Caldeirão da Bolsa

Ensinamentos de Harvard aplicados na EDP

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por marafado » 11/4/2005 2:47

Fraco saldo positivo




O principal índice da praça financeira portuguesa valorizou-se apenas 0,3 por cento na semana passada, o segundo aumento em oito semanas e o menor ganho da Europa.






A liquidez dos papéis cotados no PSI 20 também foi fraca, nunca indo além dos cem milhões de euros diários.

A maior subida semanal foi a do britânico Footsie 100: quase 1,5 por cento. Seguiu-se o francês Cac 40, com 1,08 por cento. Quase o mesmo ganhou o espanhol Ibex 35. O alemão Dax avançou 0,62 por cento.

Do outro lado do Atlântico, o Nasdaq progrediu 1,25 por cento; o Dow Jones, 0,93 por cento.

Dos títulos que fazem parte da divisão de honra da Euronext Lisboa, a Novabase subiu mais: 3,95 por cento, para 6,32 euros. Seguiu-se a Jerónimo Martins, com 3,71 por cento. Na terceira posição, ficou a Semapa, que fechou a 4,8 euros, com uma progressão de 2,78 por cento.

Dos papéis perdedores, a Corticeira Amorim ocupou a primeira posição. A empresa de Américo Amorim desceu 1,71 por cento, para 1,15 euros. Seguiu-se a Sonaecom, com uma quebra de 1,52 por cento, para 3,89 euros. O terceiro papel mais penalizado foi a Brisa. A maior concessionária de auto-estradas em Portugal desvalorizou-se 0,91 por cento, para 6,54 euros.
Ayala Monteiro
 
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por marafado » 11/4/2005 2:45

Accionistas particulares com menos de 10% da PT; estrangeiros com 70%
Os particulares pesam menos de 10% no capital accionista da Portugal Telecom, que tem mais de 70% da estrutura accionista no estrangeiro, disse hoje Zeinal Bava, em encontro com jornalistas, no âmbito do «road show» da PT em Nova Iorque.

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Alexandra Machado
amachado@mediafin.pt


Os particulares pesam menos de 10% no capital accionista da Portugal Telecom, que tem mais de 70% da estrutura accionista no estrangeiro, disse hoje Zeinal Bava, em encontro com jornalistas, no âmbito do «road show» da PT em Nova Iorque.

Dos 70% de accionistas estrangeiros, cerca de metade são norte-americanos. Aliás, o Capital Investment já tem perto de 10% do capital da Portugal Telecom, sendo o Brands outro dos grandes accionistas da operadora, com cerca de 7%.

A PT comemora este ano o início do processo de privatização, que começou em 1995 e está cotada em Nova Iorque.

Para Miguel Horta e Costa, «o capital de credibilidade da PT é muito alto nos mercados internacionais», o que, no seu entender, pode travar qualquer oferta hostil sobre a empresa
 
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por marafado » 11/4/2005 2:40

Câmbios
Revisão do PEC ameaça euro
O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) foi alvo de revisão há 2 semanas depois da França, Alemanha e outros países voltarem a não cumprir em 2004 a regra dos 3% de défice orçamental sobre o PIB. Um acordo entre os países da Zona Euro para relaxar as regras orçamentais pode resultar num euro mais fraco, maiores défices, mas é pouco provável que de momento tenha algum impacto nas taxas de juro.






08-04-2005

Futuros
Indecisão
Após alguma apatia normal devido à época pascal, esperar-se-ia alguma agitação adicional nas sessões da corrente semana. Puro engano! Os investidores parecem ter prolongado as suas “férias” e a liquidez na EuroNext Lisboa permanece baixa. No entanto, nem tudo foram más notícias nestes dias. A descida dos preços do barril de petróleo (após a decisão da OPEP de voltar a aumentar a sua produção) animou um pouco o segmento accionista internacional, mas o impacto no PSI20 foi reduzido.






08-04-2005

Dívida
Yields curtas caem
A Comissão Europeia apresentou, no inicio do corrente mês, as previsões económicas de primavera para 2005-2006, tendo diminuído os seus valores objectivo. A Comissão espera um crescimento do PIB para a Zona Euro de 1.6% em 2005 e 2.1% em 2006, menos 0.4 e 0.1 pontos percentuais, respectivamente, do que o divulgado nas previsões de outono de 2004. Para o conjunto da União Europeia a 25 países, o crescimento económico deverá atingir 2.0% em 2005 e 2.3% em 2006, menos 0.3 e 0.1 pontos percentuais, respectivamente, face às anteriores estimativas.
 
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por marafado » 11/4/2005 2:39

Índice em destaque
Ibex sob pressão
O Ibex não mostrou ser capaz de se aproximar dos máximos estabelecidos em Fevereiro, iniciando mesmo no princípio de Fevereiro um considerável movimento de correcção. Neste movimento, o índice quebrou em baixa a sua tendência ascendente de médio prazo (TAmp), uma linha que como tínhamos alertado na anterior análise era incomportável, mesmo a médio prazo. O corte da TAmp ocorreu com um gap, o que reforça as implicações bearish da situação. Não obstante, o Ibex tem permanecido suportado nas imediações dos 9.150 pontos, um nível que corresponde aos máximos que tinham sido estabelecidos nos primeiros dias de 2005 e que só no final de Janeiro foram superados.





Acção em destaque
PT com perspectivas animadoras
As acções da Portugal Telecom foram alvo de uma forte pressão vendedora a partir do início de Fevereiro, após terem atingido um máximo desde Maio de 2001 nos 9,80 euros. A PT apresentou um forte movimento de baixa, no qual a sua evolução foi pautada por uma tendência descendente de curto prazo (TDcp) bastante pronunciada. Neste movimento, este papel quebrou alguns suportes importantes, mas a queda entretanto foi travada pelo suporte nos 8,80 euros. Após reencontrar este nível assistiu-se a uma série de três sessões com ganhos consideráveis, mas nos últimos dias verifica-se que a PT se encontra em consolidação e com baixos volumes, podendo as cotações estar a delinear uma formação de consolidação de curto prazo conhecida como bandeira.
 
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por marafado » 11/4/2005 2:38

Colaboração Schroders

Manter uma sobreponderação em acções

Existem riscos, mas não vemos nenhuma destas possibilidades como uma ameaça suficientemente forte para nesta altura reduzir o risco nas nossas carteiras globais.

01-04-2005, Leonardo Mathias

Mantemos uma ligeira sobreponderação em acções. Os mercados têm estado a consolidar-se desde o início do ano (à excepção do petróleo e das matérias-primas) e, no seu conjunto, os preços das acções estão agora apenas ligeiramente acima dos níveis do final do ano. Por outro lado, as notícias e os principais indicadores económicos têm melhorado. A economia norte-americana parece estar a registar um progresso mais firme, ao ritmo ideal - nem muito rápido nem muito lento. Esperamos que o crescimento dos lucros das empresas norte-americanas abrande este ano, mas não tão fortemente como prevíamos. O investimento das empresas irá substituir o consumo privado como um dos principais motores do crescimento económico.
Existem ameaças potenciais para os mercados, mas pensamos que de momento elas não são suficientemente fortes para limitarem a apetência pelo risco. Se a Reserva Federal aumentar as taxas de juro de uma forma agressiva (por exemplo, se os números relativos ao desemprego forem muito superiores às expectativas), então sim, os mercados serão afectados. Prevemos que a Fed aumente as taxas para 4% até ao final do ano, e que volte a aumentá-las em 2006 e estamos portanto a procurar reduzir o risco. No entanto, ainda acreditamos que o endurecimento da política monetária vai ser moderado e que os mercados vão continuar a registar valorizações, dadas as actuais condições económicas favoráveis. Haverá uma altura em que os aumentos das taxas de juro irão afectar os mercados, mas não vai ser já.
Outros riscos incluem a subida acentuada dos preços do petróleo ($60 por barril poderia enervar os mercados) e o facto do dólar estar novamente vulnerável, uma vez que está a ser menos sustentado pela compra por parte dos bancos centrais asiáticos. As acções poderão ser vulneráveis à deterioração dos mercados de dívida pública ou à volatilidade dos mercados de crédito: os spreads das obrigações de empresas estão a níveis historicamente baixos e, ao mesmo tempo, as empresas estão de novo a recorrer à alavancagem financeira, à medida que aumentam as fusões e aquisições e as despesas de equipamento. Mas de uma forma geral, não vemos nenhuma destas possibilidades como uma ameaça suficientemente forte para nesta altura reduzir o risco nas nossas carteiras globais.

