Caldeirão da Bolsa

Entrevista ao Jornal de Negócios Thomas Dorsey

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por MarcoAntonio » 15/2/2005 21:39

Não...

É curioso mas Tom Dorsey chama Double Top (duplo top) aquilo que a generalidade dos analistas chama Duplo Fundo (e com toda a propriedade).

Não faz sentido a denominação (invertida) usada pelo Tom Dorsey mas o facto é que ele chama Double Top a um Double Bottom e Double Bottom a um Double Top.

Não é uma gralha da entrevista porque no seminário ele apresentou exactamente a mesma nomenclatura quer na oratória quer nos diapositivos.

Esta chamada de atenção é obviamente importantíssima para quem tenha conhecimentos de AT e não fique confundido com o que o Tom Dorsey diz.
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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Re: Entrevista ao Jornal de Negócios Thomas Dorsey

por englishman » 15/2/2005 21:23

Anonymous Escreveu:Onde é que entra o seu método?

Há nove tipos de padrão diferentes. Quero uma acção, num sector que em baixa e procura um sinal de compra. O sinal mais simples de compra é o que chamamos um «double top». Quando estou perante um «double top» e a queda posterior - porque as acções não sobem numa linha recta - já fica acima do suporte anterior, sugere-me que a procura começa a tomar controlo da cotação, e aí, compro. Mais do que isto, é futurologia.


Peço desculpa, mas será que alguém me pode explicar este sistema - «double top»??? É o chamado "duplo topo"?
Obrigado.
EnglishMan
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Re: Entrevista ao Jornal de Negócios Thomas Dorsey

por SaR » 15/2/2005 20:13

Anonymous Escreveu:
E qual a sua taxa de sucesso, seguindo o seu método?

Devo dizer-lhe que nunca tomamos uma decisão errada.

Isso é uma afirmação, no mínimo, ousada?.

No entanto, algumas das nossas decisões têm resultados muito maus. E quando se verificam é que se torna importante compreender a gestão do risco. O que eu defendo é que não tomamos uma decisão errada porque seguimos o nosso método fielmente, seguindo os passos que nos impusemos a nós próprios.


Excelente, se a decisão está de acordo com o "sistema" então está sempre correcta.
No fundo o que conta, é a consistência das nossas decissões de acordo com aquilo que foi testado no passado.
Gostei do que li, tenho pena de não ter assistido ao vivo.
:(
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Entrevista ao Jornal de Negócios Thomas Dorsey

por Visitante » 15/2/2005 18:28

Análise Técnica
«Nunca tomo uma decisão errada»
Em entrevista ao Jornal de Negócios Thomas Dorsey - Presidente da Dorsey, Wright Associates desmistifica e simplifica um tema considerado como «difícil».

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Ricardo Domingos
rd@mediafin.pt



Perfil de Thomas J. Dorsey - Presidente da Dorsey, Wright Associates
Tom Dorsey é presidente de uma empresa de aconselhamento ao investimento financeiro que usa o método «Ponto e Figura» como principal forma de Análise Técnica. Antigo vice-presidente e director de estratégia de opções na Wheat First Securities e antes disso um «stock broker» na Merrill Lynch, Tom Dorsey é, actualmente, convidado para seminários sobre gestão de risco um pouco por todos os EUA.

Escreveu inúmeros artigos para o «Wall Street Journal», «Barrons’» e outras publicações, para além dos seus próprios livros. A Dorsey Wright Associates gere cerca de 500 milhões de dólares em carteiras dos seus clientes e o seu presidente tem como «hobbies» o halterofilismo, a pesca e o charuto que fuma uma vez por semana para que o hábito se torne «num ritual».

Dorsey é responsável pela reinvenção do «Ponto e Figura», um método de análise técnica que foi, pela primeira vez, introduzido pelo jornalista Charles Dow, responsável pela criação dos índices Dow nos EUA no início do século XX. «Point & Figure Charting» é o seu livro de maior sucesso e inspira muitos investidores, profissionais ou não.

