Mota Engil - Tópico Geral
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Aqui vai então com a sessão completa, sessão extraordinária com 10 milhões de volume. Sem surpresa, os indicadores de momentum e de volume (que vem numa escalada que remonta a outubro) realizaram novos máximos relativos. Entretanto, o OBV, por defeito de design, anda às aranhas (não está colocado no gráfico). Disponibilizo também o gráfico "clássico", mais abaixo. Após umas tentativas intraday, lá rebentou o dique no triangulo ascendente.


FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Aqui, com um prazo mais alargado e dois indicadores de tendência: 1. o Trend, indicador de tendência volatility-based, que já mencionei num par de tópicos e que se encontra relativamente adiantado em termos de implementação; 2. e um segundo indicador de tendência momentum-based, ainda em fase protótipo, que perspectivo como um indicador complementar (mais nervoso, com tendência a reagir mais rápido) e que talvez nunca venha a ser útil (para trading) se avaliado isoladamente.

Já agora, o Trend vs o SuperTrend, um indicador standard, da mesma família, ie abordagem geral semelhante, mas com implementações bem diferentes (notas: o supertrend é normalmente apresentado como overlay; para a comparação usei os parâmetros típicos):

Já agora, o Trend vs o SuperTrend, um indicador standard, da mesma família, ie abordagem geral semelhante, mas com implementações bem diferentes (notas: o supertrend é normalmente apresentado como overlay; para a comparação usei os parâmetros típicos):
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Re: Mota Engil - Tópico Geral
A meio da sessão, volume e momentum a desbravar terreno (novos máximos relativos).

FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
- Mensagens: 379
- Registado: 29/11/2007 3:59
Re: Mota Engil - Tópico Geral "uma opinião"
Os 3,86 estão ao virar da esquina.
Cumprim/
ValeAquilino
Cumprim/
ValeAquilino
Eu não sonho, faço planos. (A. S. V.)
"Se ensinares, ensina ao mesmo tempo a duvidar daquilo que estás a ensinar."
José Ortega Y Gasset
Re: Mota Engil - Tópico Geral
vender a Mota toda? Nem pensar, as rodas e pouco mais. 1/3 da posição vendida. 

- Mensagens: 10322
- Registado: 31/5/2014 23:07
Re: Mota Engil - Tópico Geral
"Alta velocidade entre Lisboa e Madrid é “uma prioridade”, defende Bruxelas
Lisboa e Madrid concordam na necessidade do projeto, mas não nos timings. Espanha dá prioridade a ligação Lisboa-Madrid, Portugal quer primeiro Lisboa-Vigo e só depois a ligação para a capital espanhola em alta velocidade."
Jornal Economico de hoje
Lisboa e Madrid concordam na necessidade do projeto, mas não nos timings. Espanha dá prioridade a ligação Lisboa-Madrid, Portugal quer primeiro Lisboa-Vigo e só depois a ligação para a capital espanhola em alta velocidade."
Jornal Economico de hoje

- Mensagens: 51
- Registado: 28/3/2017 10:20
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Opcard33 Escreveu:trend=friend Escreveu:marijon2 Escreveu:Valente short squeeze na Mota?
Tem havido umas puxadas assim que depois afrouxam de tarde, mas enquanto o canal seguir o seu caminho…
Em que ficamos e só o canal ou é mais ?
Pelo volume e pela violência da subida pode ser mais .
Quem disser que sabe julga que é vidente… mas como estamos nos 3,45 e no topo do canal em breve saberemos
If you want a guarantee, buy a toaster.
Clint Eastwood
Clint Eastwood
- Mensagens: 4446
- Registado: 27/8/2013 19:39
- Mensagens: 797
- Registado: 14/2/2007 22:16
- Localização: Parede
Re: Mota Engil - Tópico Geral
trend=friend Escreveu:marijon2 Escreveu:Valente short squeeze na Mota?
Tem havido umas puxadas assim que depois afrouxam de tarde, mas enquanto o canal seguir o seu caminho…
Em que ficamos e só o canal ou é mais ?
Pelo volume e pela violência da subida pode ser mais .
- Mensagens: 1442
- Registado: 9/9/2013 15:13
- Mensagens: 379
- Registado: 29/11/2007 3:59
Re: Mota Engil - Tópico Geral
marijon2 Escreveu:Valente short squeeze na Mota?
Tem havido umas puxadas assim que depois afrouxam de tarde, mas enquanto o canal seguir o seu caminho…
If you want a guarantee, buy a toaster.
Clint Eastwood
Clint Eastwood
- Mensagens: 4446
- Registado: 27/8/2013 19:39
- Mensagens: 797
- Registado: 14/2/2007 22:16
- Localização: Parede
Re: Mota Engil - Tópico Geral
O topo do canal anda pelos 3,40/3,45 portanto até lá…
If you want a guarantee, buy a toaster.
Clint Eastwood
Clint Eastwood
- Mensagens: 4446
- Registado: 27/8/2013 19:39
Re: Mota Engil - Tópico Geral
3.20 com 3 milhoes de acoes negociadas ao fim de 35 min..
será hoje que termina a subir a serio?
será hoje que termina a subir a serio?

- Mensagens: 51
- Registado: 28/3/2017 10:20
Re: Mota Engil - Tópico Geral
SergioS12 Escreveu:SergioS12 Escreveu:Rolling_Trader Escreveu:
Em suma, o que isto significa é que houve um desalinhamento temporal entre os custos de uma subcontratação específica, referente a um projeto de 900M€, e o reconhecimento das receitas finais desse projeto.
Os custos ficaram inscritos nas contas de 2024 e as receitas em 2025 (dado que só foi possível faturar em fevereiro deste ano).
A combinação deste gigante projeto de 900M€ e o modelo de reconhecimento de receita derivado do fornecedor subcontratado explicam a variação do fundo de maneio e o respetivo impacto no aumento da dívida líquida em 2024.
Foi garantido que esse "atraso" no reconhecimento de receitas já está compensado ("monetizado") e inscrito nas contas para 2025.
Acho muito estranho esse tipo de explicação, tanto mais que isso "viola" os princípios mais elementares de contabilidade onde os custos e os proveitos devem ser registados no ano a que respeitam, independentemente de estarem ou não faturados/recebidos, ou seja, se a obra/projeto foi executado em 2024 e a faturação foi feita em 2025, deveriam ter registado em proveitos por contrapartida de acréscimo de proveitos, dado que ainda não foi (em 2024) faturado ao cliente. Não sei como é que os auditores não viram um "elefante" destes, ainda por cima com uma explicação formal da empresa! Estão a passar lucros desta grandeza para 2025 e ninguém diz nada?
Quando o desfecho de um contrato de construção puder ser fiavelmente estimado, o rédito do contrato e os custos do contrato associados ao contrato de construção devem ser reconhecidos como rédito e gastos respectivamente com referência à fase de acabamento da actividade do contrato à data do balanço
Corrijo o que referi acima porquanto os proveitos podem (e devem) estar registados mas a empresa poderá já ter pago aos fornecedores e não ter recebido do cliente, o que significa que os resultados poderão estar corretos, porém, impactou negativamente na tesouraria, embora isso não impacte no fundo de maneio porquanto os acréscimos de proveitos por se tratar dum ativo a receber, uma vez que está apenas dependente de ser faturado ao cliente, entra no cálculo do fundo de maneio.
Olá Sérgio, apesar de já estar "demissionário" do caldeirão, não podia deixar de lhe responder dado que me citou.
As contabilidade não é a minha área de formação e certamente haverá outros foristas mais abalizados a responder à sua interpelação do que eu.
Se não estou em erro, citou a norma NCRF 19, mas segundo este parecer técnico da ordem dos contabilistas certificados, empresas como a Mota-Engil podem adotar a IFRS 15 para a contabilização do rédito.
E também, se não estou em erro, a Mota-Engil adotou a norma IFRS 15 já desde o relatório de contas de 2020.
Como referi, não estou abalizado para perceber se os auditores vão considerar ou não as justificações avançadas pelo CFO na conference call, mas note que a Mota-Engil presentemente não se pode dar ao luxo de fazer "book cooking", especialmente quando terá as contas escrutinadas pela Muddy Waters que alega ter um "batalhão de contabilistas forenses" a escrutinar as contas de todas as empresas sobre as quais tem posições curtas abertas.
Atente também para as definições que a Mota-Engil faz do fundo de maneio e da dívida líquida no glossário da apresentação de resultados, que pode diferir do cálculo tradicional ("text book definition"):
In Glossário da Apresentação de Resultados de 2024 da Mota-Engil
“Fundo de maneio e saldos de longo prazo” corresponde às seguintes rubricas da demonstração consolidada da posição financeira: “Total do Ativo” - “Total do Pasivo, excluindo “Ativos fixos”, “Investimentos financeiros”, “Provisões”, “Dívida líquida” e “LFC;
“Dívida Líquida” ou “DL” significa a soma algébrica das seguintes rubricas da demonstração consolidada da posição financeira: “Caixa e seus equivalentes sem recurso à vista”, “Caixa e seus equivalentes com recurso à vista”, “Outras aplicações financeiras”, “Outros investimentos financeiros registados ao custo amortizado”, “Empréstimos sem recurso” e “Empréstimos com recurso”;
Dependendo das rubricas em que a Mota-Engil inscreve o pagamento aos fornecedores, pode bem influenciar a variação do fundo de maneio.
Como o Sérgio referiu (e bem) se impactou negativamente na tesouraria (i.e. no dinheiro em caixa), então impactou negativamente a dívida líquida.
Resta apurar os valores exatos e as rubricas onde vão ser reportados, mas isso só pode ser feito quando sair o relatório de contas, até lá só poderemos extrapolar.
Note também que a explicação do CFO não levantou mais questões por parte de nenhum dos analistas das várias casas de investimento presentes na conference call (para além daquela a que o CFO respondeu e que eu citei "ipsis verbis", na língua que foi proferida, i.e. em inglês).
Edit: Já agora, para os mais leigos, não se deixem assustar pelo jargão técnico porque estamos a falar de algo positivo, ou seja de uma justificação atendível para ter sido reportada uma dívida líquida superior ao estimado pelos analistas.
O facto do crédito, que ficou por contabilizar em 2024, já estar "monetizado" em 2025 significa que terá já um efeito de normalização e redução da dívida líquida no relatório de contas dos primeiros 6 meses de 2025, alinhando-a (expectavelmente) com as estimativas dos analistas financeiros.
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Woman_Trader Escreveu:Obrigada, Rolling!
Fico feliz por reconsiderar. As suas partilhas são de grande mais valia para todos os forenses e, no meu caso particular, sempre foram o farol e porto de abrigo neste ativo que não nos tem dado descanso.
(...)
Olá Sandra, obrigado pelo elogio.
Sempre foi um dos meus objetivos informar e dar a minha opinião sobre o que a Mota-Engil tem de bom, de mau e de arriscado.
Se consegui tranquilizar um acionista privado que seja, fornecendo informação que o/a pudesse ajudar a não ceder ao desespero e a tomar decisões mais informadas, então saio com sentido de missão cumprida.
Mas creio que me interpretou mal, não reconsiderei ficar, vou-me afastar do caldeirão e deixar de publicar aqui numa base diária, pese embora, muito pontualmente, possa fazer um ou outro post.
Continuarei a ler o que aqui se escreve, publicado pelos muitos e bons comentadores que por aqui andam.
Obrigado a si e a todos os que me apoiaram.
Bons negócios a todos.
Re: Mota Engil - Tópico Geral
SergioS12 Escreveu:Rolling_Trader Escreveu:
Em suma, o que isto significa é que houve um desalinhamento temporal entre os custos de uma subcontratação específica, referente a um projeto de 900M€, e o reconhecimento das receitas finais desse projeto.
Os custos ficaram inscritos nas contas de 2024 e as receitas em 2025 (dado que só foi possível faturar em fevereiro deste ano).
A combinação deste gigante projeto de 900M€ e o modelo de reconhecimento de receita derivado do fornecedor subcontratado explicam a variação do fundo de maneio e o respetivo impacto no aumento da dívida líquida em 2024.
Foi garantido que esse "atraso" no reconhecimento de receitas já está compensado ("monetizado") e inscrito nas contas para 2025.
Acho muito estranho esse tipo de explicação, tanto mais que isso "viola" os princípios mais elementares de contabilidade onde os custos e os proveitos devem ser registados no ano a que respeitam, independentemente de estarem ou não faturados/recebidos, ou seja, se a obra/projeto foi executado em 2024 e a faturação foi feita em 2025, deveriam ter registado em proveitos por contrapartida de acréscimo de proveitos, dado que ainda não foi (em 2024) faturado ao cliente. Não sei como é que os auditores não viram um "elefante" destes, ainda por cima com uma explicação formal da empresa! Estão a passar lucros desta grandeza para 2025 e ninguém diz nada?
Quando o desfecho de um contrato de construção puder ser fiavelmente estimado, o rédito do contrato e os custos do contrato associados ao contrato de construção devem ser reconhecidos como rédito e gastos respectivamente com referência à fase de acabamento da actividade do contrato à data do balanço
Corrijo o que referi acima porquanto os proveitos podem (e devem) estar registados mas a empresa poderá já ter pago aos fornecedores e não ter recebido do cliente, o que significa que os resultados poderão estar corretos, porém, impactou negativamente na tesouraria, embora isso não impacte no fundo de maneio porquanto os acréscimos de proveitos por se tratar dum ativo a receber, uma vez que está apenas dependente de ser faturado ao cliente, entra no cálculo do fundo de maneio.
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Rolling_Trader Escreveu:
Em suma, o que isto significa é que houve um desalinhamento temporal entre os custos de uma subcontratação específica, referente a um projeto de 900M€, e o reconhecimento das receitas finais desse projeto.
Os custos ficaram inscritos nas contas de 2024 e as receitas em 2025 (dado que só foi possível faturar em fevereiro deste ano).
A combinação deste gigante projeto de 900M€ e o modelo de reconhecimento de receita derivado do fornecedor subcontratado explicam a variação do fundo de maneio e o respetivo impacto no aumento da dívida líquida em 2024.
Foi garantido que esse "atraso" no reconhecimento de receitas já está compensado ("monetizado") e inscrito nas contas para 2025.
Acho muito estranho esse tipo de explicação, tanto mais que isso "viola" os princípios mais elementares de contabilidade onde os custos e os proveitos devem ser registados no ano a que respeitam, independentemente de estarem ou não faturados/recebidos, ou seja, se a obra/projeto foi executado em 2024 e a faturação foi feita em 2025, deveriam ter registado em proveitos por contrapartida de acréscimo de proveitos, dado que ainda não foi (em 2024) faturado ao cliente. Não sei como é que os auditores não viram um "elefante" destes, ainda por cima com uma explicação formal da empresa! Estão a passar lucros desta grandeza para 2025 e ninguém diz nada?

Quando o desfecho de um contrato de construção puder ser fiavelmente estimado, o rédito do contrato e os custos do contrato associados ao contrato de construção devem ser reconhecidos como rédito e gastos respectivamente com referência à fase de acabamento da actividade do contrato à data do balanço
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Em dia de carnaval, o PSI pintou-se de vermelho. Na Mota, os volumes continuam fortes e a cotacao mantém-se pelos 3 euros (tendencialmente, acima dos 3 euros). Creio que nem vale a pena actualizar o outro gráfico (nota: aquele triangulo pode desfazer-se facilmente mas, por enquanto, mantém-se válido)...

FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Obrigada, Rolling!
Fico feliz por reconsiderar. As suas partilhas são de grande mais valia para todos os forenses e, no meu caso particular, sempre foram o farol e porto de abrigo neste ativo que não nos tem dado descanso. Agradeço e parabenizo pelo conhecimento, partilha e disponibilidade. De resto, com tempo, a ME dará os seus frutos... A paciência e espera compensarão com toda a certeza.
BN a todos!
Ao Rolling, termino dizendo o que sempre disse: Sou sua Fã n.°1. Grata
Fico feliz por reconsiderar. As suas partilhas são de grande mais valia para todos os forenses e, no meu caso particular, sempre foram o farol e porto de abrigo neste ativo que não nos tem dado descanso. Agradeço e parabenizo pelo conhecimento, partilha e disponibilidade. De resto, com tempo, a ME dará os seus frutos... A paciência e espera compensarão com toda a certeza.
BN a todos!
Ao Rolling, termino dizendo o que sempre disse: Sou sua Fã n.°1. Grata

Woman_Trader
- Mensagens: 13
- Registado: 10/9/2024 22:53
- Localização: Lisboa
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Rolling_Trader Escreveu:Tal como prometido deixo, para vossa interpretação, o que concluí ao ouvir a conference call dos resultados de 2024 da Mota Engil (o áudio da mesma está publicado no site oficial da Mota) e que explica (a meu ver) porque é que a dívida líquida subiu 47,4%.
Não é demais reforçar que dívida líquida é diferente da dívida bruta. A bruta corresponde ao endividamento total e a líquida seria o que ficaria a faltar pagar depois da empresa usar todo o dinheiro, que tem em caixa, para esse efeito.
Porque é que a subida de 47,4% me deixou apreensivo?Porque foi mais 26,1% do que o esperado pelos analistas e deixou aberta a incerteza para os anos fiscais vindouros de 2025 e 2026.
Para melhor perceberem, ainda é consultável, no MarketScreener, a projeção dos analistas para a dívida líquida de 2024, 2025 e 2026.
Como se pode ver, os analistas projetavam um valor de dívida líquida de 1425M€, uma subida de 21,3%, que, na sua opinião, seria justificado pelo brutal aumento de 20,6% da carteira de encomendas que obrigou a um novo e avultado investimento de 511M€ (o CAPEX) (mais ou menos o mesmo investimento feito em 2023).
Se tivessem sido estes os números, eu estaria tranquilo, mas não foram. A dívida líquida reportada pela Mota-Engil foi de 1732M€, ou seja, mais 307M€ do que o estimado.
Sem perceber as razões, nada me garantia que em 2025 e 2026 não aconteceria também este disparate de aumento da DL e inclusive a ultrapassagem do limite de alavancagem de 2x do rácio DL/EBITDA inscrito no plano estratégico da Mota-Engil.
Porém, a conference call sobre os resultados de 2024, lançou alguma luz sobre o assunto, quando foi explicada a rubrica de 209M€ reportada no slide do cash flow operacional (página 14 do power point de apresentação de resultados comunicado à CMVM) que tem a legenda "Variação do fundo maneio - impacto associado a um milestone - já monetizado".
Durante a sessão de Q&A, no final da apresentação, foi dada uma explicação detalhada pelo CFO referente a esta variação do fundo de maneio, que cito de seguida (NOTA: Está em inglês porque foi nessa língua que foi conduzida a conference call):José Carlos Nogueira (CFO da Mota-Engil)
It's a project of supply and installation of rolling stock trains (...) complementary to the railway project that we have in Nigeria (...) a 900 million project.
(...)
It's very specific in terms of revenue recognition methods. And why? On the contrary to the typical EPC contracts, where we can recognize the revenue in a monthly basis (...) Here, the recognition of the revenue, it's just possible to do (...) when specific milestones, meaning that level of completion are met.
(...)
Since the revenue is only recognized when the milestones are achieved, cash flow is not aligned with the incurred costs that I already have for my supplier.
(...)
This can create, of course, a peak in terms of working capital, especially during the periods when the milestones have not been met, as the revenue is not being recognized proportionally to the costs.
(…)
The time difference in revenue recognition temporarily impacts our working capital, but since we achieved the milestone, like we've done now in February, we can invoice and we can collect, and that's why we are saying that it's already monetized.
Em suma, o que isto significa é que houve um desalinhamento temporal entre os custos de uma subcontratação específica, referente a um projeto de 900M€, e o reconhecimento das receitas finais desse projeto.
Os custos ficaram inscritos nas contas de 2024 e as receitas em 2025 (dado que só foi possível faturar em fevereiro deste ano).