Mercados accionistas
- Continuamos, pois, com uma subponderação relativamente às acções norte-americanas, apesar das perspectivas macroeconómicas terem melhorado.
- Temos uma ligeira sobreponderação em acções do Reino Unido. A economia está a arrefecer gradualmente, mas vemos margem para um crescimento relativamente bom dos lucros em 2005. Ainda pensamos que as taxas de juro têm margem para registar uma queda no quarto trimestre, caso o consumo abrande demasiado rapidamente. Mais perto do final de 2005 existe potencial para uma depreciação da libra esterlina, à medida que a diferença das taxas de juro relativamente ao dólar norte-americano for diminuindo. No entanto, a curto prazo, é mais provável que o mercado do Reino Unido seja mais impulsionado por factores mundiais do que internos e pensamos que uma posição de sobreponderação neste mercado relativamente defensivo equilibra, até certo ponto, o risco das nossas posições globais.
- Na Europa (ex Reino Unido), o cenário macroeconómico permanece decepcionante, com um abrandamento do crescimento em 2005 e ausência de retoma no consumo, mas o crescimento dos lucros está a aumentar e as previsões estão a melhorar. As taxas de juro deverão manter-se inalteradas embora, contra a opinião consensual, pensemos que é mais apropriada uma redução do que uma subida. Os mercados europeus de elevado beta deverão continuar a beneficiar à medida que os investidores globais continuarem a assumir risco, uma vez que as empresas ainda estão com avaliações atractivas relativamente aos EUA. Tendo em conta todos estes factores, permanecemos, no entanto, neutrais.
- Continuamos positivos acerca do mercado japonês, mais do ponto de vista bottom up do que do ponto de vista macroeconómico. A liquidez das empresas está a aumentar - e embora não esteja a ser devolvida aos accionistas tanto como gostaríamos, houve um aumento nas recompras de acções próprias e nos payouts. As perspectivas relativamente ao crescimento dos lucros e portanto dos mercados accionistas continuam favoráveis, uma vez que as empresas reestruturadas e com uma situação financeira sólida continuam a conseguir fazer economias de custos num contexto de aumentos moderados de facturação. Mantemos uma sobreponderação.
- Estamos neutrais relativamente ao Pacífico ex Japão. O forte crescimento interno na maioria das economias da região deverá servir de suporte e as avaliações continuam a níveis razoáveis. Com muitas empresas a aumentarem os dividendos distribuídos e/ou a empreenderem programas mais activos de gestão do capital, estes mercados deverão resistir bem, caso haja uma queda. No entanto, o aumento das taxas de juro norte-americanas deverá ter algum impacto e, se o dólar norte-americano continuar fraco, haverá provavelmente uma pressão crescente no sentido de uma revalorização das moedas. Esta revalorização será provavelmente negativa para os exportadores e para os industriais, mas poderá ser vantajosa para o consumo interno.
- Continuamos positivos acerca dos mercados emergentes, embora a forte subida destes mercados desde o início do ano nos tenha feito ficar um pouco mais atentos. De uma forma geral, no entanto, esperamos que estes mercados continuem a beneficiar à medida que os investidores mundiais assumirem o risco. Pensamos também que os riscos estruturais são menores e neste contexto de menor risco, as avaliações ainda são razoáveis. Historicamente, existe uma boa correlação entre a fraqueza do dólar norte-americano e o desempenho dos mercados emergentes.

Mercados obrigacionistas
- As nossas expectativas de uma subida acentuada nos títulos de dívida pública no primeiro semestre de 2005 não mudaram, e continuamos a ter uma sobreponderação. Isto pelo facto dos outros investidores terem posições extremamente curtas, o que indicia que vai haver uma reavaliação. Embora esperemos que as taxas de juro norte-americanas continuem a subir, a política da Fed permanece transparente. Mantemos uma posição modesta de duração longa. Uma das nossas convicções mais fortes neste momento é o nosso posicionamento para uma diminuição da curva de rendimento nos EUA. Também temos actualmente uma preferência pelos títulos de dívida pública europeus, dada a probabilidade das taxas de juro da zona euro permanecerem inalteradas até ao final do ano.
- Continuamos com uma subponderação para as obrigações de empresas. Dentro do sector, temos maior ponderação nos mercados de menor qualidade e periféricos tais como a Europa de Leste.
- Estamos neutrais relativamente às obrigações de alto risco (obrigações de empresas de alto rendimento e dívida dos mercados emergentes), visto pensarmos que as avaliações estão cada vez menos atractivas. Embora os factores fundamentais sejam de uma forma geral favoráveis, pensamos que existe excessiva especulação nestes mercados.
 
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por marafado » 11/4/2005 2:37

Acções em destaque em Portugal

Reditus sobe 6% com estimativas de vendas
Uma das empresas do PSI-20 que esta semana agitou a praça de Lisboa foi a Reditus. A tecnológica liderada por Frederico Moreira Rato protagonizou a segunda maior subida da semana ao valorizar 4%. Só na sessão de quarta-feira (06 de Abril), a empresa disparou mais de 6% e chegou a transaccionar nos 3,89 euros, ou seja o valor mais elevados das últimas duas semanas. À hora do fecho desta edição, as acções da Reditus encontravam-se a negociar nos 3,83 euros.






08-04-2005

...e no estrangeiro

Pfizer reduz previsão de lucros para 2005
A maior farmacêutica do mundo, a Pfizer, anunciou na passada terça-feira (05 de Abril) uma diminuição das estimativas de resultados para este ano provocada pela estagnação do crescimento das receitas e pelo aumento dos custos. A decisão anunciada provocou uma queda das acções da empresa de 2,43% nos dois dias que se seguiram à divulgação da medida. No entanto, nos oito dias que compõem a generalidade da semana a Pfizer registou saldo positivo (0,76%).
 
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por marafado » 11/4/2005 2:37

08-04-2005

Sector tecnológico negoceia com desconto de 25%
Comprar barato para vender mais caro é uma das regras-base de qualquer transacção financeira bem sucedida, quer seja realizada numa mercearia de bairro ou numa das maiores bolsas do mundo. É com base nesta máxima popular que o sector tecnológico surge como uma das apostas da Lehman Brother para “os próximos trimestres e anos”.




08-04-2005
Análise de bolsa

BCE mantém taxa de juro em 2%
A semana dos mercados internacionais decorreu de acordo com o ritmo imposto pelo alívio dos preços do petróleo e pelas antevisões e posteriores conclusões dos discursos das duas principais autoridades monetárias do mundo, a Reserva Federal norte-americana (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE). No período entre 31 de Março e 07 de Abril, o Dow Jones foi o único índice de referência que concluiu a semana em saldo negativo de menos 0,12%, um valor que não é muito significativo. Na Europa, o Footsie somou 1,32%, o francês CAC subiu 1,13%, o espanhol IBEX 1,01%, o Eurostoxx 50 0,62% e o alemão DAX 0,47%. A Oriente, o Nikkei valorizou 1,22%
 
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por marafado » 11/4/2005 2:36

Analistas esperam ganhos moderados nas acções

Um cenário de subida das taxas de juro, aumento do preço do petróleo e da inflação não é benéfico para os mercados accionistas, e das empresas há pouca margem para surpresas positivas. Por tudo isso, os analistas esperam pequeno retorno das acções até ao final do ano.

