2015 - o combate à "estagdeflação"
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Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
O Alquimista Escreveu:O Alquimista Escreveu:Uns muito breves comentários a algumas passagens do texto:Ao eliminar os programas QE (por motivos políticos, diga-se), os EUA perderam batalhas nessa guerra, vendo-se confrontados com uma apreciação do USD, que não vai agradar, a prazo, aos agentes económicos locais ou globais, com base naquele país.
O fim do QE não precisa de um motivo político. Há um económico bem mais forte: a diferença das yields entre lá e cá (não precisam de comprar porque têm quem compre). Em economias fortes a moeda forte pode não ser problema; bem pelo contrário, é muito importante de um ponto de vista geo-estratégico. Ao que me é dado a conhecer, a Alemanha nunca se terá importado muito com o marco forte e, até há pouco, com um euro forte. A qualidade tem saída.
Sobre a questão supra: algumas coisas saem da minha cabeça, outras saem de cabeças que nitidamente sabem mais do que eu:
http://www.moneyshow.com/video.asp?wid=9760
também com interesse: http://www.moneyshow.com/video.asp?wid=9767
Parece não haver dúvida que eles andam à procura da yield mais favorável. Tanto QE e afinal...
http://www.ritholtz.com/blog/2015/01/wh ... reasuries/
"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better." - Samuel Becket
Pára de dar crédito fácil ao que lês e ouves, escuta o que o preço está a fazer e olha para o que te rodeia. - O Alquimista
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Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
djovarius Escreveu: A deflação está aí, era inevitável nesta economia estagnada da zona EUR
" In 2009, when the consumer-price index was last below zero, then-member of the ECB’s Executive Board Lorenzo Bini Smaghi described deflation as “persistent” price declines that last for an “extended period of time, say at least a year”. And in January a year ago, ECB President Mario Draghi echoed that view when he stressed “we define deflation as a broad-based, self-fulfilling, self-feeding fall in prices,” speaking at his monthly press conference.
By that ECB definition, today’s number is merely negative inflation with deflationary pressure, according to James Ashley, chief European economist at RBC Capital Markets. However, it appears the wider analyst corps in Europe didn’t read that ECB memo. Many economists shot off notes talking about the new “deflation” scenario in the eurozone after the lackluster reading from Eurostat was released. But maybe the issue isn’t really whether the eurozone is officially in the deflation zone, Holger Schmieding, chief economist at Berenberg, pointed out. The real question is whether we see something we should worry about, or whether this is just a gift from heaven — low oil prices — which we should celebrate. So far, it is a lot of the latter and very little of the former.”
http://www.marketwatch.com/story/deflat ... atest_news
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Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
Ora viva,
Obrigado pelas respostas, gosto muito de debater estas ideias com "vosotros"
Vamos lá aos comentários do amigo Alquimista:
Em relação à questão política do final do QE nos EUA, o que sucede é que dissonância entre a Administração (Democrata) e Congresso (Rep.) tornou-se insustentável. Grandes faixas da oposição a Obama nunca quiseram o QE e reclamavam há muito que é necessário normalizar a política monetária. Ainda por cima, os indicadores são bons, dava para acabar. A FED tem outra visão porque sabe que o USD forte pode prejudicar a retoma da Economia.
A questão da deflação e das Bolhas. A deflação está aí, era inevitável nesta economia estagnada da zona EUR. A liquidez, mais ou menos extrema, foi afinal um fator de alavanca para vários ativos, mas agora é mais notória uma quase-bolha de certas Obrigações do Tesouro. Até a França já tem "yields" negativas em certos prazos. Isto não seria possível num mundo "normal". Há quem diga que estamos num novo normal ou mesmo num novo medíocre.
Mas, tal como Bill Gross, temos acho que em certos aspetos, ainda vamos assistir a maiores alocações de capital a "certa" renda fixa, portanto, aversão ao risco.
É verdade que o aumento da oferta é importante, mas a quebra da procura da China (entre outros) começou a mudar a cabeça dos investidores.
Não entendi o que o gráfico do Nikkei tem a ver com a recessão do país. A Bolsa de Valores tem outros caminhos que nem sempre são os óbvios. Em Portugal até tivemos um pequeno crescimento em 2014 enquanto a Bolsa derretia...
Finalmente, a Grécia: depois de ter lido artigos no Der Spiegel (alemão), e de os Bancos terem anunciado que perderiam "apenas" 28 mil milhões de euros, se a Grécia desse um calote total, pode-se concluir que eles já estão a planear o que fazer no caso do pior cenário.
Quem pode garantir que o racional não seja o mesmo da "boca podre" ? Se houver um dente (Grécia) podre, já com a raíz doente, só há duas hipóteses: ou se extrai o dente, ou faz-se um tratamento de canal, o que seria melhor. O que não se pode é ignorar o assunto, ou haverá o risco de ficarmos com a boca toda podre, com o tempo.
Ora bem, tentou-se o tratamento de canal na Grécia. Acontece, porém, que ficou muito mal feito. Deixaram restos da raiz no canal. Por causa disso, há quem queira agora acabar de vez com o assunto, arrancando o dente.
Na Alemanha, cresce esta ideia em relação aos Gregos, apesar de Merkel e outros jurarem aos Deuses que não é assim !!
