Caldeirão da Bolsa

A Oportunidade Oferecida pela Baixa Volatilidade

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por marafado » 24/1/2005 14:46

A competição da Índia e da China e o "cerco" à economia portuguesa
Como Funcionam as Superpotências do Século XXI
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

Com modelos de desenvolvimento muito diferentes, a Índia e a China crescem a ritmos que farão delas superpotências económicas em 2020 - e competem em sectores tradicionais da economia portuguesa

Pedro Ribeiro
O empresário Joe Berardo, um dos membros da comitiva da recente visita de Estado do Presidente Jorge Sampaio à China, descreveu assim ao jornal macaense "Ponto Final" a sua reacção ao que viu: "Ainda vamos todos trabalhar para os chineses."

A viagem de Sampaio na semana passada reavivou receios de que o crescimento das duas nações mais populosas do mundo (China e Índia) reforce o "cerco" a sectores tradicionais da economia portuguesa (especialmente o têxtil). Houve notícias sobre a possibilidade de a Maconde e a Riopele deslocalizarem parte da sua produção de outros países para a China.

Vários responsáveis políticos - incluindo o próprio Presidente - alertaram para a necessidade de a economia portuguesa se modernizar em resposta à competição asiática. Se não houver inovação, disse ao PÚBLICO o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, "bem podemos ter medo de Chinas e Índias".

Nos têxteis, a ameaça é real e imediata. A liberalização do sector, a partir do início deste mês, leva a Organização Mundial do Comércio a prever que a quota de mercado global da China nos têxteis irá crescer de 17 para 50 por cento no espaço de apenas três anos.

Os receios não são exclusivamente portugueses. A crescente transferência de empregos nas áreas das tecnologias de informação para a Índia criou no ano passado uma autêntica paranóia nos EUA em relação ao "outsourcing".

Um relatório do National Intelligence Council da CIA apresentado na semana passada previa que, em 2020, a China e a Índia serão superpotências económicas, "disputando a supremacia económica global" aos Estados Unidos. A maneira como cada uma lá vai chegar é, no entanto, substancialmente diferente.

A China converteu-se ao capitalismo abandonando a cartilha económica maoísta, embora mantendo a sua estrutura política; a Índia tomou um modelo de inspiração anglo-saxónica, emulando o clima empresarial dos Estados Unidos. Ambos os modelos têm problemas.

Um relatório da firma de consultadoria McKinsey aponta que "a China não é um mercado eficiente, e a Índia tem um défice de capital de investimento". O prémio Nobel da Economia Amartya Sen (indiano) notou que, embora o modelo de desenvolvimento chinês tenha produzido resultados mais impressionantes que o da Índia em termos de Produto Interno Bruto (o PIB da China quadruplicou em duas décadas), tem um lado sombrio: "A saúde pública recua, as desigualdades sociais avançam a um ritmo que nunca vi em lado nenhum", declarou Sen ao jornal "Le Monde". Pelo contrário, a Índia "abraçou a globalização, mas com uma partilha de riqueza mais equilibrada".

Capitalismo maoísta
No início dos anos 80, Deng Xiaoping anunciou a um quinto da humanidade que "enriquecer é glorioso", e os chineses começaram um período de crescimento económico inaudito. O maoísmo foi adaptado ao mercado; a sociedade chinesa continua sob o controlo apertado do Partido Comunista, mas a China adoptou o capitalismo.

É no entanto um "capitalismo de Estado"; as reformas de Deng fizeram do Estado chinês um dos motores da economia, através do lançamento de colossais projectos de infra-estrutura e da distribuição de apoios ao sector empresarial. O outro motor é o investimento directo estrangeiro (IDE) - o país tornou-se no maior receptor mundial de IDE.

A China criou um sector privado altamente dependente do Estado, mas conquistou rapidamente posições maioritárias em inúmeros sectores de manufactura - especialmente têxteis, electrónica simples, brinquedos. Os chineses estão a tornar-se na "workshop" do mundo.

A imagem de um produtor de bens de consumo baratos é contudo um obstáculo à passagem para sectores mais "nobres". A concentração absoluta no crescimento do PIB traz outros problemas. Incentivadas a estimular o crescimento a qualquer custo, as regiões administrativas e as empresas chinesas contribuíram para uma banca altamente ineficaz, com um peso enorme de créditos mal parados. E o crescimento desregulado cria grandes problemas ambientais, urbanísticos e, como diz Amartya Sen, sociais.