08-04-2005, Mafalda Anjos

ADepois de um primeiro trimestre de ganhos modestos na Europa e de quedas nos Estados Unidos, os analistas vêm agora alertar para os riscos para os mercados de capitais nos próximos meses. “Nesta conjuntura de incertezas e face ao actual nível dos mercados, encontramos poucas razões para uma sobreexposição aos mercados de risco, tanto em acções como nas obrigações”, afirma Jorge Ramos, administrador da Luso Partners.
A ensombrar o futuro dos mercados está, desde logo, um cenário macro-económico pouco optimista. A inflação deverá dominar a atenção dos investidores nos próximos meses e os economistas não põem de parte um abrandamento do crescimento económico global. Se os Estados Unidos parecem estar a crescer a bom ritmo, na Europa a incerteza é grande e a aceleração do crescimento não se materializa em números, sobretudo na Alemanha, a maior economia europeia. A escalada do preço do petróleo prossegue, com o ouro negro a bater esta semana um novo máximo de sempre nos 58,17 dólares por barril, cada vez mais perto da fasquia dos 60 dólares. Estes valores estão bastante acima do que incorporam a maioria das previsões macroeconómicas, sendo certo que no ano passado se pensava que o petróleo se deveria manter em 2005 abaixo dos 40 dólares. Por outro lado, as taxas de juro deverão continuar a subir nos Estados Unidos, e na Europa parece certo que o Banco Central Europeu deverá efectuar a primeira subida de taxas algures durante o segundo semestre do ano. Espera-se que nos Estados Unidos as taxas possam chegar ao final de 2005 na casa dos 4,25%, e que na Europa terminem nos 2,5%.
Estes factores indiciam que o ciclo positivo das obrigações terá chegado finalmente ao fim. Quando tudo fazia crer que 2004 seria um ano mau para as obrigações, a manutenção das taxas de juro de referência a níveis mais baixos do que o inicialmente previsto fez com que as yields (taxas de rendibilidade) da taxa fixa se tenham mantido baixas. A recente subida em 60 pontos-base da yield das obrigações do tesouro norte-americano (Treasuries) a 10 anos veio corrigir, pelo menos em parte, o que alguns analistas chamaram de exuberância irracional nas obrigações, sendo de esperar que cheguem, no final do ano, acima dos 5%.
Ao nível microeconómico, o cenário também não dá espaço para surpresas positivas. Como refere Cristina Casalinho, chief economist do BPI, as fases de crescimento de lucros por corte de custos e aumento de vendas estão ultrapassadas. “Agora, o crescimento das vendas será mais modesto, porque a economia global está a abrandar, e os custos têm vindo a crescer por via da subida dos preços de energia, matérias-primas e financiamento. E as projecções de expansão das margens estão relativamente bem avaliadas, não existindo muito espaço para acomodar surpresas negativas. Numa altura em que o espaço de valorização do mercado accionista é limitado e se perde um dos principais argumentos a seu favor – o seu valor relativo face à dívida –, os ganhos potenciais não são entusiasmantes”, refere a especialista.
Por isso, os analistas aconselham a ter prudência e a optar por sectores mais defensivos devido ao cenário de previsível abrandamento económico, inflação crescente e subida das taxas de juro. Jorge Ramos acredita que o potencial de subida no sector da energia está esgotado depois dos fortes ganhos desde o início do ano. Este especialista aconselha a optar por segmentos como as Farmacêuticas, Banca e Seguros, Telecoms e alguma Tecnologia em detrimento da Energia, Matérias-Primas, Utilities, Transportes, Imobiliário ou Bens de Capital.
A opinião de cautela é partilhada pelo Millennium bcp investimento, que alterou a sua recomendação de sobreexposição a acções, que mantinha desde Setembro de 2004, para neutral há mais de um mês. A justificação para esta mudança prendeu-se com os valores atingidos pelos mercados accionistas, esperando os analistas do banco uma evolução moderada dos principais mercados, que se deverão limitar nos próximos meses a remunerar o custo de investir em acções.

Primeiro trimestre de ganhos modestos
No primeiro trimestre do ano, o principal índice de referência português avançou 2,45%, enquanto em 2004, os ganhos no mesmo período no índice português eram bastante mais consistentes, ascendo a quase 12%. Na Europa, França avançou 6,45%, a Alemanha ganhou 2,18% e Espanha 1,96%. Do lado de lá do Atlântico, as performances são bastante piores. O índice tecnológico Nasdaq recuou quase 9% e o índice industrial Dow Jones caiu 2,59%. Na bolsa portuguesa, a Semapa foi a estrela da Euronext Lisboa, acumulando um ganho de 18%, enquanto a Reditus registou a maior queda.

A maior subida do PSI-20...
A Semapa é a estrela do trimestre em Portugal. A empresa registou uma forte subida no final de Janeiro, que a catapultou para máximos desde 2002. A beneficiar a empresa esteve a venda da participação que detinha na espanhola Ence. A sua posição nas energias renováveis também faz dela um título atractivo numa conjuntura em que o sector energetico esteve em alta. A empresa registou bons resultados, com o lucro a subir para 182,1 Milhões de euros.
... e a maior queda no trimestre
A evolução da Reditus confirma a regra de “comprar no rumor e vender no facto” seguida por muitos investidores. Antes de entrar no índice PSI-20 no início de Janeiro, subiu ---- em dois meses. Depois destas fortes subidas, em 2005 não tem parado de recuar, tendo registado a maior queda no trimestre entre as empresas do PSI-20. No entanto, a empresa apresenta o PER (price earnings ratio) mais baixo no índice de referência nacional.

“O espaço para valorização é limitado”
“ A inflação voltou a captar as atenções. Porém, o risco de espiral inflacionista é mínimo. Mas, as taxas de juro de curto prazo reais encontram-se em níveis desadequadamente baixos. A Reserva Federal continuará a subir a sua taxa directora, atingindo 4.25% no final do ano. Na Europa, apesar da anemia económica, o BCE deverá subir a taxa refi no segundo semestre. A normalização das políticas monetárias retira suporte ao mercado de taxa fixa, reduzindo, por exemplo, o interesse nos carry trades. Embora persistam factores estruturais, que impedirão correcções tão significativas como em ciclos anteriores (as yields americanas não deverão quebrar os 5% até ao final deste ano), este ciclo encerrou. E isto também se aplica ao mercado de dívida diversa, onde a aversão ao risco e a degradação da qualidade do crédito ditam o retrocesso dos spreads. No mercado accionista, as atenções concentrar-se-ão na evolução das margens, ultrapassadas as fases de acréscimo de lucros por corte de custos e aumento de vendas. O seu espaço de valorização é limitado e, perdendo-se um dos principais argumentos a seu favor -o seu valor relativo face à dívida-, o futuro não está isento de riscos.”
“Os temas do 1º trimestre estão esgotados”
“Nesta conjuntura de incertezas, encontramos poucas razões para uma sobrexposição nos mercados de risco, quer em acções, quer em obrigações. Os temas que animaram o mercado no primeiro trimestre estão à beira do esgotamento: o S&P Energia subiu 15% e o S&P Materials está no máximo histórico. A melhor forma de preparar a carteira para o novo trimestre e, quiçá, para o resto do ano é fazer uma rotação sectorial em favor de sectores mais defensivos e evitar sectores de maior ciclicidade, ou seja, por exemplo, preferir Farmacêuticas, Banca, Telecoms e Tecnologia, a Energia, Matérias Primas, Utilities, Transportes, Imobiliário ou Bens de Capital, mais penalizados por um cenário de abrandamento e de inflação.”
 