Abraço
dj
Obrigado pelas respostas, gosto muito de debater estas ideias com "vosotros"

Vamos lá aos comentários do amigo Alquimista:
Em relação à questão política do final do QE nos EUA, o que sucede é que dissonância entre a Administração (Democrata) e Congresso (Rep.) tornou-se insustentável. Grandes faixas da oposição a Obama nunca quiseram o QE e reclamavam há muito que é necessário normalizar a política monetária. Ainda por cima, os indicadores são bons, dava para acabar. A FED tem outra visão porque sabe que o USD forte pode prejudicar a retoma da Economia.
A questão da deflação e das Bolhas. A deflação está aí, era inevitável nesta economia estagnada da zona EUR. A liquidez, mais ou menos extrema, foi afinal um fator de alavanca para vários ativos, mas agora é mais notória uma quase-bolha de certas Obrigações do Tesouro. Até a França já tem "yields" negativas em certos prazos. Isto não seria possível num mundo "normal". Há quem diga que estamos num novo normal ou mesmo num novo medíocre.
Mas, tal como Bill Gross, temos acho que em certos aspetos, ainda vamos assistir a maiores alocações de capital a "certa" renda fixa, portanto, aversão ao risco.
É verdade que o aumento da oferta é importante, mas a quebra da procura da China (entre outros) começou a mudar a cabeça dos investidores.
Não entendi o que o gráfico do Nikkei tem a ver com a recessão do país. A Bolsa de Valores tem outros caminhos que nem sempre são os óbvios. Em Portugal até tivemos um pequeno crescimento em 2014 enquanto a Bolsa derretia...
Finalmente, a Grécia: depois de ter lido artigos no Der Spiegel (alemão), e de os Bancos terem anunciado que perderiam "apenas" 28 mil milhões de euros, se a Grécia desse um calote total, pode-se concluir que eles já estão a planear o que fazer no caso do pior cenário.
Quem pode garantir que o racional não seja o mesmo da "boca podre" ? Se houver um dente (Grécia) podre, já com a raíz doente, só há duas hipóteses: ou se extrai o dente, ou faz-se um tratamento de canal, o que seria melhor. O que não se pode é ignorar o assunto, ou haverá o risco de ficarmos com a boca toda podre, com o tempo.
Ora bem, tentou-se o tratamento de canal na Grécia. Acontece, porém, que ficou muito mal feito. Deixaram restos da raiz no canal. Por causa disso, há quem queira agora acabar de vez com o assunto, arrancando o dente.
Na Alemanha, cresce esta ideia em relação aos Gregos, apesar de Merkel e outros jurarem aos Deuses que não é assim !!
Abraço
dj
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
Djovarius, simplesmente obrigado!
Estou muito de acordo com o Alquimista no seguinte:
"A Alemanha é o último país a desejar a saída da Grécia: se pega moda, em quem irá exercer o seu jugo?"
Abraço,
Estou muito de acordo com o Alquimista no seguinte:
"A Alemanha é o último país a desejar a saída da Grécia: se pega moda, em quem irá exercer o seu jugo?"
Abraço,
"É de sábios mudar de opinião" - Miguel de Cervantes
"A verdade é o preço" - bogos in Caldeirão de Bolsa
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Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
O Alquimista Escreveu:Uns muito breves comentários a algumas passagens do texto:Ao eliminar os programas QE (por motivos políticos, diga-se), os EUA perderam batalhas nessa guerra, vendo-se confrontados com uma apreciação do USD, que não vai agradar, a prazo, aos agentes económicos locais ou globais, com base naquele país.
O fim do QE não precisa de um motivo político. Há um económico bem mais forte: a diferença das yields entre lá e cá (não precisam de comprar porque têm quem compre). Em economias fortes a moeda forte pode não ser problema; bem pelo contrário, é muito importante de um ponto de vista geo-estratégico. Ao que me é dado a conhecer, a Alemanha nunca se terá importado muito com o marco forte e, até há pouco, com um euro forte. A qualidade tem saída.
Sobre a questão supra: algumas coisas saem da minha cabeça, outras saem de cabeças que nitidamente sabem mais do que eu:
http://www.moneyshow.com/video.asp?wid=9760
também com interesse: http://www.moneyshow.com/video.asp?wid=9767
"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better." - Samuel Becket
Pára de dar crédito fácil ao que lês e ouves, escuta o que o preço está a fazer e olha para o que te rodeia. - O Alquimista
Pára de dar crédito fácil ao que lês e ouves, escuta o que o preço está a fazer e olha para o que te rodeia. - O Alquimista
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Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
Uns muito breves comentários a algumas passagens do texto:
Seria expectável pensar que a política de deflação dos rendimentos não se comunicaria ao resto da economia?
Tem-se assistido ao movimento contrário em matéria de preços. Ainda podemos falar de bolha?
Ainda bem. É com sobressaltos que o mundo pula e avança.
Alguma dessa liquidez não gosta de renda fixa. Gosta do risco. Preços do petróleo e dos metais preciosos em queda. A liquidez vai para...
O fim do QE não precisa de um motivo político. Há um económico bem mais forte: a diferença das yields entre lá e cá (não precisam de comprar porque têm quem compre). Em economias fortes a moeda forte pode não ser problema; bem pelo contrário, é muito importante de um ponto de vista geo-estratégico. Ao que me é dado a conhecer, a Alemanha nunca se terá importado muito com o marco forte e, até há pouco, com um euro forte. A qualidade tem saída.
