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Caldeirão da Bolsa

Orçamento de Estado - 2014

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Orçamento de Estado - 2014

por migluso » 17/10/2013 12:10

altrio Escreveu:Mas acertar só para uns, volto a dizer, não é constitucional.


Pois... Mas já é constitucional os salários no privado descerem 5%, 10%, 25%, o desemprego disparar e ainda levarmos com o aumento brutal de impostos...

Já os funcionários públicos, uma vez que estão ao serviço da sociedade... :pray: :pray: :pray: ... não podem ter redução de salários, não podem ser despedidos, não podem trabalhar 40 horas... apesar de ser o patrão deles que está falido... porque é injusto e inconstitucional, tem que ser para todos... para todos uma ova...

Cada um que a arrume a sua casa... O estado português não é a minha casa... já sou solidário que chegue... estou farto... rtps, taps, cps, carris, stcps, edps, professores e fiscais da onça...

Para além disso, é com enorme espanto que constato que aqueles que se opõem ao ajustamento nominal dos salários da FP são normalmente aqueles que mais defendem a saída do euro... Fica evidente a contradição da sua posição...
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por pmpcpinto » 17/10/2013 12:09

Acho que a pressão para o fazer é menor do que a que acontece nos partidos.

A mim os partidos não me dizem nada, e não é de hoje. Mas por exemplo, votava de boa vontade no Rui Rio e dava-lhe "carta branca" para dirigir o país. Mas como ele há mais gente.

Mas claro, concordo que foram muitos anos de vicios, que só mudam quando mudarem as mentalidades, o que não é fácil.


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Re: Orçamento de Estado - 2014

por mais_um » 17/10/2013 12:02

altrio Escreveu:
Como disse atrás, para fazer as coisas de forma honesta, em vez de cortar 10% a uns sem ter em conta o seu historial, seria muito mais justo ver exactamente quanto dinheiro foi descontado em nome de cada reformado, revalorizá-lo de acordo com a inflação e aplicar um coeficiente qualquer, único e igual para todos. Se se chegasse à conclusão de que determinado reformado estava a receber de mais, fosse do público ou do privado, então acertar-se-ia. Se os funcionários públicos estavam realmente a ser beneficiados, então sofreriam nessa altura o ajuste justo. Mas acertar só para uns, volto a dizer, não é constitucional.



Durante muito tempo (não sei se ainda é assim) os FP reformavam-se tendo como referencia o ultimo salário (ou do ultimo ano) recebido e não a carreira contributiva, isso levava a algumas verdadeira "pérolas", por exemplo os militares são (ou eram) promovidos quando passavam à reserva, o único fim dessa practica era ficarem a receber pensões maiores. Conheço alguns casos de professores que no ano em que se iam reformar passavam pelo Executivo de forma a terem uma reforma maior. Por isso se é verdade que que existia os esquemas que referiste no privado, também existiam no publico, mas não me choca o que propões, até subscrevo, agora não te esqueças é que até há alguns anos, a contribuição dos FP para a CGA era limitada aos seus descontos, enquanto no privado foram ( e são) os funcionários e as empresas .
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por Elias » 17/10/2013 11:54

pmpcpinto Escreveu:Provavelmente não me exprimi bem, não era politicos que queria dizer, era pessoas capazes, pessoas vindas do meio académico. Pessoalmente, acho que deviamos votar para um presidente da república, que por sua vez teria a missão de constituir um governo, compostos por gente "capaz", gente vinda do meio académio e empresaria, por quem seria responsável.


Entendo o raciocínio.

Mas agora diz-me lá uma coisa: tendo presente que neste país não impera a cultura do mérito mas sim a cultura do favor, o que é que te leva a crer que o presidente da república eleito pelos portugueses ia ter critérios de escolha dos governantes diferentes daquilo que vimos até aqui? Que ele não ia estar a escolher os amigos, os camaradas, os compadres, quiçá os familiares e que em vez disso ia realmente escolher governantes 'capazes' com base no respectivo mérito? E mais ainda, o que é que te leva a crer que os portugueses iam escolher para presidente uma pessoa com essas características?
 