A combinação deste gigante projeto de 900M€ e o modelo de reconhecimento de receita derivado do fornecedor subcontratado explicam a variação do fundo de maneio e o respetivo impacto no aumento da dívida líquida em 2024.
Foi garantido que esse "atraso" no reconhecimento de receitas já está compensado ("monetizado") e inscrito nas contas para 2025.
Falta a confirmação absoluta destes valores quando sair o relatório de contas, mas para já, serve-me de justificação atendível para o diferencial entre a dívida reportada pela Mota-Engil e a esperada pelos analistas.
Bons negócios a todos e um até sempre
Obrigado ROlling trader pelos esclarecimentos,
Acho que deva ficar por aqui e partilhar com o forum as suas ideias e factos, todos agradecem mesmo não o "dizendo", os arrufos vão com o vento...
- Mensagens: 96
- Registado: 16/9/2014 15:30
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Tal como prometido deixo, para vossa interpretação, o que concluí ao ouvir a conference call dos resultados de 2024 da Mota Engil (o áudio da mesma está publicado no site oficial da Mota) e que explica (a meu ver) porque é que a dívida líquida subiu 47,4%.
Não é demais reforçar que dívida líquida é diferente da dívida bruta. A bruta corresponde ao endividamento total e a líquida seria o que ficaria a faltar pagar depois da empresa usar todo o dinheiro, que tem em caixa, para esse efeito.
Porque é que a subida de 47,4% me deixou apreensivo?
Para melhor perceberem, ainda é consultável, no MarketScreener, a projeção dos analistas para a dívida líquida de 2024, 2025 e 2026.
Como se pode ver, os analistas projetavam um valor de dívida líquida de 1425M€, uma subida de 21,3%, que, na sua opinião, seria justificado pelo brutal aumento de 20,6% da carteira de encomendas que obrigou a um novo e avultado investimento de 511M€ (o CAPEX) (mais ou menos o mesmo investimento feito em 2023).
Se tivessem sido estes os números, eu estaria tranquilo, mas não foram. A dívida líquida reportada pela Mota-Engil foi de 1732M€, ou seja, mais 307M€ do que o estimado.
Sem perceber as razões, nada me garantia que em 2025 e 2026 não aconteceria também este disparate de aumento da DL e inclusive a ultrapassagem do limite de alavancagem de 2x do rácio DL/EBITDA inscrito no plano estratégico da Mota-Engil.
Porém, a conference call sobre os resultados de 2024, lançou alguma luz sobre o assunto, quando foi explicada a rubrica de 209M€ reportada no slide do cash flow operacional (página 14 do power point de apresentação de resultados comunicado à CMVM) que tem a legenda "Variação do fundo maneio - impacto associado a um milestone - já monetizado".
Durante a sessão de Q&A, no final da apresentação, foi dada uma explicação detalhada pelo CFO referente a esta variação do fundo de maneio, que cito de seguida (NOTA: Está em inglês porque foi nessa língua que foi conduzida a conference call):
Em suma, o que isto significa é que houve um desalinhamento temporal entre os custos de uma subcontratação específica, referente a um projeto de 900M€, e o reconhecimento das receitas finais desse projeto.
Os custos ficaram inscritos nas contas de 2024 e as receitas em 2025 (dado que só foi possível faturar em fevereiro deste ano).
A combinação deste gigante projeto de 900M€ e o modelo de reconhecimento de receita derivado do fornecedor subcontratado explicam a variação do fundo de maneio e o respetivo impacto no aumento da dívida líquida em 2024.
Foi garantido que esse "atraso" no reconhecimento de receitas já está compensado ("monetizado") e inscrito nas contas para 2025.
Falta a confirmação absoluta destes valores quando sair o relatório de contas, mas para já, serve-me de justificação atendível para o diferencial entre a dívida reportada pela Mota-Engil e a esperada pelos analistas.
Bons negócios a todos e um até sempre
Não é demais reforçar que dívida líquida é diferente da dívida bruta. A bruta corresponde ao endividamento total e a líquida seria o que ficaria a faltar pagar depois da empresa usar todo o dinheiro, que tem em caixa, para esse efeito.
