Outros sites Medialivre
Caldeirão da Bolsa

Crise Grega

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Crise Grega

por RaposoTavares » 14/4/2015 19:55

April 13, 2015 5:29 pm
Greece prepares for debt default if talks with creditors fail
Kerin Hope and Tony Barber, Athens

Imagem


Greece is preparing to take the dramatic step of declaring a debt default unless it can reach a deal with its international creditors by the end of April, according to people briefed on the radical leftist government’s thinking.
The government, which is rapidly running out of funds to pay public sector salaries and state pensions, has decided to withhold €2.5bn of payments due to the International Monetary Fund in May and June if no agreement is struck, they said.

“We have come to the end of the road . . . If the Europeans won’t release bailout cash, there is no alternative [to a default],” one government official said.
A Greek default would represent an unprecedented shock to Europe’s 16-year-old monetary union only five years after Greece received the first of two EU-IMF bailouts that amounted to a combined €245bn.
The warning of an imminent default could be a negotiating tactic, reflecting the government’s aim of extracting the easiest possible conditions from Greece’s creditors, but it nevertheless underlined the reality of fast-emptying state coffers.
Default is a prospect for which other European governments, irritated at what they see as the unprofessional negotiating tactics and confrontational rhetoric of the Greek government, have also begun to make contingency plans.
In the short term, a default would almost certainly lead to the suspension of emergency European Central Bank liquidity assistance for the Greek financial sector, the closure of Greek banks, capital controls and wider economic instability.
Although it would not automatically force Greece to drop out of the eurozone, a default would make it much harder for Alexis Tsipras, prime minister, to keep his country in the 19-nation area, a goal that was part of the platform on which he and his leftist Syriza party won election in January.
Germany and Greece’s other eurozone partners say they are confident that the currency area is strong enough to ride out the consequences of a Greek default, but some officials acknowledge it would be a plunge into the unknown.
Greece’s finance ministry on Monday reaffirmed the government’s commitment to striking a deal with its creditors, saying: “We are continuing uninterruptedly the search for a mutually beneficial solution, in accordance with our electoral mandate.”
In this spirit, Greece resumed technical negotiations with its creditors in Athens and Brussels on Monday on the fiscal measures, budget targets and privatisations without which the lenders say they will not release funds needed to pay imminent debt instalments.
The government is trying to find cash to pay €2.4bn in pensions and civil service salaries this month.
It is due to repay €203m to the IMF on May 1 and €770m on May 12. Another €1.6bn is due in June.
The funding crisis has arisen partly because €7.2bn in bailout money due to have been disbursed to Greece last year has been held back, amid disagreements between Athens and its European and IMF creditors over politically sensitive structural economic reforms.
These included an overhaul of the pension system, including cuts in the payments received by Greek pensioners, and measures to permit mass dismissals by private sector employers.
Although debt reduction was a central theme of Syriza’s successful election campaign, the government changed tune after taking office and insisted that it would meet all its obligations to the IMF.
However, Yanis Varoufakis, finance minister, made clear last week that the government took the view that its top priority should be to meet its domestic commitments, including an obligation to continue paying pensions to citizens.

in http://www.ft.com/intl/cms/s/0/c5964f9c-e1ef-11e4-bb7f-00144feab7de.html?siteedition=uk#axzz3XJHcDKEI



Depois da notícia do FT de ontem ter sido prontamente desmentida, a verdade dos números:
athex.16abril.2015.JPG
Os índices gregos, hoje
athex.16abril.2015.JPG (44.4 KiB) Visualizado 4169 vezes


A queda da bolsa após o fim de semana (cheguei a acreditar que este fim de semana fosse aproveitado para que fossem tomadas medidas mais duras ou, pelo menos, mais significativas...)
http://www.ekathimerini.com/4dcgi/_w_articles_wsite2_1_14/04/2015_549062

Quanto aos desmentidos... o costume:
Imagem

http://www.theguardian.com/business/2015/apr/14/greece-confident-of-reaching-agreement-in-make-or-break-24-april-deadline

http://www.ekathimerini.com/4dcgi/_w_articles_wsite2_1_14/04/2015_549050

That's all, folks!


A queda vertiginosa da banca grega:
http://fr.advfn.com/bourses-mondiales/grece
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3525
Registado: 4/12/2013 19:13

Re: Crise Grega

por Ativo » 14/4/2015 18:46

No FMI já se fala, abertamente, da possível saída da Grécia da Zona Euro.