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por pmpcpinto » 17/10/2013 11:43

Ninguém entrou por aqui "adentro" a impor o que quer que seja. Nós é que estendemos a mão a pedir dinheiro. Lembras-te? Foi em 2011. E aqueles a quem pedimos impuseram condições. Nós aceitámos essas condições. E a seguir houve eleições e o povo, através do voto, concordou com essa solução. Não creio que a soberania esteja em causa, porque o povo, soberano, pronunciou-se a favor dessa solução.


Havia outra solução? Eu acho que não, além do mais acho que as dívidas da nossa responsabilidade, mesmo disparatadas, devem ser pagas. No entanto, acho que deviamos aprender e não voltar a cair no mesmo.

Hum... o que seria um político capaz?
Refiro-me a esta situação concreta: o que é que um político capaz teria feito de diferente do que fizeram os nossos políticos?


Provavelmente não me exprimi bem, não era politicos que queria dizer, era pessoas capazes, pessoas vindas do meio académico. Pessoalmente, acho que deviamos votar para um presidente da república, que por sua vez teria a missão de constituir um governo, compostos por gente "capaz", gente vinda do meio académio e empresaria, por quem seria responsável~.

Acabava com a assembeia da república, não não nos representa, e apenas serve para cozinhar negociatas.


Bom, nos EUA existem limites ao endividamento e depois os resultados estão à vista: esse limite tem de ser periodicamente revisto, ou seja na prática isso não serve para nada, a não ser para fingir que existe um limite.


Nessse caso, devia-se arranjar um mecanismo que impedisse as loucuras que foram feitas nos últimos anos.


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Re: Orçamento de Estado - 2014

por Elias » 17/10/2013 11:31

pmpcpinto Escreveu:Quando nos impõem metas a cumprir e caminhos a seguir, não somos soberanos.


Ninguém entrou por aqui "adentro" a impor o que quer que seja. Nós é que estendemos a mão a pedir dinheiro. Lembras-te? Foi em 2011. E aqueles a quem pedimos impuseram condições. Nós aceitámos essas condições. E a seguir houve eleições e o povo, através do voto, concordou com essa solução. Não creio que a soberania esteja em causa, porque o povo, soberano, pronunciou-se a favor dessa solução.

pmpcpinto Escreveu:Pessoalmente, e dado que não existem politicos capazes


Hum... o que seria um político capaz?
Refiro-me a esta situação concreta: o que é que um político capaz teria feito de diferente do que fizeram os nossos políticos?

pmpcpinto Escreveu:acho que a constituição devia incluir limites para indevidamento.


Bom, nos EUA existem limites ao endividamento e depois os resultados estão à vista: esse limite tem de ser periodicamente revisto, ou seja na prática isso não serve para nada, a não ser para fingir que existe um limite.
 
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por altrio » 17/10/2013 11:29

mais_um Escreveu:
altrio Escreveu:
mais_um Escreveu:Sim o TC não se pronunciou sobre essas matérias porque os agentes políticos não quiserem, e não quiseram porque quem o fizesse perdia votos. Mas não foi só os agentes políticos que não quiserem, os próprios FP também não reclamaram (normal), por isso não estranhes que perante as medidas anunciadas (cortes na FP) a maioria da população esteja a favor. O motivo é o mesmo pelo qual os FP não reclamaram quando as benesses foram sendo atribuídas ao longo dos anos. Como diz o ditado, pimenta no c* dos outros é refresco para mim....


Ponto da situação:
* O Catroga atribuiu culpas à Constituição sobre a situação do país
* Eu rebati o comentário dele, dizendo que o Governo não está impedido de tomar medidas constitucionais, só que não quer fazê-lo
* Tu contra-argumentas, apresentando algumas situações que consideras injustas, mas dizes que o TC não se pronunciou sobre elas

Onde está então a responsabilidade da Constituição?


