Caldeirão da Bolsa

Choque político

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por PJBM2 » 24/1/2005 4:31

:mrgreen: ...choque eléctrico.... gostei dessa... :mrgreen: :mrgreen:
Paulo Moreira
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por pvk » 23/1/2005 22:00

Eu por mim dáva aos candidatos a 1º ministro, um choque eléctrico!!!
 
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Uns prometem-nos choques tecnológicos ....

por Xanax » 23/1/2005 21:26

outros choques de gestão, se calhar o que este País precisa é efectivamente de um choque politico isto para que não se dê um choque civil.
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Choque político

por Humilde » 23/1/2005 20:25

Caro marafado
Não posso deixar de lhe enviar os meus calorosos parabens pelo artigo em assunto.
A meu ver devia remete-lo para um jornal, por forma de, porventura, poder ser lido por alguns dos muitos politicos que temos,para bem de PORTUGAL.
Cumprimentos
Humilde
No mercado não podemos mijar contra o vento.Famoso livro GANHAR EM BOLSA da autoria do Dr.BRAGA DE MATOS
 
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por marafado » 23/1/2005 16:00

Investigação inserida no PRograma Atitudes Sociais dos portugueses

Portugueses casados dizem-se mais felizes que a média europeia

Inquérito realizado no âmbito de uma investigação internacional apresenta dados curiosos sobre os portugueses: os casais inquiridos demonstram atitudes modernistas, e até se declaram mais felizes que a média dos europeus inquiridos, mas a prática revela uma divisão tradicional de tarefas. E os jovens portugueses, dos 18 aos 29 anos, são quem mais sofre de stress...