A Comissão Europeia já admite que o Eurogrupo não chegue a acordo com a Grécia, em 24/04/2015, em relação às reformas a realizar neste país (desse acordo depende a conclusão do programa grego de assistência financeira e de ajustamento macroeconómico e a entrega à Grécia da última tranche do empréstimo deste programa).
Caso tal suceda, a Comissão Europeia propõe, desde já, que as negociações do Eurogrupo com a Grécia, com vista à obtenção de um acordo relativamente às reformas a fazer na Grécia, se prolonguem até 11/05/2015, mas diz que será o Eurogrupo a decidir se essas negociações serão prolongadas.

Em Atenas,em "off", fala-se em possível "default" e em novas eleições, na Grécia, mas, oficialmente, tal é desmentido.

Assim, a crise grega, que na minha opinião chegou, hoje, aos mercados, vai, certamente, continuar nos próximos tempos a pressionar para baixo os mercados.

Ver notícia em: http://www.jornaldenegocios.pt/economia ... o_mes.html
Editado pela última vez por Ativo em 15/4/2015 11:16, num total de 1 vez.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3675
Registado: 24/1/2014 17:24

Re: Crise Grega

por Ativo » 14/4/2015 12:30

Ulisses Pereira Escreveu:ativo, só quando descem é que se diz que é por causa da Grécia. Se formos a ver o desempenho dos últimos meses, não parece que andem muito assustados... :)

Abraço,
Ulisses


Efetivamente, as Bolsas de Valores não andavam assustadas, dado que já por duas vezes a Grécia foi alvo de dois resgates financeiros e isso, claro, criou uma certa habituação nos mercados. É a tal história do rapaz e do lobo: o rapaz tantas vezes enganou as pessoas gritando, "lobo, lobo", que, quando o lobo veio, ninguém lhe acudiu.

Pode-se durante algum tempo ignorar uma ameaça e assobiar para o lado, mas mais tarde ou mais cedo, o bom senso manda que se leve a ameaça a sério ... Agora, os mercados, demoraram, apenas, mais tempo do que antes (devido ao tal efeito de "habituação), a encarar "a sério" a situação da Grécia. Só isso ... :wink:
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3675
Registado: 24/1/2014 17:24

Re: Crise Grega

por Ulisses Pereira » 14/4/2015 12:03

ativo, só quando descem é que se diz que é por causa da Grécia. Se formos a ver o desempenho dos últimos meses, não parece que andem muito assustados... :)

Abraço,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

Clickar para ver o disclaimer completo
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 31013
Registado: 29/10/2002 4:04
Localização: Aveiro

Re: Crise Grega

por Ativo » 14/4/2015 10:59

Parece que a incerteza, relativamente à situação grega, chegou, novamente, às Bolsas de Valores ... :-k
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3675
Registado: 24/1/2014 17:24

Re: Crise Grega

por Dom_Quixote » 14/4/2015 10:43

Raposo Tavares Escreveu:De facto, relativamente a Grécia, a situação turca é mais fiável. De momento é.


Raposo, estamos de acordo. No entanto, como disse, acredito que esta é uma situação passageira. Os gregos estão e vão continuar por muitos anos a pagar bem caro os erros cometidos dos quais a inércia não será o menor. O preço é tão alto que o resultado é o governo actual, mas descontentamento e revolta não são solução. Reganhar estabilidade passa por fazer bem os TPC o que só acontecerá após novas eleições. :wink:
"É de sábios mudar de opinião" - Miguel de Cervantes
"A verdade é o preço" - bogos in Caldeirão de Bolsa
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2286
Registado: 3/4/2012 21:06
Localização: Mancha

Re: Crise Grega

por Ocioso » 14/4/2015 1:46

O haircut na dívida grega, em 2012, rebentou com os Bancos Cipriotas…
 
Mensagens: 1262
Registado: 14/4/2015 1:34

Re: Cantarinhas, cantarinhas...

por Bernie Madoff » 14/4/2015 0:43

ativo Escreveu:O "dantes" é o "antes" dos 2 últimos resgates da Grécia ou é o "antes" da posse do atual governo grego?


