J. Martins - Ataque aos 10€ ?
É sabido que existem escolas diferentes para traçar linhas, pessoalmente prefiro a dos mínimos, o que significa que a minha LT está cá bem mais abaixo, com suporte apenas nos 9.34. Mas podem aguentar-se os 9.43 outra vez.
Se quebrar os 9.43, depois de duas tentativas falhadas de ir acima dos 10, não será de espantar uma repetição de Julho/Agosto, depois das tentativas frustradas de fechar acima dos 10 em inícios de Julho, o que levaria aos ditos 9.34.
Já há um ou dois indicadores a considerá-la em terreno de sobrevenda, mas os outros não dão o mesmo resultado. Mas as previsões da análise técnica são de resultados bastante indeterminados, como é próprio de todas as "ciências" humanas. Que arrisque quem tiver estômago para isso nos actuais valores.
Se quebrar os 9.43, depois de duas tentativas falhadas de ir acima dos 10, não será de espantar uma repetição de Julho/Agosto, depois das tentativas frustradas de fechar acima dos 10 em inícios de Julho, o que levaria aos ditos 9.34.
Já há um ou dois indicadores a considerá-la em terreno de sobrevenda, mas os outros não dão o mesmo resultado. Mas as previsões da análise técnica são de resultados bastante indeterminados, como é próprio de todas as "ciências" humanas. Que arrisque quem tiver estômago para isso nos actuais valores.
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Indeterminado
Re: Exacto...
GreenOctober Escreveu:já o JAS dizia k AT na JMT num dá...
e a razão disso deve ter mto a ver com manipulação do título...
Tem a ver com isto...
JAS
aparentemente tens razao QUICO...
...mas tb pode fazer parte do movimento de lateralização existente desde Novembro.
Não acredito mto em fortes quedas na JMT nos proximos tempos.
Seria de esperar (se quem as manipula deixar...) que rompesse de vez os 10 euros e fosse por aí acima...os 12,5 poderiam ser alvo seguinte mas a JMT sobe mais por patamares e nao liga mto a preços históricos como sao os 12,5 aprox.
Sendo assim acreditaria na subida até aos 11 euros
Não acredito mto em fortes quedas na JMT nos proximos tempos.
Seria de esperar (se quem as manipula deixar...) que rompesse de vez os 10 euros e fosse por aí acima...os 12,5 poderiam ser alvo seguinte mas a JMT sobe mais por patamares e nao liga mto a preços históricos como sao os 12,5 aprox.
Sendo assim acreditaria na subida até aos 11 euros
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GreenOctober
JMT
Jornal de Negócios Escreveu:Em 2003, as vendas da Jerónimo Martins na Polónia cresceram 14% em moeda local, mas quando os resultados eram convertidos para euros, o ganho ficava reduzido para cerca de 10%.
«Foi uma aposta ousada, mas sabíamos que era uma questão de tempo até que o potencial de crescimento de uma economia como a polaca começasse a dar frutos», explicou ao Jornal de Negócios fonte oficial da Jerónimo Martins, líder no segmento do «discount» na Polónia onde opera a cadeia Biedronka.
A empresa liderada por Luís Palha obteve vendas totais de 3,42 mil milhões de euros em 2003, dos quais 28%, ou 970,35 milhões de euros foram obtidos na Polónia.
Mantendo as vendas inalteradas este ano, a JM facturaria, só pelo efeito cambial, mais 16%, ou 1,12 mil milhões de euros, para reflectir uma subida de 20%, uma vez que o efeito da valorização do zlotys não se espelha directamente em euros.
Finalmente parece que começaram a notar que o zloty se estava a valorizar...
Mais vale tarde do que nunca.
JAS
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JMT Lover
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JMT Lover
Engraçado que a ideia da Ulcrania como destino de expansão para a Jmt já tinha sido avançada numa assembleia geral de accionista realizada há uns tempos atrás mas que pelos vistos se mantem o que é um excelente sinal de que existe sustentabilidade nas ideias do principal gestor da JMT e realmente a Ulcrania pacificada e proxima da UE pode ser um manancial de oportunidades para as empresas Portuguesas a par por exemplo da Turquia ...
Um abraço
Vasco
Um abraço
Vasco
Aqui no Caldeirão no Longo Prazo estamos todos ricos ... no longuissimo prazo os nossos filhos estarão ainda mais ricos ...
Entrevista a Alexandre Soares dos Santos
“O que o Dr. Jorge Sampaio fez foi um golpe de Estado”
Numa das suas raras entrevistas, Soares dos Santos desabafa. Afirma que chegou a altura de “lutar pelo meu País”, de dizer “basta” e de parar com o “fogo de artifício”. Um País onde, desde a saída de Cavaco Silva, predominam os maus governos e os maus parlamentos. Vê como única saída um acordo de regime alargado, proposta que apresentou a Jorge Sampaio e foi ignorada. Acusa o presidente da República de golpe de Estado, mas admite que este Governo estava sem orientação. Diz que José Sócrates ainda não apresentou nada ao País. Quer Cavaco Silva na presidência e afirma ter “pena de ver o PSD e o PS no estado em que estão.”
23-12-2004, João Vieira Pereira e Pedro Marques Pereira
Que retrato faz do momento actual que o País atravessa?
Em Portugal existe muito pouca consciência cívica e muito pouca organização da sociedade civil e como resultado temos uma tendência para aceitar tudo como uma fatalidade. Somos maltratados, numa loja, num hospital ou num supermercado, e não reclamamos. E com isto, o País tem vido a cair por uma sucessão de factos políticos que têm vido a agravar-se. Desde a saída do Professor Cavaco Silva, não temos tido bons governos, como não temos tido bons parlamentos. Não temos tido políticos que tenham a noção exacta da realidade do País e dos desafios a que tem que fazer face.
Isso é um problema geracional?
