Caldeirão da Bolsa

E agora quem buy back?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por pedras11 » 3/6/2005 15:06

Não sei como alguém como Sérgio Figueiredo, consegue comparar a gestão da PT( quanto a mim boa), com as finanças públicas? :mrgreen:
"O desprezo pelo dinheiro é frequente, sobretudo naqueles que não o possuem"

Fonte: "La Philosophie de G. C."
Autor: Courteline , Georges

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E agora quem buy back?

por luiz22 » 3/6/2005 14:40

3 Junho 2005 13:59
Sérgio Figueiredo
E agora quem buy back?
sf@mediafin.pt
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Estava a ficar bastante difícil entender a estratégia de crescimento da maior empresa portuguesa. Talvez por também não ser simples de explicar. A Portugal Telecom iniciou em 2003 um programa de «share buy back» expressivo. Mil milhões de euros em acções próprias. Dez por cento do capital da empresa.
É difícil entender uma «estratégia» de investimento baseada na compra de acções próprias pela simples razão de isso não ser estratégia alguma.

É pura transferência de rendimento do cliente da empresa para o accionista. É esse o seu significado, mesmo que a operação assuma a designação sexy de «share buy back». Preços no consumidor mais elevados, porque prevalece a remuneração do accionista.

A PT vive com uma estrutura financeira confortável. Níveis de endividamento baixos. Bons cash-flow. Todas as condições, portanto, para garantir o futuro, lançar um plano de investimento. Consistente. Coerente.

Nada que não tenha feito no passado. «Andar à frente» do mercado. Ser ela própria «a fazer o mercado».

Essa atitude tornou-a líder absoluta no cabo. Pelos riscos que assumiu e ninguém teve a coragem de então assumir. Mesmo no GSM. E foi isso, o investimento em escala, que lhe garantiu os 750 mil clientes que hoje detém na banda larga.

Era isso que se esperava. Era isso que se via na concorrência. Nos fixos, a Telefónica a expandir-se através de aquisições internacionais. Comprando a operadora checa. Espreitando a privatização da companhia turca. Nos móveis, a britânica Vodafone a ganhar terreno, com uma estratégia agressiva na Terceira Geração.

E a PT no «share buy back». Distribuindo, pelo meio, dividendos generosos e extraordinários.

Não se entendia. Mas, afinal, o problema era nosso. E assim a empresa viveu ontem uma pequena derrocada na Bolsa. O «mercado» não gostou de conhecer as novidades da véspera.

A TMN decidiu encarar o UMTS a sério. Numa perspectiva de médio e longo prazo. Vai, por conseguinte, investir na qualidade da rede, em mais conteúdos.

Vai também carregar um peso extra nos custos, porque acredita (e, pensávamos nós, bem) que só criará mercado com dimensão, se baixar significativamente os preços dos terminais. Foi isso que fez, aliás, no ADSL, subsidiando os «modem» adquiridos pelos milhares e milhares dos novos clientes.

Mas o «mercado» reagiu mal. É o mesmo mercado que concluiu há muito que o negócio de telecomunicações móveis já não cresce pela quantidade de clientes, mas pela despesa média por cliente. E aceita a estimativa de que um consumidor de 3G gasta potencialmente 20% acima da média.

A PT decidiu finalmente apontar para a Lua, mas o «mercado» só fixa o dedo. Ou melhor, o bolso. Viciou-se no raciocínio do «share buy back». A PT ganha dinheiro? Então paga. Estratégia não interessa. Este delírio levou alguém a exigir a saída do Brasil para remunerar accionistas.

Não é só nas finanças públicas que anda um monstro à solta. Também na PT. E quem o andou a alimentar é agora perseguido por ele
 
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