César das Neves acerca dos problemas estruturais portugueses
Re: César das Neves acerca dos problemas estruturais portugu
Austeridade à lusitana
por João César das Neves*
Há dois anos e meio, 6 de Abril de 2011, o primeiro-ministro José Sócrates anunciou o pedido de ajuda financeira. Passados 30 meses qual é a situação da economia e da sociedade portuguesas?
Ouvindo as fúrias retóricas que gera, a questão parece desastrosa. Mas ao lado da epopeia político-literária foi acontecendo uma evolução social bastante mais complexa e ambígua. O resultado final do programa, até meados de 2014, e a suas eventuais sequelas dependem crucialmente deste balanço.
Evitando alaridos incendiários, a situação pode resumir-se a dois elementos básicos, ligado a dois traços históricos do carácter nacional, flexibilidade e corporativismo. Há séculos que Portugal é um país excelente a improvisar e a inovar, mas onde os interesses sempre se entrincheiram. Este episódio renova essas tendências.
O primeiro vector vê-se no espantoso ajustamento das famílias e pequenas empresas, mercados, trabalhadores e empresários perante o aperto. Independentemente do que se achar da austeridade, os cidadãos portugueses revelaram uma admirável flexibilidade e adaptação. A mudança de atitude dos agentes económicos começou cedo e surpreendeu os analistas internacionais.
A balança comercial, que no início de 2010 tinha um défice de 9% do PIB, atingiu o equilíbrio a meio de 2012, reforçado desde então. A emigração, tradicional válvula de escape, voltou a acelerar, saindo mais de cem mil pessoas em cada um dos anos de ajustamento. Quase inaudito é que, apesar da pressão financeira sobre as famílias, a sua taxa de poupança tenha mais do que duplicado, do mínimo de 5,6% do rendimento disponível em 2008 para 13,3% a meio deste ano. É verdade que estes e outros indicadores resultam dos custos da terrível recessão; mas outros países com ajustamentos semelhantes não conseguiram resultados tão rápidos. Isto aponta para a tradicional e espantosa capacidade de adaptação do nosso tecido socioeconómico, que os recentes sinais incipientes da recuperação irão aproveitar.
Ao lado deste sucesso, paralelo a grandes feitos antigos, surge também o velho fantasma corporativo, que tantas vezes bloqueou o País. Os portugueses, mesmo em terrível emergência, insistem em defender interesses e privilégios através de entranhados mecanismos sociais e políticos. Direitos adquiridos, favores, "cunhas", redes de influência têm enorme poder, e estão em plena acção nestes anos a dois níveis, um mais visível do que outro.
O primeiro é o protesto, reivindicação e bloqueio legislativo e judicial às medidas de ajustamento. Apesar das evidentes dificuldades nacionais, alguns grupos acham-se com direito a manter benesses que a sociedade evidentemente não consegue pagar. Pior, estes são os grupos mais próximos do Estado - funcionários, médicos, professores, pensionistas, autarquias -, precisamente os mais favorecidos nos anos de fartura. Fingindo-se desvalidos, abusam dos impostos dos pobres. As forças políticas vão à boleia do embuste, capitalizando no descontentamento e contribuindo para a desigualdade nacional. Desempregados, empresas falidas, imigrantes, contribuintes, que realmente são os mais afectados pela crise, acabam sempre sacrificados e usados como figura de retórica para preservar benesses de outros.
O segundo nível, talvez mais grave, é o das empresas e poderes económicos próximos do Estado, que têm distorcido o ajustamento a seu favor. Se as pequenas e médias ajustaram rápido, como vimos, muitas grandes empresas conseguem proteger-se graças a relações políticas. Através de rendas, apoios e influências, os bancos, construtoras, comunicações, energia, outros serviços básicos e alguns grupos económicos mantêm artificialmente negócios e investimentos insustentáveis. O capitalismo de compadres tem muito poder num país corporativo.
O balanço entre flexibilidade e corporativismo ainda é ambíguo. Certo é que aqueles que hoje bloqueiam as reformas em defesa de interesses particulares arriscam a ruína nacional, que os destruirá a eles e a todos, como repetidamente tem mostrado a nossa história.
*João César das Neves é professor na Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais (FCEE) da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa.
Publicado no Diário de Notícias dia 7 de Outubro 2013
por João César das Neves*
Há dois anos e meio, 6 de Abril de 2011, o primeiro-ministro José Sócrates anunciou o pedido de ajuda financeira. Passados 30 meses qual é a situação da economia e da sociedade portuguesas?
Ouvindo as fúrias retóricas que gera, a questão parece desastrosa. Mas ao lado da epopeia político-literária foi acontecendo uma evolução social bastante mais complexa e ambígua. O resultado final do programa, até meados de 2014, e a suas eventuais sequelas dependem crucialmente deste balanço.
Evitando alaridos incendiários, a situação pode resumir-se a dois elementos básicos, ligado a dois traços históricos do carácter nacional, flexibilidade e corporativismo. Há séculos que Portugal é um país excelente a improvisar e a inovar, mas onde os interesses sempre se entrincheiram. Este episódio renova essas tendências.
