Caldeirão da Bolsa

O insustentável peso do dólar

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por marafado » 14/1/2005 16:09

Sonae Imobiliária alarga Fundo Sierra a outros activos
A Sonae Imobiliária vai alargar a cobertura geográfica do seu fundo imobiliário Sierra, integrando projectos que tem em curso em três países europeus, além de Portugal e Espanha, revelou o director financeiro da empresa. Joaquim Ribeiro, que falava numa conferência promovida pela revista "Vida Imobiliária", afirmou que o peso dos activos em Portugal no fundo, que tem uma capitalização máxima de 1,08 mil milhões de euros, vai ser reduzido de 78 por cento para 51 por cento. Os activos em Espanha, o outro país onde estão localizados os activos do fundo, vão passar dos actuais 22 por cento para 24 por cento. A Sonae Imobiliária vai integrar os activos em desenvolvimento na Alemanha (que representarão 13 por cento do valor do fundo), Itália (sete por cento) e Grécia (cinco por cento). Segundo explicou o administrador da Sonae Imobiliária, a aquisição dos seis empreendimentos em desenvolvimento vai obrigar à realização de um aumento de capital, que terá lugar "logo que os centros estejam estabilizados".
 
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por marafado » 14/1/2005 16:08

Índice em destaque
Ibex testa 9000 pontos
O Ibex voltou a dar sinais de forte robustez nas últimas semanas. Até há semana passada, o índice acompanhou uma tendência de curto prazo (TAcp) e manteve-se bastante próximo do topo do canal ascendente, traçado a partir da tendência ascendente de médio prazo.





Acção em destaque
Jerónimo em máximos de longo prazo
As acções da Jerónimo Martins mantiveram uma evolução bastante favorável nos últimos dias, o que permitiu prolongar a tendência ascendente de curto prazo (TAcp) e o respectivo canal ascendente, que delineamos na nossa anterior análise. Consequentemente, verificou-se o corte em alta do nível psicológico de 10 euros, um nível que há largos meses era apontado como a principal resistência para este papel.
 
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por marafado » 14/1/2005 16:08

Colaboração BNP Paribas
Contexto económico continuará propício à s acções em 2005
Acções continuarão a liderar os ganhos no próximo ano. Europa e mercados emergentes, sobretudo asiáticos, são as regiões com maior potencial de valorização.

14-01-2005, Patrick Mange

Abordamos o ano de 2005 no pressuposto de que a sombra do crash permanece muito densa. Nestes dias invernais, só uma cura intensiva de luminoterapia constituiria o remédio apropriado para combater a disposição demasiado sombria da maioria dos investidores que, no final de 2004, sustentavam, como já haviam feito em 2001, 2002 e 2003, a tese da não sustentabilidade do crescimento económico dos Estados Unidos e, por extensão, do mundial.
Embora perfeitamente conscientes dos riscos que pode constituir, à escala mundial, a hidra de duas cabeças representada pelos défices gémeos dos Estados Unidos, à semelhança, aliás, do que acontece com o peso da dívida e com o baixo nível de poupança das famílias norte-americanas, continuamos a defender, para 2005, a nossa hipótese de um crescimento mundial sustentado e sincronizado. Porém, esse crescimento deverá desacelerar para o respectivo potencial de longo prazo (cerca de 3,5 %) contra os pouco mais de 4,5% atingidos em 2004, uma taxa mais em conformidade com uma fase de expansão do ciclo económico.