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por marafado » 11/4/2005 2:35

Ir ao Consultório de Investimentos

O Consultor Autónomo vê alargado o âmbito da sua actuação e ajustado o regime de acesso à actividade.

08-04-2005, Paula Freitas

Um pequeno investidor que pretende aconselhar-se relativamente aos seus investimentos já realizados ou a realizar, deverá dirigir-se a um especialista de investimentos.
Desde o ano 2000, a nossa legislação prevê que a consultoria para investimento em valores mobiliários, prestada em base individual, possa ser exercida por intermediários financeiros autorizados ou por pessoas singulares devidamente certificadas e autorizadas para o efeito. Estes últimos são designados por consultores autónomos (art. 294º do Código dos Valores Mobiliários).
A coexistência destes dois tipos de agentes no exercício da consultoria de investimentos, os intermediários financeiros e os consultores autónomos, contribui para assegura a protecção dos investidores e a transparência do sistema. A permissão de existir consultórios de investimento independentes e acessíveis ao investidor particular, proporciona-lhes mais uma alternativa de consulta com uma clara redução do risco de conflitos de interesses. O pequeno investidor, por norma não possui informação especializada e global que lhe permita, em cada momento, avaliar o mercado e tomar as melhores decisões de investimento. O recurso ao serviço de especialistas é tanto mais importante e obrigatório quanto maior é a globalização, integração e sofisticação dos mercados financeiros e seus instrumentos, ou quanto maior é a complexidade das economias, suas relações e interdependências. Cada conselho de investimento, como acontece nas outras áreas, tem um valor e por isso deve ser remunerado. Este valor pode não ter visibilidade imediata, já que em alguns casos a sua quantificação não é directa, mas tem sempre o valor da informação/recomendação prestada por um agente especializado em investimentos e é esse que deve ser reconhecido e remunerado.
O Consultor Autónomo é assim, um profissional independente, que tem que possuir conhecimentos no âmbito dos mercados financeiros e seus instrumentos, quer em termos técnicos, quer em termos de enquadramento legal, regulamentar e fiscal.
Estes conhecimentos têm que ser previamente certificados por uma entidade autorizada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para o efeito.
Em termos Éticos e Deontológicos, terá de pautar a sua actividade pelo Código de Conduta do Analista Financeiro.
O Consultor Autónomo tem ainda que possuir meios suficientes para exercer a sua actividade de acordo com o regulamentado.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários tem que dar autorização ao consultor autónomo para o exercício da sua actividade, e este, registar-se-á junto da mesma. A CMVM pode, em qualquer momento, revogar a autorização de exercício de actividade ao consultor autónomo, conforme o estipulado em regulamento.
O Consultor Autónomo tem ainda a obrigação de enviar periodicamente informação sobre o exercício da sua actividade para a autoridade supervisora, a CMVM.
Até à data, estão registados junto da CMVM oito consultores autónomos, distribuídos geograficamente por Lisboa (seis), Setúbal e Viseu (um em cada).

Proposta de alteração legislativa em consulta
A consultoria para investimentos em valores mobiliários é considerada, na nossa legislação, como um serviço auxiliar dos serviços de investimento. Como consequência, a definição das regras relativas a esta actividade está contida no Regulamento da CMVM nº 12/2000 - Intermediação Financeira.
Está a decorrer, até ao próximo dia 18 de Abril, a consulta pública do projecto de alteração deste regulamento.
Faz parte do conjunto de alterações propostas o ajuste ao “regime de acesso à actividade de consultor autónomo e o respectivo âmbito de actuação possível”, como é referido no texto introdutório.
Relativamente ao acesso à actividade, a qualificação profissional pode ser reconhecida directamente por entidade certificadora, mediante avaliação curricular do candidato. Este terá que ter exercido, durante mais do que um ano, actividade em intermediários financeiros, em determinadas funções estabelecidas em novo artigo (artigo 26.º-A). Está subjacente que, pelas suas características, essas funções exijam os conhecimentos técnicos necessários para o exercício da consultoria para investimento. A certificação por aprovação em exame reconhecido para o efeito mantêm-se (art. 25º e 26º).
Relativamente ao âmbito, a possibilidade do consultor autónomo passar a transmitir ordens, em representação dos seus clientes, desde que estas resultem de recomendações proferidas e comprovadamente aceites. Neste sentido, as ordens são meros actos de execução das recomendações de investimento formuladas pelo consultor autónomo e aceites pelo cliente. Continua a ser vedada a prestação de serviços próprios da gestão individual de carteiras, a designada por gestão discricionária (art. 72º-A).
Esperamos que estas alterações venham a fomentar a actividade do Consultor Autónomo, criando condições para o seu desenvolvimento e aparecimento de novos agentes autorizados para o exercício desta actividade, tão fundamental para o investidor individual.
 
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por marafado » 11/4/2005 2:31

Finanças: desequilíbrio das contas públicas

Dívida galopante



Campos e Cunha recebe uma pesada herança
O défice orçamental tem sido o principal sinal de alerta sobre o descalabro das contas públicas, mas o crescimento do endividamento do Estado está a evoluir a um ritmo acentuado.






No relatório onde revela as mais recentes previsões para Portugal, a Comissão Europeia aponta um crescimento significativo da dívida pública de 61,9% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2004 para 66,2% este ano, o que significa um acréscimo da ordem dos seis mil milhões de euros. Ou seja, o endividamento público ultrapassa o valor de 86 mil milhões de euros. Isto significa que por cada cidadão residente em Portugal, o Estado deve cerca de 8,6 mil euros (mais de 1720 contos).

O valor da dívida ‘per capita’ corresponde a cerca de 22 meses de rendimento de um trabalhador com o salário mínimo (374,7 euros).

A privatização das empresas públicas mais lucrativas tornou possível a Portugal cumprir os critérios do Pacto de Estabilidade e Crescimento, para acesso ao clube da moeda única, que impunham um limite do défice de 3% do PIB e do endividamento em 60%. Contudo os desequilíbrios estruturais das finanças públicas, com uma tendência crescente para aumento da despesa, mesmo em anos de arrefecimento económico, voltaram a descarrilar as contas públicas. A partir de 2002 Manuela F. Leite tentou conter o défice com operações extraordinárias, uma receita que foi seguida nos anos seguintes e permitiu apresentar saldos das administrações públicas em Bruxelas inferiores a 3% do PIB, mas o endividamento disparou. Em 2003 Portugal voltou a ultrapassar a barreira dos 60% e continua a subir. No próximo ano, as previsões de Bruxelas apontam para uma subida para os 68,5% do PIB.

À ESPERA DE CONSTÂNCIO

O real estado das finanças públicas deverá ser conhecido com mais rigor em Maio, quando a comissão liderada pelo governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, apresentar o seu relatório. Se for cumprido o prazo definido pelo ministro das Finanças, a Comissão Constâncio, da qual fazem parte João Cadete de Matos, Jorge Correia da Cunha, Daniel Santos, Cláudia Rodrigues Braz e Paulo Manuel Esteves, deverá concluir o relatório dentro de cinco semanas.

Campos e Cunha traçou os pressupostos fundamentais para o trabalho deste grupo. Assim é preciso ter em conta, nessa estimativa, a situação de entidades que devem consolidar as suas despesas com o sector público administrativo.

Também é necessário apurar os montantes relativos a eventuais compromissos financeiros que transitam do passado e que devam ser assumidos directamente na Dívida Pública e há que identificar os efeitos orçamentais das medidas relativas a receitas extraordinárias decididas em anos anteriores.
Armando Esteves Pereira
 
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por marafado » 11/4/2005 2:29

aviso
O choque entre gerações



Porquê a necessidade de atingir um excedente orçamental o mais rapidamente possível? "O problema é que os trabalhadores que deviam pagar as nossas reformas não nasceram em número suficiente", sintetiza o economista Miguel Beleza. Caso as contas orçamentais não entrem no reequilíbrio a breve prazo, então "daqui a uns anos" os trabalhadores "terão de enfrentar impostos colossais, que se calhar até nem estarão dispostos a pagar". Ora, do ponto de vista geracional, a ideia de um orçamento equilibrado é ganhar folga orçamental para absorver o chamado choque inter-gerações.