Acho que é o preço que se paga pelo facto da Democracia em Portugal ser uma coisa muito nova, e em que há cada vez mais o alheamento das boas elites, que não querem estar na ribalta, não querem ver a sua vida privada devassada, não querem ser enxovalhadas. Há todo um conjunto de factores que têm vindo a contribuir para que as elites se retirem. E as elites em Portugal, como consequência do 25 de Abril, hoje não são muitas. Muita gente que saiu do País levou filhos novos, e por isso há um “gap” de gerações em Portugal. A geração dos 50 anos não existe. Ou são muito novos, ou são da minha geração, a dos 70, e isso tem consequências muito graves. Mas principalmente, os partidos políticos, que eram constituídos por tipos que, concorde-se ou não com eles, eram pessoas de grande valor - como Mário Soares, Sá Carneiro, Cavaco Silva e tantos outros - foram tomados de assalto por gerações que procuram apenas a carreira, o “carreirismo”, e estão alheados da situação do País e dos desafios que o País tem de enfrentar.
Os empresários não poderiam ocupar esse vazio?
Os empresários recusam-se a reorganizar-se. A CIP, e todas as outras associações ou confederações, não representam rigorosamente ninguém e cada um tenta defender apenas os sues interesses particulares. Então não há uma voz forte por parte dos empresários, porque também não têm planos para essas confederações. Não há uma voz forte da sociedade civil que comece a dar os primeiros passos e o resultado é que as coisas vão piorando cada vez mais. Qualquer que seja o campo, é um País sem objectivos, sem uma estratégia. Ninguém sabe para onde é que nós queremos ir. E depois o Estado é violentamente forte. É preciso ir ao Estado para tudo. Isto gera ineficiência, atrasos, e uma coisa horrível que é a corrupção - estamos sempre dependentes de alguém para resolver os nossos problemas, que são urgentes, e a solução é comprar as pessoas. E isso existe a todos os níveis, portanto a base de toda uma sociedade está a ser corroída.
Vejo que está pessimista…
Eu dou-lhe um exemplo. Estão-se agora a queixar - e vão se queixar ainda mais - do encerramento das confecções devido à mão-de-obra barata. Ora, há 19 anos que se sabia que isto ia acontecer e ninguém fez nada, a não ser queixar-se. Outro exemplo a que está a ser prestada muito pouca atenção e que é das coisas que mais me preocupa é que a única coisa que protege um cidadão é a Lei, e em Portugal, a primeira coisa que se diz quando sai uma lei é que não é para cumprir. Vejam o famoso Artº 35º do Código das Sociedades Comerciais. Acabou por ser suspenso. Ninguém quer enfrentar as situações.
Como é que isto se resolve?
Para mim, de uma única forma: Através de um Pacto de Regime. Não entre partidos. Espero não voltarmos a essa história dos blocos centrais, pois é apenas mais do mesmo. Estou a falar de um acordo entre empresários, sindicatos, elites, professores universitários, governo e partidos políticos, que defina exactamente para onde é que nós vamos, no contexto da realidade que o País tem de enfrentar. Vivemos num mundo aberto. Não adianta dizer-se que se gosta ou não da globalização, pois ela está aí. A Europa alargada está aí e hoje leva-nos investimentos para lá. Temos de analisar a realidade e ter determinação. Demorasse o tempo que demorasse, devia ser feito um acordo de regime, um pacto, mas com sanções. Não é para depois não ser cumprido.
Como é que funcionariam essas sanções?
Não sei, mas teriam de ser sanções muito rigorosas para quem não cumprir a sua parte. Um partido político ou uma confederação da indústria, no limite, poderiam ser suspensos.
Como se escolheriam os representantes de cada uma das forças da sociedade?
As pessoas têm de se sentar à mesa. Teria que haver um trabalho preparatório muito grande. Os empresários, que é o meu caso, teriam de se reunir e dizer quem é que os vai representar, mas em nome de um trabalho que teria de ser feito. Parece utópico mas não é.
É preciso que alguém tome a iniciativa…
O senhor Presidente da República.
Tem de ser ele a tomar a iniciativa?
Deveria. Eu já lhe disse isso a ele. Ele não ligou nenhuma... Isto é trabalho eventualmente inglório, se não se chegar a um acordo, porque se corre o risco de não se chegar a parte nenhuma. Mas vale a pena correr o risco, porque é o País onde nós estamos, é o País que nós amamos, é o País onde nós vivemos e é o País onde nós queremos que os nossos descendentes também fiquem, senão vão viver para onde?
Acha que existe o risco de entrarmos num período em que haja uma fuga ainda maior para o exterior por ninguém acreditar que isto pode melhorar?
Veja o caso da Jerónimo Martins. Eu não tenho licenças para abrir uma única loja há anos. E a nova lei deixou tudo rigorosamente na mesma. Deram-me meia dúzia de licenças agora, o que significa que em Portugal não temos crescimento e ao não ter crescimento não gero emprego. Na Polónia, passa-se exactamente o contrário, estamos a meter gente por todo o lado. Aliás, eu estou a mandar polacos para Portugal para se formarem na cultura Jerónimo Martins, para depois voltarem para a Polónia e ficarem eles à frente das empresas do grupo.
Quais são os maiores obstáculos ao investimento em Portugal?
Quando analisamos investimentos encontramos sempre a Lei Fiscal e a Lei do Trabalho. Estamos permanentemente a mudar a lei e não sabemos qual é a legislação fiscal que se aplica em Portugal, porque o princípio da não retroactividade da lei não se aplica. Depois, a legislação laboral em Portugal não dá o direito ao trabalho, dá direito ao emprego. As pessoas devem ter o direito ao trabalho, mas no emprego, se não forem boas, não têm o direito de prejudicar uma empresa. Isto não quer dizer que seja a favor dos despedimentos selvagens. Não é isso. O que não podem é ser apenas três ou quatro as condições de despedimento que existem em Portugal. A lei tem que ter força suficiente para que as pessoas realizem que têm que trabalhar. E se não trabalharem, têm de ser punidos. Não podemos é continuar no deixa andar. Isto não pode ser. Tem que acabar.