A Alemanha é o último país a desejar a saída da Grécia: se pega moda, em quem irá exercer o seu jugo?
Não compreendo, talvez por não ser Economista, esta ligação entre a descida do preço do petróleo e de outras mercadorias e a recessão global. O facto de o preço descer não quer dizer que a procura tenha diminuído. A pressão pode estar do lado da oferta (para não falar de guerras comerciais e de política internacional), para além de que a desalavancagem também chega à parte especulativa que todo o preço encerra.
Deixo um gráfico do Nikkei. Com uma recessão destas quem é que precisa de (boa) inflação?
Com a ameaça de deflação em andamento
Seria expectável pensar que a política de deflação dos rendimentos não se comunicaria ao resto da economia?
Com tamanha liquidez, seria de esperar um aumento dos preços de Ouro, Prata e Petróleo, entre outros ativos, a exemplo do que aconteceu nos tempos da bolha que culminou em 2008 - seria expectável algo semelhante, até porque o mundo continua mergulhado em extrema liquidez.
Tem-se assistido ao movimento contrário em matéria de preços. Ainda podemos falar de bolha?
Em vez disso, chega 2015 com algo que contraria a teoria e a prática da política monetária.
Ainda bem. É com sobressaltos que o mundo pula e avança.
,A liquidez está aí para durar
Alguma dessa liquidez não gosta de renda fixa. Gosta do risco. Preços do petróleo e dos metais preciosos em queda. A liquidez vai para...
Ao eliminar os programas QE (por motivos políticos, diga-se), os EUA perderam batalhas nessa guerra, vendo-se confrontados com uma apreciação do USD, que não vai agradar, a prazo, aos agentes económicos locais ou globais, com base naquele país.
O fim do QE não precisa de um motivo político. Há um económico bem mais forte: a diferença das yields entre lá e cá (não precisam de comprar porque têm quem compre). Em economias fortes a moeda forte pode não ser problema; bem pelo contrário, é muito importante de um ponto de vista geo-estratégico. Ao que me é dado a conhecer, a Alemanha nunca se terá importado muito com o marco forte e, até há pouco, com um euro forte. A qualidade tem saída.
Se a Grécia quiser entrar numa fria e sair do EUR via calote ou por decisão política, terá de assumir as consequências da escolha. E quem diz que os "grandes" da Europa não gostariam desse cenário, até para mostrarem aos demais prevaricadores o que pode acontecer a quem pensa que o não cumprimento do que se promete é o melhor caminho !? Depois do experimentalismo da troika, não haverá quem goste de um experimentalismo pós-troika ?? Mais uma questão para resolver de vez em 2015, ou próximo...
A Alemanha é o último país a desejar a saída da Grécia: se pega moda, em quem irá exercer o seu jugo?
E a sul ? Mais problemas em África com a queda do petróleo e outras "commodities" poderão retirar algo ao PIB global, mas mais sério pode ser no bloco Brasil / América Latina. Aqui, sim, há um risco de fuga de capital, como já ocorreu no passado. Por conta da alta do USD e da consequente fuga de investimentos, a que se soma a deflação das matéria primas. Mais uma ajuda à recessão global. Ou ao fraco crescimento, se preferirem.
Não compreendo, talvez por não ser Economista, esta ligação entre a descida do preço do petróleo e de outras mercadorias e a recessão global. O facto de o preço descer não quer dizer que a procura tenha diminuído. A pressão pode estar do lado da oferta (para não falar de guerras comerciais e de política internacional), para além de que a desalavancagem também chega à parte especulativa que todo o preço encerra.
Não só o JPY se depreciou vis-à-vis USD e EUR, como também caiu fortemente face aos vizinhos asiáticos, incluindo-se a China. Nesse contexto, um sucesso. No que diz respeito a resultados práticos, um fracasso, pois o Japão reentrou em recessão clara. Isto é o sinal mais claro para 2015 e que levanta questões óbvias: os EUA clamam vitória graças, em parte, aos programas QE. Os Japoneses, com os mesmos programas, não saem da cepa torta.
Deixo um gráfico do Nikkei. Com uma recessão destas quem é que precisa de (boa) inflação?
"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better." - Samuel Becket
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Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
Anthìmio Escreveu:Excelso Djovarius,
Gostei muito de ler este seu texto que considero bastante enriquecedor, obrigado por partilhar esta sua visão panorâmica dos mercados!
Anthìmio
Um bom artigo para o JN

Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
Excelso Djovarius,
Gostei muito de ler este seu texto que considero bastante enriquecedor, obrigado por partilhar esta sua visão panorâmica dos mercados!
Anthìmio
Gostei muito de ler este seu texto que considero bastante enriquecedor, obrigado por partilhar esta sua visão panorâmica dos mercados!
Anthìmio
Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
DJ, parabéns pelo artigo e por manteres a tradição de escreveres sempre um artigo deste género no início do ano.
Abraço,
Ulisses
Abraço,
Ulisses
Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
Djovarius
é sempre bom poder ler este teu escrito de inicio de ano. Para quem se guia apenas pela AT faz sempre bem fazer uma leitura de um artigo como o teu.
Muito obrigado pela partilha
é sempre bom poder ler este teu escrito de inicio de ano. Para quem se guia apenas pela AT faz sempre bem fazer uma leitura de um artigo como o teu.
Muito obrigado pela partilha
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Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
Obrigado pela partilha!
