Caldeirão da Bolsa

carta aberta ao Primeiro-Ministro

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por silva_39 » 22/6/2005 16:50

Meu caro Alvo,

Um professor universitário é muito mal pago em Portugal, não é concerteza que os salarios dos prof. universitários que estamos na situação que estamos.
Não se esqueça que para seguir a carreira cademica é necessario um doutoramento, e que um prof. universitario tem que estar constantemente a estudar/investigar para poder ensinar. Se comparara o nivel de ensino que um prof universitario tem com muitas profissões (medicos, politicos (estes muitas vezes nem um licenciatura tem), etc) e os respectivos salários vai ver que o prof. universitario e mal pago.
A paciência é a chave do negocio
 
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Está explicado!

por Alvo » 22/6/2005 16:39

Este sujeito, Santana Castilho, das duas uma: ou é demagogo ou ignorante.
Fica claro, o despesismo do estado: pelos atributos do dito sujeito, os serviços que ele presta como professor do ensino superior (pasme-se?), são muito caros, ainda assim, para o pouco que ele como funcionário publico diz que ganha!
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por Dark » 22/6/2005 16:38

Lá diz o adágio popular, "à primeira cai quem quer, à segunda quem quer cai, à terceira só cai quem é tolo ..."

E para que fique claro, isto aplica-se ao Eng. Sócrates e a todos os políticos que o precederam, pois há algo que definitivamente desapareceu, foi o sentido de Estado e nas últimas três dezenas de anos claramente a vergonha na cara.

Senhores políticos, tenham vergonha, pois poderá demorar algum tempo, mas desde que as crises sociais se tornem evidentes e graves, muito disto irá mudar.

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Quando lhe mostramos a Lua, o imbecil repara no dedo ...
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carta aberta ao Primeiro-Ministro

por Kooc » 22/6/2005 16:17

(atenção que não é minha)

Carta aberta ao engenheiro José Sócrates (jornal "O Público")




Santana Castilho*



Esta é a terceira carta que lhe dirijo. As duas primeiras, motivadas por um
convite que formulou mas não honrou, ficaram descortesmente sem resposta. A
forma escolhida para a presente é obviamente retórica e assenta num direito
que o Senhor ainda não eliminou: o de manifestar publicamente indignação
perante a mentira e as opções injustas e erradas da governação.

Por acção e omissão, o Senhor deu uma boa achega à ideia, que ultimamente
ganhou forma na sociedade portuguesa, segundo a qual os funcionários públicos
seriam os responsáveis primeiros pelo descalabro das contas do Estado e pelos
malefícios da nossa economia. Sendo a administração pública a própria imagem
do Estado junto do cidadão comum, é quase masoquista o seu comportamento.
Desminta, se puder, o que passo a afirmar:

1. Do Statistics in Focus n.º 41/2004, produzido pelo departamento oficial de
estatísticas da União Europeia, retira-se que a despesa portuguesa com os
salários e benefícios sociais dos funcionários públicos é inferior à mesma
despesa média dos restantes países da Zona Euro.

2. Outra publicação da Comissão Europeia, L"Emploi en Europe 2003, permite
comparar a percentagem dos empregados do Estado em relação à totalidade dos
empregados de cada país da Europa dos 12. E que vemos? Que em média, nessa
Europa, 25,6 por cento dos empregados são empregados do Estado, enquanto em
Portugal essa percentagem é de apenas 18 por cento. Ou seja, a mais baixa dos
12 países, com excepção da Espanha. As ricas Dinamarca e Suécia têm quase o
dobro, respectivamente 32 e 32,6 por cento. Se fosse directa a relação entre o
peso da administração pública e o défice, como estaria o défice destes dois
países?

3. Um dos slogans mais usados é o do peso das despesas de saúde. A insuspeita
OCDE diz que na Europa dos 15 o gasto médio por habitante é de 1458 ?. Em
Portugal esse gasto é... 758 ?. Todos os restantes países, com excepção da
Grécia, gastam mais que nós. A França 2730 ?, a Áustria 2139, a Irlanda 1688,
a Finlândia 1539, a Dinamarca 1799, etc.

Com o anterior não pretendo dizer que a administração pública é um poço de
virtudes. Não é. Presta serviços que não justificam o dinheiro que consome.
Particularmente na saúde, na educação e na justiça. É um santuário de
burocracia, de ineficiência e de ineficácia. Mas, infelizmente para o país, os
mesmos paradigmas são transferíveis para o sector privado. Donde a questão não
reside no maniqueísmo em que o Senhor e o seu ministro das Finanças caíram,
lançando um perigoso anátema sobre o funcionalismo público. A questão reside
em corrigir o que está mal, seja público, seja privado. A questão reside em
fazer escolhas acertadas. O Senhor optou pelas piores. De entre muitas razões
que o espaço não permite, deixe-me que lhe aponte duas:

1. Sobre o sistema de reformas dos funcionários públicos têm-se dito
barbaridades. Como é sabido, a taxa social sobre os salários cifra-se em 34,75
por cento (11 por cento pagos pelo trabalhador, 23,75 por cento pagos pelo
patrão). Os funcionários públicos pagam os seus 11 por cento. Mas o seu patrão
Estado não entrega mensalmente à Caixa Geral de Aposentações, como lhe
competia e exige aos demais empregadores, os seus 23,75 por cento. E é assim
que as "transferências" orçamentais assumem perante a opinião pública não
esclarecida o odioso de serem formas de sugar os dinheiros públicos. Por outro
lado, todos os funcionários públicos que entraram ao serviço em Setembro de
1993 já verão a sua reforma calculada segundo os critérios aplicados aos
restantes portugueses. Estamos a falar de quase metade dos activos. E o
sistema estabilizará nessa base em pouco mais de uma década.

Mas o seu pior erro, Senhor Engenheiro, foi ter escolhido para artífice das
iniquidades que subjazem à sua política o ministro Campos Cunha, que não teve
pruridos políticos, morais ou éticos por acumular aos seus 7000 euros de
salário os 8000 de uma reforma conseguida com seis anos de serviço. E com a
agravante de a obscena decisão legal que a suporta ter origem numa proposta de
um colégio de que o próprio fazia parte.

2. Quando escolheu aumentar os impostos, viu o défice e ignorou a economia.
Foi ao arrepio do que se passa na Europa. A Finlândia dos seu encantos baixou-
os em quatro pontos percentuais, a Suécia em 3,3 e a Alemanha em 3,2. Porque
não optou por cobrar os 3,2 mil milhões de euros que as empresas privadas
devem à segurança social? Porque não pôs em prática um plano para fazer andar
a execução das dívidas fiscais pendentes nos tribunais tributários e que somam
20.000 milhões de euros? Porque não actuou do lado dos benefícios fiscais, que
em 2004 significaram 1000 milhões de euros? Porque não modificou o quadro
legal que permite aos bancos, que duplicaram lucros em época recessiva, pagar
apenas 13 por cento de impostos? Porque não revogou a famigerada Reserva
Fiscal de Investimento e a iníqua lei que permitiu à PT Telecom não pagar
impostos pelos prejuízos que teve... no Brasil, o que, por junto, representará
cerca de 6500 milhões de euros de receita fiscal perdida?

A verdade e a coragem foram atributos que Vossa Excelência invocou para se
diferenciar dos seus opositores. Quando subiu os impostos, que perante milhões
de portugueses garantiu que não subiria, ficámos todos esclarecidos sobre a
sua verdade. Quando elegeu os desempregados, os reformados e os funcionários
públicos como principais instrumentos de combate ao défice, percebemos de que
teor é a sua coragem.

* Professor do ensino superior
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