Califórnia no Ganges
A Índia iniciou o seu processo de modernização uma década mais tarde que o vizinho chinês, e segundo um modelo bastante diferente. O Governo indiano abandonou décadas de uma economia semi-socialista com uma série de reformas - o fim das leis industriais que impunham quotas de produção, a abertura dos mercados ao estrangeiro, a desvalorização da rupia.

Ao contrário dos chineses, os indianos não deram grande ênfase ao papel do Estado - em vez disso, criaram um quadro legislativo que dava liberdade aos seus empresários para actuar. Um modelo inspirado no exemplo de Sillicon Valley, uma região da Califórnia com que, de resto, a Índia tem grandes relações através da sua diáspora.

As excelentes instituições de ensino superior indianas de elite produziram quadros altamente qualificados. Uma força de trabalho com formação de qualidade, que fala inglês e que está disposta a aceitar salários muito mais baixos que no Ocidente tornaram a Índia num potentado especialmente nos sectores da alta tecnologia.

O reverso da medalha é que a Índia continua a ter grandes problemas de infra-estrutura - um estudo recente falava na necessidade de investir a médio prazo perto de 100 mil milhões de euros só na infra-estrutura de transporte. Mais do que isso, o desenvolvimento centrou-se em alguns "clusters" tecnológicos, sobretudo nos Estados de Gujarat e Maharashtra; outras regiões da Índia ainda continuam sem receber proveitos do crescimento.
 
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por marafado » 24/1/2005 14:45

A Lista Negra
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

WorldCom Inc.

Arguido: Bernard J. Ebbers, ex-CEO

Acusação: Conspiração, fraude com acções e falsificação de documentos.

Enron Corp.
Arguidos: Kenneth Lay, ex-chairman e CEO; Jeffrey Skilling, ex-director executivo; Richard Causey, ex-director da contabilidade

Acusação: Fraude, conspiração, falsas declarações e "insider trading".

Tyco International Ltd.
Arguidos: Dennis Kozlowski, ex-CEO; Mark Swartz, ex-director financeiro

Acusação: Falsificação de documentos, apropriação ilegal de dinheiro, conspiração e fraude com acções

HealthSouth Corp.
Arguido: Richard Scrushy, fundador e ex-CEO

Acusação: Fraude com acções, lavagem de dinheiro, violação da "corporate accountability law"
 
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por marafado » 24/1/2005 14:44

Ex-Presidente da WorldCom pode ser condenado a 85 anos de prisão
Crimes de "Colarinho Branco" Chegam a Julgamento nos EUA
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

América empenhada em mostrar aos responsáveis por escândalos financeiros que o crime não compensa

Rita Siza
O tribunal de Manhattan - onde vai decorrer o julgamento do processo de conspiração, apresentação de documentos falsos às entidades reguladoras do mercado e fraude em que é arguido o antigo presidente da WorldCom, Bernard J. Ebbers - já iniciou as sessões para escolha do júri que decidirá qual a responsabilidade daquele dirigente na falência do gigante de telecomunicações, em Julho de 2002, depois de descoberto um buraco de mais de 11 mil milhões de dólares na contabilidade. Bernard J. Ebbers, que no caso de ser condenado enfrenta uma pena de prisão que pode ir até aos 85 anos, é o primeiro de uma lista de antigos responsáveis de empresas que faliram no âmbito de escândalos financeiros que começarão a ser julgados pelos tribunais americanos nesta semana.

Os escândalos que levaram à falência empresas como a WorldCom, a Enron, a Tyco International ou a Health-South levaram os procuradores públicos americanos a subscrever uma série de processos judiciais que começam agora a chegar à barra dos tribunais: os responsáveis máximos dessas instituições estão a ser responsabilizados pessoalmente pela "maquinação" dos estratagemas fraudulentos que levaram à perda de milhares de empregos, de fundos de pensões e do valor accionista das empresas. Em todos os casos, as defesas têm alegado que os seus clientes desconheciam as actividades irregulares ou criminosas que estavam a decorrer nas empresas que dirigiam e que confiavam nas decisões dos seus subordinados, sem saberem que eram ilegais. Entre as testemunhas nos processos, tanto do lado da defesa como da acusação, estão antigos dirigentes e funcionários das companhias, que tentarão explicar os procedimentos administrativos para confirmar ou excluir a participação dos arguidos nas ilegalidades que afundaram as suas empresas.

