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Caldeirão da Bolsa

"Aumento descontrolado da Educação Especial"

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: "Aumento descontrolado da Educação Especial"

por IzNouGud » 14/6/2014 22:02

Já que falamos em Educação Especial, este ano há modificações radicais.
Em reunião geral de professores o Diretor da minha escola informou de algumas alterações para o próximo ano:
- só os alunos com NEE profundas (diria muito profundas) serão considerados NEE
- as turmas com alunos com NEE, passam a não ser reduzidas, ou sejam terão um minimo de 26 alunos (24 para os profissionais) e um máximo de 30. Antes as turmas com NEE tinham 20 alunos e, no máximo, 2 por turma. A justificação é que como os alunos NEE são alunos com necessidades profundas, apenas frequentarão 2 ou 3 disciplinas, por isso não vale a pena reduzir a turma (nota: estes alunos transitarão sempre de ano e no final do 12º terão diploma de frequência). Pessoalmente não consigo imaginar um aluno cego ou surdo numa turma com 30 alunos.

Quanto às horas de apoio à necessidade educativas e apoio pedagógico, são em numero bastante reduzido (10 ou 12? para uma escola com 1300 alunos).

Respondendo a quem abriu o tema, devo dizer que conheço a realidade de várias escola e em nenhuma o Diretor utiliza as horas de crédito como arma eleitora. Não digo que não possa existir, mas generalizar é. no minimo, abusivo.
Concordo que as regras de atribuição de NEE devem ser revistas, pois há alunos com NEE em que o único problema que têm é não se dedicarem (digamos assim!) e há outros que necessitam, mas por fatores vários não têm o estatuto.

Respondendo ao mmrmm, não concordo que os professores maus sejam superiores aos bons. Acredito que os professores bons são muito superiores ao total dos médio+maus.
Devo dizer que, sendo professor à 30 anos, os meus filhos frequentaram ou frequentam a escola pública, apesar do mais novo, devido aos seus resultados desportivos, ter uma proposta de um colégio que, desde que participasse no Desporto Escolar, frequentaria o colégio sem custo.
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Re: "Aumento descontrolado da Educação Especial"

por Àlvaro » 14/6/2014 15:05

Artista, generalizações são sempre abordagens abusivas, mas de há muitos anos que sei alguma coisa de educação especial. O que aqui refiro, e essa parte parece-me que não percebeste, é do âmbito dos outros apoios, dos apoios às dificuldades de aprendizagem. Aqui reside de facto o problema e reside porque os diretores são essencialmente políticos - o regime de gestão e administração assim o dita - que muitas vezes utilizam estrategicamente as horas que deveriam ser para apoio educativo. É só isso. Por acaso ouviste o Presidente da Associação de Diretores de Agrupamento a propósito dos resultados dos exames? Diz ele: "temos de reforçar os pilares do 1.º ciclo". Ora bem, um CEO de uma qualquer construtora não diria melhor. Aprenderam a dizer vacuidades, são os políticos que Sócrates espalhou pelo ensino e para mim este é um dos maiores males do ensino em Portugal. Se em vez de terem essa lata estanhada própria da função politiqueira, tivessem formação pedagógica a sério recomendariam que se ponderassem estratégias de âmbito educativo e não o reforço dos pilares. E há tanto por onde ponderar... Porque será que os professores de 1.º ciclo continuam em regime de monodocência? Será mesmo verdade que esses professores têm habilitação para lecionar todas as áreas do currículo?!... ai artista...
 