Na Constituição? Nenhuma, pode-se melhorar com a questão de existir limites de divida e afins, proibir aumentar a despesa publica sem saldos primários positivos no ano anterior por exemplo, de resto o problema não está na Constituição mas de quem a interpreta. Sobre este assunto estou com o Miami, o TC tem criado algumas dificuldades mas isso não serve de desculpa ao insucesso do governo.

PS: Não te esqueças de explicar do que eu referi, o que é maioritariamente falso.


Ok, então estamos parcialmente de acordo.

Quanto ao que é falso, podíamos estar aqui a falar durante muito tempo sobre as várias diferenças e o que é que era melhor num sistema ou no outro. Não me vou alongar muito neste tema. Deixa-me no entanto adiantar que quando se fala em convergência do que quer que seja, se fosse feita de forma honesta, seria fazer uma lei que se aplicasse a todos e não retirar de um lado, para acertar, depois tirar do outro, etc, até convergir para 0 dos dois lados.

Não quero perder demasiado tempo com isto, mas a propósito das reformas, que até há uns tempos era efectivamente baseada no último salário na função pública, há muito que se lhe diga. Parece que isto é (ou era) um grande benefício para os funcionários públicos. No entanto, os funcionários públicos descontavam o que lhes competia segundo o seu salário, não escapando nada. Já no privado, como iam contar apenas os últimos anos, muitos descontavam pelo mínimo durante toda a vida e apenas no final descontavam alguma coisa que se visse. Houve uma altura em que bastava fazer um desconto num mês ao longo do ano para contar como um ano inteiro de trabalho - entretanto os funcionários públicos tinham que descontar 14 vezes.

Como disse atrás, para fazer as coisas de forma honesta, em vez de cortar 10% a uns sem ter em conta o seu historial, seria muito mais justo ver exactamente quanto dinheiro foi descontado em nome de cada reformado, revalorizá-lo de acordo com a inflação e aplicar um coeficiente qualquer, único e igual para todos. Se se chegasse à conclusão de que determinado reformado estava a receber de mais, fosse do público ou do privado, então acertar-se-ia. Se os funcionários públicos estavam realmente a ser beneficiados, então sofreriam nessa altura o ajuste justo. Mas acertar só para uns, volto a dizer, não é constitucional.
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por mrod0 » 17/10/2013 11:27

:lol:

Políticos capazes não ganham eleições.
 
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por pmpcpinto » 17/10/2013 11:25

Elias,

Quando nos impõem metas a cumprir e caminhos a seguir, não somos soberanos.

Concordo que nada vais mudar e que daqui a uns anos vamos cair no mesmo, pois tem sido a nossa vida nos últimos 40 anos.

Pessoalmente, e dado que não existem politicos capazes, acho que a constituição devia incluir limites para indevidamento. A própria constituição, também devia ser revista, pois nada tem a ver com realidade de um país como Portugal.


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Re: Orçamento de Estado - 2014

por Elias » 17/10/2013 11:13

pmpcpinto Escreveu:A constituição não está em vigor, pois o seu primeiro artigo não é verdadeiro.

Pedro



Artigo 1.º
(República Portuguesa)

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade
popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.


Pedro não partilho da tua visão.

Apesar de tudo o que se diz em contrário, Portugal continua a ser uma república soberana. Ninguém nos obriga a "ir aos mercados", ninguém nos obriga a pedir dinheiro emprestado e a endividar-nos, ninguém nos obriga a prestar vassalagem seja a quem for. Temos o modelo de desenvolvimento que a sociedade escolheu. E que provavelmente vai continuar a escolher, porque não vejo por aí ninguém a defender que devíamos parar de pedir dinheiro emprestado.
 
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por mais_um » 17/10/2013 10:53

altrio Escreveu:
mais_um Escreveu:Sim o TC não se pronunciou sobre essas matérias porque os agentes políticos não quiserem, e não quiseram porque quem o fizesse perdia votos. Mas não foi só os agentes políticos que não quiserem, os próprios FP também não reclamaram (normal), por isso não estranhes que perante as medidas anunciadas (cortes na FP) a maioria da população esteja a favor. O motivo é o mesmo pelo qual os FP não reclamaram quando as benesses foram sendo atribuídas ao longo dos anos. Como diz o ditado, pimenta no c* dos outros é refresco para mim....