Uma população idosa tem ainda outros custos, com reflexos orçamentais. "O envelhecimento traz inevitavelmente um aumento na despesa com a saúde." O progresso na área da saúde "é caro", afirma Miguel Beleza. "O custo a suportar com os novos medicamentos e aparelhos será sempre superior à inflação."

O que é necessário fazer rapidamente? "O anterior Governo socialista", diz o economista, referindo-se ao último Governo presidido por António Guterres, "produziu um Livro Branco que retratou menos mal a situação. Mas, diz, "agora anunciaram mais estudos. É pena, porque acho que este é o momento de fazer alguma coisa concreta".
 
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por marafado » 11/4/2005 2:29

"É necessário aumentar os impostos indirectos"



nRudolfo Rebêlo DN-Leonardo Negrão

Plano de estabilidade. "Não conheço o texto final, mas receio que o PEC não seja uma obra-prima", diz Miguel Beleza

Acha que neste momento o Governo está a evitar um discurso excessivamente dramático sobre a economia portuguesa?

O Governo está a proceder correctamente falar quando é preciso, evitando a excessiva exposição. Mas vai ser necessário explicar as medidas que brevemente serão tomadas... Eu acho bem uma contenção nesta matéria. Acho saudável. É escusado estar diariamente a fazer happenings como noutros tempos...

Mas será inevitável um aumento de impostos a médio prazo, a crer em alguns indicadores disponíveis. Concorda?

Sou contra. Por formação e por filosofia, sou a favor de impostos baixos. Propus em 2002 um aumento no IVA - contrariando o choque fiscal - e admito que algo de semelhante se possa fazer, actualmente, nos impostos indirectos, de forma limitada...

Como? Aumentando o IVA?

Defendo que se passe a taxa de 12% do IVA para a taxa normal, de 19%. Acho incompreensível a existência de uma taxa de 5% que se aplica a coisas como jornais...

Mas fica em aberto a questão dos bens de primeira necessidade...

O IVA a 5% aplica-se também a muitos produtos alimentares e medicamentos. Aqui a questão é um pouco mais complicada, porque se há pessoas, como eu, que não necessitam desse subsídio, haverá pessoas de baixo rendimento para quem fará muita diferença o aumento do IVA de 5% para 19%. Só que hoje sabe-se quem recebe a pensão mínima ou o rendimento mínimo e seria possível compensar directamente as pessoas para quem seria um problema grave a anulação da taxa de 5%...

Ou seja, aumentar o rendimento mínimo garantido?

Neste momento, a taxa de 5% do IVA subsidia de forma indiscriminada toda a gente, e eu acho preferível subsidiar directamente quem realmente necessite. Aliás, aprende-se na teoria económica, nenhum imposto indirecto deve ter a mesma taxa para todos. Repito, acho que o IVA deve subir dos 12% para os 19% e a taxa mínima para 19% de uma só vez ou utilizar um calendário de subidas...

Coloca um cenário de aumento do IVA de 19% para 20%?

Admito que se pudesse passar o imposto para 20%, mas isso depende de uma avaliação sobre o défice orçamental de 2005. Também suponho que vamos precisar de uma subida nos preços de combustíveis. É lamentável, mas vai ser necessário. Claro, é possível do lado da receita algo mais através do combate à fraude e fuga fiscal. Talvez 1% ou mesmo 2% do PIB, mas, em minha opinião, necessitamos de um ataque à despesa orçamental a sério.

A Comissão Europeia prevê para 2005 um défice orçamental de 4,9%, sem contabilizar as receitas extraordinárias...

A Comissão refere para Portugal um valor de 4,9% do PIB, mas já ouvimos falar em números, para mim inesperados, na casa dos 6% e até 7%. Não tenho elementos suficientes para aferir esse resultado, mas é uma questão que me causa alguma perplexidade, porque no fundo estão em causa, directa ou indirectamente, duas pessoas que eu considero sérias, honestas e competentes o doutor Bagão Félix e o professor Luís Campos e Cunha.

Não está surpreendido que ao fim de três anos de uma gestão das finanças públicas supostamente rígida o resultado fosse este?

A gestão das finanças públicas não foi tão rígida como isso. Não houve, de facto, um aperto enorme e ao mesmo tempo surgiu uma recessão na economia...

Faltou em paralelo a implementação das chamadas reformas estruturais...

E se tivesse existido, a probabilidade de produzir efeitos orçamentais no imediato era muito baixa.

A avaliação do défice para 2005 está agora nas mãos da chamada "comissão Constâncio"...

Devo dizer que, embora compreenda e aceite o pedido efectuado ao governador do Banco de Portugal, não é bom para a instituição nem para o Governo esta espécie de tutela ou aval por parte do Banco de Portugal... Penso que era preferível uma entidade independente ou agência, com personalidades competentes, e que funcionasse junto da Assembleia da República. No fundo, seria copiar um pouco o modelo "general accounting" americano e que desse uma espécie de aval ao saldo das contas públicas.

Não considera que o Orçamento de 2005, que à partida necessitava de quase dois mil milhões de euros em receitas extraordinárias, sobreavaliou o crescimento da economia com o propósito de mascarar o défice?

Penso que não... Estamos a falar de estimativas para 2005, efectuadas há seis meses, e nessa data as previsões para a economia portuguesa apontavam para um crescimento entre os 2,2% e os 2,4% do PIB. Portanto, à partida, não era uma previsão anormal ou pouco honesta. Agora houve de facto uma deterioração da economia em 2004.

Já especificou que o "ataque à despesa" é nuclear na definição de uma estratégia de redução do défice. Mas a despesa é considerada demasiado rígida, sem espaço para cortes...

Se afirmamos que as despesas são rígidas e que nada se pode fazer, então dizemos que há uma preferência por impostos mais altos, porque, no fundo, o défice é sempre pago. Mas o que devemos prosseguir é o objectivo de um orçamento equilibrado ou mesmo excedentário, o mais rapidamente possível, já que no futuro temos de resolver a questão do envelhecimento da população e as suas consequências...

Um Pacto de Estabilidade "descafeinado", como apelida Sarsfield Cabral, pode beneficiar as finanças públicas portuguesas?

Não conheço o texto final, mas tenho algum receio que o PEC que aí vem não seja, de facto, uma obra- -prima.

Mas o que receia?

Receio no capítulo das despesas a existência de demasiadas excepções.

Mas teme que a flexibilização do PEC seja aproveitada para um novo ciclo de facilitismo à volta das contas públicas?

Neste caso concreto, tenho a convicção de que o primeiro beneficiário de umas finanças públicas sãs é Portugal. Mas também compreendo que os actuais valores do défice não são corrigíveis de um ano para o outro.
 
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por marafado » 11/4/2005 2:28

"Estou profundamente preocupado com a economia portuguesa"

Entrevista a Miguel Beleza

A economia entrou uma fase dita de "reestruturação" com um desfecho ainda incerto. Concorda com esta análise de alguns economistas?

Eu gostava de acreditar que as medidas e o programa a apresentar pelo Governo irão ter como resultado a recuperação do crescimento potencial da economia. Mas estou profundamente preocupado. Não estou muito optimista em relação ao futuro. O que faz crescer o País é o sector privado, mas nos últimos anos observamos um comportamento do sector privado que se reflecte num crescimento potencial muito baixo.

Não vê dinamismo, entusiasmo, é isso?

Tenho dificuldade em ver... Não estou a criticar ninguém, porque acho ridículo criticar os empresários. Agora, de facto, vejo pouca garra... desde há muitos anos que crescemos muito pouco.