O caso da procuradoria contra Bernard Ebbers assenta fortemente no testemunho do antigo director financeiro da WorldCom, Scott Dullivan, que no ano passado confessou-se culpado de conspiração e fraude num processo semelhante. Sullivan deverá estabelecer a concordância de Ebbers à decisão de reportar gastos de capital como despesas operacionais e a falsificar resultados líquidos para disfarçar os problemas financeiros da empresa. A defesa tentará provar que Ebbers deixava todas as decisões financeiras a cargo de Sullivan. Como Ebbers se recusava a utilizar o e-mail, não existe nenhuma prova documental que o ligue à autoria dos esquemas ilegais.

O ministério da Justiça dos Estados Unidos está a dedicar uma atenção especial a estes julgamentos, de forma a reparar a confiança pública no sistema de "corporate governance" que sofreu um grave abalo com os escândalos financeiros das grandes empresas. Especialistas em direito continuam a constatar uma série de lacunas na lei que tornam difícil a detecção das ilegalidades. Mas o governo está a assumir que estes processos possam ter uma acção preventiva, até porque a taxa de condenações em acções semelhantes tem sido muito elevada. A mensagem parece ser a de que o crime não compensa para aqueles que estão envolvidos em processos de colarinho branco.

Outros julgamentos a caminho
Esta semana, o ex-presidente da Health-South, Richard Scrushy, também começa a ser julgado em Nova Iorque, acusado de participar numa fraude de 2,7 mil milhões de dólares. Scrushy negou a acusação, mas tem contra ele o testemunho de cinco antigos directores financeiros e vários outros ex-funcionários. Igualmente esta semana o Supremo Tribunal retomará o julgamento dos antigos líderes da Tyco International, depois de uma instância inferior ter sido obrigada a anular o julgamento por causa de pressões sobre um dos elementos do júri. Mark Swartz, o ex-director financeiro, e Dennis Kozlowski, ex-CEO da Tyco, são acusados de falsificação dos resultados da empresa e ainda de apropriação ilegal de 600 milhões de dólares - os dois alegam que tinham autoridade suficiente para reclamar esses montantes a título de "bónus pessoais".

Brevemente, será a vez do ex-dirigente máximo da Enron, Kenneth Lay, enfrentar os tribunais, pelas declarações proferidas antes do gigante texano da área da energia ter entrado na bancarrota. Além de Lay, dois outros antigos administradores da Enron, Jeffrey Skilling e Richard Causey, enfrentam acusações de fraude, conspiração e abuso de informação privilegiada.
 
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por marafado » 24/1/2005 14:42

Empreendedorismo
Portugueses Querem Ser Empresários, mas Não Sabem como e Têm Medo de Falhar
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

Uma sondagem Eurobarómetro apurou que há mais "espírito empresarial" nos EUA que na Europa

Pedro Ribeiro
Os portugueses gostavam de ser os seus próprios patrões, mas têm receio de abrir a sua própria empresa. Entre os 25 países membros da União Europeia (UE), Portugal é onde há mais vontade de ser empresário - mas é também onde se encontram mais razões para não seguir a via empresarial.

Estes dados resultam de um estudo Eurobarómetro, realizado em 29 países (os 25 da UE, outras três nações europeias e os EUA) em Abril do ano passado. A sondagem confirma o estereótipo de que os norte-americanos têm mais "espírito empresarial" de que os europeus.

Mas, talvez surpreendentemente, entre os membros da UE é em Portugal que se encontram mais potenciais empresários; 62 dos portugueses inquiridos disseram que preferiam ser trabalhadores independentes (contra uma maioria de europeus que preferem ser trabalhadores por conta de outrem), e 78 por cento destes gostariam de ter a sua própria empresa.

No entanto, a quase dois terços dos portugueses nunca ocorreu a ideia de criar a sua própria empresa (contra 57 por cento da média UE 25 e apenas 44 por cento dos americanos). Os portugueses não são só quem mais gostaria de ser empresário na Europa - também são quem encontra mais razões para não o ser.