Saiba mais em: www.dorseywright.com

É um especialista em AT. Qual a diferença entre AT e análise fundamental?

A análise fundamental responde à pergunta «O que devo comprar?». O lado técnico dessa mesma equação é «Quando devo comprar?». A AT é erroneamente usada porque apenas trata da análise da saúde financeira de uma determinada empresa. E isso não tem nada que ver com o facto de tentar perceber se a sua cotação vai subir ou não.

Você pode ter uma empresa que é muito saudável em termos financeiros e fundamentais e, no entanto, de repente, o sentimento dos investidores altera-se, por qualquer tipo de razão. Nestas alturas, socorro-me de uma citação de Anthony Noto, analista de Internet da Goldman Sachs. Num artigo do «New York Times», quando foi questionado sobre o facto de só ter colocado uma recomendação de «venda» sobre uma empresa que cobria ao fim de uma queda de 98%, na altura da bolha tecnológica, ele respondeu: «Nós seguimos a análise fundamental a 100%.

Os fundamentais não mudaram quando as acções começaram a cair». Ele disse que a razão pela qual as acções estavam a cair ficou a dever-se a uma alteração na psicologia dos investidores. Aqui é que reside o problema. É que, no fundo, é a psicologia dos investidores que leva as acções a subir ou a descer. Se há mais pessoas dispostas a comprar do que aquelas que estão dispostas a vender o preço sobe. Se há mais pessoas a vender do que aquelas que estão a comprar, então o preço desce. Se a oferta e a procura são iguais, então os preços mantêm-se iguais. É tão simples quanto isto. Pode-se complicar quanto quiser, pode-se «dourar a pílula», arranjar discursos herméticos, mas o resultado final depende sempre disto.

A ideia da AT é, olhando para o comportamento das cotações num gráfico, tentar encontrar um padrão que se possa repetir no futuro. Como é que depois chega a fazer isso na prática?

Vamos então olhar para um jogador de xadrez de renome internacional, por exemplo, o Bobby Fishcher ou o Boris Spassky. Quando jogadores deste nível olham para um tabuleiro, eles não vêem o jogador adversário da mesma forma que eu vejo.

Eles olham para o jogo e vêem um padrão. E estes padrões têm um determinado significado para eles. E isso dá-lhes uma ideia do que se passa na cabeça do seu opositor. E é isso que um analista técnico faz.

O método de «Ponto e Figura», inicialmente desenvolvido por Charles Dow (o jornalista que inventou o Dow Jones Industrial Average em 1901) no final do século XIX, é simplesmente uma forma lógica e organizada de registar os desequilíbrios entre a oferta e a procura. Nada mais, nada menos do que isto.

E qual o processo que seguem?

Na Dorsey Wright Associates, seguimos o seguinte caminho. Primeiro, analisamos os indicadores do mercado que nos dizem se temos a bola de futebol na nossa posse. Tal como num jogo de futebol, quem tem a posse da bola tem como objectivo marcar um golo. Se eu estou na outra equipa e não tenho a posse da bola, o meu objectivo passa por tentar impedir que a equipa adversária me marque um golo.

A primeira premissa para o mercado de acções, na nossa perspectiva, é: «Temos a posse de bola?» Os indicadores dizem-nos em que ponto nos encontramos. Para depois sabermos para onde vamos. Se estamos na posse da bola, ou seja, na ofensiva, então vamos, de seguida, olhar para os sectores. Há 42 sectores diferentes para os quais olhamos. Depois de encontrar o sector onde queremos actuar, temos que olhar para o inventário. E esse inventário só pode vir dos analistas fundamentais.