Diria que se vai ao antes do actual governo grego porque não se pode fazer tudo pela Grécia já que temos eleições à porta (Espanha, Finalândia, Portugal). Depois sim, quando a Europa estiver a nadar em estímulos e voltar ao crescimento, trata-se de perdoar divida aos Gregos como se de um país do terceiro mundo se tratasse. Ficam todos bem na foto, até o Syriza.
Experience taught me a few things. One is to listen to your gut, no matter how good something sounds on paper. The second is that you're generally better off sticking with what you know. And the third is that sometimes your best investments are the ones you don't make.
Donald Trump
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 525
Registado: 26/12/2013 16:53

Re: Cantarinhas, cantarinhas...

por Ativo » 13/4/2015 23:48

Bernie Madoff Escreveu:
Raposo Tavares Escreveu:http://www.jornaldenegocios.pt/economia/europa/uniao_europeia/zona_euro/detalhe/ft_grecia_prepara_se_para_incumprimento_da_divida_se_conversacoes_com_credores_falharem.html

Como é que aquele dito? Tantas vezes a cantarinha vai à fonte que um dia deixa lá a asa... é assim, não é? É o tal gracidente.


A verdade é que não é nada de novo. A Grécia precisa de um haircut e é normal acene com um default aos credores para lhe emprestar para pagar as dívidas.

A falta de € este mês já é mais que pública, com a emissão que fizeram a semana passada conseguem aguentar mais uns tempos, mas como deve ter sida feita pelos próprios bancos helénicos e o BCE já ordenou que diminuíssem a exposição, volta a pressão política para a agenda.

Não tenham dúvidas do seguinte, nem a Grécia vai pagar nem a UE vai querer ficar mal na foto, portanto os credores hão de emprestar/extender prazos para que tudo siga como dantes.


O "dantes" é o "antes" dos 2 últimos resgates da Grécia ou é o "antes" da posse do atual governo grego?
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3675
Registado: 24/1/2014 17:24

Re: Cantarinhas, cantarinhas...

por Bernie Madoff » 13/4/2015 23:33

Raposo Tavares Escreveu:http://www.jornaldenegocios.pt/economia/europa/uniao_europeia/zona_euro/detalhe/ft_grecia_prepara_se_para_incumprimento_da_divida_se_conversacoes_com_credores_falharem.html

Como é que aquele dito? Tantas vezes a cantarinha vai à fonte que um dia deixa lá a asa... é assim, não é? É o tal gracidente.


A verdade é que não é nada de novo. A Grécia precisa de um haircut e é normal acene com um default aos credores para lhe emprestar para pagar as dívidas.

A falta de € este mês já é mais que pública, com a emissão que fizeram a semana passada conseguem aguentar mais uns tempos, mas como deve ter sida feita pelos próprios bancos helénicos e o BCE já ordenou que diminuíssem a exposição, volta a pressão política para a agenda.

Não tenham dúvidas do seguinte, nem a Grécia vai pagar nem a UE vai querer ficar mal na foto, portanto os credores hão de emprestar/extender prazos para que tudo siga como dantes.
Experience taught me a few things. One is to listen to your gut, no matter how good something sounds on paper. The second is that you're generally better off sticking with what you know. And the third is that sometimes your best investments are the ones you don't make.
Donald Trump
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 525
Registado: 26/12/2013 16:53

Cantarinhas, cantarinhas...

por RaposoTavares » 13/4/2015 22:38

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/europa/uniao_europeia/zona_euro/detalhe/ft_grecia_prepara_se_para_incumprimento_da_divida_se_conversacoes_com_credores_falharem.html

Como é que aquele dito? Tantas vezes a cantarinha vai à fonte que um dia deixa lá a asa... é assim, não é? É o tal gracidente.
"Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico."
in: Citações e Pensamentos, Friedrich Nietzsche
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3525
Registado: 4/12/2013 19:13

Re: Crise Grega

por RaposoTavares » 13/4/2015 19:38

Dom_Quixote Escreveu:
Raposo Tavares Escreveu:A opção turca, desconfio, começa a aparecer aos olhos da Nato e da Europa claramente como uma opção mais fiável.


Turquia? Não me parece... Toda e qualquer preocupação à volta da situação geoestratégica grega leva, naturalmente, determinados actores a fazer análise e comentários necessáriamente contra aquilo que no fundo pretendem. Chamem-lhe bluf ou qualquer outra coisa...

Certo é que a NATO não olha, como não poderia olhar, para mapas políticos de curto prazo. A Grécia é curto prazo. Mais mês menos ano tudo estabilizará e os extremistas voltarão para o lugar de onde nunca deviam ter saído...

Agora, Turquia fiável? :roll: Não me parece...


Dom Quixote, adjetivei a situação turca como 'mais fiável', trata-se do superlativo relativo de superioridade. De facto, relativamente a Grécia, a situação turca é mais fiável. De momento é.
A estrutura militar turca continua a ser laica, na tradição do império otomano e mantendo o sentido que o Ataturk, o Pai da Turquia moderna lhe deu. No mesmo sentido e na mesma tradição laica do Império otomano, também o exército egípcio se assume como uma força laica naquela região.
Quanto ao discernimento da rapaziada da Nato, recordo que Portugal, durante o PREC, também lhe mereceu muitas reservas e a forma, às vezes humilhante, como o nosso país foi tratado no seio da Nato, nessa altura, prenunciava o fim da nossa participação na estrutura militar da organização. E, então, nem os Açores nos poderiam valer.
A Grécia, ao que parece, vive em pleno PREC. Quanto ao exército grego, a tradição tem sido a de colocar a sua chefia nas mãos de um militar mais afecto ao Pasok se a ND estivesse no poder e mais afecto à ND quando o Pasok governava.
Mau prenúncio, quando os militares, no cumprimento das suas obrigações, assumem tendências políticas...
Agora, com um governo partilhado entre a extrema esquerda e um grupo de proto fascistas, a quem se atribuem as chefias militares?

Quanto à dificuldade das negociações e ao caminho que parece abrir-se para a queda da Grécia da zona do Euro:

Greece may have blown best hope of debt deal
http://www.reuters.com/article/2015/04/12/us-eurozone-greece-deal-analysis-idUSKBN0N306W20150412

Greek finance ministry hits back at German newspaper report
http://www.reuters.com/article/2015/04/12/us-eurozone-greece-report-idUSKBN0N30KR20150412

Greek Talks With EU Are ‘Very Complicated’: Dombrovskis
http://www.bloomberg.com/news/videos/2015-04-13/greek-talks-with-eu-are-very-complicated-dombrovskis
ou aqui:
http://www.ekathimerini.com/4dcgi/_w_articles_wsite1_1_13/04/2015_549042

Greece defends bailout tactics as latest deadline looms
http://www.theguardian.com/business/2015/apr/12/greece-defends-bailout-tactics-as-latest-deadline-looms

Ativo, concordaria com o que disseste se não estivesse no poder um governo que assenta em forças políticas teoricamente antagónicas. Pior: a força política de maior peso é, ela própria, um cadinho de contradições e de tensões. Um aglomerado de forças de extrema esquerda que já se combateram no passado. Neste sentido, não me parece que faça sentido que os credores agitem um 'grexit' como forma de bluf. Se é que não é por vontade do Tsirpas que os gregos voltem ao Dracma, em muitos sentidos, o Tsirpas está de mãos atadas.
"Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico."
in: Citações e Pensamentos, Friedrich Nietzsche
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3525
Registado: 4/12/2013 19:13

Re: Crise Grega

por pvg80713 » 13/4/2015 18:57

http://observador.pt/2015/04/13/chegamo ... ial-times/


estas noticias estão sempre a aparecer......... qualquer dia é verdade e ninguém acredita...
 
Mensagens: 4191
Registado: 19/4/2005 11:11

Re: Gregos pobres voltam aos rendimentos de 1980

por Ativo » 13/4/2015 15:29

ativo Escreveu:O BCE "ajuda" o governo grego a "decidir-se" (ver notícia, em referência) . Com este "empurrãozinho", os governantes gregos vão, certamente, "decidirem-se": os parceiros europeus ouvirão do governo grego o que eles querem ouvir e os parceiros europeus vão, por sua vez, fingir que acreditam naquilo que o governo grego diz.

E, assim, creio, o programa grego de assistência financeira e de ajustamento macroeconómico, em curso, será concluído e a Grécia receberá a última tranche do empréstimo daquele programa. O momento da verdade, chegará, sim, quando se tratar de negociar o terceiro resgate da Grécia ...

Interessa lembrar que foi, justamente, a redução de compra de dívida pública portuguesa, por parte dos bancos portugueses (por indicação do BCE, salvo erro) que precipitou o pedido de assistência financeira (ele seria sempre necessário) pelo governo português que levou à negociação do terceiro resgate financeiro de Portugal, depois de 25/04/1974.

Ver notícia em: http://expresso.sapo.pt/draghi-aperta-o ... ia=f919431


Raposo Tavares Escreveu:O Guardian afirma que os gregos estão a ser empurrados para um Grexit:http://www.washingtonpost.com/blogs/wonkblog/wp/2015/04/10/greeces-poor-are-back-to-where-they-were-in-1980/


Efetivamente, os gregos estão a serem "empurrados" pelos parceiros europeus. No entanto, não considero, que, presentemente, haja vontade, por parte dos parceiros europeus, de que a Grécia saia da Zona Euro (isto não quer dizer que tal vontade não surja, caso a negociação com a Grécia não seja bem sucedida).

Os parceiros europeus estão, realmente, a empurrar o governo grego e a encostá-lo à parede para ele "se decidir". Acredito, como já deixei escrito, que o programa grego de assistência financeira e de ajustamento macroeconómico,em curso, se irá concluir, com a "boa vontade" de ambas as partes (governo grego e parceiros europeus).

O principal risco do prosseguimento futuro desta estratégia é, não só o governo grego se sentir encostado à parede, mas, também a nação grega, que assim poderia vir a ficar preparada, para, em eleições ou num referendo, demonstrar vontade em que a Grécia saia da Zona Euro.

Ora, é nisto que, justamente, o governo grego poderá vir a apostar, quando, depois da conclusão do atual programa grego de assistência financeira e de ajustamento macroeconómico, se tratar de negociar o terceiro resgate financeiro da Grécia.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3675
Registado: 24/1/2014 17:24

Re: Crise Grega

por RaposoTavares » 13/4/2015 14:07

"Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico."
in: Citações e Pensamentos, Friedrich Nietzsche
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3525
Registado: 4/12/2013 19:13

Gregos pobres voltam aos rendimentos de 1980

por RaposoTavares » 12/4/2015 23:28

Editado pela última vez por RaposoTavares em 13/4/2015 14:14, num total de 3 vezes.
"Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico."
in: Citações e Pensamentos, Friedrich Nietzsche
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3525
Registado: 4/12/2013 19:13

Re: Crise Grega

por Ativo » 11/4/2015 15:25

O BCE "ajuda" o governo grego a "decidir-se" (ver notícia, em referência) . Com este "empurrãozinho", os governantes gregos vão, certamente, "decidirem-se": os parceiros europeus ouvirão do governo grego o que eles querem ouvir e os parceiros europeus vão, por sua vez, fingir que acreditam naquilo que o governo grego diz.

E, assim, creio, o programa grego de assistência financeira e de ajustamento macroeconómico, em curso, será concluído e a Grécia receberá a última tranche do empréstimo daquele programa. O momento da verdade, chegará, sim, quando se tratar de negociar o terceiro resgate da Grécia ...

Interessa lembrar que foi, justamente, a redução de compra de dívida pública portuguesa, por parte dos bancos portugueses (por indicação do BCE, salvo erro) que precipitou o pedido de assistência financeira (ele seria sempre necessário) pelo governo português que levou à negociação do terceiro resgate financeiro de Portugal, depois de 25/04/1974.

Ver notícia em: http://expresso.sapo.pt/draghi-aperta-o ... ia=f919431
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3675
Registado: 24/1/2014 17:24

Re: Crise Grega

por Dom_Quixote » 11/4/2015 11:10

Raposo Tavares Escreveu:A opção turca, desconfio, começa a aparecer aos olhos da Nato e da Europa claramente como uma opção mais fiável.


Turquia? Não me parece... Toda e qualquer preocupação à volta da situação geoestratégica grega leva, naturalmente, determinados actores a fazer análise e comentários necessáriamente contra aquilo que no fundo pretendem. Chamem-lhe bluf ou qualquer outra coisa...

Certo é que a NATO não olha, como não poderia olhar, para mapas políticos de curto prazo. A Grécia é curto prazo. Mais mês menos ano tudo estabilizará e os extremistas voltarão para o lugar de onde nunca deviam ter saído...

Agora, Turquia fiável? :roll: Não me parece...
"É de sábios mudar de opinião" - Miguel de Cervantes
"A verdade é o preço" - bogos in Caldeirão de Bolsa
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2286
Registado: 3/4/2012 21:06
Localização: Mancha

Re: Crise Grega

por RaposoTavares » 10/4/2015 23:45

Imagem

atomez Escreveu:The Case for Letting Greece Go

The risk now is political contagion from rewarding non-reform.
[...]
No one should cheer a Greek exit, which would be a disaster for the Greeks. But if Athens won’t implement reforms that would return Greece to growth and sustainable finances, allowing the country to leave would be the least bad outcome.