Entre os europeus, são os portugueses que mais têm receio de que uma empresa sua falhasse; que temem a má conjuntura económica; que mencionam as dificuldades de acesso ao crédito, a falta de informação e a burocracia.

Ou seja: os portugueses querem, mas acham que não podem ser empresários. "Ter só intenção não chega", comentou ao PÚBLICO Pedro Vilarinho, director de projectos da COTEC Portugal (Associação Empresarial para a Inovação). "Depois há a questão de colocarmos barreiras em tudo. Por exemplo, o capital de risco não financia. O problema é tanto do lado da banca de investimentos como dos potenciais empresários."

"Treinadores de bancada"
Ricardo Gonçalves Pereira, director-geral do PMElink.pt, disse ao PÚBLICO (por e-mail) que, na sua opinião, "a cultura portuguesa actual não é favorecedora da tomada de riscos": "Temos muitos 'treinadores de bancada', quem se arrisca a construir alguma coisa também se arrisca normalmente a ser fortemente criticado."

"A realidade é que ainda existem muitos entraves ao lançamento de novos projectos", continua o director da PMElink.pt. "Mais uma vez, trata-se de uma questão cultural, neste caso essencialmente visível nas entidades da Administração Pública, tanto central como local. Embora existam excepções (...) a generalidade dos organismos o que faz é colocar entraves e novas obrigações, sendo o empreendedor obrigado a gastar grande parte do seu tempo e esforço em formalismos processuais em vez de se poder dedicar ao negócio propriamente dito."

O inquérito do Eurobarómetro foi elaborado na sequência do Livro Verde da Comissão Europeia para o espírito empresarial. O objectivo é dinamizar a cultura empresarial europeia, sobretudo através do apoio às pequenas e médias empresas.
 
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por marafado » 24/1/2005 14:36

Sensibilidade e Bom Senso
Por CARLOS ROSADO DE CARVALHO
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

A montanha vai parir um rato. Depois de meses de discussão sobre a revisão do pacto de estabilidade e crescimento (PEC), tudo se encaminha no sentido de 'não pôr em causa nem uma vírgula' do acordo celebrado entre os países do euro, para citar Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro e ministro das Finanças do Luxemburgo em declarações a jornalistas. 'Subsistem fortes divergências, mas as posições estão a aproximar-se', precisou o presidente em exercício do conselho europeu, que pretende encerrar a novela da revisão do pacto na cimeira de 22 e 23 de Março.

Um dos últimos capítulos da novela foi escrito por Gerhard Schroeder em artigo de opinião publicado no "Financial Times" de segunda-feira da semana passada. A data não foi escolhida por acaso. Nesse mesmo dia à noite, os ministros da Economia e das Finanças da zona euro reuniam-se em Bruxelas tendo como ponto principal da agenda a reforma do PEC proposta pelo comissário europeu dos Assuntos Monetários e Financeiros, Joaquin Almunia, apresentada em Setembro de 2004, discussão que no dia seguinte seria alargada ao conselho de ministros da Economia e Finanças da União Europeia (Ecofin).

Na prosa do jornal inglês, o chanceler alemão defendia a flexibilização do pacto assente em três pilares: (i) Eliminação dos procedimentos automáticos contra os países que apresentem défices superiores a três por cento do PIB - produto interno bruto; (ii) Devolução da soberania orçamental aos Estados membros através da redução ao mínimo do papel da Comissão Europeia como guardiã do acordo; (iii) Exclusão de algumas rubricas de despesa do cálculo do saldo orçamental.

Com o argumento que é necessário evitar que a imposição de medidas orçamentais restritivas prejudique o crescimento económico e ameace a consolidação de longo prazo, Schroeder acaba, na prática, por pôr em causa a estrutura de todo o edifício do PEC. Caso as propostas do chanceler fossem aceites, a Alemanha poderia apresentar este ano um défice de oito por cento do PIB, respeitando o PEC.

Só que, como demonstrou a história económica recente, atirar mais dinheiro para cima dos problemas pode ajudar a ganhar eleições, mas não é uma fórmula eficaz de os resolver, antes pelo contrário. Baixar impostos talvez, desde que os cortes sejam acompanhados de uma redução de despesas públicas de montante mais ou menos equivalente, para não deixar derrapar o défice orçamental. O argumento é simples. O aumento da dívida pública acaba por ser contraproducente, porque conduz, mais tarde ou mais cedo, à subida das taxas de juro, que são o único passaporte para uma economia sair da recessão.