Esse Pacto de que fala pressupõe uma mobilização…
É uma mobilização da sociedade face aos objectivos a atingir. É por isso que eu acredito muito no Pacto. É mobilizarmos e depois, feito um acordo, é dirigirem-se à Nação e dizer, “meus caros amigos, vamos todos fazer isto”. O que não se pode ir é para a conversa habitual de que é preciso manter os postos de trabalho. Ainda esta semana vi no jornal uma notícia de que tinham sido eliminados 250 postos de trabalho na Auto Europa. Se isso for preciso para manter a fábrica, muito bem. O que não podemos é manter uma fábrica com custos unitários altíssimos que justifique aos alemães levarem-na para o Leste.
O País tem capacidade para fazer essa mudança?
O País tem coisas boas e desenvolveu-se. Mas de 1995 para cá, um conjunto de factores - particularmente os maus Governos - entrou em queda. Ora, tem que se por um termo a isto. Mas para isso é preciso um Presidente enérgico que vá a Assembleia e passados seis meses, se verificar que a Assembleia não fez nada, tenha a coragem de lá ir dizer, “meus senhores, eu avisei-vos disto, disto e disto e os senhores não estão a fazer o vosso trabalho”.
O que é que se pode mudar?
Tem que se transformar a sociedade portuguesa. Em primeiro lugar, numa sociedade que tenha liberdade de expressão, que não tem. Quando às vezes me pedem uma entrevista os meus colegas dizem-me: “não faça isso senão não temos licenças”. O que eu disse no Conselho de Administração da semana passada foi que eu prefiro perder uma licença e lutar pelo meu País, porque se eu não tiver País não tenho empresa.
Chegou então a altura de dizer “basta”?
Chegou a altura de dizer claramente basta. Basta, basta, basta! Veja por exemplo, o caso da destituição deste Governo. Que o Governo não tinha orientação, não tinha. Não é preciso estar lá dentro para perceber que no topo não havia ninguém a gerir. Mas isso não dá a um Presidente o direito de dizer, “eu não gosto deste Governo por isso ponho-o na rua.” O Dr. Jorge Sampaio fez um golpe de Estado. Não consultou o Conselho de Estado, não consultou os partidos. Tomou a decisão e depois disse que ia falar com os outros. Isto não se faz. Quem elege o Governo é o Povo e somos nós, votantes, que temos o direito, graças a Deus, de nas próximas eleições dizer, “não gostei, vai-te embora para casa e venha outro”. Não pode ser o Presidente da República sem depois explicar os motivos. Que o Governo não tinha orientação no topo, todos nós sabemos. Mas ele próprio se afundaria.
O que é que espera das próximas eleições?
Eu gostava de saber se não sair uma maioria para ninguém, como é que vai ser. Já viu o que é estar ano parado num País que precisa de orientação e de estratégia? Entretanto os outros vão avançando. Particularmente aqueles que são os nossos grandes concorrentes, como os países de Leste.
Seria mais fácil mudar o sistema que temos?
Já provamos várias vezes em tempos de crise que quando temos alguém que dê o exemplo, o País vai atrás. Foi o que aconteceu nos primeiros Governos do Professor Cavaco Silva. Isto é como nas empresas. Se você tem uma administração que dá o exemplo, as pessoas acompanham, pois querem melhorar a sua qualidade de vida. Se vêem que a companhia está a andar, também acompanham. O que é absolutamente necessário é passar uma mensagem em que o País acredite.
Acha que o Engº José Sócrates poderá fazer melhor que o Dr. Santana Lopes?
Ele ainda não apresentou nada ao País. Vai fazer um programa de Governo. Mas é preciso fazer um programa de Governo para expor as ideias? Então ele ainda não as tem? Então é só o Dr. Vitorino que vai ter essas ideias e depois vai por num papel e distribuir? Não é isso que precisamos.
Que conselhos daria ao próximo Primeiro-ministro de Portugal, qualquer que ele seja?
Pouco fogo-de-artifício, muito trabalho e a constituição de uma Senhora Equipa. Hoje há muito fogo-de-artifício. Estão sempre a prometer. Prometem-se comboios não sei para aonde, aeroportos. Repare a história do TGV, quando ainda não conseguimos fazer Lisboa-Porto em duas horas. Há quantos anos andam a mudar a Linha do Norte?
Sendo tão crítico das elites que temos, acha que elas serão capazes de construir esse tal Pacto de Regime?
Neste País existem pessoas capazes de o fazer. O Professor Cavaco Silva, Ernâni Lopes, António Borges, o próprio Dr. António Vitorino, são pessoas que sentadas a uma mesa podem perfeitamente contribuir.
Essas pessoas têm mostrado alguma reticência em assumir cargos públicos…
Porque estão cansados dos partidos. O Professor Cavaco Silva cansou-se do PSD. Como o senhor Dr. António Vitorino cansou-se do PS. Mas nós temos sobretudo que chamar os novos. Não é ir buscar o Dr. Mário Soares. Até o Professor Cavaco Silva já tem mais de 60 anos. Temos que ir buscar a geração dos 40 anos.
Mas essa é precisamente a geração que está hoje em dia no governo.
Mas aqueles que não estão. Há muitos que não estão e que temos que ir buscar. Os que lá estão, seja no PSD, seja no PS, já mostraram claramente que falharam. Os bons políticos deste País afastaram-se todos.
O Governador do Banco de Portugal tem defendido que, apesar da necessidade de consolidação das Finanças Públicas, seria muito difícil passar mais um ano sem aumentar a Função Pública. Concorda com esta ideia?
O problema não é de concordar ou não, é que não há opção à consolidação das Finanças Públicas. O problema das Finanças Públicas é como o problema de uma empresa que está endividada e que está a gastar mais do que aquilo que recebe. Com balanços fracos, as empresas não podem existir e o problema do Estado é exactamente o mesmo.
Como é que isso se resolve?
Com uma política de crescimento, porque o País se mobiliza e atrai investimento, e esses que estão a mais na Função Pública podem perfeitamente procurar emprego noutros sítios.
Gostava de ver o Professor Cavaco Silva como Presidente da República? Acha que teria o perfil para conseguir lançar este Pacto de Regime?
Eu gostava imenso. Acho mesmo que é o único candidato que se apresenta neste momento com o perfil exacto para ser Presidente da República. Dava o exemplo. Acho que sim. E seria certamente uma das pessoas mais bem colocadas, porque teria, pelo respeito que infunde nas pessoas, a possibilidade de convidar pessoas de categoria para trabalharem com ele nas diversas áreas políticas.
E quanto à possibilidade do Professor António Borges para liderar a renovação do Partido Social Democrata?
Não acredito que o Professor António Borges esteja disposto a meter-se activamente na política dentro do actual PSD. Tenho muita pena de ver o PSD e o PS no estado em que estão, sem elites, sempre as mesmas pessoas, porque são dois partidos que são fundamentais na sociedade portuguesa.
Como avalia o Orçamento do Estado para 2005?
Morreu. Nunca deveria ter sido aprovado.
O que lhe parecem as alterações, como por exemplo no sigilo bancário…
Eu acho muito bem que se acabe com o sigilo bancário. Mas isto tem de ser feito com regras claras, porque o fim do sigilo bancário pode dar numa fuga de capitais, se é que não deu já. Estas coisas têm que ser muito bem pensadas. A minha experiência diz-me que todos nós colaboramos desde o momento que se sinta que há um objectivo a atingir...
… para além da arrecadação de receitas fiscais…
São altíssimas as taxas que se pagam em Portugal, por isso as pessoas automaticamente desviam-se. As pessoas não são tontas, e não se admite que uma grande percentagem, mesmo dos rendimentos mais baixos, seja retirada de circulação, até porque não se recebe nada de volta. As pessoas aceitam pagar impostos desde que o Estado devolva em boas escolas, bons hospitais, etc. O que acontece é que em Portugal o Estado serve para alimentar uma série de pessoas que não fazem nada. O Estado retira todos os anos 50% da riqueza criada, que depois desbarata. Isto leva as pessoas a pensar, “mas porque carga de água é que eu devo pagar impostos?”
E o princípio do utilizador pagador?
Repare, a compra do seu carro já tem incluído um imposto para as estradas, a compra da gasolina também, e agora vêm com a teoria do utilizador-pagador? Não pode ser. Tem que haver um critério muito claro. Eu pago impostos para construir estradas para no dia seguinte me dizerem que se quero andar na estrada tenho que pagar? Então vamos arranjar um sistema, que até pode ser o do utilizador pagador. Então retirem-no da gasolina e do preço do carro. É tudo isto que tem de ser discutido. E as elites universitárias, que não abrem a boca neste País, têm de passar também a falar. E vêem-se afirmações de senhores reitores, por exemplo no caso das propinas, que são incapazes de realizar a responsabilidade que têm nos ombros e querem é vidinha calma. Se o estudante anda na pândega e não quer estudar, porque é que não há de pagar?
IPO na Polónia a decidir no segundo semestre
Nota alguma recuperação da economia no grupo?
Um pouco no terceiro trimestre, mas Novembro já foi mau. Na Polónia está a correr melhor, estamos a crescer 14% like for like.
Há uma grande diferença entre a Polónia e Portugal, ou partilhamos os mesmos males?
Vou à Polónia de três em três meses, e quanto mais lá vou, mais entusiasmado fico, porque o país está sempre melhor do que na última vez que lá fui. Na própria empresa, discutem-se ideias que são imediatamente “compradas” e testadas. Eu abrir, como para o ano, 80 e tal lojas, depois de este ano ter aberto cerca de 50, é extraordinário. Isto motiva-nos, e os planos para a Polónia surgem em catadupa. Já estamos a pensar até em indústria. Em Portugal demora-se dois anos para abrir uma padaria.
Têm planos para a indústria na Polónia?
Estão a ser debatidos. Vemos estes crescimentos e começamos a pensar: é para aqui que eu venho, é aqui o centro das actividades, a companhia é enorme, maior, de longe, do que em Portugal, e aí começamos a pensar, “porque não”?
A dimensão das operações na Polónia não justifica que as acções da Biedronka sejam cotadas?
Não digo que sim nem que não. O tema tem sido debatido. Há aqueles que dizem que a cotada deve ser a holding. É um assunto que certamente na segunda metade de 2005 vai ser discutido.
Que factores irão determinar se há IPO ou não?
Estamos a fazer uma coisa que neste grupo é muito comum: definir uma visão para os próximos 10 anos. Saímos de um período menos bom, estamos na altura de começar a desenhar uma visão. Não podemos esquecer que a empresa é dominada por uma família que quer permanecer como accionista maioritário, por isso temos que ver se há balanço para tudo e não repetir o erro de termos ido para o Brasil antes da Polónia estar consolidada.
A Polónia chega para as vossas ambições de crescimento?
Temos vários projectos para a Polónia que vão começar a ser testados em 2005. Os planos da indústria começaram agora a mexer. Com certeza vão estar no plano estratégico que estamos a fazer.
E a indústria em Portugal? Compraram a Best-Foods…
Que indústria? Comprámos a Best-Foods que era forçoso integrar do ponto de vista estratégico, porque o nosso parceiro, Unilever, é obrigado por contrato a oferecer-nos tudo o que compra lá fora que tenha actividades em Portugal. Se dissesse que não queria a Best Foods abria um precedente e corria o risco da próxima compra internacional da Unilever não me ser oferecida. Portanto integrei-a - aliás é uma Senhora companhia. O problema que se põe é o seguinte: aquilo que a Unilever venha a comprar lá fora tem fábricas em Portugal? Não sei. O que acontece é que nos estamos a transformar cada vez mais numa empresa comercial. E as fábricas ainda existem em Portugal porque no contrato com a Jerónimo Martins, quem tem a última palavra somos nós.
