Caldeirão da Bolsa

O défice, o fisco e o malandro

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por pedrom » 18/5/2005 12:09

tek Escreveu:Concordo inteiramente com a opinião da Clara Ferreira Alves. Todos devem pagar, principalmente quem tem mais. É altura de por um fim nos esquemas que todos conhecem e aos quais ninguém faz nada.

tek


Concordo com esta opinião, mas já ouço isto há tanto tempo.

Quem tem os esquemas é também quem tem o poder de acabar com eles e isso não interessa!!!!
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2317
Registado: 29/7/2004 19:55
Localização: Ourém

por tek » 18/5/2005 10:52

Concordo inteiramente com a opinião da Clara Ferreira Alves. Todos devem pagar, principalmente quem tem mais. É altura de por um fim nos esquemas que todos conhecem e aos quais ninguém faz nada.

tek
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 547
Registado: 28/12/2004 14:51
Localização: Porto

O défice, o fisco e o malandro

por luiz22 » 18/5/2005 9:07

A cartilha
O défice, o fisco e o malandro
Clara Ferreira Alves



De repente, o Grupo Grão-Pará é obrigado a pagar mais de uma dezena de milhões de euros que deve à Segurança Social. Pagará? Em Portugal, depois do momento inicial em que estas coisas aparecem nos jornais e são notícia, e em que toda a gente se espanta e se envergonha, caem numa espécie de modorra onde estagiam o tempo suficiente para não darem nas vistas e escaparem à lei. Existe gente presa por ter passado um cheque sem cobertura de 250 euros mas, curiosamente, ou normalmente, empresários faltosos podem enganar e evadir a lei e o fisco durante anos que nada lhes acontece.
O caso é especialmente interessante neste ponto da vida obscura do país em que os nosso economistas e políticos se preparam para nos anunciar que têm de aumentar os impostos porque se enganaram nas contas. É verdade, read my lips outra vez. O nosso défice, colado a nós como pastilha elástica, aumentou subitamente de três por cento, o de Manuela Ferreira leite, para quase oito por cento, e talvez não fiquemos por aqui. Na Europa, Barroso pode beber um champanhe no nosso funeral.

Os discursos já começaram, os ministros das Finanças e da Economia querem sacrifícios, o presidente está preocupado (seu estado natural) e o primeiro-ministro está muito preocupado. Com razão, porque sabem eles e sabemos nós quem vai pagar os oito por cento de défice, a maltratada, proletarizada, empenhada, endividada e cansada classe média. O contribuinte que paga impostos. O trabalhador por conta de outrem. Retenções de IRS na fonte vão decerto aumentar, a Segurança Social dos pobres também. Em compensação, as profissões liberais fazem empresas, médicos e advogados fazem empresas, artistas plásticos fazem empresas, cantores fazem empresas, gente da televisão faz empresas, toda a gente faz empresas, e assim dilui os seus impostos na contabilidade das empresas. Contas de spas e ginásios, artigos de luxo (presentes de negócio, claro), restaurantes caros e viagens às Caraíbas são despesas correntes da empresa. E nem falemos dos intocáveis off-shores.

Empresários como o sr. Abel Pinheiro, desde que devidamente identificados como contribuintes do partido, deixam de ser contribuintes iguais aos outros, e podem acumular dívidas deste calibre sem sanção penal. Quantos Abéis Pinheiros existem em Portugal? Muitos. Muitíssimos. Talvez eles possam, como cidadãos iguais aos outros, vir a contribuir para a resolução do défice, porque a baixa classe média já deu o que tinha a dar. Já foi sugada por todos os governos e de todas as maneiras. Está, nas imortais palavras do Barroso fugitivo, de tanga. Ou, nas imortais palavras do povo, com uma mão à frente e outra atrás.

17-05-2005 16:27:26
 
Mensagens: 1700
Registado: 26/11/2004 23:00
Localização: Belém-Lisboa


Quem está ligado: