Caldeirão da Bolsa

França too big to fail?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: França too big to fail?

por djovarius » 7/10/2025 18:12

A Bolsa é algo que pode ficar em negação mais tempo do que se julga.
Depois há aquela ideia arrogante: a França é a França!!

Mas o facto é que um país que estava já com uma dívida pública de 114% do PIB, que vai chegar aos 120% - não cresce economicamente, o PIB nominal deve ser de 1% ou um pouco mais - não pode manter défices de 7 ou 8% do PIB.
Rapidamente teremos investidores a deixar de comprar dívida. Para quê, se podem comprar títulos mais credíveis?

O BCE pode comprar dívida no mercado secundário, fazer uma espécie de "put" em relação aos títulos da dívida, mas depois que dirão os outros membros da zona EUR?? O BCE vai ser uma espécie de Banco de França??

Isso não pode ser assim, "eles" têm de cortar o défice, seja lá como for, nem que seja com sangue nas ruas. A alternativa é muito pior, ficar anos à beira da bancarrota com balões de oxigénio do BCE.

dj
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Re: França too big to fail?

por BearManBull » 7/10/2025 13:35

Canada’s economy is in serious trouble. Now Mark Carney is coming to Washington to talk tariffs


With an unemployment rate of 7.1%, the highest level in nine years and half a percentage point higher since the start of this year, Canada’s economy is faltering. Steep tariffs Trump slapped on cars, steel and aluminum — key Canadian exports to the United States — are making matters worse.



“When people are cutting back on food, heat, or medical care, it’s not just about budgeting anymore — it’s about day-to-day survival. That level of strain takes a huge emotional toll.”

According to the data, three in 10 Canadians (29 per cent) have reduced utility consumption, while nearly a quarter (24 per cent) report eating less to save money. More than half (51 per cent) say they are grocery shopping strategically by using meal plans, bulk buying, coupons and price matching.




Estes também andavam a cantar de galo... agora que sustentem a legião que têm por lá...
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Re: França too big to fail?

por Sertorio » 6/10/2025 20:01

Atenção ao que se passa em Marrocos ...

Deixo o vídeo de Marc Vidal acerca da França .

https://www.youtube.com/watch?v=WYAFHH1JmdI
 
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Re: França too big to fail?

por previsor » 6/10/2025 19:58

Um bocadinho mais de conhecimento bastava para perceber que isso é irrelevante.
Não interessa se é por causa da empresa X, Y ou Z.
O que realmente importa é o índice francês estar próximo dos máximos. Se estivesse a descer cerca de 90% por causa de uma crise anterior, como estava a bolsa portuguesa, também desceria como desceu a bolsa portuguesa em 2011. É esse o facto que faz a diferença.
Editado pela última vez por previsor em 6/10/2025 20:04, num total de 1 vez.
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Re: França too big to fail?

por Opcard » 6/10/2025 19:35

Nestas coisas, um pouco conhecimento é fundamental as grandes empresas francesas realizam a maior parte das suas vendas e lucros fora de França por isso o CAC não acompanhando mas aguenta-se .

A L’Oréal, por exemplo, obtém cerca de 80% do seu volume de negócios no exterior; a TotalEnergies gera mais de 90% das suas receitas fora do país

LVMH 2024, apenas cerca de 8,3 % das receitas vieram da França; o restante (mais de 90 %) advém de mercados fora do país.  Schneider Electric …

Apetece-me acrescentar algo que matou a França , se nas grandes empresas elas procuram e tem mercado no exterior , já as médias empresas foram destroçadas com o « contribution sociale de solidarité des sociétés” (C3S) impostos relacionados com faturação , que é um imposto “porque a empresa existe”.

A Alemanha as famosas Mittelstand (empresas familiares de porte intermédio) formam a espinha dorsal da economia alemã., mais 3000 .
 
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Re: França too big to fail?

por previsor » 6/10/2025 17:38

A bolsa francesa está a menos de 4% do maximo de sempre.
A bolsa portuguesa em 2011 estava a cerca de 90% do maximo de sempre.
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Re: França too big to fail?

por djovarius » 6/10/2025 17:10

Calma... deixa-os pousar.
Aqui foi diferente porque já havia o susto da Grécia.

Aqui ainda há investidores que acreditam que vai dar tudo certo... :mrgreen:
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Re: França too big to fail?

por previsor » 6/10/2025 16:43

Se fosse uma crise financeira, e estivesse longe dos máximos, cairia forte, como aconteceu com a bolsa portuguesa quando o Sócrates se demitiu em 2011.