Mas qual a origem desta situação? Baixos níveis de confiança, formação dos empresários, efeitos da subsidiação estatal?

Não é fácil explicar. Existem muitos factores que ajudam a compreender o fenómeno... de entre os quais, com certeza, uma política fiscal e orçamental errada. Uma das explicações podem ainda ser encontradas no enorme boom de consumo e de algum investimento no final dos anos 90, justificadas pelas baixas taxas de juro. Um ciclo que tinha de terminar. Aliás, é o colapso da procura interna a principal razão por que o País entrou em recessão económica. Mas admito que isto explique apenas uma parte da equação...

Talvez a insuficiência das reformas estruturais...

Não vejo as tais reformas estruturais... Fala-se na necessidade de inovação, formação, educação, mas tudo isto não é para amanhã e a urgência era ontem.

Não há prescrições para a economia a curto prazo?

Não conheço.

Alguns economistas falam dos efeitos nefastos do famoso "discurso da tanga" de Durão Barroso...

Não acredito que os agentes económicos vão em histórias, mas de facto vejo pouca "garra".

As últimas previsões da Comissão Europeia indicam uma estimativa de crescimento de 1,6% para a zona euro. qual o significado para Portugal?

Significa uma má notícia. Para Portugal a revisão em baixa da estimativa do crescimento foi ainda mais drástica. Os principais mercados do País na UE vão crescer pouco e teremos mais um factor negativo a acrescentar, que terão como resultado um fraco crescimento da economia portuguesa...

Repercussões nas exportações, turismo...

Temos, basicamente, dois problemas. Portugal tem perdido quotas de mercado e competitividade. Em 2004, a economia terá crescido 1,0% e a procura interna cerca de 2,0%. As exportações nem se portaram muito mal, o problema é que as importações aumentaram muito. Isto sugere que um pequeno impulso na procura interna provoca uma enorme repercussão nas importações. Ou seja, as empresas portuguesas são pouco competitivas. Isto, a par da queda do crescimento potencial da economia, é um problema grave.

Os dados recentes demonstram que o crescimento potencial da economia está num ponto muito baixo...

Neste momento, está à volta de 1,6% do PIB, quando Portugal deveria aspirar a um crescimento potencial bem acima de 3, 4%... Estamos a ter sucessivos crescimentos baixos, e o impulso da procura interna não se repercute no aumento do produto e não tem, naturalmente, repercussões no aumento do emprego. Isto para mim é, neste momento, o maior problema do País.

Até quando teremos estas dificuldades?

Não é fácil responder... Mas podemos ter este problema durante alguns anos.

Posso arriscar mais uns quatro, cinco anos?

Talvez nem tanto, mas... dois, três anos. Tenho alguma esperança na recuperação da competitividade e acredito que as reformas estruturais anunciadas pelos últimos governos, e em particular pelo actual, acabem por produzir algum efeito, num prazo razoável.

As importações estão a provocar um novo disparo no endividamento externo, após uma redução em 2003. Não existe solução para estancar esta tendência?

Enquanto a competitividade não melhorar, teremos esse problema. Preocupa-me que a um crescimento moderado da economia em 2004 reflectiu-se de imediato num aumento muito forte do endividamento externo. É um sintoma do tal crescimento potencial fraco. Mas graças à nossa presença na zona euro, o endividamento externo é um problema solúvel.

Como não bastasse, o contínuo aumento dos preços internacionais do barril do petróleo poderá ter graves reflexos na economia portuguesa...

Isso é um problema muito sério, mais sério do que prevíamos... Para a economia portuguesa é particularmente difícil, dado o alto grau de dependência do petróleo. Significa o empobrecimento do País...
 
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por marafado » 11/4/2005 2:25

"Admito que 30% do Estado na Inapa seja excessivo"

A redução da posição do Estado através de uma OPV é bem-vista por Vasco Pessanha

nrenato santos DN-Leonardo Negrão

Redução de Margens. É "o grande problema" que o sector enfrenta, diz Vasco Pessanha, líder da Inapa

A redução da participação do Estado no capital da Inapa é vista como "normal" pelo presidente do quarto maior grupo europeu de distribuição de papel. "Neste momento em que o Estado está preocupado em tentar equilibrar as suas contas, admito que a posição de 29,7% do Estado seja excessiva. Agora, pessoalmente, acho normal que o Estado queira manter uma participação simbólica porque é um sector estratégico. Se o Estado não tivesse tido uma posição estável nas empresas do sector durante muitos anos, hoje não haveria indústria de celulose", defende Vasco Pessanha.

Confrontado com uma eventual oferta pública de venda (OPV) em que o Estado reduziria a sua posição na Inapa, o gestor disse que "não veria com maus olhos", embora sublinhe que não teve ainda nenhum contacto com o actual Executivo. Para já, o que está previsto é a dissolução da Portucel SGPS, empresa que detém 29,7% do capital da Inapa, passando, assim, essa participação para a esfera da Parpública, holding que controla todas as participações empresariais do Estado.

Em termos europeus verifica-se que grupos como a Stora Enso ou a MReal deixaram de estar vendedores das respectivas actividades de distribuição de papel. Face a esta inversão estratégica, o DN confrontou Vasco Pessanha sobre o eventual regresso do grupo Portucel Soporcel ao capital da Inapa. O gestor explica que a Inapa é um distribuidor independente e que o mercado já há muito que incorporou que quem participa na Inapa é a Portucel holding e não a produtora. "Se a Portucel SA entrasse agora na Inapa durante algum tempo haveria alguma perturbação", disse.

Aquisições. O grupo Inapa está atento e "disponível" ao eventual movimento de concentração que possa existir entre os cinco grandes grupos europeus de distribuição de papel. Vasco Pessanha afirma, no entanto, que "os grupos estão bastante endividados e a autoridade de concorrência europeia está cada vez mais feroz", o que deverá travar eventuais concentrações. Quanto à expansão da actividade do grupo Inapa, Vasco Pessanha admite que possa haver pequenas aquisições nos países onde já estão presentes (estão em nove países europeus), mas a entrada em novos países, como os novos membros da UE, dificilmente acontecerá devido ao endividamento do grupo, que ascende a cerca de 400 milhões de euros. "Neste momento não temos meios financeiros para fazer aquisições desse tipo", refere.

Para este ano, a Inapa prevê reduzir entre 60 a 70 milhões de euros o endividamento remunerado (20 milhões através dos cash flows libertados e 40 a 50 milhões pela emissão de papel comercial e de uma nova securitização de dívida). A emissão de um aumento de capital está para já fora de questão porque a legislação (em Portugal e na Europa) impede que se emita acções abaixo do valor nominal, dado ser esse o valor das acções.

Actividade. A redução de margens "é o grande problema" que o sector da distribuição enfrenta neste momento. "Esta actividade teve sempre uma taxa de consumo positiva do papel e desde 2000 que tem uma quebra fortíssima, o que significa menores preços e margens menores, obrigando muitas empresas a pensar qual a melhor forma de reduzirem os custos de funcionamento, em vez de pensarem como é que se melhora o negócio", explica o presidente da Inapa.

Durante 2004 produziram-se na Europa 90 milhões de toneladas de papel - cerca de 30% da capacidade mundial -, o volume de vendas registou um acréscimo de 2%, mas o valor total das vendas caiu 4,5% devido à quebra de 5% verificada nos preços (de 200 a 2004 os preços do papel caíram em média 12,7%).

"Margens a encolherem, novos canais de venda em determinados segmentos de mercado, como o dos papéis de escritório, estão a fazer uma enorme pressão nos preços no sentido da baixa. Muitas vezes há mesmo dumping comercial, porque o papel é uma correia transportadora para vender outros produtos que, esses sim, dão dinheiro. Além disso, o ambiente económico que se vive a nível europeu é frouxo", explica Vasco Pessanha. O gestor mostra-se, no entanto, optimista em relação a 2005, prevendo que o consumo de papel "deverá ter um aumento moderado".