Unlike the crises of 2010 and 2012, Greece’s current threat to the eurozone isn’t financial contagion. More than 80% of Greece’s sovereign debt is now held by governments or official creditors, including the IMF, other eurozone governments and the European Central Bank. They can absorb default-related losses.
[...]
Accommodating Syriza’s agenda now would be a severe blow to a eurozone that urgently needs faster growth. Consider how hard it has been for France’s Socialist government to pass even a modest reform package that increases the number of Sundays that businesses can open to 12 from five a year.
[...]



Atomez, o artigo do WSJ que em boa hora publicaste aqui tem dado que falar (e que fazer) nos meios de comunicação a nível planetário quando se fala do caso grego.

Na importância que este artigo tem tido para a discussão e para a eventual clarificação política da situação grega, adicionar-lhe-ia as declarações do Warren Buffett que estão já citadas aí para trás.

O conservador Kathimerini, a propósito do que tem sido dito e escrito, publicou um artigo de opinião que reflete sobre as consequências das declarações do Warren Buffett http://www.ekathimerini.com/4dcgi/_w_articles_wsite3_1_09/04/2015_548995 e um outro artigo de opinião com o título 'Mal entendidos fatais' http://www.ekathimerini.com/4dcgi/_w_articles_wsite3_1_08/04/2015_548905.

Tanto o primeiro como o segundo artigos são assinados por dois dos mais influentes articulistas deste jornal ateniense. Os dois alertam os gregos para o facto de começar a alastrar a ideia de o 'Grexit' ser o menor dos males para a solução da questão grega. Isto por contraponto à ideia que muitos cidadãos gregos têm de que toda esta pressão sobre a Grécia não passa de um gigantesco Bluf.

Por outro lado, sendo a América a origem desta opinião favorável ao Grexit, muitos gregos vêem esfurmar-se a possibilidade de ser jogada com êxito a cartada geoestratégica já algumas vezes esboçada por alguns responsáveis políticos do governo de Atenas.

Afinal, uma questão como esta pode nem se colocar: O Tsirpas pode ter dado um tiro no pé quando se encontrou com o Putin. Numa altura em que a Lituânia, sob embargo russo, acaba de entrar no €, em que a a situação na Ucrânia permanece (passe o eufemismo) muito tensa, em que a chantagem energética da Rússia sobre a Europa Ocidental se aperta... a atitude grega faz pensar se a Grécia é o aliado que faz falta no Mediterrâneo oriental. A opção turca, desconfio, começa a aparecer aos olhos da Nato e da Europa claramente como uma opção mais fiável.

P.S.: Por curiosidade: no El Pais, um articulista de esquerda acaba por confirmar (involuntariamente ?) os receios dos líderes europeus e americanos a propósito de um eventual sucesso em larga escala das pretensões do Syriza.http://elpais.com/elpais/2015/03/10/opinion/1426005028_278601.html Ao fim e ao cabo, é como diz o WSJ: isto é uma questão política.
"Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico."
in: Citações e Pensamentos, Friedrich Nietzsche
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3525
Registado: 4/12/2013 19:13

Re: Crise Grega

por atomez » 10/4/2015 7:09

The Case for Letting Greece Go

The risk now is political contagion from rewarding non-reform.

Thursday marks another deadline in Greece’s struggle to avoid default, as a €450 million payment to the International Monetary Fund comes due. Athens says it will meet this obligation, but sooner or later Prime Minister Alexis Tsipras and his government will miss a payment to someone if it doesn’t agree with creditors on a new bailout. An exit from the euro would then be a real possibility.

No one should cheer a Greek exit, which would be a disaster for the Greeks. But if Athens won’t implement reforms that would return Greece to growth and sustainable finances, allowing the country to leave would be the least bad outcome.

Unlike the crises of 2010 and 2012, Greece’s current threat to the eurozone isn’t financial contagion. More than 80% of Greece’s sovereign debt is now held by governments or official creditors, including the IMF, other eurozone governments and the European Central Bank. They can absorb default-related losses.

As of last September the exposure of private eurozone banks to Greek debt was less than €17 billion ($18.36 billion), one-third of the level in 2012 before Greece’s second bailout. The amount is probably lower now and much of this debt is short-term and speculative, according to Fitch Ratings.