O primeiro vector vê-se no espantoso ajustamento das famílias e pequenas empresas, mercados, trabalhadores e empresários perante o aperto. Independentemente do que se achar da austeridade, os cidadãos portugueses revelaram uma admirável flexibilidade e adaptação. A mudança de atitude dos agentes económicos começou cedo e surpreendeu os analistas internacionais.
A balança comercial, que no início de 2010 tinha um défice de 9% do PIB, atingiu o equilíbrio a meio de 2012, reforçado desde então. A emigração, tradicional válvula de escape, voltou a acelerar, saindo mais de cem mil pessoas em cada um dos anos de ajustamento. Quase inaudito é que, apesar da pressão financeira sobre as famílias, a sua taxa de poupança tenha mais do que duplicado, do mínimo de 5,6% do rendimento disponível em 2008 para 13,3% a meio deste ano. É verdade que estes e outros indicadores resultam dos custos da terrível recessão; mas outros países com ajustamentos semelhantes não conseguiram resultados tão rápidos. Isto aponta para a tradicional e espantosa capacidade de adaptação do nosso tecido socioeconómico, que os recentes sinais incipientes da recuperação irão aproveitar.
Ao lado deste sucesso, paralelo a grandes feitos antigos, surge também o velho fantasma corporativo, que tantas vezes bloqueou o País. Os portugueses, mesmo em terrível emergência, insistem em defender interesses e privilégios através de entranhados mecanismos sociais e políticos. Direitos adquiridos, favores, "cunhas", redes de influência têm enorme poder, e estão em plena acção nestes anos a dois níveis, um mais visível do que outro.
O primeiro é o protesto, reivindicação e bloqueio legislativo e judicial às medidas de ajustamento. Apesar das evidentes dificuldades nacionais, alguns grupos acham-se com direito a manter benesses que a sociedade evidentemente não consegue pagar. Pior, estes são os grupos mais próximos do Estado - funcionários, médicos, professores, pensionistas, autarquias -, precisamente os mais favorecidos nos anos de fartura. Fingindo-se desvalidos, abusam dos impostos dos pobres. As forças políticas vão à boleia do embuste, capitalizando no descontentamento e contribuindo para a desigualdade nacional. Desempregados, empresas falidas, imigrantes, contribuintes, que realmente são os mais afectados pela crise, acabam sempre sacrificados e usados como figura de retórica para preservar benesses de outros.
O segundo nível, talvez mais grave, é o das empresas e poderes económicos próximos do Estado, que têm distorcido o ajustamento a seu favor. Se as pequenas e médias ajustaram rápido, como vimos, muitas grandes empresas conseguem proteger-se graças a relações políticas. Através de rendas, apoios e influências, os bancos, construtoras, comunicações, energia, outros serviços básicos e alguns grupos económicos mantêm artificialmente negócios e investimentos insustentáveis. O capitalismo de compadres tem muito poder num país corporativo.
O balanço entre flexibilidade e corporativismo ainda é ambíguo. Certo é que aqueles que hoje bloqueiam as reformas em defesa de interesses particulares arriscam a ruína nacional, que os destruirá a eles e a todos, como repetidamente tem mostrado a nossa história.
*João César das Neves é professor na Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais (FCEE) da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa.
Publicado no Diário de Notícias dia 7 de Outubro 2013
“O sucesso no investimento é toda a gente concordar contigo... mais tarde.” - Jim Grant
Este acho que consegue ser un dos melhores exemplos do empecilho que o estado é para o desenvolvimento da economia nacional.
Isto tudo em nome da eficiência fiscal...
A partir da próxima segunda-feira as prateleiras dos supermercados poderão ficar vazias. Mas pior que isso, é que a entrega de todo o tipo de mercadorias poderá sofrer atrasos significativos.
O alerta é lançado pela Associação Portuguesa de Operadores Logísticos (APOL), que recorda a entrada em vigor do novo regime de bens em circulação, já a partir de 1 de julho. Um regime que acaba por burocratizar um processo logístico que tem funcionado bem, mas que, segundo a APOL, pode bloquear o transporte de mercadorias.
De acordo com a presidente da APOL, Carla Fernandes, "a burocracia aplicada centralmente às cadeias de abastecimento é um dado incompreensível quando o que buscamos é competitividade".
Recorde-se que a direcção da APOL tem alertado o Governo para as dúvidas que o novo regime de bens em circulação tem levantado junto dos operadores logísticos e dos seus clientes, "estando em causa a competitividade das empresas".
A comunicação prévia e a devolução de um código em tempo útil às empresas produtoras e expedidoras, poderá, segundo a APOL, "bloquear muitos transportes e aumentar os tempos de entrega condicionando o normal desenrolar da cadeia de abastecimento e introduzindo custos de contexto aparentemente injustificados, o que de modo inevitável terá consequências no preço final dos bens de consumo".
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/burocracia-poe- ... z2XJ4diJix
Isto tudo em nome da eficiência fiscal...
A partir da próxima segunda-feira as prateleiras dos supermercados poderão ficar vazias. Mas pior que isso, é que a entrega de todo o tipo de mercadorias poderá sofrer atrasos significativos.
