Caldeirão da Bolsa

Irão as Bolsas descolar?

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por valves » 17/2/2005 20:42

Se tudo correr de uma forma normal é provavel que a tendencia de longo prazo começada em 2003 leve o PSI20 para cima dos 20 000 pts para aí em 2007 ou 2008.


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Irão as Bolsas descolar?

por marafado » 17/2/2005 15:20

Irão as Bolsas descolar?

Agostinho Leal Alves, do BPI


Depois da bolha bolsista ter tido a sua expressão máxima em Março de 2000, iniciou-se um acentuado movimento de queda dos principais índices bolsistas, verificando-se os patamares mínimos em Outubro de 2002.

Durante estes dois anos e meio as principais economias mundiais evoluíram para situações recessivas, com maior ou menor expressão, dependendo dos casos, e inúmeras empresas desapareceram ou fundiram-se, tendo as restantes implementado dramáticos processos de emagrecimento. A mensagem que ficou, bolsas e papéis sobrevalorizadas sem fundamento económico, quando já era evidente a caminhada para a estagnação e retracção na actividade produtiva, deixou marcas. Ou seja, desde então assiste-se a actuações mais cautelosas, mesmo depois de nos últimos dois anos se ter dado uma recuperação sustentada dos índices. No entanto, ainda se está longe dos patamares alcançados no início de 2000, e põe-se a questão se, no curto/médio prazo, até final de 2005, irão verificar-se ganhos bolsistas. Irão as bolsas descolar dos actuais níveis?

A MATRIZ TÉCNICA






Fonte: BPI


Em termos dos grandes movimentos, pode-se referir que a expressão da subida até agora efectuada, corresponde a retracements da tendência de queda de longo prazo, usando a terminologia técnica e os conceitos utilizados na teoria das ondas cíclicas de Elliot e dos números de Fibonacci. O uso prático destes conceitos definiu 3 níveis de referência para a quantificação destes movimentos de correcção – 38,2%, 50,0% e 61,8% - e constata-se que, dentro do universo dos índices bolsistas americanos, mais os índices ibéricos e o alemão, que constam no quadro, todos ainda se encontram dentro destes limites, indo a excepção para o DJI, que já anulou mais de 70% da queda verificada entre Janeiro de 2000 e Outubro de 2002.

Face a este cenário, a questão, em termos de Análise Técnica, é saber se no futuro estes níveis de retracement vão ser testados e ultrapassados, e concretizar-se uma aproximação aos valores máximos ocorridos em 2000. Em primeiro lugar, há que enunciar os níveis de resistência relevantes para cada um dos índices em estudo, já que a sua transposição indicará a força da tendência de curto/médio prazo que implicará a gradual anulação da tendência de queda e a possível conquista de novos valores máximos.

- DJI – 10868, 11350, 11401, 11425 e os 11750 pontos.

– S&P 500 – 1218, 1250 (61,8%), 1316, 1383, 1438, 1530 e os 1553 pontos.

– Nasdaq Comp. – 2106, 2192, 2328, 2650 (38,2%), 2892, 3043, 3125 (50,0%), 3521, 3600 (61,8%), 4289 e os 5133 pontos.

– Dax Xedra – 4450 (38,2%), 4706, 5150 (50%), 5467, 5870 (61,8%), 6337, 6795, 7186, 7503 e os 8136 pontos.

– Ibex 35 – 9904, 10 000 (61,8%), 10 220, 11 510 e os 12 969 pontos.

– PSI 20 – 8230, 8830 (38,2%), 10 000 (50,0%), 10 256, 11 200 (61,8%), 11 313, 12 666 e os 15 081 pontos.

A totalidade dos índices em análise mostra a construção de tendências de subida de médio prazo, com as habituais ondas de subida e correspondentes correcções e consolidações. Adivinha-se que não vão parar por aqui, no entanto, o ritmo de subida vai depender da importância de alguns dos pontos de resistência apontados.

A MATRIZ FUNDAMENTAL

Dado o actual momento no ciclo económico dos EUA e da zona euro, anulações entre 30 e 50% da queda global dos índices, ocorrida entre 2000 e 2002, parecem consistentes. Pode-se mesmo apontar para o ligeiro avanço dos índices americanos face aos europeus (dentro do conjunto de índices escolhido), a par do ligeiro avanço em termos de ciclo económico: os EUA já crescem acima dos 4% ao ano, enquanto que a zona euro está a arrancar a uma taxa anual abaixo dos 2%. Nitidamente, as bolsas americanas já repercutem o facto dos EUA serem o motor do crescimento dentro dos países mais ricos. O desfasamento verificado no Nasdaq Comp. face aos outros índices americanos, reflecte a especificidade do índice, que é formado, sobretudo, por empresas de referência dos chamados sectores das novas tecnologias (informática, comunicação, biotecnológicas), com alto potencial de crescimento. Como se sabe, a bolha especulativa que durou até 2000, esteve bem espelhada neste índice, que mostra ainda uma modesta recuperação de 24% da totalidade da queda.