A Greek exit also won’t drag down other small eurozone economies. Spain, Ireland and Portugal have pressed forward with some supply-side reforms, and their bond yields have remained relatively stable and low since the latest Greece crisis began.

Greece’s main contagion threat now would be if it is bailed out again without reform. Athens wants creditors to reward Greek voters for electing a government committed to dismantling the reforms Greece needs. If creditors allow Athens to increase government spending while reversing labor-market liberalization and privatizations, they’ll encourage anti-reform movements elsewhere.

Spain’s left-wing Podemos party has polled well since Syriza’s Greek victory in January as Spaniards consider whether it might offer an alternative to painful reforms, and the party won 15 seats in the regional parliament in Andalusia last month.

Ireland’s Sinn Fein is gaining support for its anti-reform platform, and it invited a Syriza government minister, Euclid Tsakalotos, to its recent party conference. Italy has its own anti-reformers in the Northern League and the Five Star Movement.

Europe’s original bailouts were flawed. They were biased toward tax hikes to boost revenue, with too little thought for pro-growth reforms. A serious Greek government would offer to press ahead with privatization and deregulation in exchange for some leeway to cut tax rates along with government spending cuts. But Syriza has insisted on a return to something like the status quo ante, with higher spending, anti-growth tax policies and delays or halts in deregulation.

Accommodating Syriza’s agenda now would be a severe blow to a eurozone that urgently needs faster growth. Consider how hard it has been for France’s Socialist government to pass even a modest reform package that increases the number of Sundays that businesses can open to 12 from five a year.

The Alternative for Germany (AfD) party, founded in 2013, has also seen its support grow during this year’s Greek crisis as German taxpayers rebel against continuing to subsidize a recalcitrant Athens. Germans and other northern Europeans recognized the benefits of the common currency enough to extend a temporary hand to smaller countries during the crisis in exchange for reforms. They’re less likely to support a currency bloc that looks like a blank check.

The strongest argument against allowing Greece to leave the euro is that it would dent the bloc’s appearance of permanence, making the euro more like a currency peg that members could leave at will. But we doubt other countries will want to follow Greece’s example once they see the damage to Greeks.

They might even take the warning as incentive to do more to fix their economies. What’s not sustainable is allowing euro members to bully their way into deals in which they reap the rewards of a currency union without living by its rules.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 5852
Registado: 4/11/2002 22:48
Localização: Entre Marte e Vénus

Re: Crise Grega

por Ativo » 10/4/2015 0:31

jccgold Escreveu:
ativo Escreveu:Mas, alto aí! Não fomos invadidos pelos alemães, mas fomos invadidos várias vezes pelos espanhóis, tendo mesmo ficado dominados por eles durante 60 anos, e três vezes pelos franceses. Portanto, toca a pedir, também, aos espanhóis e aos franceses, indemnizações pelos danos causados a Portugal pela guerra e pela ocupação por eles feita. E, claro, Olivença tem, também, que nos ser restituída!!!



Há uma diferença de todo o tamanho. Todas essas situações foram no tempo dos reis, o povo não foi tido nem achado, o Hitler chegou ao poder através de eleições democráticas por vontade dos alemães. Assim sendo é de toda a justiça que sejam responsabilizados. E obviamente que Olivença já devia ter sido devolvida, foi dada como garantia de um empréstimo que Espanha fez, tendo sido o empréstimo pago já devia ter sido devolvida. Talvez quando tivermos gente que saiba que defesa do interessa nacional nao é andar com mini-crachás da bandeira ao peito


O que afirmei, foi, em tom irónico! Não era para levar a sério. Não sei se percebeu ...

No entanto, vou dizer mais alguma coisa ...

Então, se o rei da Arábia Saudita, cujo poder é, praticamente, absoluto, deixar o Iémen em ruínas, sem que o seu povo seja tido ou achado, na decisão de tal ação, o Iémen, que já começou a ser bombardeado pela Arábia Saudita, não tem direito a pedir uma indemnização por danos de guerra?

É engraçado: para reclamar Olivença, não interessa que ela tenha sido tomada pelos espanhóis «no tempo dos reis», mas para reclamar o pagamento de uma indemnização por danos causados a Portugal, pela guerra e ocupação do território português por espanhóis e franceses, o facto de tal ter acontecido «no tempo dos reis» impede tal reclamação.