21-01-2005, Luísa Rego


A ideia de que os portugueses são, na Europa, dos que se declaram mais felizes, só é verosímil para os que vivem em casal. Por outro lado, as mulheres portuguesas, juntamente com as espanholas, são as que acusam um maior nível de stress na relação trabalho-família. Apesar disso, em Portugal, o casamento é um assunto muito mais central para os homens do que para as mulheres, as quais privilegiam a possibilidade de ter crianças. Surpreendido(a)?
Fique ainda com outra ideia: as mulheres são sistematicamente mais modernistas, em todos os indicadores sociais, que os homens. Apesar disso, o mundo não é cor de rosa. Mulheres e homens portugueses, na faixa dos 18 aos 29 anos, são os que acusam os índices mais elevados de stress família-trabalho, face a outros países da Europa.
Nesta altura estará o(a) leitor(a) a duvidar da isenção deste artigo - mas não se justifica. Os dados referidos foram divulgados num Seminário realizado em Lisboa, na semana passada, e na exposição então feita, entre outras, pela investigadora do ICS, Sofia Aboim.
Em termos globais, e ainda que custe a acreditar, o “grau de felicidade com todos os aspectos da sua vida” é bastante elevado entre os homens e as mulheres portuguesas, sobretudo casados (conforme os dados apresentados no Seminário pela investigadora Maria das Dores Guerreiro, que expôs dados com variáveis recodificadas, para cruzar com o índice de stress). As coisas mudam porém de figura quando nos reportamos à população em geral (ver texto da pág. 5).
De resto, os cidadãos britânicos são os que revelam maior índice de satisfação global (5.64 para os homens e 5.53 para as mulheres, numa escala de 1 a 7). Mas, nos casados, tanto os homens como as mulheres portuguesas, respectivamente com 5.59 e 5.46, estão claramente acima da média dos sete países europeus auscultados (Alemanha Ocidental, Grã-Bretanha, Suécia, República Checa, Espanha, França e Portugal). À partida, estes resultados fazem presumir que, se calhar, os portugueses não são tão pessimistas ou não andam tão deprimidos como se pensa.
Maria das Dores Guerreiro tem interpretação diferente. Lembra que a recolha dos dados foi feita em 2002 e que nos últimos tempos o País tem estado a mudar: “temos levado banhos sucessivos de pessimismo. Houve uma série de sinais de tensão, do género: “estamos pobres, estamos numa situação difícil, vem aí o Código de Trabalho”..., e houve um período de inversão de atitudes. Realizado há dois anos, o Inquérito talvez tenha o efeito de uma onda mais optimista que estávamos a viver. Depois disso, e face a outros países, quando olhamos para a vida profissional, já estamos um pouco mais abaixo, e na vida familiar até “parece bem” dizer que há justiça. De alguma maneira não damos conta dos problemas que temos em casa, na vida privada. Mas os homens surgem sempre com posições superiores face às mulheres. E é quando se fazem perguntas que não pedem directamente para que as pessoas falem da sua satisfação, felicidade e dos problemas que têm quando chegam a casa, que surgem os tais índices de stress”… salienta a investigadora.
De acordo com as conclusões da investigadora do ICS, Karin Wall, “os portugueses combinam atitudes menos conservadoras em relação à divisão do trabalho pago e não pago, com atitudes muito conservadoras em relação ao impacto do emprego feminino nos cuidados maternos e na vida familiar.”
Entre os países analisados, o nosso é aquele que se mostra “mais conservador no que diz respeito às atitudes face ao impacto do trabalho feminino sobre a maternidade e a família”.
Mais de 90 % concorda que marido e mulher devem ambos contribuir para o rendimento da família, e uma esmagadora maioria (75%) concorda com a ideia de que a melhor maneira de uma mulher ser independente é ter um emprego. Sobre o exercício da maternidade, as respostas ganham um tom mais tradicionalista. Do total, 78% acha que uma criança pequena (com menos de seis anos) sofre quando a mãe trabalha e uma percentagem significativa (43%) acha que existindo uma criança pequena, a mãe devia ficar em casa, enquanto percentagem semelhante (46%) acha que ela devia trabalhar a tempo parcial (só 12% responde “a tempo inteiro”).
Outro aspecto do conservadorismo luso fica patente quando a questão é saber o quão gratificante é desempenhar tarefas domésticas. Mais de metade dos homens (55%) e quase metade (47%) das mulheres acha que ser dona de casa é tão gratificante como ter um emprego. Isto leva a coordenadora do estudo, Karin Wall, a concluir que Portugal é mesmo “o país mais conservador de todos no que diz respeito às atitudes face ao impacto do trabalho feminino sobre a maternidade e a família, conjuntamente com os países do alargamento, a Espanha e a Suíça”.
Relativamente à gestão do tempo e à tensão que gera, é maior a percentagem de mulheres portuguesas (79%), face aos homens (67%) que declaram não ter tempo para tudo, havendo muito a fazer em casa. É esse porventura o principal motivo pelo qual elas se mostram mais tensas que eles quando estão em casa (55% dos homens dizem raramente sentir-se tensos em casa, face a 41% de mulheres a responderem desse modo).
No trabalho profissional, homens (82%) e mulheres (79%) têm muito que fazer. Mas mais mulheres que homens (60% vs 40%) dizem sentir-se particularmente cansadas, e com mais dificuldade em concentrar-se, quando chegam ao emprego, pelo peso da vida familiar e doméstica. Finalmente, a participação dos homens no trabalho doméstico (em tempo) também aumenta à medida que piora a sua inserção no mercado de trabalho (desemprego, reforma): mais trabalho fora de casa, menos trabalho em casa e vice-versa. Países do Sul são execepção.

Metodologia e universo da análise
O Seminário de apresentação e discussão dos resultados da investigação, efectuada no âmbito de projecto integrado no programa Atitudes Sociais dos Portugueses, coordenado por Manuel Villaverde Cabral e Jorge Vala (na foto) reuniu, a 14 de Janeiro, algumas dezenas de investigadores no auditório do Instituto de Ciências Sociais(ICS), da Universidade de Lisboa. Uma das investigadoras,
Sofia Aboim, destacou “a ambiguidade muito frequente” que atravessa alguns dos dados obtidos no Inquérito “Família e Papéis de Género”, coordenado por Karin Wall, do ICS, e Lígia Amâncio, do ISCTE, a nível nacional. Esta investigação tem o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), tendo o inquérito sido aplicado em 2002 - também em cerca de trinta países do mundo - a 1092 indivíduos, numa amostra aleatória e probabilística representativa da população com 18 anos, ou mais, residente no continente. Alemanha Ocidental, Grã-Bretanha, Suécia, República Checa, Espanha, França e Portugal foram os países que “cruzaram” dados, para três conjuntos de objectivos: análise das atitiudes (papéis
de género e vida familiar), análise de práticas conjugais e análise da conciliação entre vida profissional e vida familiar e do stress associado à conciliação(www.isc.ul.pt).

