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Caldeirão da Bolsa

Aumento da idade de reforma para os 67 anos

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por MarcoAntonio » 12/4/2013 20:39

Já agora, além de todos os problemas apontados (período de contribuições, progressão dos salários, método de cálculo, etc) convém recordar que embora seja o grosso da despesa (~80%) a contribuição não é para cobrir apenas a reforma/pensão, também é para cobrir o subsídio de desemprego e o subsídio de doença.

São estas as três funções principais da Segurança Social. A reforma é a componente mais importante mas não é a única. O beneficiário está a descontar para estes três benefícios essencialmente.



É um facto, a generalidade não descontou o suficiente para o que recebe durante a reforma. Está espelhado numa série de relatórios e é de fácil aferição, rapidamente com meia duzia de contas se percebe que está longe de ser suficiente. Seja na SS seja na CGA (embora entre os dois sistemas haja uma série de particularidades e diferenças). E não estou a falar dos regimes não contributivos da SS, esqueçamos isso.

Aliás, de uma forma geral (ver os relatórios da OCDE sobre o tema, por exemplo, pensions at a glance) os sistemas de reforma para serem equilibrados, o pensionista deverá receber na ordem de 60% do último vencimento. Um significativo número de países aplicou métodos e cálculos desproporcionados e insustentáveis. Mas Portugal está/estava entre os piores (chegou, segundo o relatório, a ter valores superiores a 100% de "replacement rate").

O "replacement rate" é o ratio entre o valor da reforma e o último vencimento (em termos líquidos, se não me falha a memória). Como digo, em Portugal chegou a ultrapassar os 100%, um completo absurdo...

Uma completa irracionalidade.
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por richardj » 12/4/2013 20:32

repara que o meu caso, é um caso conservativo, estou a falar mesmo de uma pessoa que descontou literalmente a vida toda, e pertence a um grupo elevado de rendimentos, ou seja é daquelas pessoas que deveria receber menos do que descontou (para compensar os que ganham menos).

E mesmo assim, para ter um sistema equilibrado, deveria de ter uma reforma "pequenina".
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por Elias » 12/4/2013 20:29

Atomez Escreveu:Cada trabalhador desconta 11% para a Seg. Social e a entidade patronal desconta 23,75%, portanto o total descontado para a SS por trabalhador é de 34,75%.

Portanto aquilo que descontou é aquilo que irá receber na reforma (isto em média, há quem viva menos e quem viva mais que a média)


As contas que apresentas não reflectem bem a realidade.

O teu raciocínio omite por completo um aspecto relevante: a maioria dos reformados teve a reforma calculada com base no último salário ou no salário dos anos recentes - na F. Publica era prática comum dar um aumento aos colaboradores quando faltavam 2-3 meses para a reforma, de modo a que pudessem receber uma reforma mais 'confortável', já que esta era calculada a partir do último salário (só recentemente é que a fórmula de cálculo foi alterada para ter em conta a totalidade da carreira contributiva do trabalhador).

Acontece que para a grande maioria das pessoas, o salário nos primeiros anos de carreira é muito baixo e depois vai aumentando por via de promoções, progressões na carreira, mudança para outras empresas que pagam mais, etc. - em consequência, os descontos nos primeiros anos são, quantitativamente muito baixo.

Contas feitas, o salário médio ao longo da carreira contributiva foi consideravelmente inferior ao valor de reforma, por isso o somatório das reformas 'come' o total do valor descontado muito antes desses tais 14 anos.
 
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por MarcoAntonio » 12/4/2013 20:26

Atomez Escreveu:
Como assim?

Sendo a média de duração de vida atual em Portugal de 79 anos, cada pessoa ira´ estar na reforma 16 anos (79-65), em média. Considerando uma carreira de trabalho de 40 anos, a reforma corresponde a 35% dos anos de trabalho (16/40).



A duração média do período de contribuições está em 25.5 anos na Segurança Social (já coloquei aqui esse dado e é retirado do Relatório e Contas da SS, que também anexei).

Na CGA está em 29.9 anos, é um pouco superior mas ainda assim bem longe dos 40 anos.
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por richardj » 12/4/2013 20:25

Atomez Escreveu:
richardj Escreveu:A maioria dos reformados actuais é beneficiário do bolo da SS. Recebe mais do que descontou.

Como assim?

Sendo a média de duração de vida atual em Portugal de 79 anos, cada pessoa ira´ estar na reforma 16 anos (79-65), em média. Considerando uma carreira de trabalho de 40 anos, a reforma corresponde a 35% dos anos de trabalho (16/40).