Ponto da situação:
* O Catroga atribuiu culpas à Constituição sobre a situação do país
* Eu rebati o comentário dele, dizendo que o Governo não está impedido de tomar medidas constitucionais, só que não quer fazê-lo
* Tu contra-argumentas, apresentando algumas situações que consideras injustas, mas dizes que o TC não se pronunciou sobre elas

Onde está então a responsabilidade da Constituição?


Na Constituição? Nenhuma, pode-se melhorar com a questão de existir limites de divida e afins, proibir aumentar a despesa publica sem saldos primários positivos no ano anterior por exemplo, de resto o problema não está na Constituição mas de quem a interpreta. Sobre este assunto estou com o Miami, o TC tem criado algumas dificuldades mas isso não serve de desculpa ao insucesso do governo.

PS: Não te esqueças de explicar do que eu referi, o que é maioritariamente falso.
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por pmpcpinto » 17/10/2013 10:50

A constituição não está em vigor, pois o seu primeiro artigo não é verdadeiro.

Pedro



Artigo 1.º
(República Portuguesa)

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade
popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por altrio » 17/10/2013 10:29

mais_um Escreveu:Sim o TC não se pronunciou sobre essas matérias porque os agentes políticos não quiserem, e não quiseram porque quem o fizesse perdia votos. Mas não foi só os agentes políticos que não quiserem, os próprios FP também não reclamaram (normal), por isso não estranhes que perante as medidas anunciadas (cortes na FP) a maioria da população esteja a favor. O motivo é o mesmo pelo qual os FP não reclamaram quando as benesses foram sendo atribuídas ao longo dos anos. Como diz o ditado, pimenta no c* dos outros é refresco para mim....


Ponto da situação:
* O Catroga atribuiu culpas à Constituição sobre a situação do país
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por mais_um » 17/10/2013 10:18

"Ai aguenta, aguenta"

16 Outubro 2013, 23:00 por Pedro Santos Guerreiro | psg@negocios.pt

Fernando Ulrich tinha razão, o povo aguentaria mais austeridade. Tanto aguentaria que aguentará este Orçamento. Por mais que Passos Coelho finja que isto é igual ao litro, isto é igual à tonelada. Vai valer a pena? Em vez de fazer de conta, façamos contas.
O presidente do BPI nunca desejou mais austeridade, avisou apenas que quem pensava que não era possível dar mais peso ao fardo estava enganado. É um facto: enganado estava. Como aqui se escreveu ontem, cortar custos do Estado é isto e isto só veio tarde, o que tornou tudo mais injusto; e este Orçamento não visa crescimento, nem reformas, nem justiça, visa apenas comprar bilhete para aceder aos mercados e ao programa cautelar. Mas agora emparedemos a alma e empedremos o coração. Pensemos como um computador. Analisemos os riscos.

O crescimento económico orçamentado (de 0,8%) depende um pouco do investimento e sobretudo das exportações e do mercado interno.

O aumento do investimento terá de ser sobretudo privado (o Estado permanece depenado) e estrangeiro (as empresas portuguesas continuam descapitalizadas e o crédito caro). A ferramenta do Governo, de descida do IRC, está longe de ser um choque fiscal. E mais importante que isso é a justiça e a estabilidade política, que não se legislam.

Para as exportações contribui a competitividade das empresas portuguesas e a procura externa, que não controlamos.

Para o mercado interno é preciso mais consumo das famílias. É aqui que entra o medo do "choque de expectativas". É curioso que o mesmo Governo que desejava o aumento da taxa de poupança (que se verificou) queira agora que esse dinheiro seja gasto. Como curioso é que o primeiro-ministro reconheça que esse aumento da poupança resulta de medo das famílias, mais do que de uma nova atitude cultural perante o consumismo, o crédito e a poupança. Se o primeiro-ministro tiver razão (e possivelmente tem), isso só quer dizer que quando estiver "tudo bem", os portugueses consumirão furiosamente como dantes. Não é grande perspectiva.

