital. Haverá quem o construa. Sem necessidade de licenças, de ir ao beija-mão dos políticos que nos têm governado.
Passam a custar menos, são construídos em muito menos tempo, localizados onde devem, geridos para fazer aquilo para que, afinal foram criados. Deixam, é certo, de dar umas massas valentes a alguns, de ter o equipamento X que afinal nem é indicado, apenas porque o fornecedor dele paga umas luvas maiores, etc, etc...
TerraVerde
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Embora eu seja pela redução forte do estado, é fácil de compreender que não existe espaço para reduzir 90% o dito. Algumas funções terão sempre que ficar no estado ou dele receber financiamento para providenciar uma cobertura geral, como segurança, educação, saúde, segurança social (no capitulo de subsidio de desemprego para quem ainda n foi empregado uma vez) e por aí em diante. 90% é impossível de certeza. Mas 50% provavelmente não.
Não que alguma vez aconteça. Só com uma guerra entre Estado e Não Estado, de outra forma nunca o Estado se deixará ser cortado.
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diferença sector público e privado
Antes de mais, quero dizer que sou por uma redução de 90% no tamanho do Estado, no mínimo. Politicamente, sou pelo libertarianismo (e, não, liberalismo). Quem quiser saber mais:
http://www.libertarianism.com/
Para poderem saber onde se enquadram, em termos políticos:
http://www.theadvocates.org/quiz.html
Quanto às reformas, é preciso ter em atenção que muitos dos privados fugiram aos impostos e à segurança social durante muitos anos e os funcionários públicos não escapam.
Como libertário, quero ser eu a escolher o meio de ter uma reforma e, não, a ser obrigado a descontar, ainda para mais que nada é para mim, mas, sim, para quem está reformado hoje em dia.
http://www.libertarianism.com/
Para poderem saber onde se enquadram, em termos políticos:
http://www.theadvocates.org/quiz.html
Quanto às reformas, é preciso ter em atenção que muitos dos privados fugiram aos impostos e à segurança social durante muitos anos e os funcionários públicos não escapam.
Como libertário, quero ser eu a escolher o meio de ter uma reforma e, não, a ser obrigado a descontar, ainda para mais que nada é para mim, mas, sim, para quem está reformado hoje em dia.
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Até eu
me reformava, se me deixassem claro, mas como pertenço à geração grisalha, não confundir com a previligiada, ou seja a do sector público, assim tenho que "gramar" até aos 65 anos de idade, por enquanto, o que equivale a 53 anos de contribuinte, com a agravante de ser roubado durante 13 anos, porquanto a Seg, Social para os calculos da reforma só considera 40 anos de contribuições! Enquanto uns roubam outros são roubados, mas a vida è assim mesmo, temos que ter cara alegre, consideração e estima por quem nos governa ou já governou, EM FRENTE CAMARDAS, VIVA À CONVERGÊNCIA E À JUSTIÇA!
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Nem mais !
Incognitus Escreveu:Reformam-se porque ficam a ganhar o mesmo ou quase, não correm o risco que as regras se alterem contra si novamente, e não têm que trabalhar a partir desse ponto.
Mas isso só vai complicar ainda mais o problema do gigantismo do Estado que este país incompetitivo tem.

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Estão com medo......
que os 100% de reforma acabe................ Não sei como é possivel num país que se diz desenvolvido deferenciar reformados da função pública com reformados do sector privado, afinal eles não descontam o mesmo, será que só os funcionários públicos é que devem ter regalias?

Mais vale um pássaro na mão que dois a voar
www.ac-investor.blogspot.com - Now with trade Alerts for US stocks
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Totalmente de acordo Incognitus e ainda com uma agravante a geração que se está a reformar agora é aquela geração daqueles que beneficiaram grosso modo de um ambiente macroeconomico talvez irrepetivel ( entrada na UE em 1985 que lhes proporcionou alguma prosperidade economica sem que o esforço para o atinjir tenha sido proporcional e portanto como não estão habituados a correr grandes riscos fogem para a reforma com medo dos tempos que aí vem onde é preciso correr mais riscos para se conseguir aquilos que eles conseguiram
Um abraço
Vasco
Um abraço
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Aqui no Caldeirão no Longo Prazo estamos todos ricos ... no longuissimo prazo os nossos filhos estarão ainda mais ricos ...