É neste contexto, aliás que devem ser entendidos os sucessivos avisos do Banco Central Europeu (BCE), sobre as consequências da deterioração das finanças públicas dos Doze. Segundo têm afirmado vários responsáveis do BCE, a actual derrapagem constitui um importante risco para o crescimento da Zona euro, sublinhando que essa evolução tem sido tomada em consideração nas decisões sobre as taxas de juro. Para bom entendedor, meia palavra basta.

E os ministros das Finanças parecem ter entendido a mensagem. O consenso obtido na semana passada no sentido de flexibilizar apenas os prazos para a aplicação das regras do PEC - alargando de quatro para seis meses o período para apresentação de medidas de correcção de défices excessivos e dando dois anos em vez de um para a redução do défice para valores abaixo dos três por cento do PIB - revela sensibilidade e bom senso.
 
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por marafado » 24/1/2005 14:35

Finanças pessoais
Faça as Contas Antes de Investir
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

Das necessidades básicas às férias, dos cartões de crédito ao empréstimo para a casa própria. O nosso orçamento é limitado e precisa de ser bem controlado para não causar surpresas

Gonçalo Morna
Dinheiro - quem afirmar que esta palavra não lhe diz absolutamente nada, ou é uma pessoa com tanto dinheiro à sua disposição que nunca teve de se preocupar com este assunto, ou, pura e simplesmente, é um grande inconsciente. Não deixa de ser verdade que nos dias de hoje, vivendo todos nós numa sociedade cada vez mais materialista, uma grande percentagem dos gastos de muitas pessoas são, sem sombra de dúvida, supérfluos. Mas é também uma realidade que existe um grande número de pessoas que lutam todos os dias do mês para terem à sua disposição bens apenas essenciais, como alimentos, habitação e medicamentos.

A verdade é que as nossas finanças pessoais, seja por uma questão de sobrevivência ou por uma questão de maximização do nosso bem-estar, assumem uma importância cada vez maior. Quando falamos em finanças pessoais não nos podemos preocupar apenas em rentabilizar os nossos investimentos. Na sociedade de consumo em que vivemos, o recurso ao crédito é cada vez mais fácil: cartões de crédito, crédito automóvel, crédito à habitação, crédito para aquisição de bens de consumo, empréstimos bancários, etc, etc, etc. Não é por acaso que cada vez mais ouvimos falar do sobreendividamento das famílias portuguesas. As opções de crédito são tão alargadas que são cada vez mais as pessoas que têm compromissos mensais superiores aos seus rendimentos.

Investir é uma palavra bastante aliciante. Tão aliciante que muitas pessoas o fazem sem se aperceberem de que não têm as condições mínimas para o fazerem. Quantas pessoas, sem terem qualquer património e poupanças bancárias, não recorrem ao crédito para investirem, por exemplo, na compra de acções? E se o preço dessas acções assumir uma trajectória de descida contínua, que condições têm essas pessoas para amortizarem a dívida que contraíram?

Primeiro o básico
É fácil perceber que uma análise cuidada e rigorosa das finanças pessoais de cada um é cada vez mais importante. Os investimentos fazem, sem sombra de dúvida, parte das nossas finanças pessoais, mas devem ser encarados como um segundo passo. Primeiro temos que apurar quais são as nossas despesas básicas mensais. Depois temos que analisar as nossas dívidas e os compromissos mensais que elas nos exigem. Em resultado desta análise podemos chegar, por exemplo, à conclusão de que temos que cortar rapidamente e drasticamente as nossas despesas mensais. Podemos também chegar à conclusão de que estamos a pagar, para fazer face ao crédito contraído, taxas de juro estupidamente altas.

Por vezes, a utilização excessiva dos cartões de crédito faz com que, depois de atingirmos os limites que nos foram atribuídos pelo banco, nos tenhamos de sujeitar a amortizar essas dívidas em períodos de tempo muito mais alargados do que poderíamos imaginar à primeira vista. Em situações como esta, e tendo em conta que as taxas de juro dos cartões de crédito são bastante elevadas, poderá fazer todo o sentido recorrer a um empréstimo bancário com taxas de juro substancialmente inferiores para pagar as dívidas acumuladas com o cartão de crédito, ou seja, substituir um crédito caro por um crédito substancialmente mais barato.

