Caldeirão da Bolsa

Um péssimo sinal

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Oh D. Pata...

por Serrano » 12/4/2005 22:46

Então está esquecendo brilhantes curricula, como, por exemplo, do Dr. Pedro Santana Lopes?!
Bye
 
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por Pata-Hari » 12/4/2005 21:33

Oi Jones, long time no see! Qué feito de ti??

Bem, concordo apenas muito parcialmente com o que dizes. O histórico é de gestão de empresas, nem sempre em sectores tradicionais. Gerir o INSEAD é gerir uma enorme empresa, com um pessoal que certamente será dos mais difíceis e especiais de gerir (gerir académicos-prima-donnas, cada um com a sua visão muito clara e muito vocal do modo como o mundo deve ser gerido, não é certamente tarefa fácil) . Ou seja, é uma experiência de gestão admirável. Aliás, uma das grandes questões que se colocam a quem já aceitou mandatos de gestão académica é se é capaz de voltar a ser um “simples” académico já que já teve que deixar de o ser para ser um gestor. Além do mais o histórico profissional do A.B. é MUITISSIMO mais extenso que esses dois elementos e a quantidade de empresas pelas quais a pessoa em causa é responsável total ou parcialmente como responsável/membro da administração, é impressionante.

Não chega para gerir o país? talvez não, é nesse aspecto que te posso dar razão. Mas achas que algum dos nossos políticos de destaque tem um curriculum com provas dadas de capacidade de gestão do que quer que seja? não me estou a conseguir lembrar de nenhum que tenha um histórico sequer comparável. Histórico sim, mas em discurso politico - que certamente não atesta nenhuma capacidade de gestão.
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por R_Martins » 12/4/2005 15:05

Estou de acordo jotabil.
«Ná...deve ser choradinho para impressionar....»
Piada das piadas, é o unico ppositivo, de momento...PSI20 7.801,21 0,08%




AEX-INDEX 370,61 -0,46%
IBEX-35 9.292,10 -0,46%
DAX 30 4.385,11 -0,25%
BEL20 3.180,87 -0,14%
NASDAQ COMP 1.976,67 -0,78%
DOW JONES 10.401,12 -0,45%
HANG SENG 13.658,00 -0,01%
EURONEXT 100 702,90 -0,38%
NASDAQ 100 1.467,52 -0,75%
NIKKEI 225 11.670,30 -0,64%
CAC 40 4.097,31 -0,49%
SMI 5.996,70 -0,30%
S&P 500 1.174,60 -0,56%
STOCKHOLM IND 4.510,10 -0,28%


R. Martins
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Necessidade de intervenção..

por MrJones » 12/4/2005 12:59

Bom dia,

Parece-me que, agora, o Prof Dr. António Borges nos vai brindar periodicamente com os seus pensamentos..assim uma espécie de Prof. Marcelo II.

Neste caso concreto, o texto é estranho..afinal os accionistas privados são ou não responsáveis? São ou não capazes de tomar as decisões correctas? São ou não os visionários que vão consuzir a PT aos "amanhãs que cantam"?

Das duas uma, ou não são e o melhor é mesmo adiar a reunião ou são..e nesse caso foaram eles que quiseram adiar..o governo só solicitou o adiamento.

Sol na eira e chuva no nabal não há...

Bons negócios,
Jones

P.S: Patinha, embora calcule que tenhas um enorme respeito pelo Prof. Borges...concordarás comigo que o que temos assistido é um deslumbramento pacóvio com alguém que tem uma carreira "lá fora"... Certo? Concordarás que dean do Insead e VP da GS é muito pouco para pretender ser primeiro ministro.. Tenho uma boa ideia do que significam estas funções..e não encontro nada que indicie capacidade para liderar um pais. Bjs.
 
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comentário

por jotabil » 11/4/2005 19:01

Nem tanto ao mar!!!!!!!!!!!Deve ser dircurso de algum neo-liberal......

É barulho a mais.....só porque o estado pediu o adiamento das assembleias?????!!....Ná...deve ser choradinho para impressionar....


cumps
Se naufragares no meio do mar,toma desde logo, duas resoluções:- Uma primeira é manteres-te à tona; - Uma segunda é nadar para terra;
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por Pata-Hari » 11/4/2005 18:51

De qualquer modo, e independentemente de quem é o autor, é uma visão muito liberalizadora e necessária (quase visionária neste país pequenino e centrado no seu umbigo), que penso que certamente estaria de acordo com o que o Prof. António Borges acharia.
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por Pata-Hari » 11/4/2005 18:48

Que coluna é esta? é de que António Borges?
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Um péssimo sinal

por marafado » 11/4/2005 15:12

Um péssimo sinal

António Borges


Perdeu-se uma excelente oportunidade de comunicar uma nova atitude relativamente ao mercado de capitais.