Reformam-se porque ficam a ganhar o mesmo ou quase, não correm o risco que as regras se alterem contra si novamente, e não têm que trabalhar a partir desse ponto.
Mas isso só vai complicar ainda mais o problema do gigantismo do Estado que este país incompetitivo tem.
Mas isso só vai complicar ainda mais o problema do gigantismo do Estado que este país incompetitivo tem.
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- Registado: 6/11/2002 19:27
Mais de 30 anos nisto dá cabo de qualquer cabeça. Ninguém é pessimista por vocação, mas por mágoa. O pessimismo não é causa da nossa condição de vida. É consequência dela. Não há pior que ter chefes imbecis. Nem melhor do que os não ter.
Esta questão parece-me muito importante num contexto em que o tempo de duração do período de vida laboral vai aumentar é preciso repensar as consequencias para as pessoas de terem que estar no mesmo local com as mesmas pessoas a fazer trabalhos pouco estimulantes intelectualmente durante decadas a fio a questão nem é o chefe ser mal ou bom porque ao fim de algumas decadas de convivencia mesmo que o ambiente seja relativamente pacifico já ninguem no escritorio se deve tolerar. nas empresas privadas suficientemente grandes penso que a rotação é uma practica comum mas no estado e nas empresas privadas pequenas já não deve ser bem o caso isto devia ser pensado a sério até porque há medida que as pessoas vão envelhecendo infelizmente o mercado de trabalho se fecha. Para mim o ideal deveria ser haver mobilidade do factor trabalho desde o princio ao fim da vida laboral ou seja se um empregado de escritorio com 62 anos estiver farto do sitio onde está a trabalhar deve poder aceder ao mercado de trabalho nas mesmas condições que uma pessoa de 40 e deve poder mudar com relativa facilidade como se passa por exemplo nos States e não como em Portugal onde apartir de uma certa altura ( a meu ver demasiado cedo o mercado se fecha para as pessoas que legitamente queiram mudar de trabalho
Um abraço
Vasco
Esta questão parece-me muito importante num contexto em que o tempo de duração do período de vida laboral vai aumentar é preciso repensar as consequencias para as pessoas de terem que estar no mesmo local com as mesmas pessoas a fazer trabalhos pouco estimulantes intelectualmente durante decadas a fio a questão nem é o chefe ser mal ou bom porque ao fim de algumas decadas de convivencia mesmo que o ambiente seja relativamente pacifico já ninguem no escritorio se deve tolerar. nas empresas privadas suficientemente grandes penso que a rotação é uma practica comum mas no estado e nas empresas privadas pequenas já não deve ser bem o caso isto devia ser pensado a sério até porque há medida que as pessoas vão envelhecendo infelizmente o mercado de trabalho se fecha. Para mim o ideal deveria ser haver mobilidade do factor trabalho desde o princio ao fim da vida laboral ou seja se um empregado de escritorio com 62 anos estiver farto do sitio onde está a trabalhar deve poder aceder ao mercado de trabalho nas mesmas condições que uma pessoa de 40 e deve poder mudar com relativa facilidade como se passa por exemplo nos States e não como em Portugal onde apartir de uma certa altura ( a meu ver demasiado cedo o mercado se fecha para as pessoas que legitamente queiram mudar de trabalho
Um abraço
Vasco
Aqui no Caldeirão no Longo Prazo estamos todos ricos ... no longuissimo prazo os nossos filhos estarão ainda mais ricos ...
Porque se reformam?
Ontem, este jornal noticiou uma corrida às reformas na função pública, ainda no tempo das regras que o governo socialista vai mudar.