Outra situação que deve merecer sempre uma análise rigorosa da nossa parte, para evitar situações parecidas com a que acabámos de referir, é a de fazermos um estudo comparativo entre as várias opções disponíveis antes de contrairmos um novo crédito. Por exemplo, quando decidimos contrair um crédito para comprar uma casa, devemos em primeiro lugar decidir se faz mais sentido contrair um empréstimo a taxa fixa ou a taxa variável. A taxa fixa significa que as prestações mensais a que iremos estar sujeitos irão permanecer iguais durante a vida do empréstimo, enquanto a taxa variável significa que as variações futuras do mercado das taxas de juro irão fazer variar, para cima e para baixo, as nossas prestações futuras.

Para uma determinada pessoa que tenha rendimentos que permitem, por exemplo, disponibilizar no máximo 500 euros mensais para o pagamento da prestação do seu crédito à habitação, poderá fazer mais sentido contrair um crédito a taxa fixa, mesmo sendo hoje mais caro do que os de taxa variável existentes no mercado, uma vez que, num cenário de subidas de taxas de juros como o que vivemos actualmente, não correrá o risco de, de um momento para o outro, ter que fazer face a um aumento da sua prestação para níveis substancialmente acima daqueles que o seu orçamento mensal lhe permite pagar. Outro factor a ter em conta é que, apesar da concorrência cada vez mais apertada que existe entre as instituições de crédito, as taxas de juro podem variar substancialmente de uma instituição para outra, fazendo todo o sentido comparar toda a oferta que existe no mercado. Hoje em dia, através dos "sites" dos bancos à disposição na Internet, é cada vez mais fácil realizar este tipo de estudos comparativos.

Quando falamos de finanças pessoais existem muitos outros aspectos que devem merecer toda a nossa atenção: despesas e qualidade de educação dos nossos filhos, complementos de segurança social, seguros, despesas com os períodos de férias da nossa família, etc - cada pessoa, cada família é um caso particular e distinto, mas o que é realmente importante é que cada um tenha uma noção o mais exacta possível das suas necessidades básicas, dos seus compromissos e necessidades presentes e futuras para, de acordo com a sua previsão de rendimentos, realizar o planeamento mais adequado e racional e que seja o mais indicado para a sua situação específica.
 
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por marafado » 24/1/2005 14:35

Pré-abertura
Portugal Descorrelacionado
Por *DIRECTOR ESPÍRITO SANTO INVESTMENT
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

Os mercados americanos acentuaram quedas e terminaram a semana com prejuízos acumulados no ano, em alguns casos superiores a seis por cento. A Europa por seu turno permanece com dificuldade em estabilizar em território positivo. Já o mercado nacional, aparentemente indiferente ao resto do mundo, acumula ganhos anuais próximos dos quatro por cento. A falta de alternativas, a iliquidez do mercado e ainda uma série de histórias específicas, algumas com sabor especulativo e outras relacionadas com reestruturações empresariais, justificam a descorrelação. Dito de outra forma, há estímulos para alimentar expectativas de lucros no mercado nacional ao mesmo tempo que os aforradores, saturados das baixíssimas taxas de juro e animados por dois anos consecutivos de ganhos bolsistas, voltam a concentrar poupanças em instrumentos de risco, como os fundos de investimento e outros. Esta semana, os temas centrais deverão permanecer os mesmos: época de anúncios de resultados, dados macro em bateria, Iraque e petróleo, relação euro/dólar e, específico de Portugal, campanha eleitoral e respectivas sondagens, onde os investidores vão procurar pistas que clarifiquem se vamos ou não ter uma solução de estabilidade a partir de 20 de Fevereiro. Para os mercados, a estabilidade é também nesta, como noutras frentes, um valor de 'per se'.

*Director Espírito Santo Investment
 
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por marafado » 24/1/2005 14:34

Festa dos "Candidatos" à Lusomundo
Por ANABELA CAMPOS
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

Foi uma semana de corropio em torno da Lusomundo Media. Perfilam-se na corrida à compra do grupo de media da PT duas mãos cheias de "candidatos", e para já os grandes "vencedores" são as empresas do sector cotadas em bolsa: Cofina, Sonaecom e Impresa.