O alerta é lançado pela Associação Portuguesa de Operadores Logísticos (APOL), que recorda a entrada em vigor do novo regime de bens em circulação, já a partir de 1 de julho. Um regime que acaba por burocratizar um processo logístico que tem funcionado bem, mas que, segundo a APOL, pode bloquear o transporte de mercadorias.
De acordo com a presidente da APOL, Carla Fernandes, "a burocracia aplicada centralmente às cadeias de abastecimento é um dado incompreensível quando o que buscamos é competitividade".
Recorde-se que a direcção da APOL tem alertado o Governo para as dúvidas que o novo regime de bens em circulação tem levantado junto dos operadores logísticos e dos seus clientes, "estando em causa a competitividade das empresas".
A comunicação prévia e a devolução de um código em tempo útil às empresas produtoras e expedidoras, poderá, segundo a APOL, "bloquear muitos transportes e aumentar os tempos de entrega condicionando o normal desenrolar da cadeia de abastecimento e introduzindo custos de contexto aparentemente injustificados, o que de modo inevitável terá consequências no preço final dos bens de consumo".
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/burocracia-poe- ... z2XJ4diJix
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Re: comentário
jotabilo Escreveu:Claro que a china já tem quase percorrido o caminho da redenção exploratória....mas outros lugares ainda mais populosos se seguem....a India...o Paquistão...a Indonésia....Vietnam....as Filipinas....e em geral todo o extremo oriente....estando agora na moda uma parte da América Latina...Peru, Bolívia e quejandos.....a maior parte das tripulações dos grandes cargueiros e petroleiros...são Filipinos...ficam mais baratos.....
A china com um investimento inicial dos USA-Uk..lá foi progredindo...mas apenas um dos dois sistemas que integram a China...Hong Kong....Taiwan...Macau....mas ainda existem muitos milhões de formigas....ui....
Os artigos chegam aqui a preço acessível...pois...mas absolutamente compensador para a multinacional.....que provocou o desemprego que traz as massas trabalhadoras da europa...em desespero.....
Raramente os políticos referem esta situação a nível global....porque é um abuso condenável...uma injustiça social...facilmente um crime....que levará inexoravelmente à guerra se não se modificarem os procedimentos.....
Por isso mesmo a África é um continente perdido....nunca conseguirá entrar na lógica do mercado...nunca passará de um mero produtor de matérias primas...sem integração de mais valias de trabalho....a exploração primária.....
Por isso o mercantilismo....está no fim....a espiritualidade humana merece acções mais humanamente correctas....existe sempre uma seita gorda que não faz mais nada além de recolectar as mais valias às massas ignaras.....
Estou inteiramente de acordo contigo. Esses que não falam disso porque não lhes interessa chamam a este problema "globalização". É um capitalismo desenfreado, ganancioso, sem limites, sem regras, sem escrúpulos... de uma Europa (já nem falo dos cowboys) que se considera socialmente tão correta.
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Claro que a china já tem quase percorrido o caminho da redenção exploratória....mas outros lugares ainda mais populosos se seguem....a India...o Paquistão...a Indonésia....Vietnam....as Filipinas....e em geral todo o extremo oriente....estando agora na moda uma parte da América Latina...Peru, Bolívia e quejandos.....a maior parte das tripulações dos grandes cargueiros e petroleiros...são Filipinos...ficam mais baratos.....
A china com um investimento inicial dos USA-Uk..lá foi progredindo...mas apenas um dos dois sistemas que integram a China...Hong Kong....Taiwan...Macau....mas ainda existem muitos milhões de formigas....ui....
Os artigos chegam aqui a preço acessível...pois...mas absolutamente compensador para a multinacional.....que provocou o desemprego que traz as massas trabalhadoras da europa...em desespero.....
Raramente os políticos referem esta situação a nível global....porque é um abuso condenável...uma injustiça social...facilmente um crime....que levará inexoravelmente à guerra se não se modificarem os procedimentos.....
Por isso mesmo a África é um continente perdido....nunca conseguirá entrar na lógica do mercado...nunca passará de um mero produtor de matérias primas...sem integração de mais valias de trabalho....a exploração primária.....
Por isso o mercantilismo....está no fim....a espiritualidade humana merece acções mais humanamente correctas....existe sempre uma seita gorda que não faz mais nada além de recolectar as mais valias às massas ignaras.....
A china com um investimento inicial dos USA-Uk..lá foi progredindo...mas apenas um dos dois sistemas que integram a China...Hong Kong....Taiwan...Macau....mas ainda existem muitos milhões de formigas....ui....
Os artigos chegam aqui a preço acessível...pois...mas absolutamente compensador para a multinacional.....que provocou o desemprego que traz as massas trabalhadoras da europa...em desespero.....
Raramente os políticos referem esta situação a nível global....porque é um abuso condenável...uma injustiça social...facilmente um crime....que levará inexoravelmente à guerra se não se modificarem os procedimentos.....
Por isso mesmo a África é um continente perdido....nunca conseguirá entrar na lógica do mercado...nunca passará de um mero produtor de matérias primas...sem integração de mais valias de trabalho....a exploração primária.....