A indústria é uma paixão?
A indústria tem mais pensamento de médio e longo prazo. A distribuição é mais no dia-a-dia. Quando avançámos para a distribuição, fizemo-lo com gente que vinha da indústria. Depois veio a nova geração e entramos muito na gestão do dia-a-dia. E eu gostava de voltar ao pensamento de médio prazo.
Há planos para outros mercados no Leste?
Haver há. Se vamos concentrar na Polónia, ali à volta há uma série de países simpáticos, mas são pequeninos. O país onde eu gostava de entrar era a Ucrânia. Mas temos tempo. Temos ainda muita coisa para fazer na Polónia. As oportunidades de negócio são brutais. E estamos na fase em que já aprendemos, já conhecemos os cantos à casa, portanto vamos avançar antes que os outros tenham as mesmas ideias.
“O que o Dr. Jorge Sampaio fez foi um golpe de Estado”
Numa das suas raras entrevistas, Soares dos Santos desabafa. Afirma que chegou a altura de “lutar pelo meu País”, de dizer “basta” e de parar com o “fogo de artifício”. Um País onde, desde a saída de Cavaco Silva, predominam os maus governos e os maus parlamentos. Vê como única saída um acordo de regime alargado, proposta que apresentou a Jorge Sampaio e foi ignorada. Acusa o presidente da República de golpe de Estado, mas admite que este Governo estava sem orientação. Diz que José Sócrates ainda não apresentou nada ao País. Quer Cavaco Silva na presidência e afirma ter “pena de ver o PSD e o PS no estado em que estão.”
23-12-2004, João Vieira Pereira e Pedro Marques Pereira
Que retrato faz do momento actual que o País atravessa?
Em Portugal existe muito pouca consciência cívica e muito pouca organização da sociedade civil e como resultado temos uma tendência para aceitar tudo como uma fatalidade. Somos maltratados, numa loja, num hospital ou num supermercado, e não reclamamos. E com isto, o País tem vido a cair por uma sucessão de factos políticos que têm vido a agravar-se. Desde a saída do Professor Cavaco Silva, não temos tido bons governos, como não temos tido bons parlamentos. Não temos tido políticos que tenham a noção exacta da realidade do País e dos desafios a que tem que fazer face.
Isso é um problema geracional?
Acho que é o preço que se paga pelo facto da Democracia em Portugal ser uma coisa muito nova, e em que há cada vez mais o alheamento das boas elites, que não querem estar na ribalta, não querem ver a sua vida privada devassada, não querem ser enxovalhadas. Há todo um conjunto de factores que têm vindo a contribuir para que as elites se retirem. E as elites em Portugal, como consequência do 25 de Abril, hoje não são muitas. Muita gente que saiu do País levou filhos novos, e por isso há um “gap” de gerações em Portugal. A geração dos 50 anos não existe. Ou são muito novos, ou são da minha geração, a dos 70, e isso tem consequências muito graves. Mas principalmente, os partidos políticos, que eram constituídos por tipos que, concorde-se ou não com eles, eram pessoas de grande valor - como Mário Soares, Sá Carneiro, Cavaco Silva e tantos outros - foram tomados de assalto por gerações que procuram apenas a carreira, o “carreirismo”, e estão alheados da situação do País e dos desafios que o País tem de enfrentar.
Os empresários não poderiam ocupar esse vazio?
Os empresários recusam-se a reorganizar-se. A CIP, e todas as outras associações ou confederações, não representam rigorosamente ninguém e cada um tenta defender apenas os sues interesses particulares. Então não há uma voz forte por parte dos empresários, porque também não têm planos para essas confederações. Não há uma voz forte da sociedade civil que comece a dar os primeiros passos e o resultado é que as coisas vão piorando cada vez mais. Qualquer que seja o campo, é um País sem objectivos, sem uma estratégia. Ninguém sabe para onde é que nós queremos ir. E depois o Estado é violentamente forte. É preciso ir ao Estado para tudo. Isto gera ineficiência, atrasos, e uma coisa horrível que é a corrupção - estamos sempre dependentes de alguém para resolver os nossos problemas, que são urgentes, e a solução é comprar as pessoas. E isso existe a todos os níveis, portanto a base de toda uma sociedade está a ser corroída.
Vejo que está pessimista…
Eu dou-lhe um exemplo. Estão-se agora a queixar - e vão se queixar ainda mais - do encerramento das confecções devido à mão-de-obra barata. Ora, há 19 anos que se sabia que isto ia acontecer e ninguém fez nada, a não ser queixar-se. Outro exemplo a que está a ser prestada muito pouca atenção e que é das coisas que mais me preocupa é que a única coisa que protege um cidadão é a Lei, e em Portugal, a primeira coisa que se diz quando sai uma lei é que não é para cumprir. Vejam o famoso Artº 35º do Código das Sociedades Comerciais. Acabou por ser suspenso. Ninguém quer enfrentar as situações.
Como é que isto se resolve?
Para mim, de uma única forma: Através de um Pacto de Regime. Não entre partidos. Espero não voltarmos a essa história dos blocos centrais, pois é apenas mais do mesmo. Estou a falar de um acordo entre empresários, sindicatos, elites, professores universitários, governo e partidos políticos, que defina exactamente para onde é que nós vamos, no contexto da realidade que o País tem de enfrentar. Vivemos num mundo aberto. Não adianta dizer-se que se gosta ou não da globalização, pois ela está aí. A Europa alargada está aí e hoje leva-nos investimentos para lá. Temos de analisar a realidade e ter determinação. Demorasse o tempo que demorasse, devia ser feito um acordo de regime, um pacto, mas com sanções. Não é para depois não ser cumprido.
Como é que funcionariam essas sanções?