Lisboa tem estado numa toada de subida, com vários títulos a bater máximos e o mercado a subir para valores de há 10 meses. Na última sexta-feira, os analistas diziam mesmo que havia estrangeiros a entrar na praça lisboeta. Certo é que o PSI 20 fechou a semana a ganhar 2,39 por cento, a maior subida em 18 semanas. Isto numa semana em que a maioria das principais praças internacionais terminou a perder. A nível internacional a semana foi marcada pela correcção em baixa do petróleo e pela apresentação de resultados de grandes empresas norte-americanas. Os resultados têm sido acima do esperado, mas as expectativas de vendas e de lucros para 2005 têm trazido algumas surpresas negativas. Ou seja, há um certo pessimismo no ar.

Enquanto nos bastidores do negócio da Lusomundo, a PT e o BES, o maior accionista da operadora, fazem contas e recebem as propostas dos "candidatos", na bolsa a Cofina e a Sonaecom somam ganhos. Ambas assumiram interesse na Lusomundo, embora se admita para já que apenas a Cofina, de Paulo Fernandes, tenha feito uma proposta concreta. Aliás, a Cofina, que controla 19 por cento da Lusomundo, tem sido dada como uma das favoritas, e Paulo Fernandes já mostrou disponibilidade para comprar tudo.

A semana foi liderada em termos de ganhos pela Cofina, com uma valorização de 9,64 por cento, seguida da Sonaecom, que trepou 8,23 por cento. A "holding" do grupo Sonae para a área das comunicações estará também a beneficiar da expectativa da France Telecom, accionista da Optimus, poder vir a entrar directamente no seu capital. Recomendações de compra e aumento de preços-alvo de casas de investimento também ajudaram a Cofina e a Sonaecom a acumularem ganhos, sendo que ambas atingiram máximos de 2000 e 2001, respectivamente. Já a Impresa, que está interessada na aquisição de alguns activos da Lusomundo, terminou a semana a ganhar 3,36 por cento. Menos animada, apesar de também ter mostrado interesse na Lusomundo, esteve a Media Capital, cuja valorização foi de apenas 0,75 por cento. A PT e a PT Multimedia, enquanto accionistas da Lusomundo, também viram os seus títulos subir. A primeira ganhou 3,87 por cento e a segunda 2,05 por cento. Não deixa de ser curioso, como lembrou um accionista à Lusa, que os potenciais compradores estejam a valorizar mais que os vendedores, ao contrário do que é habitual.

Destaque ainda para a subida de 4,0 por cento da Brisa, que conseguiu ultrapassar os sete euros na semana em que o Governo reiterou a intenção de avançar com portagens em algumas auto-estradas. Entre os pesos-pesados, o BCP ganhou 3,03 por cento, impulsionado por perspectivas positivas face aos resultados de 2004. Já a EDP valorizou 0,9 por cento para 2,24 euros.
 
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por marafado » 24/1/2005 14:33

Alertas: Media Capital
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

A companhia de seguros Tranquilidade-Vida deixou de ter uma participação qualificada na Media Capital, após a alienação de acções em bolsa no passado dia 13 de Janeiro. Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a instituição afirma que a Tranquilidade "reduziu a sua participação para uma percentagem inferior a dois por cento dos direitos de voto correspondentes ao capital social do grupo Media Capital, por força da alienação em bolsa de 380.000 acções, no dia 13 de Janeiro de 2005".

Após a referida alienação, a Tranquilidade "passou a deter 1.280.490 acções, correspondentes a 1,547 por cento dos direitos de voto correspondentes ao capital social do grupo Media Capital", acrescenta.

