Outros sites Medialivre
Caldeirão da Bolsa

Factura Electrónica nos contratos públicos.

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Factura Electrónica nos contratos públicos.

por Private_Bathroom » 10/3/2021 13:26

O outro é um formato EDI (Electronic Data Interchange) em formato XML e que não legível por qualquer pessoa (sem conhecimentos pelo menos) mas sim por sistemas automáticos. Esta é o formato da Factura Electrónica que vai ser obrigatório para a administração publica.



Ok, então EDI... existem várias soluções grátis que não são automáticas mas que permitem fazer a emissão nesse formato.
por exemplo: https://www.moloni.pt/suporte/edi-como- ... m-ficheiro
 
Mensagens: 45
Registado: 29/10/2020 20:39

Re: Factura Electrónica nos contratos públicos.

por Masterchief » 9/3/2021 20:13

Pata-Hari Escreveu:e depois vem a UE a financiar o investimento...

Quando leio estas coisas só penso que ainda bem que não estou a pensar criar uma empresa. É um país dado a ser-se empresário, não é? tudo é motivador.


Um empresário em Portugal é visto pelo estado como um criminoso e pelos trabalhadores um explorador (também é verdade que há alguns "empresários" que não são dignos desse nome).

Não existe uma cultura de iniciativa própria para criação de empresas e o estado em vez de facilitar, regra geral atrapalha com "burrocracia" e impostos. Até há pouco tempo o sonho de consumo de muitos portugueses era serem funcionários públicos. E ainda é.

A maioria das pessoas não tem sequer noção da dificuldade que é ser empresário em Portugal. A maioria nem sabe sequer "ler" um recibo de vencimento. Não sabe os impostos que paga nem os que a empresa paga. A verdade é que também não quer saber. Não tem sequer noção do que é o "estado". Acham que fabrica dinheiro...
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 637
Registado: 29/11/2007 2:53
Localização: V.N.Gaia

Re: Factura Electrónica nos contratos públicos.

por Pata-Hari » 9/3/2021 15:54

e depois vem a UE a financiar o investimento...

Quando leio estas coisas só penso que ainda bem que não estou a pensar criar uma empresa. É um país dado a ser-se empresário, não é? tudo é motivador.
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

Re: Factura Electrónica nos contratos públicos.

por Masterchief » 9/3/2021 14:01

excentrico.com Escreveu:Governo a trabalhar nesta questão: https://www.autenticacao.gov.pt/servi%C ... icas-safe-


São 2 assuntos distintos.
Isso é um certificado para assinar facturas em PDF (que eles também chamam, erradamente, facturas electronicas).
Uma factura em PDF NÃO É UMA FACTURA ELECTRONICA.

São 2 formatos diferentes, um é um ficheiro em formato PDF, da Adobe, que pode ser aberto por qualquer leitor de ficheiros PDF e é basicamente um "print" de um documento em formato legível por qualquer pessoa.

O outro é um formato EDI (Electronic Data Interchange) em formato XML e que não legível por qualquer pessoa (sem conhecimentos pelo menos) mas sim por sistemas automáticos. Esta é o formato da Factura Electrónica que vai ser obrigatório para a administração publica.

Existe uma grande confusão entre os dois assuntos. No entanto é verdade que as facturas em PDF, para que tenham valor legal, terão que ser assinadas digital por um certificado emitido por uma entidade autorizada para o efeito.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 637
Registado: 29/11/2007 2:53
Localização: V.N.Gaia

Re: Factura Electrónica nos contratos públicos.

por excentrico.com » 9/3/2021 13:20

Governo a trabalhar nesta questão: https://www.autenticacao.gov.pt/servi%C ... icas-safe-
 
Mensagens: 18
Registado: 15/1/2021 23:51

Re: Factura Electrónica nos contratos públicos.

por Masterchief » 9/3/2021 11:23

excentrico.com Escreveu:Calma :)
É um negócio mas existe SEMPRE uma solução para não se pagar nada pois existe um standard e todos os receptores aceitam receber o documento EDI em XML de forma manual e para quem emite poucas faturas é a solução.


Ainda que assim seja a confusão lançada por esta questão é mais do que recorrente na legislação publicada pelos vários governos e pela falta de apoio no esclarecimento de duvidas.
E tenho a certeza que vai haver muitas entidades publicas a recusarem-se a receber as facturas via email e a obrigarem os fornecedores a aderir a soluções via brokers.
Além disso são custos que as camares e institutos poderiam evitar, ou pelo menos diminuir. Afinal quem paga é o dinheiro dos contribuintes.
O que vale é que somos um país rico em desperdício de recursos...
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 637
Registado: 29/11/2007 2:53
Localização: V.N.Gaia

Re: Factura Electrónica nos contratos públicos.

por excentrico.com » 8/3/2021 22:17

Calma :)
É um negócio mas existe SEMPRE uma solução para não se pagar nada pois existe um standard e todos os receptores aceitam receber o documento EDI em XML de forma manual e para quem emite poucas faturas é a solução.
 
Mensagens: 18
Registado: 15/1/2021 23:51

Re: Factura Electrónica nos contratos públicos.

por Masterchief » 5/3/2021 23:06

O valor de 1.9€ é o que a entidade emissora paga para poder comunicar a factura via broker. Mas a entidade que contratou o broker e que recebe as facturas também paga. Inicialmente falaram-me que para contratar o broker, e este "preparar" o sistema era cobrado um valor que não conheço. E depois pagam pelo volume de documentos recebidos.

Numa pesquisa rápida no sistema BASE encontrei alguns valores contratados
https://www.base.gov.pt/Base4/pt/pesquisa/?type=contratos&texto=factura+electr%C3%B3nica&tipo=0&tipocontrato=0&cpv=&aqinfo=&adjudicante=&adjudicataria=&sel_price=price_c1&desdeprecocontrato=&ateprecocontrato=&desdeprecoefectivo=&ateprecoefectivo=&sel_date=date_c1&desdedatacontrato=&atedatacontrato=&desdedatapublicacao=&atedatapublicacao=&desdeprazoexecucao=&ateprazoexecucao=&desdedatafecho=&atedatafecho=&pais=0&distrito=0&concelho=0

Não sei se são valores apenas de contratação mas parece-me que sim. Penso que depois ainda terão o pagamento conforme o volume de documentos comunicados ou recebidos.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 637
Registado: 29/11/2007 2:53
Localização: V.N.Gaia

Re: Factura Electrónica nos contratos públicos.

por Marco Martins » 5/3/2021 20:10

Por acaso trabalho numa empresa que presta esse serviço, mas não faço ideia dos valores que cobram.

Mas 1,9€ por factura não é mau!!! Ainda fica mais caro do que imprimir e enviar por correio :D

Mas o que dizes é verdade, não faz sentido o estado ir buscar fora aquilo que poderia fazer dentro de casa!!

Já o Belmiro de Azevedo constantemente dizia isso!! :)
 
Mensagens: 6450
Registado: 7/4/2007 17:13
Localização: Algarve

Factura Electrónica nos contratos públicos.

por Masterchief » 2/3/2021 20:28

Boa tarde a todos.

Resolvi abrir este tópico, talvez um pouco off-topic em relação ao fórum mas que considero informação relevante e que nunca é demais partilhar.

Em 2018 o governo veio, através do Decreto-Lei n.º 123/2018, definir o modelo de governação para a implementação da faturação eletrónica nos contratos públicos. Entretanto este veio a ser alterado, nomeadamente nos prazos, pelo Decreto-Lei n.º 14-A/2020.

No fundo esta legislação resulta de legislação europeia no sentido de adoptar a troca de facturas entre empresas e estado num formato standard (EDI) com algumas especificidades de país para pais mas baseados num formato já existente (UBL 2.1). Não vou perder tempo com especificações técnicas mas apenas dizer que isto representa um ficheiro em formato XML que contém basicamente a informação que uma factura impressa em papel tem mas em formato electrónico standard e que pode ser interpretado automaticamente por qualquer software (não é a mesma coisa que um PDF).
Com o objectivo de implementar toda esta "marmelada" ficou definido o seguinte:

1 - A Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública, I. P. (ESPAP, I. P.), é a entidade que coordena a implementação da faturação eletrónica para as entidades referidas nos n.os 1 e 2 e na parte final do n.º 4 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 111-B/2017, de 31 de agosto, na redação conferida pelo presente decreto-lei, competindo-lhe a emissão de requisitos técnicos e funcionais que suportam a referida implementação, em concretização do regime definido na portaria a que se refere o n.º 5 do artigo 299.º-B do Código dos Contratos Públicos, assim como desenvolver instrumentos de suporte à gestão da mudança para apoio às mencionadas entidades na implementação da faturação eletrónica.