Como não é, continua positiva este ano e perto dos máximos de sempre, depois de três primeiros ministros terem caído.
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Re: França too big to fail?

por djovarius » 6/10/2025 16:34

Dow Jones
-0.13% +0.85% +2.89% +9.80% +11.34% +59.44%
S&P 500
+0.30% +1.13% +3.93% +14.53% +18.27% +85.08%
Nasdaq
+0.52% +1.38% +5.54% +18.61% +27.78% +115.01%
Small Cap 2000
+0.89% +2.67% +4.56% +12.11% +14.00% +46.88%
S&P 500 VIX
+0.06% +3.29% +9.68% -4.03% -26.46% -46.91%
S&P/TSX
+0.53% +2.21% +5.46% +23.89% +27.10% +64.86%
Bovespa
-0.34% -1.75% +0.79% +19.53% +8.90% +23.54%
S&P/BMV IPC
-2.90% -3.83% -0.44% +21.61% +15.71% +31.68%
MSCI World
+0.30% +1.45% +3.80% +17.33% +18.26% +79.94%
DAX
+0.02% +2.75% +3.40% +22.55% +27.71% +98.80%
FTSE 100
-0.11% +1.94% +2.96% +16.00% +14.17% +35.61%
CAC 40
-1.28% +1.19% +3.90% +8.04% +5.26% +35.92%
Euro Stoxx 50
-0.34% +2.26% +5.89% +15.02% +13.31% +66.83%
AEX
+0.59% +2.74% +7.66% +10.11% +5.99% +49.51%
IBEX 35
-0.18% +1.64% +4.82% +34.25% +32.85% +109.32%
FTSE MIB
-0.23% +1.38% +3.69% +26.20% +27.58% +106.41%
SMI
+0.32% +4.53% +1.46% +8.19% +4.52% +21.75%
PSI
+0.88% +2.50% +6.19% +28.29% +22.23% +52.79%
BEL 20
-0.29% +3.00% +3.09% +15.29%


O CAC 40 só sobe 8% no ano - vejam que tudo é melhor, DAX, IBEX, PSI...
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Re: França too big to fail?

por BearManBull » 6/10/2025 16:18

Os numeros fabulosos das potencias economicas europeias...
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economy.JPG
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Re: França too big to fail?

por BearManBull » 6/10/2025 16:07

Opcard Escreveu:A ajuda do BCE não é um substituto das reformas, é um escudo temporário, que só funciona se o país se disciplinar internamente.


cof cof que tosse...
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bce.JPG
bce.JPG (35.79 KiB) Visualizado 5303 vezes
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Re: França too big to fail?

por previsor » 6/10/2025 15:54

Eu continuo a dizer que se trata de uma crise política e não financeira, e que não há crises financeiras nem países em bancarrota quando a bolsa do país está próxima dos máximos de sempre. Os países só entram em bancarrota devido a crises financeiras (não a crises políticas) e após grandes correções, e os máximos históricos já ainda estão longe.
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Re: França too big to fail?

por Opcard » 6/10/2025 15:26

Mas o drama pode ser maior se a França perde o acesso normal ao financiamento dos mercados, não seria apenas um problema francês, seria uma crise existencial para o euro.

Embora hoje haja mecanismo , BCE pode intervir nos mercados de dívida soberana se houver uma subida abrupta dos custos de financiamento de um país da zona euro sem justificação económica.

Mecanismo Único de Supervisão , garante liquidez aos bancos franceses se houver tensões no sistema financeiro.

A ajuda do BCE não é um substituto das reformas, é um escudo temporário, que só funciona se o país se disciplinar internamente.

Os CAC 40 rege moderadamente porque 85% do negociais desras empresas é feito fora de França .
 
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Re: França too big to fail?

por djovarius » 6/10/2025 14:51

A França, enquanto assim continuar, não tem salvação possível.
Sem reformas estruturais e um balanço do défice e da dívida... vai acabar mal.
Reitero: não é grande demais para cair, mas é grande demais para ser resgatada por uma troika qualquer.
Eles serão obrigados, gostem ou não dos mercados, a um reencontro com a realidade.
Não é mais cedo ou mais tarde... está para breve!!

Nem vale a pena vir o pessoal dos extremismos com ameaças de que vão parar de pagar a dívida. Se o fizerem, não vão ter financiamento de espécie nenhuma, serão obrigados imediatamente a um défice zero.

