Caldeirão da Bolsa

Para manter unida a actual administração - BCP

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por Visitante » 29/1/2005 14:21

Digamos que o jardim está dentro da mansão, só que mudou de sítio.
Visitante
 

Para manter unida a actual administração - BCP

por TRSM » 29/1/2005 13:16

Para manter unida a actual administração
Paulo Teixeira Pinto é uma escolha pessoal de Jardim Gonçalves
A escolha de Paulo Teixeira Pinto para novo presidente do Conselho de Administração do BCP é da exclusiva responsabilidade de Jardim Gonçalves, o autor do maior banco privado nacional, escolheu um director geral, secretário da sociedade, para Presidente para evitar desavenças na actual Administração. Escolheu também um seu discípulo para comandar o banco.

28-01-2005, Maria Teixeira Alves e Lígia Simões

A escolha de Paulo Teixeira Pinto para novo Presidente do Conselho de Administração do BCP é da exclusiva responsabilidade de Jardim Gonçalves, soube o “Semanário Económico”. O ainda presidente do banco tomou a decisão e convocou um a um, os administradores e os accionistas, nos dias antes do Conselho Superior que se realizou na passada quarta-feira, umas horas antes de o anunciar publicamente em conferência de imprensa.
Ao escolher um director geral para Presidente em detrimento dos seus oito administradores – Filipe Pinhal, Christopher de Beck, António Rodrigues, António Castro Henriques, Alípio Dias, Alexandre Bastos Gomes, Francisco de Lacerda e Boguslaw Kott – Jardim Gonçalves quis evitar o previsível: o desmoronamento da coesão que existe actualmente no Conselho de Administração.
Avistavam-se desavenças se um dos administradores fosse escolhido para Presidente do BCP em detrimento de outros e para o evitar Jardim Gonçalves escolheu alguém de fora do inner circule de gestão do banco, e que tem a vantagem de ser um fiel seguidor de Jardim Gonçalves, partilhando muitas das suas ideias, mesmo em termos pessoais: Paulo Teixeira Pinto é conservador, católico e monárquico, como Jardim Gonçalves.
O argumento da idade serve para excluir alguns dos administradores à partida. Mas não todos como Francisco de Lacerda, que já foi presidente de um banco, ou como António Castro Henriques que foi responsável pela gigantesca rede Sotto Mayor. Não foi por isso a idade que determinou a escolha de Jardim. Foi sim o gosto pela surpresa (melhor táctica para neutralizar oposições que naturalmente emergem nas sucessões) e também uma forma de evitar futuras desavenças entre um presidente eleito entre iguais.
Por outro lado, desde que em Janeiro de 2002 saíram quatro administradores do BCP (João Talone, Pedro Líbano Monteiro, Miguel Cadilhe e Rui Barata) que ninguém em Portugal se tinha distinguido para a função, caso contrário teria integrado o Conselho do Banco (e o único administrador que entrou desde então foi o polaco Boguslaw Kott).
Perante este cenário e estando já Jardim Gonçalves com 70 anos (apesar de nada nos estatutos o obrigar a sair), e ainda tendo em conta que em 2005 teria de ser eleito o Conselho Superior, o presidente do BCP optou por antecipar por um ano a eleição dos Órgãos Sociais do Conselho de Administração fazendo-as coincidir.
Opiniões divergem sobre a escolha de Jardim
No mercado as opiniões divergem. Há quem aplauda a escolha de Jardim Gonçalves para a sua sucessão e considere que a eleição para presidente do Conselho Superior reforçará ainda mais a estrutura de Governo da Sociedade baseada em dois órgãos.
Mas também há quem critique esta escolha. Fontes do mercado dizem que Paulo Teixeira Pinto é mais um político que um banqueiro.“Esta escolha é um insulto para os administradores do BCP”, dizem. Há ainda quem questione se os accionistas do BCP não estão demasiado à mercê de Jardim Gonçalves, por via do seu excessivo endividamento ao banco – o BCP financiou muitos dos actuais accionistas do Conselho Superior para a compra de acções BCP cujo valor ao longo dos anos se foi deteriorando (ver evolução do EPS - resultados por acção) .
Mas, intrigas à parte, dentro do BCP o clima é pacífico e Paulo Teixeira Pinto tem o apoio incondicional da administração do banco. Isso mesmo lhe foi manifestado e num reunião recente o futuro presidente do banco disse que não aceitaria tal função se não tivesse o apoio unânime da Administração.
O emblemático presidente e fundador daquele que é hoje o maior banco privado português optou assim por um fiel discípulo para garantir a continuidade da sua estratégia para o Millennium BCP. Até porque Jardim Gonçalves assume a presidência do Conselho Superior (substitui António Gonçalves que se mantém mas como vice), um órgão que em termos oficiais é meramente consultivo, mas que depois por ser composto pela maioria dos accionistas do banco, acaba por ser o órgão onde são efectivamente tomadas as decisões estratégicas do banco.
Claro que em termos legais (até porque o código das sociedades comerciais não reconhece qualquer poder ao Conselho Superior) quem tem poder é o Conselho de Administração, e em teoria este pode tomar uma decisão contrária ao Conselho Superior, mas e como refere uma fonte do banco, “se o fizesse, no dia a seguir os accionistas convocavam uma Assembleia Geral e destituíam a Administração”.
BCP com modelo de gestão semelhante ao alemão/holandês
O banco liderado por Jardim Gonçalves obedece a um modelo de gestão inédito em Portugal – já que aqui predomina o modelo anglo-saxónico composto pela figura do Presidente do Conselho de Administração e pela de Presidente da Comissão Executiva – em tudo semelhante ao alemão e holandês onde existem as figuras do Supervisory board e do Managment board. No caso do BCP, como o Código das Sociedades Comerciais não reconhece estes cargos - a figura do Conselho Superior é definida apenas pelos estatutos do banco. Mas a personalidade de Jardim por si só serve para dar à figura de presidente do Conselho Superior um poder inegável.