A perda de Olivença por Portugal não tem nada a ver com um empréstimo feito por Espanha.

A seguir, deixo, um pouco, da história da perda de Olivença por Portugal.

Em 1801, durante a Guerra Peninsular, a França firmou uma Convenção com Espanha para a divisão de Portugal, a cujo governo foi apresentado um Ultimato para que quebrasse o Tratado de Windsor com a Inglaterra. Portugal recusou e teve início a campanha conhecida por «Guerra das Laranjas», com movimentações militares a partir da Galiza e no Alentejo. As tropas portuguesas foram derrotadas e Olivença e Juromenha caíram em poder do inimigo.

O Tratado de Badajoz (1801), juridicamente nulo, denunciado, em 1808, por Portugal, anexou Olivença ao território espanhol.

A soberania de Portugal sobre Olivença foi reconhecida pelo Tratado de Paris, em 1814. Em 1817, quando subscreveu o diploma resultante do Congresso de Viena (1815), Espanha reconheceu a soberania portuguesa sobre Olivença, comprometendo-se à retrocessão de Olivença, o mais prontamente possível. No entanto, tal nunca chegou a acontecer.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3675
Registado: 24/1/2014 17:24

Re: Crise Grega

por jccgold » 9/4/2015 23:43

ativo Escreveu:Mas, alto aí! Não fomos invadidos pelos alemães, mas fomos invadidos várias vezes pelos espanhóis, tendo mesmo ficado dominados por eles durante 60 anos, e três vezes pelos franceses. Portanto, toca a pedir, também, aos espanhóis e aos franceses, indemnizações pelos danos causados a Portugal pela guerra e pela ocupação por eles feita. E, claro, Olivença tem, também, que nos ser restituída!!!


Há uma diferença de todo o tamanho. Todas essas situações foram no tempo dos reis, o povo não foi tido nem achado, o Hitler chegou ao poder através de eleições democráticas por vontade dos alemães. Assim sendo é de toda a justiça que sejam responsabilizados. E obviamente que Olivença já devia ter sido devolvida, foi dada como garantia de um empréstimo que Espanha fez, tendo sido o empréstimo pago já devia ter sido devolvida. Talvez quando tivermos gente que saiba que defesa do interessa nacional nao é andar com mini-crachás da bandeira ao peito
 
Mensagens: 1278
Registado: 11/11/2011 3:58
Localização: 16

Re: Crise Grega

por soso » 9/4/2015 16:12

1886 – Estátua da Liberdade; oferecida pelos Franceses como aniversário do 1º século de independência dos EUA
A estátua era um símbolo da democracia e das leis
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2024
Registado: 4/2/2008 13:37
Localização: Coimbra

Re: Crise Grega

por Dr Tretas » 9/4/2015 11:12

jccgold Escreveu:Mas não pagar impostos não é a génese do escandalo do LuxLeaks? Onde está o escandâlo com o Luxemburgo por exemplo aí dos moralistas que fazem fila para bater na Grécia?


Tipo isto:


P.S. os gregos já pagaram ao FMI, parece que a crise agora fica para 12 de Maio :mrgreen:

http://www.zerohedge.com/news/2015-04-09/imf-payment-sends-greek-yields-lower-athens-warns-next-month-different-matter
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2826
Registado: 29/10/2013 12:15
Localização: Almada City

Re: Crise Grega

por soso » 9/4/2015 10:51

A UE, regra geral, é um mundo de inércias..... muita parra e pouca uva!

Estes "novos gregos" sabem dessas fraquezas e sendo "jogadores de poker" vão apostando no desgaste.....

http://observador.pt/2015/04/09/ultimat ... -reformas/

Independentemente das convicções de cada um, fica a pergunta para qq um NÃO EUROPEU:

Se Irlanda e Portugal (com todas as suas diferenças), não só cumpriram o Memorando, como ainda tiveram uma "saída limpa", porque raio é que os Gregos nem com 2 resgates nem com condições de mercado muito mais vantajosas actualmente, não conseguem????
1886 – Estátua da Liberdade; oferecida pelos Franceses como aniversário do 1º século de independência dos EUA
A estátua era um símbolo da democracia e das leis
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2024
Registado: 4/2/2008 13:37
Localização: Coimbra

AnteriorPróximo

Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: aaugustobb_69, Google [Bot], PAULOJOAO e 209 visitantes