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Re: "Aumento descontrolado da Educação Especial"

por karjor » 13/6/2014 13:37

O que me choca neste post é ter-se pegado numa área tão sensível como é a Educação Especial (com todas os problemas, frustrações, etc que envolvem estas crianças/famílias) para vir falar em alegados despesismos/dinheiros mal gastos, quando o que se está a passar é exatamente o contrário. Esta notícia dá a entender que o estado está a gastar mais com a educação especial porque há mais alunos mas a realidade é outra. A este aumento não correspondeu um aumento de professores, terapeutas ou psicólogos. Pelo contrário, neste ano letivo houve inúmeros casos de agrupamentos de escolas em que houve uma diminuição de professores e restantes técnicos mesmo tendo em muitos deles aumentado o número de alunos com NEE. Nos últimos anos, a escola púbica teve cortes orçamentais brutais que em muito ultrapassaram o que estava proposto no memorando. A educação especial também foi muito afetada por esses cortes. Por isso, se se quiser falar em esbanjamento no setor da educação, olhe-se para onde ele efetivamente existe e bem mais gravoso do que parques escolares que, apesar dos excessos, foi dinheiro investido nas escolas e não para alimentar fortunas privadas. http://expresso.sapo.pt/colegios-privad ... ar=f771463 Este artigo tem por base reportagens televisivas e tudo o que nele é descrito é factual.
Quanto às referenciações destes alunos, elas não são feitas de qualquer maneira. São feitas com base na classificação internacional de funcionalidade e suportadas por pareceres/relatórios médicos ou de outros técnicos. Não são à vontade dos pais. Além disso, há inspeções que escrutinam rigorosamente estes processos.
 
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Re: "Aumento descontrolado da Educação Especial"

por mmrmm » 13/6/2014 1:26

Apenas algumas «achegas» ao tema e à educação em geral.

- Desde o «reinado» da ministra Maria de Lurdes Rodrigues com a reformulação do estatuto da carreira docente que tanta polémica causou, muito mudou no sistema educativo. O cargo estatuariamente duma escola é o presidente da assembleia da escola, órgão composto, em partes iguais em termos de poder, por representantes do corpo docente, do corpo não-docente, do poder camarário e da estrutura económica do local onde a escola está inserida. Os três primeiros representantes são eleitos pelos seus pares, o representante camarário é indigitado pelo respectivo poder, e sinceramente não me lembro como é que se encontra um representante da estrutura económica local. Lembro-me da dificuldade de encontrar alguém e que essas pessoas se interessem pelo projecto educativo da escola. O presidente deste órgão é eleito por todos os representantes. Geralmente costuma ser um professor da escola, mas nada obriga a que seja.

- Este órgão indigita o órgão executivo da escola, agora designado por direcção. O processo é público abrindo candidaturas a todos os docentes profissionalizados com ligação aos quadros do Min. da Edu., mas não tem de ser necessariamente um professor da escola. O processo passa por uma entrevista onde o candidato à direcção apresenta o seu projecto para a escola e o projecto para a mesma. Após as entrevistas o órgão decide qual a candidatura aprovada, tendo cada membro da assembleia um voto.

- Existe em cada escola um banco de horas que a direcção gere em função das necessidades e projectos da mesma, que são distribuídos pelos diferentes grupos disciplinares. Exemplo: numa escola que tenha clube da matemática, do português, etc., a direcção pode dar x número de horas a cada grupo para desenvolver os seus projectos, na certeza que nenhum docente ganhará mais por isso pois faz já muito tempo que não são permitidas horas extras no ensino, ou seja, ninguém pode ganhar mais do que está tabelado para o seu escalão. Acresce ainda que estas actividades são cada vez mais preenchidas por horas da componente não lectiva dos professores, não contando para a contabilização do seu horário dos 22 tempos semanais, mas ficando nas restantes 13, ficando o resto que perfaz as 40 como trabalho a desempenhar em casa (preparação das aulas, avaliações, etc.).

- Os directores de turma são escolhidos pela direcção da escola. O novo estatuto obrigava a que este cargo fosse apenas desempenhado pelos professores titulares (cargo inventado pelo mesmo estatuto), aqueles que já estavam nos 3 últimos escalões da carreira, mas rapidamente se verificou que não existiam professores titulares disponíveis até porque estes também e supostamente tinham a exclusividade doutras funções como coordenação de departamento disciplinar entre outros.