O autor fornece opinião sem ter em conta os objectivos de investimento de qualquer utilizador privado e não deve ser tido em conta como um aconselhamento de investimento, incluindo, mas não se limitando, às decisões de transacções ou de natureza de gestão de risco. Todas as opiniões apresentadas podem ser alteradas sem aviso prévio.
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Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
Eis os restantes gráficos e comentários.
Bom Ano e bons negócios, espero que sem sobressaltos.
Abraço
djovarius
Bom Ano e bons negócios, espero que sem sobressaltos.
Abraço
djovarius
- Anexos
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- Quem haveria de dizer? Um dos ativos do ano !! No ano passado mostrou, sim, potencial técnico de queda, mas perder cerca de metade do valor, não estava no programa. Agora, ainda pode ter mais para cair, mas provavelmente não como até agora. Haverá um fundo, talvez perto dos atuais valores...
- Crude Oil(Weekly).png (33.17 KiB) Visualizado 4113 vezes
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- O mercado acionista não subiu tanto quanto no ano anterior, mas somou ao "bull market" sem entrar numa bolha. O mercado Alemão é o proxy europeu e o resto são sombras e/ou mercados sem interesse, como o de um certo país pequeno.
- Germany 30(Weekly).png (30.9 KiB) Visualizado 4113 vezes
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- Há muitos mercados, mas este voltou aos bons tempos, em que subia tal como o USD. Há setores com mais força do que outros, mas este índice tem liquidez, força e equilíbrio. Os máximos históricos poderão continuar, mas a história das nuvens negras pode-se aplicar aqui, até porque a janela da FED está-se a fechar.
- US SPX 500(Weekly).png (30.31 KiB) Visualizado 4113 vezes
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Re: 2015 - o combate à "estagdeflação"
...
Editado pela última vez por djovarius em 5/1/2015 1:22, num total de 1 vez.
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
2015 - o combate à "estagdeflação"
Estagflação = estagnação económica em clima de inflação
Estagdeflação = estagnação económica em clima de deflação
Olá a todo o mundo onde se fala português !!
Mais um ano a chegou ao fim, mais um novo ano que nos abraça e mais uma vez tempo para novas perspetivas sobre esta esfera financeira global, sempre em evolução.
As palavras acima foram de saudação há um ano atrás e agora repito-as, num simbolismo que convém deixar claro. Parte da análise colocada há 12 meses atrás ainda é válida agora.
2014 não foi o sim ou sopas da crise global (eis o link para a crónica do ano que passou: viewtopic.php?f=3&t=82909&p=1083529&hilit=djovarius#p1083529), em vez disso, pode-se falar de "adiamento" e de novos episódios, mais confusão geo-política (desta vez nem tanto na esfera financeira) e, em vez de um arranque para uma forte recuperação global, assistimos a novos espaços de crise eminente e confrontação latente.
Eis, o que o mundo, incrédulo, assiste à chegada de 2015 !! Estamos agora mais à beira de fenómenos de deflação ao nível dos preços do consumidor na Europa, risco real de desinflação nos EUA e China, e um período de reinflação no Japão, estranhamente mergulhado em recessão. Estranhamente ? Talvez nem tanto... afinal, já tínhamos visto que as políticas de juro real zero ou negativo não só não resolveram qualquer crise económica, como vão adiando o eclodir de crises por mais tempo, levando à formação de bolhas atrás de bolhas. Mais liquidez iguala-se a mais combustível para bolhas especulativas. E se é verdade que já andamos nisto há cerca de 25 anos, também é verdade que os efeitos foram ficando mais "violentos" na esfera financeira Global. Não se trata mais de uma empresa, setor, país, região do mundo. Tudo o que acontece "lá", tem repercussões mais ou menos graves aqui.
Na última década, tivemos o sub-prime e a crise financeira dos PIIGS, mas, como sempre sucede, não foi o fim de um caminho, ou de um tempo. Pelo contrário, todas as crises, salvo honrosas exceções, em vez de resolvidas, foram sempre o prenúncio de novos acontecimentos, sempre surpreendentes.
O ano que findou foi testemunha disso mesmo. Com a ameaça de deflação em andamento e com o aumento quase generalizado dos programas de "expansão" monetária (os EUA estão já noutro ciclo, o do fim dos mesmos), seria de esperar, além da fuga para a qualidade (o que ocorreu mesmo) através da compra de títulos Soberanos das grandes Economias de confiança, uma espécie de fuga para a proteção. Com tamanha liquidez, seria de esperar um aumento dos preços de Ouro, Prata e Petróleo, entre outros ativos, a exemplo do que aconteceu nos tempos da bolha que culminou em 2008 - seria expectável algo semelhante, até porque o mundo continua mergulhado em extrema liquidez.
Em vez disso, chega 2015 com algo que contraria a teoria e a prática da política monetária. A liquidez está aí para durar, mas a grande fuga para a Renda fixa de menor ou maior risco, está a sinalizar algo mais preocupante: os mercados acreditam cada vez mais em estagnação não só do IPC como também do próprio PIB - dir-se-ìa neste contexto, caminhamos, sobretudo a Ocidente, para um gigantesco Japão. Nesse contexto, eu iria mais ao detalhe: teremos aqui um novo eixo Euro-nipónico, eixo de estagnação económica, social, cultural, moral, demográfica, só para citar alguns lugares comuns, mas essenciais.
Interessante verificar que, além dessa fuga para a renda fixa (os principais mercados acionistas seguem em alta por arrasto, numa espécie de arbitragem), verifica-se uma procura de alguns ativos norte-americanos, com novos máximos históricos ou vários índices ou setores. É o regresso do USD forte, não como política oficial, mas como resultado da nossa sempre referida "guerra cambial". Ao eliminar os programas QE (por motivos políticos, diga-se), os EUA perderam batalhas nessa guerra, vendo-se confrontados com uma apreciação do USD, que não vai agradar, a prazo, aos agentes económicos locais ou globais, com base naquele país. O que é facto é que os mesmos que há dez anos, à medida que o bear market do USD seguia o seu caminho, falavam do colapso da divisa (não eram só os "goldbugs"), são os mesmos que glorificam o regresso do "king dollar". Pessoalmente, nunca fui apologista de colapsos de certas divisas nem do seu oposto. É o mercado a funcionar como sempre. Não existem ativos "caros" ou "baratos". Só existe lei da oferta e procura, como sempre foi. E se o mercado crê que o dólar norte-americano deve se apreciar, isso é o que ocorre. Tentar racionalizar sobre se certo ativo está caro e deve inverter a tendência só existe porque a maioria dos "traders", ou mesmo dos investidores de portefolio, vive a sua própria bolha temporal, vestindo a camisola em relação ao ativo X ou Z. O mesmo se pode dizer em relação ao "casamento" com a ação A ou B. Essa relação só dá certo se o mercado estiver do lado do nosso próprio negócio. Caso contrário, devemos assumir o divórcio, sem mágoas. Um bom exemplo é o petróleo (crude): emocionalmente é muito fácil estar do lado curto neste ativo. Porque isso, no nosso imaginário, significa estar do lado de gasolina mais barata para os nossos veículos ou viagens de avião mais em conta. Acontece, porém, que não é isso que deve importar. A análise desse ativo deve ser fria, como de qualquer outro. (A propósito, há um ano fui apologista das quedas, mas nunca pensei que fossem tão expressivas). Pensamentos que ficam ao nos prepararmos para 2015.
Acima, referia fenómenos da esfera geo-política, que foram marcantes, e que deverão ser considerados na análise de risco para este ano novo.
Desde logo, na Europa de Leste, os desenvolvimentos da Ucrânia e as sanções à Russia são fatores que contrariam o estímulo à Economia de que tanto se fala.
A própria queda do preço do petróleo prejudica Rússia, Brasil, entre outros emergentes. No médio Oriente teremos menos "petrodólares" para investir em ativos financeiros do Ocidente, o que implica maior dependência dos programas dos Bancos Centrais. Outras tensões Regionais são importantes, mas destaco os problemas do Mediterrâneo para Leste, com uma mistura explosiva de "ISIS" e outros fanatismos. A outro nível, começam a surgir sinais que, politicamente, a Espanha não será (ainda) um problema e que outros PIIGS (e zona Euro em geral) conseguirão uma estabilidade dentro da instabilidade, com uma exceção chamada Grécia. É espantoso como, cinco anos depois, este pequeno país da Europa do Euro volta a acenar com os seus problemas internos. É mesmo disso que se trata: colocar-se em "bicos de pés" com a ilusão de que haverá uma salvação, seja por parte do BCE, ou troika ou Alemanha, etc... ao contrário, do que se pensa, a Grécia tornou-se irrelevante para o sistema, pois os credores (não o país) já estarão a salvo de um possível colapso, graças aos mecanismos que supostamente seriam a salvação do país. Nada mais errado. Se a Grécia quiser entrar numa fria e sair do EUR via calote ou por decisão política, terá de assumir as consequências da escolha. E quem diz que os "grandes" da Europa não gostariam desse cenário, até para mostrarem aos demais prevaricadores o que pode acontecer a quem pensa que o não cumprimento do que se promete é o melhor caminho !? Depois do experimentalismo da troika, não haverá quem goste de um experimentalismo pós-troika ?? Mais uma questão para resolver de vez em 2015, ou próximo...
E a sul ? Mais problemas em África com a queda do petróleo e outras "commodities" poderão retirar algo ao PIB global, mas mais sério pode ser no bloco Brasil / América Latina. Aqui, sim, há um risco de fuga de capital, como já ocorreu no passado. Por conta da alta do USD e da consequente fuga de investimentos, a que se soma a deflação das matéria primas. Mais uma ajuda à recessão global. Ou ao fraco crescimento, se preferirem.
O bloco liderado pelos EUA, terá muitas dificuldades em sustentar o crescimento do ano que findou. Teremos seguramente que abordar a questão dos EUA com um maior cuidado. Pode dar-se o caso da Reserva Federal (FED) nem sequer começar já a elevar os juros básicos. O mercado acredita em alta para meados do ano, mas, havendo desinflação de preços e de ativos, seguramente haverá margem para deixar os juros como estão, tentando não antecipar um novo ciclo mais complexo. A ter em atenção.