Crescimento: a pouco e pouco
Defendemos que o contexto macroeconómico continuará pouco prejudicial aos produtos de taxas e propício às acções. Tal como em 2004, a perenidade do crescimento dos Estados Unidos constituirá a pedra angular do nosso cenário económico global. No nosso cenário, o crescimento do emprego, embora um pouco retardado por efeito da subida dos preços do petróleo, ganhará, em 2005, mais em regularidade do que em força, em simultâneo com um reequilíbrio progressivo da partilha do valor acrescentado em benefício da massa salarial.
O consumo, pilar do crescimento económico dos Estados Unidos, deverá crescer a um ritmo compatível com a progressão dos salários, ou seja, entre 3 e 3,5%. De referir que esta hipótese não é, fundamentalmente, posta em causa pela tensão moderada sobre os produtos de taxas que antecipamos. Os agregados familiares têm a sua dívida financiada, em grande parte, a taxa fixa, enquanto o respectivo património líquido atingiu um máximo histórico graças à valorização dos mercados accionistas e do mercado imobiliário, os quais irão, sem dúvida, recuar, mas não cair. De facto, as taxas de longo prazo deverão manter-se a níveis historicamente baixos (segundo as nossas previsões, um pouco acima de 5 %, no final de 2005), enquanto os factores demográficos deverão continuar favoráveis a este sector. Por outro lado, embora a progressão do investimento deva abrandar, as necessidades de renovação dos equipamentos, a busca da produtividade e uma procura mais sustentada, tudo no contexto de cash flows recordes, deverão permanecer a um bom nível.
A Zona Euro deverá continuar muito atrasada relativamente aos Estados Unidos, uma vez que os progressos a nível de reformas estruturais ainda são muito modestos, ao mesmo tempo que a apreciação do euro em termos reais não deverá ser compensada por um abrandamento da política monetária (na melhor das hipóteses, os efeitos da apreciação serão mitigados pela manutenção das taxas directoras aos valores actuais durante a maior parte do ano de 2005).
De qualquer modo, a actividade da zona deverá continuar a ser sustentada por uma conjuntura, globalmente, saudável, além de que o saneamento drástico dos balanços financeiros poderá abrir caminho a mais investimento e mais emprego, tanto mais que as taxas de utilização das capacidades de produção se encontram na proximidade da respectiva média histórica. Por conseguinte, parece plausível um crescimento próximo do potencial (pouco abaixo dos 2 %) em 2005 e, provavelmente, em 2006.

2005: o ano da China?
Também não existe (antes pelo contrário) qualquer motivo particular para antecipar um abrandamento conjuntural abrupto das economias emergentes. Com efeito, já ninguém se mostra surpreendido (pelo menos, a posteriori) com o facto de estas economias terem resistido tão bem à subida das taxas directoras da Reserva Federal dos EUA, à depreciação do dólar e ao agravamento dos preços do petróleo. Conforme já havíamos referido, “as economias emergentes estão a emergir rapidamente”.
Numa perspectiva global, tal implica uma melhor gestão dos recursos fiscais e da dívida e uma política monetária menos rigorosa, se bem que pragmática, ou seja, um conjunto de factores que, logicamente, conduz a uma melhoria das notações de crédito num momento em que a estabilidade económica parece estar mais garantida.
Os países da Europa de Leste poderão ainda continuar a beneficiar com a adesão à União Europeia, processo que também envolverá benefícios graduais para os membros mais antigos da União.
Os países asiáticos, por seu turno, serão sustentados pelo dinamismo económico da Índia e da China. No ano passado, havíamos adiantado a hipótese, na altura tida como arriscada, de uma “aterragem” suave da economia chinesa. No ano corrente - confiantes de que as autoridades chinesas, agora bem mais à vontade com os instrumentos de controlo macroeconómico, mais particularmente, as taxas de juro e as taxas cambiais, saberão dar início a tal “aterragem” -, permanecemos fiéis a essa hipótese.
Desde que Deng Xiaoping declarou, em 1982, que “é tempo de prosperar, a China foi pobre durante mil anos, enriquecer é glorioso”, a China não deixou de surpreender com um crescimento médio anual superior a 7 %. Cremos que o Ano do Galo (2005) será aquele em que o consumidor chinês se começará verdadeiramente a manifestar e, assim sendo, é bem possível que se venha a concretizar, mas para o bem de todos, o que Napoleão Bonaparte vaticinou no início do século XIX: “A China é um gigante adormecido… e quando o gigante acordar, ninguém o poderá deter”.