Não sei, mas teriam de ser sanções muito rigorosas para quem não cumprir a sua parte. Um partido político ou uma confederação da indústria, no limite, poderiam ser suspensos.
Como se escolheriam os representantes de cada uma das forças da sociedade?
As pessoas têm de se sentar à mesa. Teria que haver um trabalho preparatório muito grande. Os empresários, que é o meu caso, teriam de se reunir e dizer quem é que os vai representar, mas em nome de um trabalho que teria de ser feito. Parece utópico mas não é.
É preciso que alguém tome a iniciativa…
O senhor Presidente da República.
Tem de ser ele a tomar a iniciativa?
Deveria. Eu já lhe disse isso a ele. Ele não ligou nenhuma... Isto é trabalho eventualmente inglório, se não se chegar a um acordo, porque se corre o risco de não se chegar a parte nenhuma. Mas vale a pena correr o risco, porque é o País onde nós estamos, é o País que nós amamos, é o País onde nós vivemos e é o País onde nós queremos que os nossos descendentes também fiquem, senão vão viver para onde?
Acha que existe o risco de entrarmos num período em que haja uma fuga ainda maior para o exterior por ninguém acreditar que isto pode melhorar?
Veja o caso da Jerónimo Martins. Eu não tenho licenças para abrir uma única loja há anos. E a nova lei deixou tudo rigorosamente na mesma. Deram-me meia dúzia de licenças agora, o que significa que em Portugal não temos crescimento e ao não ter crescimento não gero emprego. Na Polónia, passa-se exactamente o contrário, estamos a meter gente por todo o lado. Aliás, eu estou a mandar polacos para Portugal para se formarem na cultura Jerónimo Martins, para depois voltarem para a Polónia e ficarem eles à frente das empresas do grupo.
Quais são os maiores obstáculos ao investimento em Portugal?
Quando analisamos investimentos encontramos sempre a Lei Fiscal e a Lei do Trabalho. Estamos permanentemente a mudar a lei e não sabemos qual é a legislação fiscal que se aplica em Portugal, porque o princípio da não retroactividade da lei não se aplica. Depois, a legislação laboral em Portugal não dá o direito ao trabalho, dá direito ao emprego. As pessoas devem ter o direito ao trabalho, mas no emprego, se não forem boas, não têm o direito de prejudicar uma empresa. Isto não quer dizer que seja a favor dos despedimentos selvagens. Não é isso. O que não podem é ser apenas três ou quatro as condições de despedimento que existem em Portugal. A lei tem que ter força suficiente para que as pessoas realizem que têm que trabalhar. E se não trabalharem, têm de ser punidos. Não podemos é continuar no deixa andar. Isto não pode ser. Tem que acabar.
Esse Pacto de que fala pressupõe uma mobilização…
É uma mobilização da sociedade face aos objectivos a atingir. É por isso que eu acredito muito no Pacto. É mobilizarmos e depois, feito um acordo, é dirigirem-se à Nação e dizer, “meus caros amigos, vamos todos fazer isto”. O que não se pode ir é para a conversa habitual de que é preciso manter os postos de trabalho. Ainda esta semana vi no jornal uma notícia de que tinham sido eliminados 250 postos de trabalho na Auto Europa. Se isso for preciso para manter a fábrica, muito bem. O que não podemos é manter uma fábrica com custos unitários altíssimos que justifique aos alemães levarem-na para o Leste.
O País tem capacidade para fazer essa mudança?
O País tem coisas boas e desenvolveu-se. Mas de 1995 para cá, um conjunto de factores - particularmente os maus Governos - entrou em queda. Ora, tem que se por um termo a isto. Mas para isso é preciso um Presidente enérgico que vá a Assembleia e passados seis meses, se verificar que a Assembleia não fez nada, tenha a coragem de lá ir dizer, “meus senhores, eu avisei-vos disto, disto e disto e os senhores não estão a fazer o vosso trabalho”.
O que é que se pode mudar?
Tem que se transformar a sociedade portuguesa. Em primeiro lugar, numa sociedade que tenha liberdade de expressão, que não tem. Quando às vezes me pedem uma entrevista os meus colegas dizem-me: “não faça isso senão não temos licenças”. O que eu disse no Conselho de Administração da semana passada foi que eu prefiro perder uma licença e lutar pelo meu País, porque se eu não tiver País não tenho empresa.
Chegou então a altura de dizer “basta”?
Chegou a altura de dizer claramente basta. Basta, basta, basta! Veja por exemplo, o caso da destituição deste Governo. Que o Governo não tinha orientação, não tinha. Não é preciso estar lá dentro para perceber que no topo não havia ninguém a gerir. Mas isso não dá a um Presidente o direito de dizer, “eu não gosto deste Governo por isso ponho-o na rua.” O Dr. Jorge Sampaio fez um golpe de Estado. Não consultou o Conselho de Estado, não consultou os partidos. Tomou a decisão e depois disse que ia falar com os outros. Isto não se faz. Quem elege o Governo é o Povo e somos nós, votantes, que temos o direito, graças a Deus, de nas próximas eleições dizer, “não gostei, vai-te embora para casa e venha outro”. Não pode ser o Presidente da República sem depois explicar os motivos. Que o Governo não tinha orientação no topo, todos nós sabemos. Mas ele próprio se afundaria.
O que é que espera das próximas eleições?
Eu gostava de saber se não sair uma maioria para ninguém, como é que vai ser. Já viu o que é estar ano parado num País que precisa de orientação e de estratégia? Entretanto os outros vão avançando. Particularmente aqueles que são os nossos grandes concorrentes, como os países de Leste.
Seria mais fácil mudar o sistema que temos?
Já provamos várias vezes em tempos de crise que quando temos alguém que dê o exemplo, o País vai atrás. Foi o que aconteceu nos primeiros Governos do Professor Cavaco Silva. Isto é como nas empresas. Se você tem uma administração que dá o exemplo, as pessoas acompanham, pois querem melhorar a sua qualidade de vida. Se vêem que a companhia está a andar, também acompanham. O que é absolutamente necessário é passar uma mensagem em que o País acredite.