De volta à região Ásia-Pacífico: este é um palco principal, digamos, da guerra cambial, como veremos num dos gráficos abaixo. A política de extrema liquidez em Tóquio (quem pensava que a renda fixa nipónica já não tinha margem de valorização equivocou-se) não só baixou ainda mais os "yields" dos papéis do Tesouro, com alcançou o objetivo de trazer competitividade cambial. Não só o JPY se depreciou vis-à-vis USD e EUR, como também caiu fortemente face aos vizinhos asiáticos, incluindo-se a China. Nesse contexto, um sucesso. No que diz respeito a resultados práticos, um fracasso, pois o Japão reentrou em recessão clara. Isto é o sinal mais claro para 2015 e que levanta questões óbvias: os EUA clamam vitória graças, em parte, aos programas QE. Os Japoneses, com os mesmos programas, não saem da cepa torta. Que aconteceria na Europa em caso de implementação de tais programas de estímulo ? A minha opinião, já a deixei em cima, a de uma realidade Euro-nipónica, mas não sou eu que conto nada para a realidade dos factos. Há uma corrente, mais germanófila, que despreza o efeito prático destes programas, dando de barato que estão condenados ao fracasso, porque nada daquilo vai longe sem reformas estruturais. Outra corrente tenta "aproximar" a Europa do modelo Americano (semelhanças culturais??), afirmando que, com o estímulo certo, poderá haver liquidez para relançar a Europa, com mais crescimento e emprego, o que inevitavelmente trará resultantes tão bons quanto os dos EUA. Neste caso, confesso um certo ceticismo em relação a ambas. Há semelhanças, para o bem e para o mal, com estes grandes parceiros, a Ocidente e a Oriente, pelo que o cenário mais provável seria uma espécie de meio caminho entre o sucesso e o fracasso. Tudo isto causa angústia, desconfiança e aversão ao risco, sobretudo depois de anos de sentimento positivo pós-Lehman Brothers. E leva a que estejamos particularmente atentos à China, à Índia e ao Hemisfério Sul. Qualquer sinal de fraqueza que se revele a nível regional e posteriormente global pode trazer outra grave crise em cima de uma crise ainda mal curada. Todos sabem o que custa uma gripe na sequela de uma primeira gripe. Tende a ser bem pior.
Depois, temos outras visões, claramente mais otimistas: os mercados têm vindo a subir e a sinalizar força para mais subidas, nem que seja por conta da extrema liquidez. E neste ano terminado em cinco (2015), poderemos manter a tradição de muitas décadas, ou seja, anos terminados em cinco, são anos positivos, de maior otimismo e são até anos de arranque para ganhos. Na verdade, se pensar apenas nos mercados acionistas, consigo recordar o que se passou no pós 1985, ou a seguir a 1995 ou até a 2005 - foram tempos de medo, mas sobretudo tempos onde o sentido positivo foi mais forte do que o negativo, apesar dos perigos e das dúvidas. Hoje estamos num patamar de maior risco, mas nada que impeça a manutenção desta tradição. E se no ano passado ainda tivemos o JPY como "canário da mina" para nos mostrar o caminho da liquidez, receio que este ano, surja um "surto" de volatilidade na maioria dos ativos importantes, sinalizando estas forças em conflito.
Posto isto, avancemos sem mais delongas, para gráficos mais do que importantes no contexto da esfera financeira global.
Estagdeflação = estagnação económica em clima de deflação
Olá a todo o mundo onde se fala português !!
Mais um ano a chegou ao fim, mais um novo ano que nos abraça e mais uma vez tempo para novas perspetivas sobre esta esfera financeira global, sempre em evolução.
As palavras acima foram de saudação há um ano atrás e agora repito-as, num simbolismo que convém deixar claro. Parte da análise colocada há 12 meses atrás ainda é válida agora.
2014 não foi o sim ou sopas da crise global (eis o link para a crónica do ano que passou: viewtopic.php?f=3&t=82909&p=1083529&hilit=djovarius#p1083529), em vez disso, pode-se falar de "adiamento" e de novos episódios, mais confusão geo-política (desta vez nem tanto na esfera financeira) e, em vez de um arranque para uma forte recuperação global, assistimos a novos espaços de crise eminente e confrontação latente.
Eis, o que o mundo, incrédulo, assiste à chegada de 2015 !! Estamos agora mais à beira de fenómenos de deflação ao nível dos preços do consumidor na Europa, risco real de desinflação nos EUA e China, e um período de reinflação no Japão, estranhamente mergulhado em recessão. Estranhamente ? Talvez nem tanto... afinal, já tínhamos visto que as políticas de juro real zero ou negativo não só não resolveram qualquer crise económica, como vão adiando o eclodir de crises por mais tempo, levando à formação de bolhas atrás de bolhas. Mais liquidez iguala-se a mais combustível para bolhas especulativas. E se é verdade que já andamos nisto há cerca de 25 anos, também é verdade que os efeitos foram ficando mais "violentos" na esfera financeira Global. Não se trata mais de uma empresa, setor, país, região do mundo. Tudo o que acontece "lá", tem repercussões mais ou menos graves aqui.
Na última década, tivemos o sub-prime e a crise financeira dos PIIGS, mas, como sempre sucede, não foi o fim de um caminho, ou de um tempo. Pelo contrário, todas as crises, salvo honrosas exceções, em vez de resolvidas, foram sempre o prenúncio de novos acontecimentos, sempre surpreendentes.