Preferência por acções
Por conseguinte, a nossa carteira-modelo global inicia o ano de 2005 da mesma forma que acabou o ano de 2004. Mantemos uma ligeira subexposição aos produtos de taxas, relativamente aos quais continuamos a privilegiar a Zona Euro em detrimento dos Estados Unidos, uma vez que a descida das cotações obrigacionistas europeias deverá ser atenuada pelo já antecipado ligeiro recuo da inflação e pela estabilidade da política monetária durante a maior parte do ano de 2005 num contexto de euro forte. Mantemos a nossa sobreexposição global em acções. Relativamente a esta classe de activos, permanecemos sobreexpostos à Europa e aos Mercados Emergentes, sobretudo aos asiáticos, que continuarão a beneficiar da dinâmica do gigante chinês.
 
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por marafado » 14/1/2005 16:07

14-01-2005
Acções em destaque em Portugal

J. Martins bateu máximo de quatro anos
A Jerónimo Martins marcou a semana do mercado português ao anunciar que as vendas do ano passado atingiram os 3.494 milhões de euros, um crescimento relativamente aos 3.372 milhões de 2003. Os números da empresa enquadram-se nas estimativas do mercado e, por isso, as casas de investimento mantiveram as suas recomendações.






14-01-2005

...e no estrangeiro

Alcoa perde 3% com queda dos lucros
Uma das principais fabricantes de alumínio do mundo, a Alcoa, protagonizou esta semana uma das maiores desilusões de Wall Street ao apresentar uma diminuição dos resultados relativos ao quatro trimestre de 2004.
 
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por marafado » 14/1/2005 16:06

14-01-2005
Ao ritmo dos últimos três anos
Nasdaq a 28 anos do máximo
Depois de um ano em que o Nasdaq acumulou ganhos de 10,5%, o «Semanário Económico» tentou descobrir se em 2005 o sector tecnológico vai chegar aos valores da “bolha”. Se, por um lado, a generalidade do mercado ainda está longe de o conseguir, há quem esteja muito perto.





14-01-2005
Análise de Bolsa

Está aberta a época de resultados
Com a subida do preço do petróleo, a valorização do euro, e um novo máximo no défice comercial dos Estados Unidos, não é surpresa a desvalorização da generalidade dos principais índices mundiais, ainda que com variações não muito significativas.
 
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por marafado » 14/1/2005 16:05

14-01-2005

Será este o ano do Millennium BCP?
O Millennium BCP está a ter o melhor arranque de ano desde 2000. Com algumas casas de investimento a colocarem a instituição liderada por Jardim Gonçalves entre as suas acções preferidas para 2005, pode bem ser este o ano em que o BCP vai descolar em bolsa, depois da modesta valorização de 2004 e da queda em 2003.





14-01-2005

Morgan Stanley recomenda “vender” acções da Portugal Telecom
A Portugal Telecom (PT) é um dos quatro títulos que a Morgan Stanley recomenda vender num estudo, de 10 de Janeiro, sobre o sector europeu de operadoras de telecomunicações. A análise mantém o preço-alvo para as acções da empresa em 10,2 euros.





14-01-2005
Análise de Bolsa

Corticeira Amorim e Jerónimo Martins à frente em 2005
Depois de uma semana imaculada, a Bolsa de Lisboa registou as primeiras sessões negativas do ano. O que fez com que nas últimas cinco sessões até às 12H30 de ontem o PSI-20 registe uma variação quase nula de 0,15%. O destaque vai por isso para o excelente desempenho de alguns títulos.
 
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por marafado » 14/1/2005 16:04

Small and medium caps fazem furor na Euronext lisboa
Pequenas no tamanho, grandes nos ganhos
Depois de liderarem os ganhos bolsistas em 2004, as pequenas e médias empresas voltam a ser o “prato forte” em 2005. Corticeira Amorim, Jerónimo Martins e Ibersol são algumas das apostas dos analistas...