Acha que o Engº José Sócrates poderá fazer melhor que o Dr. Santana Lopes?
Ele ainda não apresentou nada ao País. Vai fazer um programa de Governo. Mas é preciso fazer um programa de Governo para expor as ideias? Então ele ainda não as tem? Então é só o Dr. Vitorino que vai ter essas ideias e depois vai por num papel e distribuir? Não é isso que precisamos.
Que conselhos daria ao próximo Primeiro-ministro de Portugal, qualquer que ele seja?
Pouco fogo-de-artifício, muito trabalho e a constituição de uma Senhora Equipa. Hoje há muito fogo-de-artifício. Estão sempre a prometer. Prometem-se comboios não sei para aonde, aeroportos. Repare a história do TGV, quando ainda não conseguimos fazer Lisboa-Porto em duas horas. Há quantos anos andam a mudar a Linha do Norte?
Sendo tão crítico das elites que temos, acha que elas serão capazes de construir esse tal Pacto de Regime?
Neste País existem pessoas capazes de o fazer. O Professor Cavaco Silva, Ernâni Lopes, António Borges, o próprio Dr. António Vitorino, são pessoas que sentadas a uma mesa podem perfeitamente contribuir.
Essas pessoas têm mostrado alguma reticência em assumir cargos públicos…
Porque estão cansados dos partidos. O Professor Cavaco Silva cansou-se do PSD. Como o senhor Dr. António Vitorino cansou-se do PS. Mas nós temos sobretudo que chamar os novos. Não é ir buscar o Dr. Mário Soares. Até o Professor Cavaco Silva já tem mais de 60 anos. Temos que ir buscar a geração dos 40 anos.
Mas essa é precisamente a geração que está hoje em dia no governo.
Mas aqueles que não estão. Há muitos que não estão e que temos que ir buscar. Os que lá estão, seja no PSD, seja no PS, já mostraram claramente que falharam. Os bons políticos deste País afastaram-se todos.
O Governador do Banco de Portugal tem defendido que, apesar da necessidade de consolidação das Finanças Públicas, seria muito difícil passar mais um ano sem aumentar a Função Pública. Concorda com esta ideia?
O problema não é de concordar ou não, é que não há opção à consolidação das Finanças Públicas. O problema das Finanças Públicas é como o problema de uma empresa que está endividada e que está a gastar mais do que aquilo que recebe. Com balanços fracos, as empresas não podem existir e o problema do Estado é exactamente o mesmo.
Como é que isso se resolve?
Com uma política de crescimento, porque o País se mobiliza e atrai investimento, e esses que estão a mais na Função Pública podem perfeitamente procurar emprego noutros sítios.
Gostava de ver o Professor Cavaco Silva como Presidente da República? Acha que teria o perfil para conseguir lançar este Pacto de Regime?
Eu gostava imenso. Acho mesmo que é o único candidato que se apresenta neste momento com o perfil exacto para ser Presidente da República. Dava o exemplo. Acho que sim. E seria certamente uma das pessoas mais bem colocadas, porque teria, pelo respeito que infunde nas pessoas, a possibilidade de convidar pessoas de categoria para trabalharem com ele nas diversas áreas políticas.
E quanto à possibilidade do Professor António Borges para liderar a renovação do Partido Social Democrata?
Não acredito que o Professor António Borges esteja disposto a meter-se activamente na política dentro do actual PSD. Tenho muita pena de ver o PSD e o PS no estado em que estão, sem elites, sempre as mesmas pessoas, porque são dois partidos que são fundamentais na sociedade portuguesa.
Como avalia o Orçamento do Estado para 2005?
Morreu. Nunca deveria ter sido aprovado.
O que lhe parecem as alterações, como por exemplo no sigilo bancário…
Eu acho muito bem que se acabe com o sigilo bancário. Mas isto tem de ser feito com regras claras, porque o fim do sigilo bancário pode dar numa fuga de capitais, se é que não deu já. Estas coisas têm que ser muito bem pensadas. A minha experiência diz-me que todos nós colaboramos desde o momento que se sinta que há um objectivo a atingir...
… para além da arrecadação de receitas fiscais…
São altíssimas as taxas que se pagam em Portugal, por isso as pessoas automaticamente desviam-se. As pessoas não são tontas, e não se admite que uma grande percentagem, mesmo dos rendimentos mais baixos, seja retirada de circulação, até porque não se recebe nada de volta. As pessoas aceitam pagar impostos desde que o Estado devolva em boas escolas, bons hospitais, etc. O que acontece é que em Portugal o Estado serve para alimentar uma série de pessoas que não fazem nada. O Estado retira todos os anos 50% da riqueza criada, que depois desbarata. Isto leva as pessoas a pensar, “mas porque carga de água é que eu devo pagar impostos?”
E o princípio do utilizador pagador?
Repare, a compra do seu carro já tem incluído um imposto para as estradas, a compra da gasolina também, e agora vêm com a teoria do utilizador-pagador? Não pode ser. Tem que haver um critério muito claro. Eu pago impostos para construir estradas para no dia seguinte me dizerem que se quero andar na estrada tenho que pagar? Então vamos arranjar um sistema, que até pode ser o do utilizador pagador. Então retirem-no da gasolina e do preço do carro. É tudo isto que tem de ser discutido. E as elites universitárias, que não abrem a boca neste País, têm de passar também a falar. E vêem-se afirmações de senhores reitores, por exemplo no caso das propinas, que são incapazes de realizar a responsabilidade que têm nos ombros e querem é vidinha calma. Se o estudante anda na pândega e não quer estudar, porque é que não há de pagar?
IPO na Polónia a decidir no segundo semestre
Nota alguma recuperação da economia no grupo?