Hoje, este jornal publica um estudo que mostra a atitude dos portugueses perante a reforma: passivos, pouco informados e pessimistas.Passivos porque não a preparam; pouco informados porque nem sabem quando será nem quanto receberão como pensão; pessimistas porque não esperam fazer grande coisa nela. Se há países onde os futuros pensionistas associam a reforma a ideias positivas («tempo para o lazer» ou «reencontro de tempo para si e para os outros»), Portugal associa-a a ideias negativas («velhice» ou «medos»).
Se a reforma não é, para nós, um reinício para coisas melhores; se não é um objectivo, um nirvana que se pretenda, então por que há corridas à reforma na função pública? Se estamos a viver mais anos, em melhores condições de saúde e poucos se sentem inúteis aos 55, 60 ou 65 anos, se não é para ganhar mais dinheiro nem é para ter boa vida, por que estão os funcionários públicos contra o aumento da idade de reforma ?
É pelo sossego. Mas não é o sossego pelo futuro, pelo tempo e disponibilidade para os netos e os amigos, para as viagens e os fins de tarde à beira-mar, para o cinema e o teatro e os museus. Não, é um sossego pelo passado. É um alívio.
Os funcionários públicos não querem entrar na reforma, querem sair do trabalho. Deixar para trás os chefes incompetentes, as promoções à força de cunhas, a mediocridade validada pelos sempiternos «A» no fim do ano, a aniquilação precoce da criatividade, o esmagamento da energia individual, o amargor de ser bode expiatório de um país inteiro, as invejas, o nivelamento por baixo, os boicotes ao trabalho, o sentimento de culpa de, detestando o sistema, se ter ficado igual a ele. Esse é o sistema que dá o poder a poucos e os incentiva a serem maus chefes, exaurindo a vontade de todos os outros.
Mais de 30 anos nisto dá cabo de qualquer cabeça. Ninguém é pessimista por vocação, mas por mágoa. O pessimismo não é causa da nossa condição de vida. É consequência dela. Não há pior que ter chefes imbecis. Nem melhor do que os não ter.
In "Jornal de Negócios"
Hoje, este jornal publica um estudo que mostra a atitude dos portugueses perante a reforma: passivos, pouco informados e pessimistas.Passivos porque não a preparam; pouco informados porque nem sabem quando será nem quanto receberão como pensão; pessimistas porque não esperam fazer grande coisa nela. Se há países onde os futuros pensionistas associam a reforma a ideias positivas («tempo para o lazer» ou «reencontro de tempo para si e para os outros»), Portugal associa-a a ideias negativas («velhice» ou «medos»).
Se a reforma não é, para nós, um reinício para coisas melhores; se não é um objectivo, um nirvana que se pretenda, então por que há corridas à reforma na função pública? Se estamos a viver mais anos, em melhores condições de saúde e poucos se sentem inúteis aos 55, 60 ou 65 anos, se não é para ganhar mais dinheiro nem é para ter boa vida, por que estão os funcionários públicos contra o aumento da idade de reforma ?
É pelo sossego. Mas não é o sossego pelo futuro, pelo tempo e disponibilidade para os netos e os amigos, para as viagens e os fins de tarde à beira-mar, para o cinema e o teatro e os museus. Não, é um sossego pelo passado. É um alívio.
Os funcionários públicos não querem entrar na reforma, querem sair do trabalho. Deixar para trás os chefes incompetentes, as promoções à força de cunhas, a mediocridade validada pelos sempiternos «A» no fim do ano, a aniquilação precoce da criatividade, o esmagamento da energia individual, o amargor de ser bode expiatório de um país inteiro, as invejas, o nivelamento por baixo, os boicotes ao trabalho, o sentimento de culpa de, detestando o sistema, se ter ficado igual a ele. Esse é o sistema que dá o poder a poucos e os incentiva a serem maus chefes, exaurindo a vontade de todos os outros.
Mais de 30 anos nisto dá cabo de qualquer cabeça. Ninguém é pessimista por vocação, mas por mágoa. O pessimismo não é causa da nossa condição de vida. É consequência dela. Não há pior que ter chefes imbecis. Nem melhor do que os não ter.
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