Elas medianamente satisfeitas com o trabalho, eles pouco felizes
Os dados destes dois quadros, que resultam do trabalho que vem sendo desenvolvido no âmbito do programa Atitudes Sociais dos Portugueses, dizem respeito ao total da população e, segundo a investigadora Maria das Dores Guerreiro “apresentam as tendências habitualmente encontradas noutros anos e noutros inquéritos: Portugal tem dos índices de satisfação mais baixos, o que tende a ser interpretado por vários autores como estando associado ao nosso fraco desenvolvimento”.
Contudo, quando neste inquérito em particular se trabalha apenas com a população activa, casada, nota-se um aumento grande do grau de satisfação em geral, o mesmo não acontecendo tão fortemente nos restantes países.
De acordo com a socióloga, “o que os gráficos mostram é que os homens portugueses estão em 4º lugar na satisfação com o trabalho, e as mulheres, um pouco mais insatisfeitas do que eles, estão em 5º lugar, tendo atrás de si as mulheres checas e espanholas”. Já no que respeita à satisfação com a vida em geral, constata-se que estamos também nos lugares derradeiros. Mais insatisfeitos do que os homens portugueses, apenas os checos. E mais insatisfeitas do que as portuguesas, neste conjunto de países, também não há”.
 
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por marafado » 23/1/2005 15:54

Os avisos do FED
Apenas o mercado accionista parece ter levado a sério
o aviso do FED.

21-01-2005, Carlos Firme

O mercado accionista norte-americano não parece ter entrado este ano impulsionado pelo chamado “efeito Janeiro”. Antes pelo contrário, o mercado tem registado perdas, sem dúvida associadas à correcção das subidas registadas no último trimestre de 2004, mas também resultado de uma revisão de expectativas por parte dos investidores relativamente à condução da política monetária ao longo deste ano. Esta revisão está relacionada com a divulgação das actas da última reunião do Comité de Política Monetária da Reserva Federal norte-americana (Fed), a 4 de Janeiro, pela primeira vez reveladas antes da reunião seguinte, que vieram alterar de forma significativa a percepção que os mercados tinham incorporado sobre o conjunto de factores que preocupam a autoridade monetária norte-americana.
No comunicado após a reunião, a 14 de Dezembro, ficou claro que, não obstante a subida em 25 pb do objectivo para a taxa de juro, para 2,25%, a política monetária continuava acomodatícia e que os riscos positivos e negativos para a obtenção de um crescimento sustentado e estabilidade de preços se encontravam equilibrados.
A reacção do mercado à subida de taxas foi de indiferença, uma vez que já estava incorporada. No entanto, as actas revelaram que o Fed se encontra preocupado, sobretudo com dois factores. Por um lado, o facto de as taxas de juro de médio e longo prazo terem permanecido particularmente baixas, não obstante os agentes económicos continuarem a descontar novas subidas de taxas ao longo de 2005, pode reflectir uma excessiva tomada de riscos nos mercados financeiros, motivada pela ampla liquidez que resultou da política monetária extremamente expansionista. Este excessivo apetite pelo risco teve como reflexo o forte estreitar dos spreads de crédito, o aumento da actividade de ofertas públicas (por exemplo tiveram lugar 216 OPV’s nos EUA em 2004, o mesmo que no conjunto dos 3 anos anteriores, num montante que ascendeu a 43 mil milhões de USD, o triplo que em 2003), fusões e aquisições e mesmo de transacções especulativas no mercado imobiliário.
Por outro lado, a estabilidade de preços pode ser pressionada pela queda do dólar, pela quebra recente da produtividade e subida dos custos unitários de trabalho e ainda pela incerteza em torno da “folga” existente na economia, que se pode revelar bastante inferior à esperada, indicando que a economia se pode encontrar a funcionar perto do potencial, sobretudo se aos aumentos de emprego não corresponderem aumentos na população activa.
Este aviso por parte do Fed não parece ter tido grandes efeitos, a julgar pela reacção dos spreads sobre treasuries ou mesmo das taxas de longo prazo. Apenas o mercado accionista parece ter levado a sério o aviso.
De facto, o comportamento dos mercados financeiros, assim como do mercado imobiliário parece ter como “driver” principal não um conjunto de expectativas sobre a evolução futura da economia mas sim o efeito da ampla liquidez com que o Fed inundou a economia desde 2000. Estes desequilíbrios no preço dos activos tiveram como contrapartida o acentuar dos desequilíbrios macroeconómicos, de que são evidência suficiente a taxa de poupança dos particulares perto de zero, a sustentação do consumo com base no aumento da riqueza proporcionado pelo aumento do preço dos activos imobiliários e financeiros e no endividamento, e não nos rendimentos do trabalho, e ainda, em consequência, nos níveis recorde do défice da balança comercial (que aumentou 7,7% em Novembro para 60,3 mil milhões de USD). O problema é que, quanto mais tempo demorar a resolver estes desequilíbrios, maiores se tornam e maior terá de ser o ajustamento de política necessário para os resolver. Do meu ponto de vista, o Fed não tem outra alternativa senão carregar nos travões com força, conduzindo as taxas de juro para um ponto em que estas deixem de ser “acomodatícias” e passem a ser restritivas (porventura acima de 4,5%) e creio que essa foi a mensagem que ficou patente nas referidas actas e que, aparentemente, o mercado preferiu ignorar.
Com níveis recorde de dívida em relação ao rendimento, assim como a sustentação do consumo pelo aumento da riqueza em vez do rendimento, o aumento rápido das taxas de juro pode originar um efeito amplificado, quer nos mercados financeiros, num contexto em que os activos com risco e os mercados em geral estão a descontar uma combinação de taxas de juro baixas e crescimento sólido, quer na economia, onde os EUA continuam a funcionar como “consumidor de último recurso” e o crescimento nas outras zonas do globo, particularmente a Zona Euro e o Japão, não está a fortalecer-se.
 