O ano que findou foi testemunha disso mesmo. Com a ameaça de deflação em andamento e com o aumento quase generalizado dos programas de "expansão" monetária (os EUA estão já noutro ciclo, o do fim dos mesmos), seria de esperar, além da fuga para a qualidade (o que ocorreu mesmo) através da compra de títulos Soberanos das grandes Economias de confiança, uma espécie de fuga para a proteção. Com tamanha liquidez, seria de esperar um aumento dos preços de Ouro, Prata e Petróleo, entre outros ativos, a exemplo do que aconteceu nos tempos da bolha que culminou em 2008 - seria expectável algo semelhante, até porque o mundo continua mergulhado em extrema liquidez.
Em vez disso, chega 2015 com algo que contraria a teoria e a prática da política monetária. A liquidez está aí para durar, mas a grande fuga para a Renda fixa de menor ou maior risco, está a sinalizar algo mais preocupante: os mercados acreditam cada vez mais em estagnação não só do IPC como também do próprio PIB - dir-se-ìa neste contexto, caminhamos, sobretudo a Ocidente, para um gigantesco Japão. Nesse contexto, eu iria mais ao detalhe: teremos aqui um novo eixo Euro-nipónico, eixo de estagnação económica, social, cultural, moral, demográfica, só para citar alguns lugares comuns, mas essenciais.
Interessante verificar que, além dessa fuga para a renda fixa (os principais mercados acionistas seguem em alta por arrasto, numa espécie de arbitragem), verifica-se uma procura de alguns ativos norte-americanos, com novos máximos históricos ou vários índices ou setores. É o regresso do USD forte, não como política oficial, mas como resultado da nossa sempre referida "guerra cambial". Ao eliminar os programas QE (por motivos políticos, diga-se), os EUA perderam batalhas nessa guerra, vendo-se confrontados com uma apreciação do USD, que não vai agradar, a prazo, aos agentes económicos locais ou globais, com base naquele país. O que é facto é que os mesmos que há dez anos, à medida que o bear market do USD seguia o seu caminho, falavam do colapso da divisa (não eram só os "goldbugs"), são os mesmos que glorificam o regresso do "king dollar". Pessoalmente, nunca fui apologista de colapsos de certas divisas nem do seu oposto. É o mercado a funcionar como sempre. Não existem ativos "caros" ou "baratos". Só existe lei da oferta e procura, como sempre foi. E se o mercado crê que o dólar norte-americano deve se apreciar, isso é o que ocorre. Tentar racionalizar sobre se certo ativo está caro e deve inverter a tendência só existe porque a maioria dos "traders", ou mesmo dos investidores de portefolio, vive a sua própria bolha temporal, vestindo a camisola em relação ao ativo X ou Z. O mesmo se pode dizer em relação ao "casamento" com a ação A ou B. Essa relação só dá certo se o mercado estiver do lado do nosso próprio negócio. Caso contrário, devemos assumir o divórcio, sem mágoas. Um bom exemplo é o petróleo (crude): emocionalmente é muito fácil estar do lado curto neste ativo. Porque isso, no nosso imaginário, significa estar do lado de gasolina mais barata para os nossos veículos ou viagens de avião mais em conta. Acontece, porém, que não é isso que deve importar. A análise desse ativo deve ser fria, como de qualquer outro. (A propósito, há um ano fui apologista das quedas, mas nunca pensei que fossem tão expressivas). Pensamentos que ficam ao nos prepararmos para 2015.
Acima, referia fenómenos da esfera geo-política, que foram marcantes, e que deverão ser considerados na análise de risco para este ano novo.
Desde logo, na Europa de Leste, os desenvolvimentos da Ucrânia e as sanções à Russia são fatores que contrariam o estímulo à Economia de que tanto se fala.
A própria queda do preço do petróleo prejudica Rússia, Brasil, entre outros emergentes. No médio Oriente teremos menos "petrodólares" para investir em ativos financeiros do Ocidente, o que implica maior dependência dos programas dos Bancos Centrais. Outras tensões Regionais são importantes, mas destaco os problemas do Mediterrâneo para Leste, com uma mistura explosiva de "ISIS" e outros fanatismos. A outro nível, começam a surgir sinais que, politicamente, a Espanha não será (ainda) um problema e que outros PIIGS (e zona Euro em geral) conseguirão uma estabilidade dentro da instabilidade, com uma exceção chamada Grécia. É espantoso como, cinco anos depois, este pequeno país da Europa do Euro volta a acenar com os seus problemas internos. É mesmo disso que se trata: colocar-se em "bicos de pés" com a ilusão de que haverá uma salvação, seja por parte do BCE, ou troika ou Alemanha, etc... ao contrário, do que se pensa, a Grécia tornou-se irrelevante para o sistema, pois os credores (não o país) já estarão a salvo de um possível colapso, graças aos mecanismos que supostamente seriam a salvação do país. Nada mais errado. Se a Grécia quiser entrar numa fria e sair do EUR via calote ou por decisão política, terá de assumir as consequências da escolha. E quem diz que os "grandes" da Europa não gostariam desse cenário, até para mostrarem aos demais prevaricadores o que pode acontecer a quem pensa que o não cumprimento do que se promete é o melhor caminho !? Depois do experimentalismo da troika, não haverá quem goste de um experimentalismo pós-troika ?? Mais uma questão para resolver de vez em 2015, ou próximo...