Por outro lado, esta recuperação mais expressiva dos índices americanos evidenciam uma maior aposta dos investidores nas empresas americanas, dado os dolorosos processos de limpeza de balanços e de corte nos custos que ocorreram nos últimos anos, visando ganhos de eficiência, e que não tiveram a mesma expressão nas empresas europeias, em parte devido aos resquícios legislativos do Estado-Providência.

Em termos genéricos, a dupla situação de grande liquidez e de taxas de juro baixas estão a suportar as bolsas. Mas uma procura mais acentuada dependerá do ritmo do crescimento económico em 2005 e das previsões avançadas pelas principais organizações internacionais. E quanto a isso, assiste-se a um arrefecimento das expectativas e do próprio crescimento face às previsões iniciais e aos valores registados em 2004.

Nos EUA, o crescimento homólogo do PIB foi de 3,7% e 4,0%, respectivamente, no terceiro e quarto trimestres de 2004, ficando o valor final do ano nos 4,4%. As previsões para 2005 dos principais organismos internacionais apontam para um valor médio à volta dos 3,1%. Em relação à zona euro, o crescimento homólogo do PIB foi de 1,8% e 1,6%, respectivamente, no terceiro e quarto trimestres de 2004, dando um valor estimado de 1,7% para o crescimento anual. Para 2005, as previsões em termos médios indicam um valor próximo dos 1,9%.

No caso americano, a questão central dos défices gémeos preocupa a Administração Bush, que tem mostrado interesse em não agravá-los, e mesmo atenuá-los ao longo dos próximos anos. No entanto, tudo isto passa pela diminuição do consumo das famílias, pelo aumento da poupança doméstica e, por conseguinte, por um crescimento mais moderado.

No que respeita à questão do excesso de liquidez e das taxas de juro baixas, são responsáveis pelo bullish trend de curto/médio prazo, já que os investidores se sentem confortáveis pelo facto das empresas terem o suporte do acesso ao crédito barato e balanços mais saudáveis. Mesmo que não existam expectativas altas para os resultados globais das empresas ao longo do ano, tem-se assistido à entrada de capitais na bolsa com base nos factores mencionados. No entanto há riscos no horizonte, que poderão limitar movimentos de subida adicionais com mais expressão.

Em primeiro lugar começa logo pelo facto de o excesso de liquidez vir, sobretudo, da Ásia, estando os activos, essencialmente americanos nas mãos do Japão e da China. Sendo previsíveis alterações nas políticas económica e comercial nesta área, a médio prazo, concretamente no que respeita a reajustamentos no 'peg' fixo da moeda chinesa e o dólar e à necessidade de um certo arrefecimento na actividade produtiva na China, poderá haver uma estabilização ou diminuição no fluxo de capitais aplicados nestes activos, contagiando um movimento de falta de interesse em várias classes de activos, nomeadamente nos de maior risco.

Em segundo lugar, o actual cenário de baixa inflação e de taxas de juro reduzidas vai-se alterando progressivamente, com maior ou menor agressividade, dependendo do andamento económico, acabando com as vantagens do crédito barato para as empresas. Esta situação poderá levar a desconfianças quanto a investimentos adicionais nas bolsas.

CONCLUSÃO

Estagnação no crescimento, face ao ano transacto, com o acréscimo do risco de uma inflação superior, e previsivelmente taxas de juro mais altas, sobretudo nos EUA, podem levar a um abrandamento no interesse de compras adicionais de acções, provocando um atrofiamento na evolução futura dos bullishs trends de curto/médio prazo. Para a maioria dos índices, seria uma performance positiva se verificassem testes com sucesso aos primeiros níveis de resistência apontados e alcançassem, ao longo deste ano, o limite do retracement de 61.8% face à queda verificada entre 2000 e 2002.

Aos ganhos ocorridos desde o início do ano nos índices ibéricos e no alemão, em análise, e que contrastam com as perdas verificadas nos americanos, não será estranha a manutenção estável das taxas de juro na zona euro, não havendo para já perspectivas de virem a ser alteradas. Mas, está a prever-se uma subida durante este ano, embora esse movimento já esteja parcialmente descontado pelo mercado. Mais, o cenário suportado do mercado bolsista europeu dependerá muito da evolução do mercado americano, dado o alto factor de correlação.
 
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