O problema é que o choque de austeridade não é apenas um choque de expectativas. Muitas famílias terão menos dinheiro. E é um paradoxo que o mesmo Governo que quer que os portugueses consumam mais queira também que poupem mais, pretendendo arrecadar 2,5 mil milhões em certificados de aforro e do tesouro. Com um corte de rendimentos, não é possível ao mesmo tempo gastar alegremente e poupar caninamente.


Que efeitos terá este choque no PIB, denominador de todos os rácios orçamentais? Sejamos ainda mais analíticos. Usemos os famosos múltiplos, que em 2012 traíram a infalibilidade dos modelos do FMI e de Vítor Gaspar. O Governo vai cortar quase quatro mil milhões de euros, o que com um múltiplo de 0,8 (usado em 2012) significa que o PIB perderá 3,2 mil milhões de euros, ou quase dois pontos percentuais. Se assumirmos um múltiplo maior, de 1,5 vezes, então o efeito recessivo é de seis mil milhões de euros, ou um pouco mais de 3,5 pontos percentuais do PIB.

Estes são riscos reais, ou a diferença entre ter crescimento baixo ou regressar à recessão. Nesse caso, não se percebe, por exemplo, como espera o Governo encaixar mais quase 900 milhões em impostos, metade dos quais no IRS. Como, se não há mais emprego e se há corte de pensões e de salários? Depois das cabeleireiras, vão perseguir os engraxadores?


São perguntas estritamente lógicas sobre um orçamento que se diz estritamente lógico. Mas o OE não é apenas lógico, é também ideológico. Na descida do IRC. No aumento do orçamento do Ministério da Defesa e redução do da Saúde. No propor menos Estado e menos apoios sociais.

José Sócrates diz em entrevista ao Expresso: "Sou o chefe democrático que a direita sempre quis ter". Estou completamente de acordo. A "esquerda moderna" com que ganhou a maioria absoluta em 2005 é social-democracia de direita envergonhada que domina o PSD. Mas não com Passos Coelho, o mais liberal de todos que está mais liberal que nunca. A sua maior escravidão é, no entanto, não ser escravo do povo, mas dos mercados. Este Orçamento é deles. Para eles. E por eles. Que corra bem. Que valha a pena.

http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/ ... uenta.html
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por mais_um » 17/10/2013 9:53

altrio Escreveu:
mais_um Escreveu:
altrio Escreveu:Mas estás a sugerir que o governo está a tentar tirar benesses que foram anteriormente distribuídas pelo sector público e que o privado não tinha? E que essas tentativas foram barradas pelo TC? Queres ser concreto e indicar quais?


Possibilidade de despedimentos.
Em relação às benesses distribuidas, temos: reformas antecipadas, forma de calculo das reformas, progressão automaticas de carreiras, aumentos de salarios sem existir correspondência com a produtividade, algumas profissões com salarios desfasados do mercado, etc....


Grande parte do que afirmas é falso.

De qualquer forma, é um desvio do que estávamos a falar porque o TC não se pronunciou sobre essas matérias.


Queres concretizar o que é falso?

Sim o TC não se pronunciou sobre essas matérias porque os agentes políticos não quiserem, e não quiseram porque quem o fizesse perdia votos. Mas não foi só os agentes políticos que não quiserem, os próprios FP também não reclamaram (normal), por isso não estranhes que perante as medidas anunciadas (cortes na FP) a maioria da população esteja a favor. O motivo é o mesmo pelo qual os FP não reclamaram quando as benesses foram sendo atribuídas ao longo dos anos. Como diz o ditado, pimenta no c* dos outros é refresco para mim....
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por mrod0 » 17/10/2013 8:53

IzNouGuud Escreveu:
mais_um Escreveu:
Possibilidade de despedimentos.
Em relação às benesses distribuidas, temos: reformas antecipadas, forma de calculo das reformas, progressão automaticas de carreiras, aumentos de salarios sem existir correspondência com a produtividade, algumas profissões com salarios desfasados do mercado, etc....