Portugal Telecom
A Goldman Sachs baixou algumas estimativas para a PT, reflectindo uma maior incerteza acerca das perspectivas futuras, revelou a casa de investimento."Estamos a rever ligeiramente em baixa as nossas previsões para reflectir um nível mais elevado de incerteza acerca do 'outlook', mas continuamos a acreditar que a PT opera num dos melhores ambientes na Europa e cremos que a administração está claramente no topo em ambos os ambientes, regulatório e competitivo", refere a Goldman Sachs. Na nota, elaborada após uma reunião com a PT nos dias 19 e 20 de Janeiro, a casa de investimento diz que "a competição na banda larga vai começar a ser ligeiramente mais forte em 2005 do que tem sido recentemente". No entanto, no Brasil, "a intensidade da competição atingiu o pico no terceiro trimestre e os preços têm, desde então, voltado a níveis mais racionais, incluindo durante o período do Natal", acrescenta.
 
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A Oportunidade Oferecida pela Baixa Volatilidade

por marafado » 24/1/2005 14:32

A Oportunidade Oferecida pela Baixa Volatilidade
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

%João Salgado Poppe

Um dos temas recorrentes durante o segundo semestre de 2004 e que promete continuar a dominar os mercados financeiros este ano é a baixa volatilidade verificada. Este fenómeno é visível nos mercados de taxa de juro, crédito e accionista. A descrição de volatilidade, de uma forma simples, traduz-se no preço que os investidores estão dispostos a pagar por "seguros" que os possam proteger contra a incerteza futura. A volatilidade é uma medida que se obtém analisando a evolução dos preços dos activos. Quando há grande variação de preços a volatilidade aumenta; quando a variação de preços é baixa a volatilidade é reduzida.

Esta medida de incerteza, provavelmente desconhecida pela maioria das pessoas, é transaccionada nos mais diversos mercados e sobre uma imensa variedade de produtos; acções, taxas de juro, 'spreads' de crédito, preço do petróleo, etc. Os instrumentos através dos quais a volatilidade é transaccionada são complexos e com um crescente grau de sofisticação. A mais recente novidade é o mercado de derivados de crédito, criado em meados da década de 90 e no qual se tem verificado um crescimento exponencial dos volumes negociados.

Alguns dos factores que a título de exemplo podem aparecer como geradores de incerteza e que implicariam um aumento imediato na volatilidade de mercado são: uma desvalorização significativa do dólar americano, uma correcção nos preços do mercado imobiliário norte-americano ou pressões inflacionistas consistentes na Zona Euro ou nos Estados Unidos.

Níveis tão baixos de volatilidade, em tão diversos mercados, não são frequentes e traduzem-se, normalmente, em atitudes de alguma complacência por parte dos investidores. Também aqui a memória é demasiado curta para a larga maioria das pessoas. Existem algumas tentativas para justificar esta tendência recente: os mercados são hoje mais eficientes e estão num estádio de maior maturidade, o número de participantes cresceu e a liquidez existente é substancialmente maior, a volatilidade dos dados macroeconómicos é também menor (como apontam alguns estudos recentes) e vivemos de uma forma sustentada num ambiente de menor inflação, o que permite políticas monetárias mais estáveis.

A conjuntura actual, de taxas de juro a valores historicamente muito baixos, 'spreads' de crédito a níveis mínimos e de ampla liquidez no sistema, altamente estimulada pelos Banco Centrais, é particularmente propícia ao investimento crescente nos mercados financeiros. Nesta medida, os investidores, com o objectivo de atingirem retornos mais elevados, têm de assumir maiores posições com uma componente de risco maior, ficando por isso mais expostos às variações de mercado.

Quando analisamos historicamente as medidas de risco das grandes instituições financeiras (VAR - Value-at-Risk), os valores que obtemos são aparentemente baixos, na medida em que incorporam volatilidade que, como explicitado atrás, é historicamente muito baixa.

A grande preocupação de uma "ainda" minoria de analistas é que esta percepção actual possa estar errada e que quanto mais tempo ela perdurar maior seja o montante de risco acumulado pelos investidores. Voltando a utilizar a imagem dos seguros, é fácil verificar que a probabilidade de conseguir vender um seguro está dependente da percepção de risco que o cliente possa ter, e esta, na eventualidade de nada acontecer, vai diminuindo ao longo do tempo. Esta atitude dos investidores poderá ter consequências muito negativas se num futuro não muito longínquo a incerteza voltar a aumentar de forma significativa. O que todos os investidores devem ter presente é que os actuais instrumentos existentes nos mercados financeiros permitem não só reduzir o risco dos investimentos mas também beneficiar dos níveis reduzidos de volatilidade.

*Director de Mercado de Capitais do BES
 
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