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por marafado » 23/1/2005 15:52

Portugal Positivo
Os empresários dizem que gostam de construir, que querem elevar o diálogo, que assim não dá, que o país está deprimido. São eles mesmos que dizem, perante o negócio falhado, que assim não dá. Que a linguagem miserabilista não poderá fazer grande coisa por nós e que é preciso mudar o discurso.

21-01-2005, Crespo de Carvalho

Portugal passou, de repente, a ser um país positivo.
Muita gente ganhou, nos últimos tempos, o hábito, como se de uma moda se tratasse, de passar a falar positivo e de as suas mensagens serem construtivas e não necessariamente disruptivas. Dizendo mal, de outra forma, mas aproveitando o discurso para afirmar, à laia de remate, que é preciso falar positivo. Até eu me sinto incitado a escrever o bom que é ser português e o bem que estão as nossas empresas, empresários, gestores, políticos, trabalhadores e sociedade civil em geral! Imagine-se ao que isto chegou!
Os empresários dizem que gostam de construir, que querem elevar o diálogo, que assim não dá, que o país está deprimido. São eles mesmos que dizem, perante o negócio falhado, que assim não dá. Que a linguagem miserabilista não poderá fazer grande coisa por nós e que é preciso mudar o discurso. Que não podemos aparecer como o país mais pessimista do mundo porque, de facto, isso de pouco ou nada adianta. E esta perspectiva não deixa de estar correcta e de ser absolutamente verdadeira. Normalmente, os bons empresários, poucos em Portugal, nem sequer se entretêm com estas coisas.
Os políticos dizem que construíram e que vão continuar a erigir uma nação melhor e que, feitas as contas, mais à esquerda ou mais à direita, ou inevitavelmente ao centro, fazem e fizeram coisas importantes para o país. E eu acredito, realmente, que não há propriamente preguiçosos pagos pelo contribuinte! Acredito. E devo dizer que esta perspectiva não deixa de estar correcta. Basta ver a velocidade a que envelhece um político, para não dar mais exemplos.
Os trabalhadores das empresas e do Estado dizem que vão continuar a trabalhar por um país melhor e que se têm esforçado. E que têm trabalhado. Os coitados dos funcionários públicos, sempre acusados do mau estado da economia e do exagerado despesismo, têm pago em congelamento salarial e em espectro de desemprego e nem sempre se pode dizer que são os maus da fita. Como os outros, os das empresas, também não são necessariamente os bons da fita. E eu acredito piamente nisto.
Mas, caramba, isto dá no mínimo que pensar. Um pessimista é um pessimista e pouco ou nada há a fazer quanto a isso. Seria necessário mudar o ADN da população para passar de pessimista a optimista, o que em certa medida pode ajudar a compor e a pintar de cor-de-rosa as telas da vida. Será que a população portuguesa está a deixar de ser o que era e sempre foi? É que chorar o fado sempre foi uma característica nacional. Muito nossa. Talvez das poucas onde ganhemos a todos os outros. Acredito, pois, que esta mudança de discurso acontece por uma de três razões: (1) por moda, (2) porque batemos no fundo e só podemos ir mesmo para cima ou (3) porque de facto as coisas estão a mudar.
Devo dizer que não acredito nas duas últimas, i.e., que as coisas estão a mudar porque, de facto, Portugal é fado, mesmo se não cantado. De outra maneira não seria Portugal. Também não acredito na segunda hipótese, i.e., a de que já batemos no fundo porque me parece que ainda é necessário irmos mais abaixo (mais que não seja porque temos sempre esta perspectiva, muito nossa, de que o nosso passado foi sempre melhor do que será o nosso futuro, ou o sindroma do “naquele tempo é que era”). Finalmente a última, ou a primeira, das razões: está na moda adoptar o discurso positivo. Mas, como sempre, as modas passam. Não se preocupem pois aqueles que, como eu, acham esta mudança estranha. O fado triunfa sempre e é essa a essência dos portugueses, o mais central da sua cultura. É que perdendo isso já não há mais nada a perder. Nada mesmo. E já viram o que era se passássemos a optimistas? Afinal de contas, continuo a acreditar o que me ensinaram em pequenino: um optimista é um pessimista mal informado! Valerá a pena?
 