Sempre a mesma conversa do coitadinho... e de quem fala sem saber e ficou parado no tempo não querendo ver que as coisas mudaram!

Nã vou entrar num diálogo de surdos, mas digo-te que ainda me lembro do tempo que havia professores com o 12ºano a leccionar o 11º, pois os licenciados não queriam vir para o ensino, pois o ordenado era cerca de 1/3 do que ganhavam no privado. As progressões demoravam 4 ou 5 anos e no privado um engenheiro (é a minha formação) competente demorava uma fração desse tempo.
O que se chama regalias não eram mais do que o mercado a funcionar: se não havia dinheiro teria que compensar noutras coisas, compensações essas que agora já desapareceram.
Não tenhas dúvidas que, sobretudo, nos anos 80 e 90, sem essas "regalias" não haveria profs nas áreas cientificas (do ponto de vista tradicional), nem engenheiros nas câmaras, ...

Isto sem falar do que o privado ganha (legal e ilegalmente) por cima do ordenado.
Mais de 1/4 de economia paralela não é propriamente uma regalia dos FP


Quem é que dá explicações e não passa factura? Profs no privado?
O indíviduo que me corta o cabelo trabalha no hospital. Até às 15h. A partir daí é sempre a "facturar" até as 20h no privado. Estou a tentar lembrar-me se passa factura ou não... :lol:
Sabes quem é que assina muitos projectos de civil e especialidades? Engenheiros de Câmaras, e de entidades públicas quer no continente, quer nas regiões autónomas??
Quantos médicos estão em hospitais e depois fazem privadas?

:lol: :clap: Vê-se mesmo que andas ligado ao mundo real.
 
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por Elias » 17/10/2013 8:42

andre.vez Escreveu:Nao sei quais os artigos exactos, é simples,
Agora por não saber quais os artigos não quer dizer que não tenha opinião.
Agora não me venhas dizer que a constituição esta actualizada, só se for para a era do escudo, sem C.E.E e por aí fora, nesse caso esta actualizadissimo.


Eu não disse que estava actualizada, só queria saber o que achas que devia ser alterado... ou achas que deve ser alterado em abstracto?
Já nem peço que indiques os artigos, mas apenas que digas o que é que achas que está mal na constituição...

Nota que eu não estou a dizer que não tens direito à tua opinião, apenas estou a pedir que a fundamentes...
 
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por Andre.pt » 17/10/2013 8:30

Elias Escreveu:
andre.vez Escreveu:Não sei em concreto quais os artigos


Então qual é a parte da constituição que consideras desactualizadíssima?

Pergunto isto porque estar a defender a revisão constitucional sem explicar em concreto o que deve ser alterado não significa grande coisa...


Nao sei quais os artigos exactos, é simples,
Agora por não saber quais os artigos não quer dizer que não tenha opinião.
Agora não me venhas dizer que a constituição esta actualizada, só se for para a era do escudo, sem C.E.E e por aí fora, nesse caso esta actualizadissimo.
Abraço
André
 
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por altrio » 17/10/2013 6:18

mais_um Escreveu:
altrio Escreveu:
mais_um Escreveu:
Eu sei, depende da "vontade" dos partidos, PR e outros semelhantes, como tal nenhum deste fará um pedido de fiscalização quando se trata de distribuir benesses. Agora quando toca a tirar.....é o que temos visto.


Mas estás a sugerir que o governo está a tentar tirar benesses que foram anteriormente distribuídas pelo sector público e que o privado não tinha? E que essas tentativas foram barradas pelo TC? Queres ser concreto e indicar quais?


Possibilidade de despedimentos.
Em relação às benesses distribuidas, temos: reformas antecipadas, forma de calculo das reformas, progressão automaticas de carreiras, aumentos de salarios sem existir correspondência com a produtividade, algumas profissões com salarios desfasados do mercado, etc....