Por isso o mercantilismo....está no fim....a espiritualidade humana merece acções mais humanamente correctas....existe sempre uma seita gorda que não faz mais nada além de recolectar as mais valias às massas ignaras.....
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EALM Escreveu:Faltou referir a causa "da causa" do nosso problema.
É verdade que o Estado cai em cima das empresas e dos empresários e esmifra completamente os lucros, além de outras dificuldades que suscita a quem quer ser empreendedor. O Estado é ávido de receita a todo o custo. Esta é a causa.
Mas qual e´ causa da causa? Para mim, não tenho dúvidas: é a corrupção. São os lobbies que fazem com que se gaste dinheiro onde não se deva e permitem o "desvio" dos nossos impostos. Não fosse a corrupção e o Estado não necessitaria de ir com tanta sede às empresas e ao bolso dos portugueses em geral.
Nitidamente o comercio de bens e serviços é legislado/taxado até ao limite, não criando margem para libertar fundos.
Mesmo agora com 2 anos de Troika ainda estamos a "reflectir" a reforma do estado

A nossa única solução, como País, é a perda de soberania em termos de Legislação Orçamental e consequente integração numa lógica de Federalismo Europeu, as Elites que gravitam em torno do Poder nunca farão as mudanças necessárias, tem sido assim à 4 Séculos

“A única diferença entre mim e um louco é que eu não sou louco.”
Salvador Dali
Salvador Dali
Faltou referir a causa "da causa" do nosso problema.
É verdade que o Estado cai em cima das empresas e dos empresários e esmifra completamente os lucros, além de outras dificuldades que suscita a quem quer ser empreendedor. O Estado é ávido de receita a todo o custo. Esta é a causa.
Mas qual e´ causa da causa? Para mim, não tenho dúvidas: é a corrupção. São os lobbies que fazem com que se gaste dinheiro onde não se deva e permitem o "desvio" dos nossos impostos. Não fosse a corrupção e o Estado não necessitaria de ir com tanta sede às empresas e ao bolso dos portugueses em geral.
É verdade que o Estado cai em cima das empresas e dos empresários e esmifra completamente os lucros, além de outras dificuldades que suscita a quem quer ser empreendedor. O Estado é ávido de receita a todo o custo. Esta é a causa.
Mas qual e´ causa da causa? Para mim, não tenho dúvidas: é a corrupção. São os lobbies que fazem com que se gaste dinheiro onde não se deva e permitem o "desvio" dos nossos impostos. Não fosse a corrupção e o Estado não necessitaria de ir com tanta sede às empresas e ao bolso dos portugueses em geral.
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Re: comentário
jotabilo Escreveu:Naturalmente que o César toca em problemas e realidades que importa melhorar....mas a situação mais pertinente decorre de procedimentos gananciosos que nos são exógenos....é demasiadamente gritante a usura que está a ser praticada a nível global....isto começou já no tempo do Nixon quando se abriu para a china.....havia por ali um manancial de mão de obra barata...bastaria organizar as coisas de modo a aproveitar-se tamanho tesouro....e aí começou a tragédia dos dias de hoje...toda a empresa que tenha a dimensão mínima para deslocalizar a sua área fabril para o extremo oriente, faz isso sem qualquer hesitação.
Basta ir a um qualquer mercado europeu para se constatar que a maior parte dos artigos a ser comercializados são fabricados no extremo oriente.
É um crime social que se está a praticar a nível global. Os réditos são acumulados em sanctuários e dali partem para usufruto dos donos das multinacionais e para governo do mundo mantendo o status quo ...até que suceda uma guerra para acertar as coisas.
Portugal está metido nesta tragédia....e andamos nós a ser manipulados e orientados para causas menores como essa das modificações estruturais...esquecendo o crime social que se pratica impunemente e às escancaras.....a nível global....
Jotabilo... Um conselho: Pega um avião e faz uma viagem pela China, aproveita e goza umas férias.
Desde já um aviso.... Não se assuste com o nosso atraso. A China de Arroz e agua, já foi... É passado.
Na China actual produzem-se hoje produtos e equipamentos dos mais avançados e sofisticados tecnológicos do mundo, assim como produtos de elevada qualidade que chegam ás nossas lojas no ocidente a preços acessíveis que de outra forma seria impossível.
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Naturalmente que o César toca em problemas e realidades que importa melhorar....mas a situação mais pertinente decorre de procedimentos gananciosos que nos são exógenos....é demasiadamente gritante a usura que está a ser praticada a nível global....isto começou já no tempo do Nixon quando se abriu para a china.....havia por ali um manancial de mão de obra barata...bastaria organizar as coisas de modo a aproveitar-se tamanho tesouro....e aí começou a tragédia dos dias de hoje...toda a empresa que tenha a dimensão mínima para deslocalizar a sua área fabril para o extremo oriente, faz isso sem qualquer hesitação.
Basta ir a um qualquer mercado europeu para se constatar que a maior parte dos artigos a ser comercializados são fabricados no extremo oriente.
É um crime social que se está a praticar a nível global. Os réditos são acumulados em sanctuários e dali partem para usufruto dos donos das multinacionais e para governo do mundo mantendo o status quo ...até que suceda uma guerra para acertar as coisas.