O Eleito
Aquele que Jardim Gonçalves escolheu para ser a face da “refundação” – o conceito que resume a estratégica do banco desde que foi lançada a marca única Millennium bcp – tem 44 anos é casado (com Paula Teixeira da Cruz) e tem dois filhos. Está no banco desde 1995 quando assumiu a responsabilidade pela Assessoria Jurídica do Centro Corporativo, tendo em Março de 2000 assumido as funções de Director-Geral e Secretário da Sociedade. Uma curiosidade: Paulo Teixeira Pinto foi Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros entre 1992 e 1995, na altura em que o BCP comprou o BPA numa polémica OPA. Em 1999, na comissão parlamentar de inquérito, Paulo Teixeira Pinto foi chamado a depor, tendo afirmado que “o Estado não fez qualquer negócio com o BCP e o diploma que fez [em 1995 e que permitiu o Estado vender na OPA] serve, para qualquer OPA”. Paulo Teixeira Pinto é militante do PSD (cavaquista) e tem um lado mediático que terá pesado na decisão de Jardim Gonçalves, já que para a gestão corrente estão lá os administradores e para as decisões estratégicas está lá o Conselho Superior, agora liderado por si. É monárquico (está nos órgãos dirigentes da Causa Real), católico (pertence ao movimento Opus Dei), e conservador.

O presente de Jardim!
Deus quis, Jardim Gonçalves sonhou e a obra nasceu! Assim se pode resumir a história de 20 anos de BCP, um banco novo que se tornou no ex-libbris da alta finança do pós-25 de Abril.
Em jeito de presente de anos, Jardim Gonçalves deu ao BCP um novo Presidente. “A cara de refundação”, chamou-lhe assim. A escolha de Paulo Teixeira Pinto para sucessor de Jardim Gonçalves, tem um sabor a 3º milagre de Fátima, de tanto se esperar tornou-se um mito e a revelação “desilude” um bocadinho.
Mas Jardim Gonçalves provou sempre ser um visionário e provavelmente terá razão em ter escolhido um homem “banqueiro a menos”.
Porquê a escolha de Paulo Teixeira Pinto? Porque não é da administração, logo evita previsíveis susceptibilidades dentro do Conselho caso fosse eleito um dos actuais administradores (a escolha recaíria forçosamente sobre três ou quatro elementos, tendo em conta a idade). Depois é uma figura mediática, habituada à exposição pública o que é uma vantagem para esta função, porque para gerir está lá a administração e para mandar está lá o Conselho Superior. Destaque aqui para o facto de Jardim ter assumido a função de presidente do Conselho Superior, o que terá servido para acalmar eventuais sobressaltos com a escolha do actual Secretário Geral para Presidente do banco.
Depois voltou a deixar a sua imagem de marca: o factor surpresa! “Depois se verá”, é uma frase tipicamente sua.
Por fim provou que quem manda no BCP é e sempre será Jardim Gonçalves. Qual Conselho Superior, qual quê!

Fonte Semanário Económico
 
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