Porque é que a subida de 47,4% me deixou apreensivo?
- Porque foi mais 26,1% do que o esperado pelos analistas e deixou aberta a incerteza para os anos fiscais vindouros de 2025 e 2026.
Para melhor perceberem, ainda é consultável, no MarketScreener, a projeção dos analistas para a dívida líquida de 2024, 2025 e 2026.
Como se pode ver, os analistas projetavam um valor de dívida líquida de 1425M€, uma subida de 21,3%, que, na sua opinião, seria justificado pelo brutal aumento de 20,6% da carteira de encomendas que obrigou a um novo e avultado investimento de 511M€ (o CAPEX) (mais ou menos o mesmo investimento feito em 2023).
Se tivessem sido estes os números, eu estaria tranquilo, mas não foram. A dívida líquida reportada pela Mota-Engil foi de 1732M€, ou seja, mais 307M€ do que o estimado.
Sem perceber as razões, nada me garantia que em 2025 e 2026 não aconteceria também este disparate de aumento da DL e inclusive a ultrapassagem do limite de alavancagem de 2x do rácio DL/EBITDA inscrito no plano estratégico da Mota-Engil.
Porém, a conference call sobre os resultados de 2024, lançou alguma luz sobre o assunto, quando foi explicada a rubrica de 209M€ reportada no slide do cash flow operacional (página 14 do power point de apresentação de resultados comunicado à CMVM) que tem a legenda "Variação do fundo maneio - impacto associado a um milestone - já monetizado".
Durante a sessão de Q&A, no final da apresentação, foi dada uma explicação detalhada pelo CFO referente a esta variação do fundo de maneio, que cito de seguida (NOTA: Está em inglês porque foi nessa língua que foi conduzida a conference call):
José Carlos Nogueira (CFO da Mota-Engil)
It's a project of supply and installation of rolling stock trains (...) complementary to the railway project that we have in Nigeria (...) a 900 million project.
(...)
It's very specific in terms of revenue recognition methods. And why? On the contrary to the typical EPC contracts, where we can recognize the revenue in a monthly basis (...) Here, the recognition of the revenue, it's just possible to do (...) when specific milestones, meaning that level of completion are met.
(...)
Since the revenue is only recognized when the milestones are achieved, cash flow is not aligned with the incurred costs that I already have for my supplier.
(...)
This can create, of course, a peak in terms of working capital, especially during the periods when the milestones have not been met, as the revenue is not being recognized proportionally to the costs.
(…)
The time difference in revenue recognition temporarily impacts our working capital, but since we achieved the milestone, like we've done now in February, we can invoice and we can collect, and that's why we are saying that it's already monetized.
Em suma, o que isto significa é que houve um desalinhamento temporal entre os custos de uma subcontratação específica, referente a um projeto de 900M€, e o reconhecimento das receitas finais desse projeto.
Os custos ficaram inscritos nas contas de 2024 e as receitas em 2025 (dado que só foi possível faturar em fevereiro deste ano).
A combinação deste gigante projeto de 900M€ e o modelo de reconhecimento de receita derivado do fornecedor subcontratado explicam a variação do fundo de maneio e o respetivo impacto no aumento da dívida líquida em 2024.
Foi garantido que esse "atraso" no reconhecimento de receitas já está compensado ("monetizado") e inscrito nas contas para 2025.
Falta a confirmação absoluta destes valores quando sair o relatório de contas, mas para já, serve-me de justificação atendível para o diferencial entre a dívida reportada pela Mota-Engil e a esperada pelos analistas.
Bons negócios a todos e um até sempre

Re: Mota Engil - Tópico Geral "uma opinião"
Sem querer ser repetitivo, nem mais papista que o Papa, Deixo o Boneco de hoje ao fim do dia. Nele só vejo coisas boas, mas poderá haver quem veja doutra maneira.
CumPrim/
ValeAquilino
CumPrim/
ValeAquilino
Eu não sonho, faço planos. (A. S. V.)
"Se ensinares, ensina ao mesmo tempo a duvidar daquilo que estás a ensinar."
José Ortega Y Gasset