Temos pena!!
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Re: França too big to fail?

por Opcard » 6/10/2025 12:55

Se Ele o fizer sabe que acontecia a subida dos juros da dívida francesa, ainda mais ,queda das ações e do euro, e alargamento dos CDS…

Ia encarecer o financiamento do Estado e abalar a confiança económica, ele sabe que são os investidores estrageiros sue pagam a dívida fugiam
 
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Re: França too big to fail?

por previsor » 6/10/2025 12:37

Eu acho isto do Macron algo insólito, por muitos motivos, mas até porque ele sabe que a Le Pen recebeu dinheiro da Rússia, e que o seu nome é constantemente alvo de críticas na propaganda russa e nos meios de comunicação social russos. Mesmo assim, ele insiste em nomear alguém para se entender com o partido da Le Pen e despreza as pessoas que estão do lado oposto que venceram as eleições.
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Re: França too big to fail?

por previsor » 6/10/2025 12:09

Terceira vez que Macron nomeia um primeiro ministro de centro direita para se entender com a extrema direita e não consegue.
Continuo a achar que deveria nomear alguém capaz de se entender com os dois partidos ou coligações que venceram as eleições, sendo isso também o mais justo tendo em conta o resultado das eleições.

Não é justo impedir a coligação que venceu as eleições de governar, quando não existe nenhuma alternativa viável. Diria isto independentemente de ser de esquerda ou de direita. Deveria ser igual para todos.
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Re: França too big to fail?

por Opcard » 6/10/2025 11:14

BearManBull Escreveu:
Opcard Escreveu:há muita gente a mesa , não há dinheiro para todos com menos de 1% da população mundial tem 10% da despesa Social .


O que para mim é fascinante é falar do Macron (parti-renaissance) como sendo centro...

Centro? A sério? :wall:

Não sei em que momento se passou a considerar centro estar alinhado com tudo que seja práticas socialistas e estado ultra intervencionista.


Caro Bear

Só há Centro extremo com isso, todos os partidos são socialistas, distribuindo promessas como se fossem moedas, comprando votos para terem empregos os seus membros .

Frédéric Bastiat, economista e pensador francês do século XIX.

« O Estado é aquela grande ficção através da qual todo mundo tenta viver à custa de todo mundo.”

«  • O Estado deve limitar-se a funções essenciais: proteção da vida, liberdade e propriedade;
• Tudo que ultrapassa essas funções tende a gerar desperdício, injustiça e corrupção;
• A redistribuição forçada de riqueza — o que ele via como “socialismo” ou intervenção excessiva — cria ilusões de benefício imediato, mas prejudica a economia e a sociedade no longo prazo;
• Bastiat alertava que o Estado muitas vezes toma recursos de uns para dar a outros, esquecendo os efeitos invisíveis, como a destruição da iniciativa privada e da poupança.« 
 
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Re: França too big to fail?

por BearManBull » 6/10/2025 10:38

Opcard Escreveu:há muita gente a mesa , não há dinheiro para todos com menos de 1% da população mundial tem 10% da despesa Social .


O que para mim é fascinante é falar do Macron (parti-renaissance) como sendo centro...

Centro? A sério? :wall:

Não sei em que momento se passou a considerar centro estar alinhado com tudo que seja práticas socialistas e estado ultra intervencionista.
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Re: França too big to fail?

por Opcard » 6/10/2025 9:51

E agora? no mês passado « L’Euro en danger « de Didier Cahen, foi publicado em França

Queda rápida nomeia ministros e pede demissão.

De Gaulle morreu e não consegue voltar para salvar a França , e depois ele iria sentir-se mal que nasceu numa terra chamada « Deux-Églises ». “Duas Igrejas”, hoje só veria mesquitas ironia começou entre sinos, agora encontraria minaretes.

Sempre pensei que um problema das fronteiras abertas é o estado social não ser possível, há muita gente a mesa , não há dinheiro para todos com menos de 1% da população mundial tem 10% da despesa Social .

As múltiplas etnias , comunidades …, como a sociedade francesa tornam o país ingovernável, Portugal que olhe para França .

Tenho receio , conflitos internos podem surgir rapidamente em períodos de instabilidade, e sem uma liderança sólida, a nação corre o risco de se tornar ingovernável.
 