14-01-2005, André Veríssimo

As pequenas e médias capitalizações da Bolsa de Lisboa dão sinais de repetir em 2005 o bom desempenho do ano passado. Na segunda-feira, a Corticeira Amorim subiu mais de 9%, negociando mais de um milhão de títulos. O volume médio diário é de 100 mil acções. No dia seguinte, foi a vez da Vista Alegre Atlantis disparar mais de 15% com a venda da Crisal à maior produtora de cristais dos Estados Unidos. Duas empresas de pequena capitalização, uma delas fora do índice PSI-20, mas que estão a proporcionar fortes ganhos.
As pequenas e médias capitalizações lideraram as valorizações em 2004. A Reditus, com uma capitalização bolsista de 25,3 milhões de euros (a da EDP é de 6,7 mil milhões), foi a que mais subiu o ano passado: 204,41%. Seguiram-se a Sonae Indústria (106,38%), a Efacec (78,71%), a Impresa (65,71%) e a Sonae SGPS (62,12%), só para citar o top cinco.
Este ano, a tendência deverá manter-se, a avaliar pelas recomendações dos principais bancos de investimento portugueses, onde as pequenas e médias empresas são o prato forte.
A valorização da Corticeira Amorim, a segunda empresa mais pequena do principal índice da Euronext Lisboa, surge na sequência de uma recomendação de “compra” por parte da Caixa Banco de Investimento (CBI), que colocou a empresa entre as suas cinco apostas para 2005.
A CBI atribui à Corticeira Amorim um preço alvo de 1,6 euros. Na quarta-feira, o título encerrou a sessão a valer 1,16 euros, pelo que encerra um potencial de valorização de 37,9% até ao fim de 2005. Desde o início do ano acumula um ganho de 9,43%. A casa de investimento do grupo CGD justifica a aposta na empresa liderada por Américo Amorim com um forte crescimento futuro dos lucros, melhoria das margens operacionais e aumento da quota de mercado.
As pequenas pérolas não se ficam por aqui. A Espírito Santo Research (ESR) destaca três empresas para investir durante este ano. Entre elas está a Ibersol, que desde o fim de 2003 não figura no PSI-20. A ESR tem um preço alvo de 6,3 euros. À cotação de fecho de quarta-feira (cinco euros), o grupo tem um potencial de valorização de 26% nos próximos 12 meses.
Além da Ibersol, a Mota-Engil é outra empresa fora do PSI-20 a receber uma recomendação de compra por parte da ESR. O preço alvo para a construtora é de 2,23 euros. Na quarta-feira, as acções chegaram aos 2,25 euros, o valor mais elevado desde Abril de 1998. Desde o início do ano, o volume médio aproxima-se das 500 mil acções, quase 18 vezes mais que em 2004.
Olhando para as apostas das principais casas de investimento portuguesas para 2005, três empresas aparecem com maior frequência: Impresa, Sonaecom e Sonae. Apesar de figurarem no principal índice da Bolsa de Lisboa e serem algumas das maiores empresas portuguesas, à escala bolsista são classificadas como pequenas e médias capitalizações. Como em 2004, são as “estórias” particulares de cada empresa deverão impulsionar a sua cotação.
A Sonae, escolhida pela CBI, ESR e BCP Investimento, deverá anunciar a cisão da Sonae Indústria em relação à casa mãe. A Sonaecom, que em 2004 obteve já resultados trimestrais positivos, é candidata a uma parceria com uma grande operadora móvel europeia. A empresa liderada por Paulo Azevedo é aposta da CBI, do BCP Investimento e do BPI.
A Impresa, que anunciou a compra da totalidade do capital da SIC, deverá ver os seus resultados “vitaminados” em 2005. A empresa é ainda candidata a alguns activos da Lusomundo Media. Francisco Balsemão anunciou esta semana estar interessado numa rádio, a TSF, e num jornal do grupo. A Impresa é escolha da CBI, do BCP Investimento e da suíça UBS.
Outra small and medium caps que surge nas apostas é a Jerónimo Martins, escolhida pelo BCP Investimento e pela UBS. Os analistas acreditam que o trabalho de restruturação feito nos últimos anos deverá continuar a dar frutos e a criar valor para o accionistas. Os títulos acumulam uma valorização de 8,25% desde o início do ano, quase o dobro dos 4,98% de 2004.

Risco acrescido
Investir em empresas de pequena e média capitalização pode ser compensador, uma vez que muitas escapam ao olhar da maioria dos analistas, proporcionando ganhos chorudos quando o mercado finalmente as “encontra”. Mas, como sempre, o potencial de ganhos é proporcional ao risco. E investir em small e medium caps tem um risco acrescido que se chama liquidez.
Embora empresas como a Corticeira Amorim ou a Mota-Engil tenham registado nas últimas sessões volumes de negociação muito apreciáveis, está não é de forma alguma a regra. Habitualmente transaccionam muito poucos títulos ou mesmo nenhum em algumas sessões. Um investidor que queira sair do papel pode ter que baixar muito o preço para encontrar comprador, já que os títulos, em regra, despertam pouco interesse. Em suma, um investimento próprio para os mais destemidos.
 