Cada trabalhador desconta 11% para a Seg. Social e a entidade patronal desconta 23,75%, portanto o total descontado para a SS por trabalhador é de 34,75%.

Portanto aquilo que descontou é aquilo que irá receber na reforma (isto em média, há quem viva menos e quem viva mais que a média)


hum, portugal tem 3,5 milhões de reformados, mas apenas 2 milhões com mais de 65 anos.

a idade media em que as pessoas se reformam é 61 anos.

fonte:
http://www.pordata.pt/Portugal/Media+de ... +sexo-1121

http://www.pordata.pt/Portugal/Caixa+Ge ... tacao-1085

A duração media das reformas actualmente não é 20 anos, mas sim 18 anos, mas olhando para os últimos 20 anos, numa perceptiva temporal de longo prazo, como o caso das reformas, 20 anos é um valor que não peca.

fonte:

http://www.pordata.pt/Portugal/Duracao+ ... acoes-2329

Mesmo considerando os 18 em 20 dos 20 anos, dá uma diferença de 10%, o que em termos de resultado final aumentava em 10% a reforma obtida.


De qualquer forma o meu ponto mantém-se, actualmente uma pessoa com 40 anos de descontos com media de rendimentos de 40 mil por ano, recebe uma reforma muito superior ao necessário para o equilíbrio.
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por atomez » 12/4/2013 20:17

richardj Escreveu:A maioria dos reformados actuais é beneficiário do bolo da SS. Recebe mais do que descontou.

Como assim?

Sendo a média de duração de vida atual em Portugal de 79 anos, cada pessoa ira´ estar na reforma 16 anos (79-65), em média. Considerando uma carreira de trabalho de 40 anos, a reforma corresponde a 35% dos anos de trabalho (16/40).

Cada trabalhador desconta 11% para a Seg. Social e a entidade patronal desconta 23,75%, portanto o total descontado para a SS por trabalhador é de 34,75%.

Portanto aquilo que descontou é aquilo que irá receber na reforma (isto em média, há quem viva menos e quem viva mais que a média)
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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por richardj » 12/4/2013 20:08

exemplo:

individuo, 40 anos de descontos, contrato sem termo. 11% de descontos do trabalhar, 23% do patronal = 34% desconto.

Considerando media de rendimento por ano ao longo dos 40 anos = ex: 40 mil euros.

Considerando nulo o efeito da inflação (dos descontos passados tendo em conta um aumento da reforma no futuro).

dinheiro descontado = 0,34* 40* 40 000 = 544 000 euros.

Deste bolo para a SS, apenas 50% são para cobrir a Reforma (o resto é para pagar sub de desemprego, abono de família, RSI, abono de maternidade, formação profissional etc etc)
link:http://www.pordata.pt/Portugal/Despesa+da+Seguranca+Social+total+e+por+tipo-100


Dinheiro descontado para a sua reforma = 544 000 * 0,5 = 272 000 euros

Esperança media anos a receber a reforma = 20 anos

Dinheiro a receber por ano = 13 600 euros/anos

Ou seja, uma pessoa que descontou "a vida toda" e que para ter um rendimento médio anual de 40 mil ou ganhou muito bem desde inicio, ou está a reformar-se a ganhar tipo 60 70 mil por ano, em termos concretos dá para receber qualquer coisa como 1133 euros/ mes.


Claro que dirão, se fosse para receber o mesmo dinheiro que descontou, mais valia não descontar.
Donde sai, que na verdade a SS não foi criada para o comum do contribuinte ganhar mais dinheiro quando se formar, mas antes, para permitir que as pessoas com rendimentos mais baixos não cheguem à idade da reforma com reformas de 100 euros. Donde sai que é suposto aqueles que ganham mais receberem menos para que aqueles que descontaram menos recebam mais.

Esta analise é um olhar ao nível particular, dos desconto de uma pessoa para a reforma dessa mesma pessoa.

No entanto, se ao longo do tempo existir sempre uma proporção de pessoas a descontar maior do que pessoas a receber ( o que implica uma constante base piramidal de idade cada vez maior, para manter a proporção), é possível que uma pessoa receba mais do que descontou e o sistema se manter equilibrado.

Mas isso foi o que não aconteceu nos últimos 40 anos, e já estava previsto à umas boas décadas. Da mesma forma que hoje em dia já está previsto, com elevado grau de certeza que os próximos 30 anos não vão melhorar. (mesmo que a taxa de natalidade duplica-se esses bebes precisavam de 20 30 anos para começar entrar no mercado de trabalho ( falta saber se irá haver emprego para eles)).