Portugal está metido nesta tragédia....e andamos nós a ser manipulados e orientados para causas menores como essa das modificações estruturais...esquecendo o crime social que se pratica impunemente e às escancaras.....a nível global....
Basta ir a um qualquer mercado europeu para se constatar que a maior parte dos artigos a ser comercializados são fabricados no extremo oriente.
É um crime social que se está a praticar a nível global. Os réditos são acumulados em sanctuários e dali partem para usufruto dos donos das multinacionais e para governo do mundo mantendo o status quo ...até que suceda uma guerra para acertar as coisas.
Portugal está metido nesta tragédia....e andamos nós a ser manipulados e orientados para causas menores como essa das modificações estruturais...esquecendo o crime social que se pratica impunemente e às escancaras.....a nível global....
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Pior que isso, o que vocês chamam "escravidão", neste momento é um estado melhor do que o estado em que esses mesmos países estavam à 10 anos atrás e é um estado necessário passar para atingir um nivel ocidental (a melhoria das condições em paises considerados subdesenvolvidos não se faz com "gaps")
http://marketapprentice.wordpress.com
Para muito errar e muito mais aprender!
"who loses best will win in the end!" - Phantom of the Pits
Nota: As análises apresentadas constituem artigos de opinião do autor, não devendo ser entendidos como recomendações de compra e venda ou aconselhamento financeiro.
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Nota: As análises apresentadas constituem artigos de opinião do autor, não devendo ser entendidos como recomendações de compra e venda ou aconselhamento financeiro.
Re: comentário
jotabilo Escreveu:muitos portugueses da Beira Alta trabalhavam em empresas que se deslocalizaram para países de mão de obra mais barata....actualmente existem muitos trabalhadores do distrito da Guarda que perderam o seu emprego...e contra isto ...o César fala em problemas estruturais.....só quem não quer ver.....ou está a tentar esconder realidades mais candentes.....
Existem economistas que colaboram com a propaganda manipuladora das mentes.....e é necessário que se diga a realidade pertinente....
Essa situação ocorre em que qualquer parte do mundo, inclusive em países ricos, é derivado à globalização e à competitividade de países e mercados.
Os estados pouco ou nada podem fazer, a não ser pela via da competitividade fiscal. Mas para isso é necessário possuir uma boa saúde financeira e despesa publica controlada que quase nunca foi o caso do nosso país.
Por outro lado tu e outros que criticam estas situações estão apenas a ver uma metade da face da questão. É que essas e outras empresas quando decidem investir em Portugal, estão a deixar outros países, encerarem empresas e a destruir empregos.
É bom e extremamente positivo ver investimento estrangeiro no nosso país, mas devemos ter consciência que por cada emprego criado, existe outro ou até dois empregos algures neste mundo que se perdem.
Assim sendo, resta-nos aceitar as regras e trabalhar para tornar o nosso país tão competitivo quanto possível neste gigantesco mercado da economia global.
A nossa "sorte" é que parece que já estão a deslocalizar fábricas da China para sítios "mais baratos".
O JCN têm razão em vários pontos.
O nosso sistema fiscal é pavoroso de perceber e quem se sujeita a ficar tramado é exactamente quem cumpre...
Invés de andarem a inventar a roda, simplifiquem o sistema fiscal, e percam mais tempo a fiscalizar correctamente o rasto do dinheiro. (o Problema é que muitos não querem...)
O JCN têm razão em vários pontos.
O nosso sistema fiscal é pavoroso de perceber e quem se sujeita a ficar tramado é exactamente quem cumpre...
Invés de andarem a inventar a roda, simplifiquem o sistema fiscal, e percam mais tempo a fiscalizar correctamente o rasto do dinheiro. (o Problema é que muitos não querem...)
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mfsr1980 Escreveu:A-330 Escreveu:É verdade que o texto não traz nada de novo.
Mas também é verdade que o português é pouco empreendedor.Em parte , porque gosta pouco de arriscar e prefere o conforto do emprego , de preferência público, do que pôr as mãos na massa e arriscar.
Por outro lado neste momento também se entende, porque com este país na situação em que está, com milhares de empresas a fechar, só um louco é que investiria em alguma coisa. Alguns problemas que o autor refere e que vão contra o investimento estão incluídos nas reformas estruturais que todos reconhecem necessárias , mas ninguém quer fazer.
Por estas e por outras é que somos e vamos continuar a ser sempre pequeninos. Muito pequeninos.
A330
Não posso concordar contigo!
O Português é tão empreendedor como qualquer outro ou até mais porque aqui em Portugal as condições são mesmo adversas. Estás a olhar para ti, que és um trabalhador por conta de outrem e que pouco arriscou, à parte o ter saído do País para outro onde as condições de trabalho são genericamente melhores.
Abraço mfsr1980
Não posso concordar contigo!
O Português é tão empreendedor como qualquer outro ou até mais porque aqui em Portugal as condições são mesmo adversas. Estás a olhar para ti, que és um trabalhador por conta de outrem e que pouco arriscou, à parte o ter saído do País para outro onde as condições de trabalho são genericamente melhores.
Abraço mfsr1980
Claramente não leram o segundo parágrafo do meu post...