2 - A ESPAP, I. P., fornece a solução para a receção e o processamento de faturas eletrónicas pelas entidades referidas nos n.os 1 e 2 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 111-B/2017, de 31 de agosto, na redação conferida pelo presente decreto-lei, atendendo às necessidades e especificidades de cada setor, caso existam, e garantindo o relacionamento e colaboração eletrónica com os cocontratantes, nas seguintes condições de adesão:

a) Integram o âmbito de entidades vinculadas à utilização obrigatória do sistema de faturação eletrónica fornecido pela ESPAP, I. P., os serviços da Administração direta do Estado e os institutos públicos;


Até aqui tudo bem. Agora vem o pior.
Este serviço implementado pela espap não é para todos. Ou seja, tirando "os serviços da Administração direta do Estado e os institutos públicos" todas as restantes entidades, tipo autarquias e outras, terão que contratar os serviços de entidades, designadas por "Brokers" que disponibilizarão o serviço mediante um determinado valor (porque ninguém trabalha de "borla").

Neste momento em Portugal já existe uma dúzia de brokers (crescem como os cogumelos), cada um com as suas especificações técnicas, e que já foram contratadas por várias autarquias (cada uma contrata quem quer e como quer) por valores que aparentemente rondam uns largos milhares de euros por ano.
Ora, estes brokers cobram pelo serviço ás entidades que vão receber os documentos e cobram ainda ás empresas que são obrigadas a enviar os documentos para essas entidades (recebem dos dois lados). O valor para as empresas é definido por "pacotes" de documentos (20,50,100,etc). Para dar um exemplo, um dos brokers cobra 19€ por mês para receber até 10 facturas por mês. O que dá um valor "simpático" de 1,9€ por Factura. Já começam a perceber porque surgiram tantos brokers (e ainda vão surgir mais).

Até aqui nada de anormal(?). "Bussiness as usual".

Agora, estes brokers não "conversam" entre si. Ou seja, eu tenho uma empresa e contrato os serviços de um destes brokers para enviar facturas aos meus clientes. Qualquer broker? Não! Tem que ser o broker que o meu cliente, a quem eu emito a factura, contratou para receber essas facturas. Já estão a ver onde isto vai dar? Não? Eu explico. Se os meus clientes resolverem contratar cada um, um broker diferente, a minha empresa também vai ter comprar "pacotes" a cada um desses brokers para poder comunicar as facturas aos clientes. Porque eles não trocam informação (documentos) entre eles! Fantásticos, não?

Mas para que o software possa comunicar com estes brokers as empresas têm que adquirir á empresa que desenvolve o software de facturação uma actualização ou um módulo de comunicação que permita enviar as facturas aos brokers. Mas não há um módulo, tem que haver vários módulos (ou um integrado) que comunique com TODOS os brokers "na praça". Porque os brokers não comunicam entre eles e cada broker tem uma interface de comunicação diferente!

E as empresas de software, que também vão ganhar o deles como é normal, também não têm o serviço facilitado porque vão ter que desenvolver vários módulos de comunicação de acordo com os vários brokers existentes. Porque cada um tem a sua interface!

No meio disto tudo eu já não sei o que é mais grave. Se o facto de o estado obrigar as empresas publicas, autarquias e outras, a gastar fortunas do erário publico quando tem uma solução desenvolvida pela espap que poderia ser usada por todos (entidades publicas) e dessa forma poupar uma "pipa de massa" ao erário publico, ou obrigar as empresas a gastar também elas uma "pipa de massa" que ainda será maior por causa da confusão de brokers que se irão estabelecer.

Sei que isto mostra, mais uma vez, a (des)organização e o desperdício de dinheiro publico que reina em Portugal. Além da confusão total provocada por esta desorganização.

PS: Tentar comunicar com a espap para obter informações é algo digno de um filme de terror.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 637
Registado: 29/11/2007 2:53
Localização: V.N.Gaia


Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: AAA_, HFCA, iniciado1, latbal, m-m, malakas, Masterchief, MR32, Musus, niceboy, nunorpsilva, OCTAMA, PMP69, Shimazaki_2 e 181 visitantes