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Re: França too big to fail?

por BearManBull » 2/10/2025 15:01

Olhando para este gráfico quem entraria curto?

Parece que a qualquer momento pode ter umas subidas acentuadas até aos 5-6% em poucos meses.


A China ao olhar para este gráfico sabe que basta um soldado russo pisar solo de um país do Báltico para a economia francesa capitular.

O socialismo matou a Europa.
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Re: França too big to fail?

por Opcard » 2/10/2025 14:09

Estive a ver sondagem afinal todos os franceses concordam que é preciso resolver o problema da dívida.
Mas há sempre um detalhe cada um prefere que o esforço seja feito pelo vizinho do lado, não por si próprio.

Assim, os mais ricos dizem que o problema está nos que vivem de apoios sociais, os que vivem de apoios sociais apontam para os que tem mais e devem os ricos devem pagar .

Apesar disso, há um ponto de convergênciaa maioria dos franceses valoriza muito os serviços públicos (educação, saúde, saúde, etc.), mas admite que talvez seja possível reduzir o número de funcionários públicos, já os funcionários dizem que são necessários mais funcionários .

Uma maioria clara não quer que as empresas sejam ainda mais taxadas, porque acreditam que, num contexto económico frágil, isso acabaria por gerar desemprego e dificuldades para as famílias.
Hoje, 82% dos franceses têm uma opinião positiva sobre as empresas, o que representa uma mudança relevante.
 
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Re: França too big to fail?

por previsor » 2/10/2025 13:14

Coisas que escrevi no tópico, para ilustrar o gráfico anual do CAC40. Até escrevi muitas coisas, embora ache que podia ter ficado pelo primeiro comentário. Mas o ultimo fala tambem sobre o proximo ano. Neste momento está próximo de renovar os máximos de sempre.

previsor Escreveu:Só se fala em falências após uma correção forte. Não é o caso da França. A bolsa francesa está positiva este ano e continua relativamente próxima dos máximos de sempre.
Não existem crises financeiras só porque há eleições.

previsor Escreveu:Nem se quer vai haver eleições. O macron vai nomear um novo primeiro ministro.
Isto é um problema político por causa do parlamento estar muito fragmentado, não é uma crise financeira.

previsor Escreveu:Tem também um padrão muito giro, que disse no ano passado, que é descer em anos pares e subir em anos ímpares desde 2018, e este ano é um ano ímpar. Entao, acho que é bastante improvável uma crise financeira nos proximos meses.

previsor Escreveu:Enquanto não acontecer, acho que nenhum país cai sozinho quando está próximo dos máximos de sempre. Acho que os PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha) caíram porque nessa altura já tinha havido uma crise e uma grande queda nas bolsas e tiveram uma segunda crise quando estavam longe dos máximos. Mas também é verdade que se o padrão se mantiver o próximo ano seria um ano de descida na bolsa francesa. No entanto acho mais provável que o padrão mude com dois anos seguidos de subida do que com dois anos seguidos de descida, tendo em conta que historicamente há mais anos de subida do que de descida.

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Re: França too big to fail?

por Opcard » 28/9/2025 20:13

A França tem um Prêmio Nobel de Economia Jean Tirole ( 2014) raramente fala da França, deu uma entrevista .