Quanto ao empreendedorismo em geral:
Mudar de país em busca de melhores ofertas também é empreendedorismo.Muitos são os que não tem perfil,vontade e habilitações para concorrer com os melhores do mundo.
Largar uma empresa pública como a TAP..., não é para qualquer um.Não se pode ter uma alma acomodada.
Quanto ao empreendedorismo do português que referi:
Há muitos links , mas ninguém se refere a Portugal.Se calhar não somos assim tão empreendedores como eu dizia...
http://www.midiams.com.br/noticia/geral ... undo/56669
http://sydney.mae.ro/en/romania-news/2712
Se encontrar algum estudo que se refira a Portugal, publique.
A330
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Re: comentário
jotabilo Escreveu:muitos portugueses da Beira Alta trabalhavam em empresas que se deslocalizaram para países de mão de obra mais barata....actualmente existem muitos trabalhadores do distrito da Guarda que perderam o seu emprego...e contra isto ...o César fala em problemas estruturais.....só quem não quer ver.....ou está a tentar esconder realidades mais candentes.....
Existem economistas que colaboram com a propaganda manipuladora das mentes.....e é necessário que se diga a realidade pertinente....
... e muitos trabalhavam no sector têxtil na região do Minho. O problema é muito pior que esse iluminado tenta descrever.
Re: comentário
jotabilo Escreveu:muitos portugueses da Beira Alta trabalhavam em empresas que se deslocalizaram para países de mão de obra mais barata....actualmente existem muitos trabalhadores do distrito da Guarda que perderam o seu emprego...e contra isto ...o César fala em problemas estruturais.....só quem não quer ver.....ou está a tentar esconder realidades mais candentes.....
Existem economistas que colaboram com a propaganda manipuladora das mentes.....e é necessário que se diga a realidade pertinente....
Alguns dos pontos referidos pelo JCN são de facto entraves ao desenvolvimento económico, mas não são os únicos e o que tu referes também é real.
Basta olhar para o que se passa na Finlândia, ou será que a Finlândia tem os mesmos problemas estruturais de Portugal?
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
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muitos portugueses da Beira Alta trabalhavam em empresas que se deslocalizaram para países de mão de obra mais barata....actualmente existem muitos trabalhadores do distrito da Guarda que perderam o seu emprego...e contra isto ...o César fala em problemas estruturais.....só quem não quer ver.....ou está a tentar esconder realidades mais candentes.....
Existem economistas que colaboram com a propaganda manipuladora das mentes.....e é necessário que se diga a realidade pertinente....
Existem economistas que colaboram com a propaganda manipuladora das mentes.....e é necessário que se diga a realidade pertinente....
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Por exemplo....a Osram multinacional alemã fabricante de lâmpadas e outros artigos eléctricos.....deslocalizou parte da sua indústria para o extremo oriente onde fabrica lâmpadas com mão de obra socialmente pouco exigente..e conseguindo por isso um preço de fabrico barato...vende a um preço normal no mundo....imaginam os réditos consequentes....
Quem diz Osram.....diz muitas mais empresas mutinacionais que estão a ter este procedimento....
Claro que será difícil a qualquer pequena empresa portuguesa concorrer com este modo de proceder...
Daí o consequente desemprego no ocidente....onde as massas trabalhadoras são socialmente mais exigentes e se recusam à escravidão que sucede no extremo oriente...
Quem diz Osram.....diz muitas mais empresas mutinacionais que estão a ter este procedimento....
Claro que será difícil a qualquer pequena empresa portuguesa concorrer com este modo de proceder...
Daí o consequente desemprego no ocidente....onde as massas trabalhadoras são socialmente mais exigentes e se recusam à escravidão que sucede no extremo oriente...
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Em Portugal há muitos patrões e poucos empresários.
Em Portugal há muitos "chefes" e poucos "índios".
Em Portugal há muitos a reclamar e poucos a resolver.
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Em Portugal há muitos a reclamar e poucos a resolver.
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
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Enquanto em Portugal ou noutro país europeu se venderem artigos fabricados na indonésia ou no Paquistão...etc.... onde são fabricados ao preço da chuva.....o desemprego no ocidente continuará.
Esta situação encontra-se fora de controlo dado que sucede a nível global onde impera a impunidade e a desregulação comercial.
Multinacionais com sede na europa estão a praticar essa política comercial...e têm réditos altíssimos...enquanto as massas trabalhadoras nessa mesma europa, sofrem o desemprego...
Até o papa chamou a atenção da Merkel para esta realidade....ao dizer-lhe que era necessário regular o comércio a nível global.....como ela própria o referiu...
E estamos nisto.....as multinacionais e respectivos donos a viverem à grande.....e miséria nos trabalhadores....era isto que devia ser dito por esse César.....
Esta situação encontra-se fora de controlo dado que sucede a nível global onde impera a impunidade e a desregulação comercial.
Multinacionais com sede na europa estão a praticar essa política comercial...e têm réditos altíssimos...enquanto as massas trabalhadoras nessa mesma europa, sofrem o desemprego...
Até o papa chamou a atenção da Merkel para esta realidade....ao dizer-lhe que era necessário regular o comércio a nível global.....como ela própria o referiu...