Com grande naturalidade, o accionista Estado pediu o adiamento das assembleias gerais de duas das maiores empresas portuguesas, a PT e a PT Multimédia. Os novos governantes, que efectivamente ainda não poderão ter tido tempo de se inteirarem dos ‘dossiers’ principais das empresas em que o Estado detém participações, entenderam que o melhor seria adiar as respectivas assembleias gerais. Os restantes accionistas, habituados a uma enorme deferência perante o Estado, acederam. As magnas reuniões terão lugar dentro de algumas semanas. Dir-se-ia que nada disto tem importância ou pode causar surpresa.

Infelizmente, ao tomar esta decisão, o accionista Estado está a enviar um sinal carregado de conteúdo. E esse sinal será devidamente interpretado, não pelos observadores portugueses, que não ficaram nem ficariam nada surpreendidos com este incidente, mas pelos investidores internacionais, que procuram sempre compreender que consequências tem uma mudança de governo para as empresas de que são accionistas.

As empresas em questão são empresas privadas, com grande maioria do capital nas mãos de accionistas privados, incluindo grande número de investidores institucionais portugueses e estrangeiros. É certo que o Estado tem direitos especiais, a chamada ‘golden share’, que lhe dá certos privilégios - designadamente o direito de veto sobre decisões importantes. De um ponto de vista formal, o pedido de adiamento das assembleias é inatacável. Mas, na realidade, nada na agenda dessas assembleias gerais justifica uma preocupação especial, ligada a interesses fundamentais do Estado português. Mesmo em matérias que exigem voto favorável do Estado, como a modificação de estatutos ou a compra de acções próprias, o que foi proposto aos accionistas é de tal maneira inócuo que dificilmente justificaria o apelo à ‘golden share’.

Por outras palavras, a decisão de adiar a assembleia apenas reforça a ideia de que nestas empresas afinal quem manda é o Estado. Que mesmo em decisões correntes, muito afastadas do âmbito que justificaria a existência de uma ‘golden share’, o Estado tem de ter uma palavra a dizer, tem de estar preparado para a poder dizer; e se isso significa atrasar a realização normal de uma assembleia geral, pois esse é um pequeno preço a pagar para se poder atender ao que o Estado tem a dizer sobre a matéria.

Perdeu-se assim uma excelente oportunidade de, pelo contrário, comunicar uma nova atitude relativamente ao mercado de capitais e aos investidores privados. Podia ter-se decidido que, face ao carácter incontroverso das propostas apresentadas, as decisões poderiam ficar inteiramente entregues aos accionistas privados. Ter-se-ia deixado claro que os poderes especiais do Estado são para ser utilizados excepcionalmente e só em casos de interesse nacional fundamental. Manifestar-se-ia uma bem necessária confiança nos mecanismos do mercado de capitais para decidir questões correntes de empresas de capital maioritariamente privado.Os accionistas teriam ficado satisfeitos com essa prova de confiança e encarariam os seus investimentos nestas empresas com mais tranquilidade.

Pelo contrário, o Estado voltou a mostrar quem realmente manda. Não abdicou de fazer o que nenhum accionista privado teria coragem de fazer - pedir o adiamento para melhor estudar ‘dossiers’ mais ou menos irrelevantes para a vida das empresas. E marcou bem clara a sua posição de elemento imprescindível em qualquer decisão, mesmo corrente.

Fica prejudicado o respeito pelo investidor privado e pelo funcionamento normal das sociedades, dentro de um calendário sem surpresas. E esse sinal é lamentável porque não contribui para reforçar o interesse dos investidores privados em investir nas grandes empresas portuguesas.

Nunca é demais relembrar que, também no mercado de capitais, Portugal está em concorrência aberta com todos os seus parceiros europeus. Desde a criação da moeda única que os investidores podem escolher, com grande simplicidade e sem riscos cambiais, onde investem os seus fundos. Em consequência, cada um dos mercados de capitais da Europa tem estado a ganhar ou a perder quota, em função da sua capacidade de atrair o interesse dos investidores, agora que estes têm escolhas muito mais amplas.

Portugal tem perdido muito neste combate. Os investidores portugueses, como era previsível, diversificaram as suas carteiras e passaram a investir muito mais do que anteriormente em empresas estrangeiras. Mas não foram substituídos por um movimento simétrico de investidores estrangeiros que escolhessem as nossas empresas.

Daí que a Bolsa portuguesa tanto tenha sofrido nesta nova concorrência.

Nos últimos anos fizeram-se alguns progressos ao reposicionar as grandes empresas portuguesas em função do interesse dos investidores nacionais e internacionais; e sobretudo ao comunicar uma nova atitude, partindo da ideia de que são esses investidores que têm a última palavra sobre o futuro destas empresas, sobre o seu ‘management’ e sobre a sua estratégia. Se agora começarmos a enviar sinais contrários, não é difícil prever qual será o fim desta história.

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António Borges é economista e assina esta coluna quinzenalmente à segunda-feira.
 
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