Um pouco no terceiro trimestre, mas Novembro já foi mau. Na Polónia está a correr melhor, estamos a crescer 14% like for like.
Há uma grande diferença entre a Polónia e Portugal, ou partilhamos os mesmos males?
Vou à Polónia de três em três meses, e quanto mais lá vou, mais entusiasmado fico, porque o país está sempre melhor do que na última vez que lá fui. Na própria empresa, discutem-se ideias que são imediatamente “compradas” e testadas. Eu abrir, como para o ano, 80 e tal lojas, depois de este ano ter aberto cerca de 50, é extraordinário. Isto motiva-nos, e os planos para a Polónia surgem em catadupa. Já estamos a pensar até em indústria. Em Portugal demora-se dois anos para abrir uma padaria.
Têm planos para a indústria na Polónia?
Estão a ser debatidos. Vemos estes crescimentos e começamos a pensar: é para aqui que eu venho, é aqui o centro das actividades, a companhia é enorme, maior, de longe, do que em Portugal, e aí começamos a pensar, “porque não”?
A dimensão das operações na Polónia não justifica que as acções da Biedronka sejam cotadas?
Não digo que sim nem que não. O tema tem sido debatido. Há aqueles que dizem que a cotada deve ser a holding. É um assunto que certamente na segunda metade de 2005 vai ser discutido.
Que factores irão determinar se há IPO ou não?
Estamos a fazer uma coisa que neste grupo é muito comum: definir uma visão para os próximos 10 anos. Saímos de um período menos bom, estamos na altura de começar a desenhar uma visão. Não podemos esquecer que a empresa é dominada por uma família que quer permanecer como accionista maioritário, por isso temos que ver se há balanço para tudo e não repetir o erro de termos ido para o Brasil antes da Polónia estar consolidada.
A Polónia chega para as vossas ambições de crescimento?
Temos vários projectos para a Polónia que vão começar a ser testados em 2005. Os planos da indústria começaram agora a mexer. Com certeza vão estar no plano estratégico que estamos a fazer.
E a indústria em Portugal? Compraram a Best-Foods…
Que indústria? Comprámos a Best-Foods que era forçoso integrar do ponto de vista estratégico, porque o nosso parceiro, Unilever, é obrigado por contrato a oferecer-nos tudo o que compra lá fora que tenha actividades em Portugal. Se dissesse que não queria a Best Foods abria um precedente e corria o risco da próxima compra internacional da Unilever não me ser oferecida. Portanto integrei-a - aliás é uma Senhora companhia. O problema que se põe é o seguinte: aquilo que a Unilever venha a comprar lá fora tem fábricas em Portugal? Não sei. O que acontece é que nos estamos a transformar cada vez mais numa empresa comercial. E as fábricas ainda existem em Portugal porque no contrato com a Jerónimo Martins, quem tem a última palavra somos nós.
A indústria é uma paixão?
A indústria tem mais pensamento de médio e longo prazo. A distribuição é mais no dia-a-dia. Quando avançámos para a distribuição, fizemo-lo com gente que vinha da indústria. Depois veio a nova geração e entramos muito na gestão do dia-a-dia. E eu gostava de voltar ao pensamento de médio prazo.
Há planos para outros mercados no Leste?
Haver há. Se vamos concentrar na Polónia, ali à volta há uma série de países simpáticos, mas são pequeninos. O país onde eu gostava de entrar era a Ucrânia. Mas temos tempo. Temos ainda muita coisa para fazer na Polónia. As oportunidades de negócio são brutais. E estamos na fase em que já aprendemos, já conhecemos os cantos à casa, portanto vamos avançar antes que os outros tenham as mesmas ideias.
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Ora boas tardes esses sim é de ter em conta o que eles pensam sobre o titulo em todo o caso mesmo que ela não ultrapasse os 10 Euros, afinal o Touro é que sabia
deve andar por estes dias muito muito proximo destes valores já que não se esqueçam que o BPP tem que mostrar resultados a quem lá tem as poupanças. Quando o BPP entrar em Bolsa em vez de ser a JMT a subir será o proprio banco
Não são eles que prometem a quem lá tem dinheiro aplicado duplicar o investimento todos os anos ???
Um abraço
Vasco
Um abraço
Vasco
Aqui no Caldeirão no Longo Prazo estamos todos ricos ... no longuissimo prazo os nossos filhos estarão ainda mais ricos ...
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Carlos Matadinho
JM - estou satisfeito
Entrei a 8.82 e já saí a 9.79, è muito provável que vença a barreira dos 10 € no curto prazo, mas para já estou mais voltado para o BPI.
Bons negócios.
Bons negócios.
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Col
Re
Anonymous Escreveu:jas,pelas tuas afirmações depreendo k uma entrada na jmt é um bom negócio!
Por acaso costumo meter sempre um P.S. indicando se detenho alguma posição no título em questão.
Como publico a minha Carteira acho que toda a gente sabe que detenho uma posição longa.
Anonymous Escreveu:kual é o teu target? (eu sei k n é fácil, e ainda mais difícil é assumir pubicamente uma posição sobre um valor!)
Eu não tenho qualquer problema em assumir posições públicas ou em emitir opiniões... já passei essa fase há muito tempo.
Pelos fundamentais diria "cima dos 10,40" mas os mercados costumam ampliar.
Uma subida aos 11,00 não me espantaria.
JAS
JMT
valves Escreveu:a questão não é se ela vai passar a barreira dos 10 Euros mas dentro de um Horizonte de curto prazo qual vai ser o dia em que ela vai passar.
Os 10 euros no curto prazo apenas têm o interesse psicológico de ela começar a dar mais nas vistas por a cotação passar a 2 dígitos.
Quanto ao prazo deve-se dizer que teremos divulgação de dados preliminares, sobre as vendas, logo nos primeiros dias de Janeiro.
E que, antes disso, haverá muitos analistas a darem previsões.
Portando o "quando" pode estar para breve...
Um abraço,
JAS
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