O volume de vendas deverá crescer este ano 4%, os custos operacionais irão subir em linha com a inflação e a margem EBITDA deverá aumentar 4,2%. Esta evolução contrasta com a que foi conseguida em 2004 - o valor das vendas atingiu 1,06 milhões de euros (+0,8%), a margem bruta subiu 5,6% e os resultados líquidos quadruplicaram para 4,2 milhões de euros. Mas apesar dos bons resultados de 2004, a administração não irá propor o pagamento de dividendos aos accionistas.
 
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por marafado » 11/4/2005 2:24

Banca procura recursos humanos nas ciências exactas

BPI faz road show em 16 instituições de ensino superior para encontrar quadros

nelsa costa e silva DN-Hernâni Pereira

iniciativa. Apresentação a alunos tem em vista contratar pessoas "que sabem o que vão encontrar no BPI"

O BPI iniciou um road show pelas universidades portuguesas à procura de novos talentos. Um périplo que tem como particularidade o facto de incidir em cursos como matemática, física ou engenharias. O sector da banca está assim a ser conquistado pelas ciências exactas, com recursos humanos formados em áreas não tradicionais a conquistar lugares em actividades como seguros de vida ou gestão de activos.

Este é o segundo ano em que o BPI se faz à estrada do ensino superior. No ano passado, contratou 12 pessoas. Este ano, procura seis novas aquisições. Francisco Magalhães Carneiro, administrador do BPI Fundos, que dá a cara por este projecto, afirma que "o tempo de só ter quadros licenciados em economia ou gestão está a acabar" e estão a ser "cada vez mais importantes neste sector as áreas das ciências exactas".

Este périplo, que passou já, por exemplo, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa e pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, vai andar por 16 diferentes instituições, com o propósito de apresentar aos alunos "o que eles precisam de fazer para ter sucesso na vida". Tudo porque, explica Francisco Magalhães Carneiro, "vale a pena perder tempo e ter muito cuidado com as pessoas que se contrata para depois deixá-las trabalhar à vontade". Outro objectivo das apresentações que faz é "ter a certeza de que quem procura emprego no BPI sabe o que vai encontrar".

Para este ano, a meta é contratar seis quadros para trabalhar na gestão de activos, ou seja, de fortunas. Uma área na qual dominar as ciências exactas é importante porque, assinala o administrador do banco, "é preciso saber fazer bem contas". Um quarto da sua equipa, composta de 40 elementos, é, aliás, feita de matemáticos. O objectivo é ficar, depois, apenas com três desses novos contratados. Aliás, das 12 novas aquisições do ano passado, apenas seis continuam no banco. "Este tipo de profissão não é para agradar a todos e também não é esse o nosso objectivo. Queremos pessoas que gostem do trabalho que desenvolvem", garante o responsável.

Cada vez mais, explica Francisco Magalhães Carneiro, "a banca tem procurado, face aos outros sectores económicos, atrair bons quadros e penso que é, actualmente, a área de actividade que contrata os melhores alunos". E para ser o melhor não basta ter boa média. Para o responsável do BPI, é essencial ter uma vida "fora" da universidade, no desporto, na música ou outras artes. Uma estratégia que resulta das várias experiências positivas que têm passado pelo banco "Temos tido sucesso com pessoas diferentes, nomeadamente com passado desportivo", adianta. Os atletas de alta competição, por exemplo, revelaram-se boas apostas, porque demonstram "um espírito competitivo e de sacrifício. Eles sabem que na vida não há milagres e que quem trabalha mais é quem tem mais sucesso. Sabem que é preciso não desistir e lutar".

Esta estratégia de captação de quadros em áreas diferentes das tradicionais e com interesses diversos não profissionais está, afirma, a ter "resultados interessantes e as pessoas que trabalham connosco, gostam. São elas que gerem a sua própria carreira e o seu próprio tempo".

Até agora, a experiência de percorrer universidades tem sido positiva. E será só por enquanto, explica o responsável, "que se desenrola dentro do País e ainda não para fora de Portugal".
 
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por marafado » 11/4/2005 2:23

Sae R montou operação de MBO



A Yanssen-Cilag, empresa farmacêutica pertencente ao grupo Jonhson&Jonhson, colocou a fábrica de Queluz de Baixo à venda em 2003, altura em que inquiriu os quadros portugueses sobre o eventual interesse na sua aquisição. A negociação ficou concluída em 2004 e foi mediada pela consultora SaeR (Sociedade de Avaliação de Empresas de Risco), cujo presidente e proprietário é o presidente (chairman) da Portugal Telecom, Ernâni Lopes. Os administradores da Lusomedicamenta sublinharam que a "credibilidade na banca e o conhe- cimento do mercado farmacêutico" da consultora foram um auxiliar precioso na concretização do MBO, que envolveu negociações duras e complexas entre a entidade patronal e os quadros da multinacional. O capital ficou maioritariamente (75%) nas mãos de seis directores, ao passo que o restante foi comprado por dois sócios portugueses com interesses no sector (quadros do grupo Tecnifar). Também decisiva foi a intervenção do Infarmed, cuja "facilitação política" permitiu concretizar a operação num prazo relativamente curto.
 
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por marafado » 11/4/2005 2:20

Previsões decepcionam


Fernando Valdez

As últimas previsões da Comissão Europeia são decepcionantes para Portugal mas também para a zona euro, com revisão em baixa das anteriores expectativas de crescimento. A economia portuguesa continuará a crescer a um ritmo mais lento do que a média da União Europeia (UE) e da zona euro este ano e no próximo, marcando cinco anos de divergência. A decepção só não é maior porque o Governo, num acto de bom senso, reviu em baixa as previsões económicas para valores mais em consonância com a realidade do país.

Para saber se isso se relaciona com a mudança de governo ou se traduz uma mudança de atitude será necessário esperar pelas previsões macroeconómicas do Orçamento do Estado e Grandes Opções do Plano e ver se esse exercício de bom senso se mantém ou é substituído, como tem sido tradicional, por um optimismo inconsistente. Com os países do alargamento e a Espanha, Grécia e Irlanda a crescerem bastante acima de Portugal, o País está em cada vez pior posição no campeonato económico em que joga. O aumento do PIB português tem claramente o maior desvio face ao seu crescimento potencial em toda a UE. Não valendo a pena chorar sobre o leite derramado, resta reclamar políticas de desenvolvimento claras e coerentes, nomeadamente uma verdadeira reforma da educação, que não se fique por medidas de fachada, como o ensino de inglês na primária.
 
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por marafado » 11/4/2005 2:20

Economia mostra sinais de melhoria

Indicadores apontam para recuperação tímida, mas tendência é contraditória

nFernando Valdez
INdústria. A produção e o volume de negócios recuperaram, o emprego continuou em queda

Os últimos dados económicos disponíveis revelam os primeiros indícios de uma modesta inversão da tendência desfavorável da economia portuguesa.

Contudo, os números sugerem ainda algumas tendências contraditórias, pelo que será necessário aguardar mais algum tempo para aferir da consistência dessa melhoria, que se manifesta em indicadores qualitativos e quantitativos.

O indicador de clima económico, do INE, que reflecte as perspectivas dos empresários da indústria, comércio, construção e serviços, melhorou ligeiramente em Março mas mantém-se num valor negativo, "no vermelho" há cinco meses.

A confiança dos consumidores teve uma evolução claramente favorável em Março mas continua em níveis historicamente baixos, reflectindo um pessimismo ainda forte das famílias. O indicador de confiança assumiu um valor de menos 34,2% no primeiro trimestre de 2005. A recuperação da confiança deve-se a uma percepção menos pessimista sobre a situação económica do país, a situação financeira das famílias e a evolução do desemprego.