E estamos nisto.....as multinacionais e respectivos donos a viverem à grande.....e miséria nos trabalhadores....era isto que devia ser dito por esse César.....
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A-330 Escreveu:É verdade que o texto não traz nada de novo.
Mas também é verdade que o português é pouco empreendedor.Em parte , porque gosta pouco de arriscar e prefere o conforto do emprego , de preferência público, do que pôr as mãos na massa e arriscar.
A330
O português não é pouco empreendedor, Portugal/Estado é que não deixa os portugueses serem empreendedores.
Basta fazer continhas para se perceber que em muitos casos é preferível ser empregado do que empresário, ou crias um empresa de larga escala para poder tirar um bom rendimento ou é melhor ficar quieto, com a carga de impostos que um empresário é sujeito e com as dificuldades legais que são impostas para criar qualquer negócio. Mais vale estar quieto.
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A-330 Escreveu:É verdade que o texto não traz nada de novo.
Mas também é verdade que o português é pouco empreendedor.Em parte , porque gosta pouco de arriscar e prefere o conforto do emprego , de preferência público, do que pôr as mãos na massa e arriscar.
Por outro lado neste momento também se entende, porque com este país na situação em que está, com milhares de empresas a fechar, só um louco é que investiria em alguma coisa. Alguns problemas que o autor refere e que vão contra o investimento estão incluídos nas reformas estruturais que todos reconhecem necessárias , mas ninguém quer fazer.
Por estas e por outras é que somos e vamos continuar a ser sempre pequeninos. Muito pequeninos.
A330
Não posso concordar contigo!
O Português é tão empreendedor como qualquer outro ou até mais porque aqui em Portugal as condições são mesmo adversas. Estás a olhar para ti, que és um trabalhador por conta de outrem e que pouco arriscou, à parte o ter saído do País para outro onde as condições de trabalho são genericamente melhores.
Abraço mfsr1980
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É verdade que o texto não traz nada de novo.
Mas também é verdade que o português é pouco empreendedor.Em parte , porque gosta pouco de arriscar e prefere o conforto do emprego , de preferência público, do que pôr as mãos na massa e arriscar.
Por outro lado neste momento também se entende, porque com este país na situação em que está, com milhares de empresas a fechar, só um louco é que investiria em alguma coisa. Alguns problemas que o autor refere e que vão contra o investimento estão incluídos nas reformas estruturais que todos reconhecem necessárias , mas ninguém quer fazer.
Por estas e por outras é que somos e vamos continuar a ser sempre pequeninos. Muito pequeninos.
A330
Mas também é verdade que o português é pouco empreendedor.Em parte , porque gosta pouco de arriscar e prefere o conforto do emprego , de preferência público, do que pôr as mãos na massa e arriscar.
Por outro lado neste momento também se entende, porque com este país na situação em que está, com milhares de empresas a fechar, só um louco é que investiria em alguma coisa. Alguns problemas que o autor refere e que vão contra o investimento estão incluídos nas reformas estruturais que todos reconhecem necessárias , mas ninguém quer fazer.
Por estas e por outras é que somos e vamos continuar a ser sempre pequeninos. Muito pequeninos.
A330
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Re: César das Neves acerca dos problemas estruturais portugu
JMHP Escreveu:Este texto não tras nada de novo, nada que uma parte dos portugueses desconhecessem.... Apenas traduz bem a nossa realidade: Os portugueses não percebem puto de economia e finanças, para além da inveja e do ciúme de ver o vizinho, o amigo ou até um familiar um degrau acima do alcance do seu horizonte.
1000% de acordo ! este é o nosso maior problema !
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Re: César das Neves acerca dos problemas estruturais portugu
Pata-Hari Escreveu:http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3286420Semear no cimento
por JOÃO CÉSAR DAS NEVESHoje98 comentários
Porque é que Portugal não cresce e cria emprego? Muitos sabem a resposta, falando de austeridade, troika, euro, Governo, Alemanha, etc. Essas causas são verdadeiras, mas passam ao lado do essencial. Os nossos problemas são anteriores a 2011 e razões monetárias têm fracos efeitos produtivos. Tais argumentos são como um agricultor que, queixando-se de más colheitas, invocasse os coelhos, os corvos e outras pragas e se esquecesse de mencionar ter cimentado grande parte do terreno.
Existe em Portugal uma máquina poderosíssima para destruir iniciativa, investimento, produção e emprego. Pervertendo as suas finalidades originais, muitos serviços públicos, mecanismos sociais e até algumas empresas perseguem, ferem e muitas vezes matam os projectos produtivos. Boa parte da nossa actividade e emprego dirige-se explicitamente a estragar, prejudicar e estiolar os negócios.
Crescimento e trabalho nunca podem vir senão através do investimento. A economia funciona apenas por iniciativas empresariais. Ora basta alguém contemplar a possibilidade de lançar um projecto para imediatamente se dar conta da dimensão esmagadora das forças opostas. Temos um terreno muito fértil mas coberto com uma camada de cimento.