Os analistas fundamentais usarão, então, os seus métodos para explicar que, dentro de um sector, uma determinada empresa está com o preço justo. É aqui que deve terminar o trabalho dos analistas fundamentais. Depois disso tudo estar feito, o analista técnico entra em acção. Analisa, tendo em conta o inventário de acções de que dispõe para escolher. Destas, quais delas estão ser dominada pela procura? Quando as encontrar, então sim, compro-as. Mas não acaba aí. A partir do momento em que sou detentor da acção – e qualquer pessoa pode comprar – a próxima questão a fazer é: qual o meu plano de jogo? O que farei se as coisas correrem bem, o que farei se as coisas correrem mal? E depois, tenho que ter coragem de não alterar o meu plano a meio do jogo. Aí é que reside o segredo do sucesso.

Pode-se então, com a AT, medir a psicologia dos investidores?

Sim, em última análise, é o que a AT tenta fazer. Porque é ela que faz com que tudo mexa no mercado.

Então quando é que sabe se deve vender ou comprar?

O meu sistema é multifacetado. Se o investidor olhar apenas para um gráfico, vai provavelmente perder dinheiro, porque isso é apenas uma parte de um todo. 80% do risco de qualquer acção é o mercado e o sector em que se encontra, segundo um estudo da Universidade de Chicago.

Apenas 20% é que se prende com a especificidade daquela acção. Os investidores tendem a gastar 80% do seu tempo a avaliar a acção, quando o risco está noutro lado. Por isso, para uma pessoa ter sucesso é avaliar, primeiro, o mercado em que se encontra aquela acção. E depois, o sector. Muito analistas olham apenas para o gráfico, por exemplo um «candle stick». Mas isso não chega. A acção é a última parte da equação a ser analisada.

Onde é que entra o seu método?

Há nove tipos de padrão diferentes. Quero uma acção, num sector que em baixa e procura um sinal de compra. O sinal mais simples de compra é o que chamamos um «double top». Quando estou perante um «double top» e a queda posterior - porque as acções não sobem numa linha recta - já fica acima do suporte anterior, sugere-me que a procura começa a tomar controlo da cotação, e aí, compro. Mais do que isto, é futurologia.

E quando é que decide vender?

Se eu estiver certo e a acção continuar a subir, digamos, 30%, então retiro um terço do que apostei inicialmente. Se a acção valorizar 50%, tiro outro terço.

E quando é que sai do papel?

Tento esticar o mais possível. E quando começar a cair para a linha de tendência que, segundo o «Ponto e Figura» é sempre uma linha com um ângulo de 45 graus, vendo o resto.

E qual a sua taxa de sucesso, seguindo o seu método?

Devo dizer-lhe que nunca tomamos uma decisão errada.

Isso é uma afirmação, no mínimo, ousada?.

No entanto, algumas das nossas decisões têm resultados muito maus. E quando se verificam é que se torna importante compreender a gestão do risco. O que eu defendo é que não tomamos uma decisão errada porque seguimos o nosso método fielmente, seguindo os passos que nos impusemos a nós próprios. Tal como um piloto de um avião que segue todos os procedimentos. O avião até pode cair, mas não foi por falha dele, foi porque qualquer outro factor exógeno (como o trem de aterragem não abrir ou ser atingido por um meteoro) afectou o resultado.

Qual é então a sua taxa de sucesso, com o seu método?

Não podemos colocar a questão dessa forma. Porque isso dá a ideia de que é uma fórmula 100% correcta. Que, se usar o método sempre, fico automaticamente rico. A percentagem do sucesso não é tão importante, porque posso errar 9 vezes em 10, mas a vez que estive certo posso ganhar mais do que perdi nas anteriores 9 vezes. O que tenho que ser é disciplinado e controlado, quando o mercado começa a mexer. Só saio da minha posição quando vejo um sinal de venda e nunca antes, mesmo que a emoção comece a querer tomar controlo da situação.

Porque é que defende que o seu método é o melhor?

Primeiro, porque é o mais simples. Já ensinámos o método a crianças do sétimo ano e elas perceberam em 40 minutos. Os adultos, tiveram que ser desprogramados e, por isso, demoraram um fim-de-semana inteiro. Os sinais de compra ou venda são claros e, por isso, não dão lugar à subjectividade. Com os gráficos «candle stick» já não se pode fazer o mesmo, porque são subjectivos.
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