E a sul ? Mais problemas em África com a queda do petróleo e outras "commodities" poderão retirar algo ao PIB global, mas mais sério pode ser no bloco Brasil / América Latina. Aqui, sim, há um risco de fuga de capital, como já ocorreu no passado. Por conta da alta do USD e da consequente fuga de investimentos, a que se soma a deflação das matéria primas. Mais uma ajuda à recessão global. Ou ao fraco crescimento, se preferirem.
O bloco liderado pelos EUA, terá muitas dificuldades em sustentar o crescimento do ano que findou. Teremos seguramente que abordar a questão dos EUA com um maior cuidado. Pode dar-se o caso da Reserva Federal (FED) nem sequer começar já a elevar os juros básicos. O mercado acredita em alta para meados do ano, mas, havendo desinflação de preços e de ativos, seguramente haverá margem para deixar os juros como estão, tentando não antecipar um novo ciclo mais complexo. A ter em atenção.
De volta à região Ásia-Pacífico: este é um palco principal, digamos, da guerra cambial, como veremos num dos gráficos abaixo. A política de extrema liquidez em Tóquio (quem pensava que a renda fixa nipónica já não tinha margem de valorização equivocou-se) não só baixou ainda mais os "yields" dos papéis do Tesouro, com alcançou o objetivo de trazer competitividade cambial. Não só o JPY se depreciou vis-à-vis USD e EUR, como também caiu fortemente face aos vizinhos asiáticos, incluindo-se a China. Nesse contexto, um sucesso. No que diz respeito a resultados práticos, um fracasso, pois o Japão reentrou em recessão clara. Isto é o sinal mais claro para 2015 e que levanta questões óbvias: os EUA clamam vitória graças, em parte, aos programas QE. Os Japoneses, com os mesmos programas, não saem da cepa torta. Que aconteceria na Europa em caso de implementação de tais programas de estímulo ? A minha opinião, já a deixei em cima, a de uma realidade Euro-nipónica, mas não sou eu que conto nada para a realidade dos factos. Há uma corrente, mais germanófila, que despreza o efeito prático destes programas, dando de barato que estão condenados ao fracasso, porque nada daquilo vai longe sem reformas estruturais. Outra corrente tenta "aproximar" a Europa do modelo Americano (semelhanças culturais??), afirmando que, com o estímulo certo, poderá haver liquidez para relançar a Europa, com mais crescimento e emprego, o que inevitavelmente trará resultantes tão bons quanto os dos EUA. Neste caso, confesso um certo ceticismo em relação a ambas. Há semelhanças, para o bem e para o mal, com estes grandes parceiros, a Ocidente e a Oriente, pelo que o cenário mais provável seria uma espécie de meio caminho entre o sucesso e o fracasso. Tudo isto causa angústia, desconfiança e aversão ao risco, sobretudo depois de anos de sentimento positivo pós-Lehman Brothers. E leva a que estejamos particularmente atentos à China, à Índia e ao Hemisfério Sul. Qualquer sinal de fraqueza que se revele a nível regional e posteriormente global pode trazer outra grave crise em cima de uma crise ainda mal curada. Todos sabem o que custa uma gripe na sequela de uma primeira gripe. Tende a ser bem pior.
Depois, temos outras visões, claramente mais otimistas: os mercados têm vindo a subir e a sinalizar força para mais subidas, nem que seja por conta da extrema liquidez. E neste ano terminado em cinco (2015), poderemos manter a tradição de muitas décadas, ou seja, anos terminados em cinco, são anos positivos, de maior otimismo e são até anos de arranque para ganhos. Na verdade, se pensar apenas nos mercados acionistas, consigo recordar o que se passou no pós 1985, ou a seguir a 1995 ou até a 2005 - foram tempos de medo, mas sobretudo tempos onde o sentido positivo foi mais forte do que o negativo, apesar dos perigos e das dúvidas. Hoje estamos num patamar de maior risco, mas nada que impeça a manutenção desta tradição. E se no ano passado ainda tivemos o JPY como "canário da mina" para nos mostrar o caminho da liquidez, receio que este ano, surja um "surto" de volatilidade na maioria dos ativos importantes, sinalizando estas forças em conflito.
Posto isto, avancemos sem mais delongas, para gráficos mais do que importantes no contexto da esfera financeira global.
- Anexos
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- Este gráfico mostra como o Japão ganhou batalhas da guerra cambial, não só contra os EUA e Euro-área, mas também contra a China e demais vizinhos. Uma tendência que pode bem continuar em 2015 a não ser que o "carry trade" exploda por qualquer razão.
- asia curr.jpg (42.67 KiB) Visualizado 4123 vezes
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- Falando nisso, será que até o título alemão a dez anos vai chegar a zero, a exemplo dos papéis de maturidade em até 4 anos ?? Que rendimento pode dar este investimento ?
- Germany 10-Year Bond Yield.png (27.18 KiB) Visualizado 4123 vezes
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- Pelo menos aqui ainda há potencial de rendimento, já não tanto suporte do Banco Central, mas sim dos investidores. Claro que se as ações inverterem a tendência de alta, estes títulos vão sorrir para os investidores.
- U.S. 10-Year Bond Yield(Monthly).png (31.14 KiB) Visualizado 4123 vezes
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- Com tanta força demonstrada pelo USD, o brilho do Ouro eclipsou-se. Não é um ativo muito apetecido agora. O mesmo se passa com outros metais. A situação não se deve alterar enquanto há ameaça de deflação.
- Gold(Weekly).png (30.99 KiB) Visualizado 4123 vezes
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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