- Por último o Ensino Especial. O incremento desta modalidade deve-se sobretudo ao facto dos alunos com necessidades educativas especiais (vulgo NEE), terem progressivamente avançado mais no ensino. Devo dizer que em 15 anos de carreira do ensino Secundário apenas nos últimos 6 comecei a ter alunos com NEE. Até então geralmente ficavam pelo 9.º ano e depois eventualmente iriam para cursos das escolas profissionais, ou conseguiam logo entrar no mercado de trabalho. Com um mercado que nem licenciados ou pessoas com experiência absorve, muito menos o faz com miúdos de 16 anos, pelo que a alternativa tem sido continuar os estudos. Acresce que se optou, e bem em teoria, por uma política inclusiva destes alunos em turmas «normais», o problema foi que se esqueceram que os mesmo chegam ao 10.º ano, ou mesmo aos cursos profissionais, sem um domínio mínimo da língua materna e do pensamento estruturado. Conclusão, muitos marcam passo, aguentam 2 a 3 anos e acabam por engrossar as fileiras do abandono escolar.

- Como sempre naquela casa de doidos que dá pelo nome de Min. da Educação, que alguém um dia quis implodir – pena que não tenha tido coragem para tal, durante anos a fio deitou-se dinheiro para cima dos problemas na esperança que se resolvessem por si (os «hotéis de 5 estrelas» construídos pela Parque Escolar são um bom exemplo disso), e não se apostou a sério na formação de docentes, não docentes, dos próprios pais, numa rede séria de saúde física e mental nas escolas (e não apenas orientação vocacional), em sinergias entre as escolas e a segurança social, enfim, são muito os casos que explicam o estado do ensino oficial. Quem tem dinheiro mete os filhos no privado que lhe oferece outras condições… pessoalmente não condeno quem o faz e seguramente, assim tenha disponibilidade para tal, farei o mesmo com o meu filho, pois não estou para o entregar à aleatoriedade da oferta pública onde existe o bom (excepção), o mediano (regra) e mau (não sendo regra é bem maior do que o bom), isto em termos de pessoal docente, não docente e condições, pois ao contrário do que se pensa o investimento da Parque Escolar foi tão mal feito, que mesmo nos tais hotéis de 5* faltam coisas básicas, e não foi por falta de dinheiro, mas antes por ter sido mal gasto.

Espero não vos ter maçado demasiadamente com algum «eduquês» excessivo. Fica o meu contributo para um assunto tão importante.
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Re: "Aumento descontrolado da Educação Especial"

por artista_ » 13/6/2014 0:36

corre Escreveu:Mav888, não escrevi que são exclusivamente eleitos pelos pares. São em grande parte eleitos pelos pares.
Em relação ao controle ou não controle das horas não estou especialmente interessado na vertente controleira do ensino, o que refiro é que a única coisa de que o MEC tem conhecimento, a propósito do apoio pedagógico a dif de aprendizagem -na melhor das hipoteses- é que há x horas pa y professores. Ora, como qualquer compreenderá isso conduz inevitalvelmente a enormes abusos. Já em relação à educação especial anualmente os docentes têm de preencher formulários em aplicações onde para além do nome do aluno terá de constar a caraterização, o tipo de medidas, as horas de apoio, o que se faz com o aluno e portanto, se assim fosse para os outros apoios, estaríamos a falar de outro Mundo... um Mundo com muito menos "eletrodomésticos".


Sinceramente não consigo perceber o que estás a querer dizer?! Sabes o que é a educação especial?
Sugestões de trading, análises técnicas, estratégias e ideias http://sobe-e-desce.blogspot.com/
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Re: "Aumento descontrolado da Educação Especial"

por Àlvaro » 12/6/2014 23:48

Mav888, não escrevi que são exclusivamente eleitos pelos pares. São em grande parte eleitos pelos pares.
Em relação ao controle ou não controle das horas não estou especialmente interessado na vertente controleira do ensino, o que refiro é que a única coisa de que o MEC tem conhecimento, a propósito do apoio pedagógico a dif de aprendizagem -na melhor das hipoteses- é que há x horas pa y professores. Ora, como qualquer compreenderá isso conduz inevitalvelmente a enormes abusos. Já em relação à educação especial anualmente os docentes têm de preencher formulários em aplicações onde para além do nome do aluno terá de constar a caraterização, o tipo de medidas, as horas de apoio, o que se faz com o aluno e portanto, se assim fosse para os outros apoios, estaríamos a falar de outro Mundo... um Mundo com muito menos "eletrodomésticos".
 