Grande parte do que afirmas é falso. De qualquer forma, é um desvio do que estávamos a falar porque o TC não se pronunciou sobre essas matérias.
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por IzNouGuud » 17/10/2013 1:43

mais_um Escreveu:
Possibilidade de despedimentos.
Em relação às benesses distribuidas, temos: reformas antecipadas, forma de calculo das reformas, progressão automaticas de carreiras, aumentos de salarios sem existir correspondência com a produtividade, algumas profissões com salarios desfasados do mercado, etc....


Sempre a mesma conversa do coitadinho... e de quem fala sem saber e ficou parado no tempo não querendo ver que as coisas mudaram!

Nã vou entrar num diálogo de surdos, mas digo-te que ainda me lembro do tempo que havia professores com o 12ºano a leccionar o 11º, pois os licenciados não queriam vir para o ensino, pois o ordenado era cerca de 1/3 do que ganhavam no privado. As progressões demoravam 4 ou 5 anos e no privado um engenheiro (é a minha formação) competente demorava uma fração desse tempo.
O que se chama regalias não eram mais do que o mercado a funcionar: se não havia dinheiro teria que compensar noutras coisas, compensações essas que agora já desapareceram.
Não tenhas dúvidas que, sobretudo, nos anos 80 e 90, sem essas "regalias" não haveria profs nas áreas cientificas (do ponto de vista tradicional), nem engenheiros nas câmaras, ...

Isto sem falar do que o privado ganha (legal e ilegalmente) por cima do ordenado.
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por mais_um » 17/10/2013 0:35

altrio Escreveu:
mais_um Escreveu:
Eu sei, depende da "vontade" dos partidos, PR e outros semelhantes, como tal nenhum deste fará um pedido de fiscalização quando se trata de distribuir benesses. Agora quando toca a tirar.....é o que temos visto.


Mas estás a sugerir que o governo está a tentar tirar benesses que foram anteriormente distribuídas pelo sector público e que o privado não tinha? E que essas tentativas foram barradas pelo TC? Queres ser concreto e indicar quais?


Possibilidade de despedimentos.
Em relação às benesses distribuidas, temos: reformas antecipadas, forma de calculo das reformas, progressão automaticas de carreiras, aumentos de salarios sem existir correspondência com a produtividade, algumas profissões com salarios desfasados do mercado, etc....
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por Elias » 16/10/2013 22:12

andre.vez Escreveu:Não sei em concreto quais os artigos


Então qual é a parte da constituição que consideras desactualizadíssima?

Pergunto isto porque estar a defender a revisão constitucional sem explicar em concreto o que deve ser alterado não significa grande coisa...
 
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por Andre.pt » 16/10/2013 21:59

Não sei em concreto quais os artigos
Abraço
André
 
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por Elias » 16/10/2013 21:49

andre.vez Escreveu:Boas,
O que eua cho é que a Constituição esta desactualizadissima. Com o país nesta situação, qualquer governo que proposesse um aumento salarial a todos os funcionarios publicos de 20% iria conseguir faze-lo, mesmo estando a piorar ainda mais a situação do país a constituição nao impede...... já se for fazer uns cortes de subsídios ou aumentar de 35 para 40 horas semanais isso aí já da muito que falar, e muitos deles declarados inconstitucionais..........
Reveisão da Constituição já.....

Abraço


Em concreto, quais os artigos da constituição que achas que devem ser alterados?
 
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Re: Orçamento de Estado - 2014

por Andre.pt » 16/10/2013 21:45

Boas,
O que eua cho é que a Constituição esta desactualizadissima. Com o país nesta situação, qualquer governo que proposesse um aumento salarial a todos os funcionarios publicos de 20% iria conseguir faze-lo, mesmo estando a piorar ainda mais a situação do país a constituição nao impede...... já se for fazer uns cortes de subsídios ou aumentar de 35 para 40 horas semanais isso aí já da muito que falar, e muitos deles declarados inconstitucionais..........
Reveisão da Constituição já.....

Abraço
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André
 
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