A melhoria do clima económico deveu-se a recuperações da confiança na indústria e na construção (ligeiras) e no comércio, enquanto a confiança nos serviços se deteriorou pelo quarto mês consecutivo.

A produção industrial, por seu lado, cresceu 0,8% em Fevereiro, principalmente devido ao aumento de 17,4% na electricidade, gás e água, uma vez que as indústrias transformadoras recuaram 11,6%.

No primeiro bimestre de 2005, a produção industrial baixou 1,0%, com quebra de 2,4% nas indústrias transformadoras. Nos dois primeiros meses do ano, apenas a produção de energia teve uma evolução positiva, crescendo 12,9%, enquanto a de bens de consumo baixou 4,7%, a de bens de investimento se reduziu 3,0% e a de bens intermédios diminuiu 2,3%.

As encomendas dirigidas às indústrias transformadoras cresceram 1,6% no trimestre terminado em Fevereiro, impulsionadas pela procura interna e externa de bens de investimento, com acréscimos homólogos de 20,5% e 17,9%, respectivamente.

O volume de negócios da indústria acelerou em Fevereiro para um acréscimo homólogo de 7,2%, com melhoria das vendas internas, que subiram 4,5%, e uma estabilização do aumento de 12,1 das destinadas ao exterior, segundo o INE. O forte crescimento das vendas de energia explica a aceleração. O único senão é que o emprego industrial reduziu-se 3,9% homólogos em Fevereiro.

Bons sinais também no comércio. As vendas no retalho aumentaram 3,1% em Fevereiro em termos reais, continuando a evidenciar um andamento positivo do consumo privado. As vendas de produtos alimentares subiram 4,2% e as de não alimentares cresceram 2,3%. Apesar disso, o emprego no comércio a retalho baixou 0,2% em Fevereiro.

As vendas de veículos em Portugal caíram 2,9% em Março, segundo a ACAP. As vendas de automóveis ligeiros de passageiros recuaram 1,4%, as de comerciais ligeiros diminuíram 7,8% e as de pesados baixaram 1,5%. Março foi o mês de 2005 em que foram vendidos mais veículos ligeiros em Portugal e a queda homóloga decorre de Março ter sido o mês de 2004 com maiores vendas de ligeiros.
 
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por marafado » 11/4/2005 2:19

à margem
Carvão e nuclear contra gás a mais



Para além dos processos de recurso referidos, há outras questões em cima da mesa no âmbito do sector energético português. Alguns especialistas temem que o facto de todos os concorrentes se proporem construir centrais com recurso a gás natural traga, no futuro, problemas para o País. A questão é que Portugal ficaria muito dependente de uma única fonte de energia, que escapa ao controle interno. A viabilização de mais centrais a carvão passou, por isso, a estar na ordem do dia, apesar dos custos ambientais que acarretam. Na passada semana, a EDP veio aventar a hipótese de, em Sines, optar pelo carvão em detrimento do gás natural. E a hipótese nuclear foi novamente avançada por Patrick Monteiro de Barros, uma das personalidades incontornáveis no sector.
 
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por marafado » 11/4/2005 2:18

Despacho polémico recuperou lei de 1995

Direitos reservados

espera. Adjudicação de potência ainda está pendente de recurso

O despacho que o ex-secretário de Estado do Desenvolvimento Económico, Manuel Lancastre, exarou no passado dia 9 de Fevereiro poderá estar no centro da polémica em torno da adjudicação dos 7 pontos de interligação que permitirão a construção de centrais eléctricas de ciclo combinado. No diploma (ver imagem), o governante - que tomou conta do processo, já que o titular da pasta, Álvaro Barreto, se considerou incompatível por ter sido administrador de um dos concorrentes - afirma que todos os projectos apresentados (que excediam a potência disponível) tinham "grande similitude", "não se tornando possível distingui-los e ordená-los". Por isso, Manuel Lancastre lançou mão de um decreto-lei de 1995, que na sua opinião se poderia aplicar ao caso vertente, o que é contestado pelo menos por um dos concorrentes. A partir daqui, o critério de atribuição passou a ter que ver também com o tempo de entrega das propostas. A "antiguidade do pedido de ponto de recepção" ou, em alternativa, o período de tempo que medeia entre a data de resposta do Governo ao pedido de informação prévia e a efectiva entrada nos serviços de pedido de ponto de recepção passaram a ser critérios. Com esta "inovação", a EDP teria passado os 50% dos pedidos, mas uma cláusula adicional do despacho proíbe tal facto. Segundo o DN apurou, foi apenas por isso que a Iberdrola conseguiu um grupo produtor na Figueira da Foz, que de outra forma teria sido atribuído à EDP.

O prazo para reclamação hierárquica termina a 17 de Maio.
 
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por marafado » 11/4/2005 2:17

Gas Natura I e Iberdrola recorrem de atribuição de centrais eléctricas

Gas Natural foi a única que ficou de fora na atribuição de pontos de interligação

nmárcio alves candoso DN

polémico. O despacho assinado pelo ex-secretário de Estado é uma das bases da contestação

A Gas Natural, empresa espanhola que ficou de fora na atribuição de licenças para implantação de novas centrais de ciclo combinado, interpôs recurso hierárquico com vista à anulação da decisão governamental que a preteriu, soube o DN de fonte ligada ao processo. Atitude semelhante foi tomada pela Iberdrola, que concorreu a uma potência de 850 megawatts (Mw) mas que viu ser-lhe atribuída apenas 420 Mw. Ao DN, no entanto, a empresa não quis comentar a situação.

Também a Galpenergia, cuja atribuição de licença ficou igualmente aquém do pedido, está neste momento a analisar o processo, sendo que o prazo para recurso ainda decorre. Mas fonte oficial da empresa referiu ao DN que para já ainda nada está decidido. Posição diferente tomou a EDP. "Não vamos interpor recurso, já que apesar de no total de 7 pontos de interligação só nos terem sido atribuídos 2, isso coincide com o que temos previsto no nosso plano de negócios", referiu ao DN fonte oficial da EDP. O DN não conseguiu contactar a Tejo Energia que, no entanto, foi a única das empresas concorrentes que viu ser-lhe atribuída a potência pedida.

as sete. As centrais de ciclo combinado que receberam pontos de ligação à rede eléctrica nacional situam-se nas zonas da Figueira da Foz, Sines e Abrantes. Em Sines, a Galp viu ser-lhe atribuída uma potência de cerca de 430 Mw, enquanto a EDP conquistou 860 Mw, cerca de metade dos quais em parceria com a Endesa. Na Figueira da Foz, os grupos foram adjudicados à EDP e à Iberdrola. A Tejo Energia, que era a única concorrente à ligação em Abrantes (Central do Pego, que já lhe pertence), vai produzir mais 940 Mw. Os investimentos nestas sete novas unidades poderão atingir mais de 1,3 mil milhões de euros.

Uma das bases de contestação ao processo é, precisamente, o "consórcio" entre a EDP e a Endesa em Sines. Segundo especialistas de mercado contactados pelo DN, a lei não permite a "transacção" de pontos de interligação, pelo que a associação seria ilegal.

Com a atribuição na Figueira da Foz, a Iberdrola irá instalar a sua primeira central em Portugal. Já a Gas Natural, a não ser que ganhe o recurso, fica de fora.
 
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Ensinamentos de Harvard aplicados na EDP

por marafado » 11/4/2005 2:14

Ensinamentos de Harvard aplicados na EDP

Talone tentou o choque emocional na eléctrica


†Inspirado nas ideias de John Kotter, um dos seus mestres em Harvard, em 2003, quando assumiu a liderança da EDP, João Talone disse aos quadros da empresa "Podemos perder todos os clientes." Objectivo: provocar um "choque emocional" aos acomodados para imprimir uma mudança rápida. Mas, na altura, alguns funcionários irónicos limitaram-se a fazer contas e comentaram: "Olha, o país decidiu ficar às escuras."
 
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