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O insustentável peso do dólar

por marafado » 14/1/2005 16:03

O insustentável peso do dólar
O quebra de 36% do dólar é insuficiente para colmatar os desequilíbrios gerados pelo défice das contas americanas

14-01-2005, José Maia

A partir de 2001 tem-se vindo a assistir ao esperado ajuste cambial do dólar que o trouxe de níveis de 1,19 euros para os valores actuais de, apenas, 0,75 euros. No entanto, esta quebra de cerca de 36%, mostra-se insuficiente para colmatar os desequilíbrios gerados pelo elevadíssimo défice das contas americanas que, em termos acumulados já atinge os 6% do PIB.
O mercado financeiro procura assim corrigir aquilo que os compromissos eleitoralistas dos políticos e os receios de arrefecimento da economia impedem de atacar através de medidas estruturais: um crescente défice da balança de transacções comerciais americana. O desequilíbrio desta balança tem sido, naturalmente, compensado por fluxos de capitais, com origem predominante nos países asiáticos. Estes, como o Japão e a China, são fortemente superavitários nas suas relações comerciais com os E.U.A., e pretendem manter a competitividade das suas exportações, procurando que a posição cambial da sua divisa não se altere face ao dólar americano. Este último país comprou dólares correspondentes a 3% do PIB americano em 2004, e, para 2005, já fez aprovar um projecto de aquisição dum montante que poderá atingir 5% desse PIB. Entretanto a Europa assiste a uma forte deterioração da posição competitiva das suas exportações, devida à forte valorização do euro face ao dólar e ao iene, o que trava fortemente a recuperação da sua economia.
Com os dados actuais, este problema só tem tendência para se agravar:
· os E.U.A. importam 50% mais do que exportam, acumulando em cada ano, ao défice total, um montante equivalente a 0,25% do PIB;
· a elasticidade das importações com o crescimento da economia é maior do que a das exportações, o que só por si tem um efeito da mesma ordem de grandeza;
· finalmente, há que considerar o aumento constante de juros a pagar pela dívida acumulada.
Estima-se que as contribuições conjuntas destes 3 efeitos representem uma deterioração anual do défice acumulado de 0,75% do PIB.
Ninguém sabe indicar um nível de rotura para esta situação, que naturalmente estará relacionado com a persistência de fluxos financeiros que a compensem. Como seria previsível, o apetite por activos americanos tende a ter um fim: as taxas de rendimento são baixas e é crescente a preocupação com a sustentabilidade deste défice. Politicamente, surgem também ameaças, com a emergência de políticas proteccionistas pelas autoridades americanas. Por outro lado, as aquisições de dívida americana pelos bancos centrais são, cada vez mais, compensadas por fluxos de capitais privados.
Para reduzir o défice seria necessário depreciar o dólar e, simultaneamente, reduzir substancialmente o défice orçamental, dado que o comportamento de imediato do sector privado seria tendente a substituir a moderação do investimento público. Se o mercado pensar que não venha a haver uma redução do défice, os movimentos cambiais serão amplificados, desvalorizando “exageradamente” o dólar e causando maiores danos no sistema global.
Até quando o dólar poderá cair?
A experiência da década de ‘80 poderá dar alguma luz, apesar da sua difícil comparação com a situação actual. Em 1985 o défice americano atingiu 3,6% do PIB. Entre 1986 e 1987 as divisas europeias valorizaram 90% face ao dólar. Nesse período o equilíbrio foi alcançado através duma intervenção massiva da Europa e do Japão nos mercados cambiais e por uma contenção de 1% do défice americano.
A dimensão do problema surge naturalmente, de se tratar da economia americana com o seu protagonismo relevante em toda a economia mundial, uma vez que, a inevitável redução na procura necessária para repor o equilíbrio, não deixará de afectar todos os restantes países.
 
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