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Choque político

por marafado » 23/1/2005 15:50

Director
Choque político


21-01-2005, João Vieira Pereira



José Luis Zapatero e Mariano Rajoy chegaram a acordo. As duas maiores forças políticas espanholas puseram de lado as suas divergências para garantir a estabilidade de um país que vive sob constantes conflitos regionais. A questão basca foi o ponto de partida para um acordo alargado que irá garantir a estabilidade política nos próximos anos em Espanha. Impulsionado pelo Rei Juan Carlos, peça fundamental neste acordo, o pacto entre PSOE e PP passa também pela revisão do financiamento autonómico e do sistema público de Saúde.
Não é apenas este acordo, são as lições que aprendemos diariamente durante os últimos 20 anos. O que Espanha consegui no campo político, social e económico e louvável. O ditado popular que “de Espanha nem bom vento nem bom casamento” passou definitivamente de moda. Hoje Espanha, por muito que custe para alguns, deve ser encarada como um exemplo e tomada como uma referência.
A realidade vizinha torna-se ainda mais assombrosa quando nos sentamos e olhamos para os últimos 7 meses da realidade portuguesa. É verdade que Portugal não enfrenta as tensões regionais nem os movimentos nacionalistas que marcam a realidade espanhola. Mas isso não devia ser um handicap, pelo contrário, a unidade nacional devia ser um trunfo. Em vez disso desperdiçamos anos em disputas políticas marcadas pela destruição do outro e nunca pela criação de um bem comum. É a expressão máxima da inveja. O sistema português que o filósofo e pensador José Gil tão bem explicou na entrevista que concedeu no passado fim-de-semana à Pública.
Mesmo quando a figura máxima do Estado português, depois de múltiplos apelos da sociedade civil, resolve, finalmente, falar em pacto de regime, a sua sugestão é refutada pelos mesmos que anteriormente o pediam e simplesmente ignorada pelos partidos políticos. Para estes é mais fácil atacar o Presidente da República do que se sentar a uma mesa e decidir o que tem de ser feito pelo País. Para Jorge Sampaio é mais fácil falar ao de leve no assunto na sua tradicional mensagem de ano novo que obrigar os partidos a negociarem uma solução.
Um acordo generalizado entre partidos, em inúmeras áreas e não só nas Finanças Públicas, não é um capricho, é imprescindível! Ainda mais quando é reduzida a probabilidade de se atingir uma maioria absoluta após o dia 20 de Fevereiro. Espanha é a prova que para haver estabilidade basta uma figura de Estado que una em vez de dividir, aliada à vontade política dos partidos. Se para se fazer o mesmo em Portugal é necessário uma renovação dos partidos e dos seus líderes então que se exija e que se faça. Em vez de se passar o tempo a pedir choques fiscais ou tecnológicos é necessário garantir primeiro um choque político.
 
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