“ A "tempestade perfeita" temida pelos mercados
Os investidores estrangeiros não estão apenas preocupados com o número de 114%, mas com a convergência de vários fatores explosivos. Em primeiro lugar, a França enfrenta uma enorme necessidade de novos gastos no clima, educação, saúde, defesa: tantos setores onde o Estado acumulou atrasos.
Em segundo lugar, as perspectivas de crescimento permanecem fracas, e nosso país não tentou reconciliar o estado de bem-estar e a reforma do Estado. Finalmente, a democracia é muitas vezes reduzida a debates eleitorais e orçamentárias dominados pelo eleitoralismo, mesmo quando a emergência exigiria um esforço coletivo. Continuamos a "mover as espreguiçadeiras enquanto o Titanic afunda".
O veneno do pensamento de soma zero
Outro grande obstáculo é o domínio do que poderíamos chamar de "pensamento de soma zero". Essa visão, compartilhada à direita e à esquerda, considera que a economia se resume a compartilhar um bolo de tamanho fixo. Favorece debates sobre a redistribuição e a oposição entre categorias sociais – ricos versus pobres, nacionais versus imigrantes – em detrimento da busca pelo crescimento.
No entanto, se a justiça fiscal é um fator essencial de coesão social, não deve ser o único objeto de atenção. O pensamento humilde condena a França ao empobrecimento coletivo. O trabalho de Stefanie Stantcheva em Harvard não é bastante reconfortante. Mostra que a experiência de uma economia sem crescimento favorece o surgimento do pensamento de soma zero. Mas esse pensamento humilde inibe o crescimento, sugerindo um círculo vicioso.
O tema candente da dificuldade no trabalho ilustra os efeitos do pensamento de soma zero. A questão da dificuldade é mais do que uma simples redistribuição entre a Sécu e os funcionários. A justiça social obviamente exige que as profissões incapacitantes dêem direito a uma aposentadoria antecipada. Mas se o financiamento dessas partidas se baseia exclusivamente na comunidade, voltamos a uma lógica de transferência sem consideração econômica.
Uma abordagem responsável consistiria em reconhecer que a dificuldade é parcialmente endógena: através da ergonomia, da robotização, da redução de produtos perigosos, da formação, as empresas podem limitá-la. Estes últimos devem assumir uma responsabilidade direta e não mútua, contribuindo financeiramente para as aposentadorias antecipadas que suas condições de trabalho tornam necessárias. O princípio do poluidor-pagador deve ser aplicado, mas como o Estado não tem todas as informações, as contribuições adicionais devem ser negociadas entre sindicatos e empregadores.
Cenários de crise
O início de uma crise soberana ainda depende de uma mistura de fundamentos degradados e mecanismos de auto-realização: os mercados duvidam, param de emprestar e precipitam a falência que temiam. Só sabemos que tudo pode ir muito rápido. Durante a crise da zona do euro, a Espanha e a Itália viram suas taxas de juros subirem quase 6% acima das da Alemanha, Grécia muito mais. O que aconteceria com a França neste caso?
Dois cenários são possíveis. Ou a classe política, consciente da urgência, consegue se unir para restaurar a confiança e retomar o crescimento; uma variante é um acordo para nomear um governo de técnicos para colocar o país de volta nos trilhos, como Mario
Monti em 2011 ou Mario Draghi em 2021 na Itália.
Mais provavelmente, a França se voltaria para o FMI, o BCE e o Mecanismo Europeu de Estabilidade, e obteria financiamento a taxas de juros moderadas em troca de um plano de ajuste que impõe sacrifícios. Os partidos políticos deveriam então endossar o plano. Na falta de tal coragem política, permaneceria o cenário mais doloroso: a falha soberana, levando a uma austeridade imediata e brutal, bem como a uma perda duradoura de credibilidade para o Estado francês.
Um verdadeiro calcanhar de Aquiles: inovação
A Europa e a França sofrem de um déficit de competitividade em geral e, como lembrou Mario Draghi, de um atraso tecnológico considerável em particular. Essa fraqueza se traduz tanto em um poder de compra estagnado quanto em uma fragilidade geopolítica em um mundo onde o poder econômico é jogado no domínio das tecnologias disruptivas. Nossa política de inovação está em questão: investimos muito pouco, nos setores errados e com a má governança.
No entanto, o debate público atolou em disputas sobre o nível de gastos a serem incorridos, e não sobre o projeto e a governança necessários. Hoje, os fundos públicos se perdem em regras que vão contra a eficiência e um polvilhamento ineficiente, guiado por considerações políticas mais do que científicas.
Do lado do setor privado, a Europa ainda está investindo pesadamente no setor automotivo, enquanto os Estados Unidos concentram seus esforços na inteligência artificial, na biotecnologia e no espaço. Nossas economias privadas abundam, mas permanecem capturadas por seguro de vida e títulos, sem alimentar o patrimônio líquido pronto para financiar a inovação arriscada. Enquanto essa lógica não mudar, nossos discursos sobre soberania permanecerão letra morta.
A França não está condenada à falência, mas está condenada a escolher. Pode continuar a adiar as reformas refugiando-se na dívida, correndo o risco de cair abruptamente na crise. Ou pode assumir uma estratégia exigente: reformar o Estado, capacitar os atores econômicos, investir em tecnologias do futuro e dar à Europa uma governança capaz de competir com os Estados Unidos e a China. A dívida, em suma, não é apenas uma questão de contas públicas: é o revelador da nossa incapacidade de nos projetar para o futuro. É essa falta de visão que terá que ser superada se quisermos evitar o declínio e encontrar o caminho da prosperidade.
 
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