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Re: "Aumento descontrolado da Educação Especial"

por mav888 » 12/6/2014 23:11

corre Escreveu:MEC ataca aumento "descontrolado" de Educação Especial - Portugal - DN

http://www.dn.pt

Entre 2011 e 2013, de alunos abrangidos pela Educação Especial aumentou em 15150, para 62100. Secretário de...

Esta notícia reflete muito do que é a gestão do nosso País!
Como se a questão fosse de legislação! Há dezenas de milhares de horas que supostamente deveriam ser para apoio educativo a alunos, no entanto se os pagantes (contribuintes) perguntarem ao MEC quantas horas determinada escola utilizou para apoio, quem foram os professores envolvidos, quem foram os alunos e em que horas, a resposta não deverá andar longe de: "X professores; Y horas". Uma festa!
Não há o mínimo de controlo sobre estas horas para apoio educativo! E aos diretores que até precisam de votos dá-lhes um jeitaço!!!

A questão não é de legislação, a que existe bastaria caso se cumprisse. A questão é de não cumprimento da legislação e do MEC sabem muito bem, porém convem dar a ler que se faz alguma coisa. Por acaso o MEC tem dados que lhe permitam responder perante os contribuintes (pagantes) sobre quantas horas foram lecionadas em apoio sócio educativo, quais os professores envolvidos e em que tempos? Olhe que não, olhe que não...
Bem... como estamos na quadra das festas populares tomemos a coisa por foguete.


Corre,

Também acho que este aumento de alunos sob educação especial é um abuso, quanto a tudo o resto que mencionas, estás errado por total desconhecimento.
Só a titulo de exemplo: Os Diretores já não são eleitos pelos pares há já muito tempo.

Para além deste existem muitos outros erros na tua argumentação.

Quanto ao assunto em questão na noticia, há que investigar tudo e todos os que assinam os documentos que dão origem a esta situação. A começar pelos Pais, que querem que os filhos façam exames diferentes dos restantes e que para isso recorrem a atestados falsos. Não têm vergonha de fazer o que for necessário para facilitar a vida dos filhos.

Abraço
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Re: "Aumento descontrolado da Educação Especial"

por karjor » 12/6/2014 22:29

"Não há o mínimo de controlo sobre estas horas para apoio educativo!"
Tem evidências? Pode provar o que citei?
Enfim... Mas num país em que até economistas podem ser ministros da educação é de esperar que todos se sintam capacitados para falarem do que não sabem!!!
 
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"Aumento descontrolado da Educação Especial"

por Àlvaro » 12/6/2014 8:37

MEC ataca aumento "descontrolado" de Educação Especial - Portugal - DN

www.dn.pt

Entre 2011 e 2013, de alunos abrangidos pela Educação Especial aumentou em 15150, para 62100. Secretário de...

Esta notícia reflete muito do que é a gestão do nosso País!
Como se a questão fosse de legislação! Há dezenas de milhares de horas que supostamente deveriam ser para apoio educativo a alunos, no entanto se os pagantes (contribuintes) perguntarem ao MEC quantas horas determinada escola utilizou para apoio, quem foram os professores envolvidos, quem foram os alunos e em que horas, a resposta não deverá andar longe de: "X professores; Y horas". Uma festa!
Não há o mínimo de controlo sobre estas horas para apoio educativo! E aos diretores que até precisam de votos dá-lhes um jeitaço!!!

A questão não é de legislação, a que existe bastaria caso se cumprisse. A questão é de não cumprimento da legislação e do MEC sabem muito bem, porém convem dar a ler que se faz alguma coisa. Por acaso o MEC tem dados que lhe permitam responder perante os contribuintes (pagantes) sobre quantas horas foram lecionadas em apoio sócio educativo, quais os professores envolvidos e em que tempos? Olhe que não, olhe que não...
Bem... como estamos na quadra das festas populares tomemos a coisa por foguete.
 
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