Começa logo pela atitude social. Um empresário, pelo simples facto de o ser, fica no fundo da escala. Admiramos artistas, profissionais, trabalhadores e desconfiamos instintivamente dos negócios. Ter fins lucrativos é um argumento negativo, senão mesmo insulto. Por isso, numa discussão entre uma empresa e qualquer outra entidade - do Estado às ONG, passando por sindicatos e consumidores - antes mesmo de sabermos o assunto, já assumimos a empresa culpada.
Se alguém persistir em afrontar esse desprezo público e criar o tal negócio, tem logo à sua espera uma multidão com a função de garantir que a coisa falha. Nominalmente as suas tarefas dirigem-se a propósitos louváveis, do notariado ao ambiente, higiene, cultura, infância, cidadania, etc. Só que todas essas finalidades tão prestimosas têm como único resultado comum os enormes custos, bloqueios e dificuldades que criam à vida empresarial. Cada fiscal e inspector aparece como anjo vingador, colocando um princípio abstrato acima da vida concreta. Como as leis foram escritas por deputados com ideias vagas da realidade do sector, as oportunidades de abuso são incontáveis. Para caçar o joio arrancam muito trigo. Tudo considerado, até devemos louvar os funcionários por se aproveitarem muito menos do que podiam.
Em cima disso, os impostos esmifram estupidamente os poucos que apanham, matando neles a galinha dos ovos de ouro. As pressões políticas sobre as grandes empresas e as autárquicas sobre as médias são constantes. Dá a sensação de que produção e comercialização são actividades nocivas que devem ser reprimidas a todo o custo. De facto, no deserto e cemitério não há problemas sociais ou ecológicos.
Produzir dá muito trabalho e enfrentar os consumidores e concorrentes no mercado é extremamente exigente. Mas em Portugal essas acções económicas passam sempre para segundo plano perante as questões que vêm da lei e infra-estruturas que, alegadamente, existem para servir a todos. A lista das regulamentações diferentes, cada uma delas com inúmeros diplomas, é infindável. Das leis laborais à ASAE, das burocracias às regras ambientais, das instalações à electricidade, tudo cai sempre sobre os mesmos. Que só nas horas vagas se podem dedicar a gerir o seu negócio, inovar, investir.
Se há problemas vai-se a tribunal, e aí entra-se no mundo da ficção. As empresas são em geral suspeitas e os queixosos gozam automaticamente de preferência judicial. Quando a sentença sai, vários anos depois - o que só por si é prejuízo irreparável - raramente se corrige o dano, se não gerar novos estragos. De novo surpreende ainda haver quem pague o que deve, podendo sair incólume da transgressão. Imagine-se que há quem, de cara séria, chame "justiça" ao que aí se passa.
Portugal tem um terreno muito fértil. Não produz por causa do cimento.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

Este texto não tras nada de novo, nada que uma parte dos portugueses desconhecessem.... Apenas traduz bem a nossa realidade: Os portugueses não percebem puto de economia e finanças, para além da inveja e do ciúme de ver o vizinho, o amigo ou até um familiar um degrau acima do alcance do seu horizonte.
Re: comentário
mst-1 Escreveu:jotabilo Escreveu:O César das Neves ...eminente economista não diz tudo...apenas aborda os contornos da situação económica...julgando de forma indeterminada as causas...apenas generalizando para o "cimento" as nossas dificuldades.
Ele deve saber bem qual a principal causa das nossas dificuldades.....mas evita referi-la.
A causa principal é o desemprego...que é exógena à nossa economia....
Basta conhecer a geografia vertical do trabalho no mundo e o modo como a mão de obra é explorada para se conhecerem as reais causas das nossas dificuldades.
O César está a chamar-nos como pouco hábeis e cheios de vícios burocráticos e aleijões de raciocínio...nada mais falso....
Podemos racionar os procedimentos...mas isso são causas menores perante o que se passa numa certa europa que está a explorar descaradamente a mão de obra do extremo oriente...provocando a decrepitude no trabalho dos ocidentais......
A nível global existe uma impunidade abominável..... existem gordos que nunca tiveram tantos réditos à custa de uma sociedade desempregada....parece a década de 1917 a 1929......a sociedade inglesa e a sociedade alemã.....que levou à revolta e à eleição de um chefe orgânico ....a quem foram atribuídos os três poderes...para endireitar as coisas......foi depois o que se viu......
Hoje parece que se cumpre o mesmo caminho do desastre.....quem está à babugem dos réditos só dificilmente abandona o lugar......
Se não dermos nenhum sinal de revolta eles mantêm-se no sugadoiro......e só quando o perigo os ameaçar é que eles se escondem em algum refego deste mundo....
O nosso País ...a nossa Pátria tem os seus condicionalismos ...seculares.....mas soubemos sobreviver.....o César das Neves não diz nada de novo....mas tem de dizer o real da nossa situação...
O que o tipo está a tentar explicar é que o desemprego é a consequência, não a causa...
Enquanto não valer a pena investir o desemprego vai continuar a ser alto e por isso os ordenados vão ser necessariamente baixos!
Mas parece me que nunca vais ver as coisas desta perspectiva...
A Alemanha não tem ordenado mínimo e no entanto...
No entanto não abram os olhos e daqui a um ou dois anos logo vemos...
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