Outra analise que pode ser feita é, ok, o sistema não tem de ser sustentável, ele é co-financiando pelo orçamento de estado. Nesse caso o dinheiro provem das receitas correntes do OE, isto é IRS, IVA, IRC, Impostos especiais. O que se verifica é o mesmo que na SS. Os mais ricos contribuem mais para o sistema do que recebem para que os mais pobres possam receber mais do que contribuem.


Outra analise possível é, ok, do que desconto para a SS, apenas 50% é para a reforma, o que é pouco. Então onde cortar? Sub. de desemprego? Abono de família? Formação profissional? RSI? Maternidade?
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por Pata-Hari » 12/4/2013 19:57

E eu acrescento à excelente argumentação do Marco que os que estão desempregados e sem subsídios ou com subsídios mínimos também não contaram com isso, os que estão com ordenados cada vez mais pequenos e a pagar cada vez mais impostos (em grande parte para suportar reformas) também não contaram com isso, e no entanto, continuam a descontar para a reforma. É a medida de mais básica equidade que o problema seja de todos. Eu, tal como os reformados, não posso fazer nada. Não posso trabalhar e ganhar duas vezes mais e cada vez consigo poupar menos porque pago mais. Eu, que estou no activo e tenho filhos para criar, tenho muito pouca flexibilidade no que me consigo adaptar. Não consigo ver onde é que vês injustiça em distribuir por todos o peso do que se está a passar sobretudo tendo em conta que uns recebem pela medida grande (as antigas pensões) e outros nem receberão nada apesar de pagarem mais do que os outros alguma vez pagaram (nunca se pagou tantos impostos em Portugal).


Aliás, do ponto de vista da justiça, seria muito mais correcto ajustar in one shot as pensões de todos a uma percentagem dos descontos efectivos do que andar com contribuições extraordinárias que só podem ser vistas como aceitáveis num estado ultra-social e semelhante ao escandinavo (com o qual não temos nenhuma semelhança porque neste momento só lhes somos semelhantes no custo do estado - nos benefícios, népias).


Faria sentido que o estado pudesse ajustar os valores a serem pagos em pensões ao bolo a distribuir e ao bolo de cada um. É absolutamente urgente ajustar o modelo para um modelo em que as pensões são relacionadas com os descontos feitos.
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por richardj » 12/4/2013 19:39

roubado? Seria roubado se tivesse descontado o suficiente para o receber. A maioria dos reformados actuais é beneficiário do bolo da SS. Recebe mais do que descontou. Apenas aqueles com salários muito elevados acabam por receber aquilo que descontaram.

Estou a falar no regime geral. Nos regimes especiais...
Basta ver o exemplo de alguns presidentes de câmaras, deputados, juizes e presidentes de AR.
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por MarcoAntonio » 12/4/2013 18:54

altrio Escreveu:Ou, pelo menos, assim pensas. Talvez tenhas de terminar de trabalhar mais tarde do que esperas agora! :wink:


Ou mais cedo. Eu sei lá se chego à idade da reforma sequer? Ando aqui a ser sugado e daqui a 5 anos posso já nem cá estar, quanto mais na reforma. A vida é fita de incertezas e em relação a muitas delas... não podemos fazer nada. Ou porque são incontornáveis ou porque nos são impostos por quem tem mais poder.


altrio Escreveu:A questão é que essas pessoas já não podem fazer nada.


Eu não sei nem exactamente o que é que queres dizer com "já não podem fazer nada" como não estou a ver em que medida isso é relevante.

Tirando a reserva do papel social da SS/CGA, de protecção das pessoas face a situações de debilidade socia-económica (enfim, evitar que as pessoas caiam na miséria e tenham condições mínimas) não estou sequer a ver o que é que há mais aqui para discutir.


altrio Escreveu:Da mesma forma, uma empresa activa pode adaptar-se à situação.


Tal como um reformado. Epá, não pode trocar de carro tantas vezes, troca menos vezes. Epá, tem de vender a segunda ou terceira moradia, vende. Não pode ir de férias 3 ou 4 vezes por ano, passa a ir duas ou uma.

Claro que, se não está na miséria, há imenso que pode fazer. É como os outros, ajusta!


altrio Escreveu:Tu e eu, se não estamos satisfeitos com o previsível futuro, podemos tentar alterar a situação, nem que, no limite, tenhamos que emigrar.


Errado, eu não estou satisfeito com uma série de coisas e em relação à maior parte não posso fazer nada. Estamos aqui a falar de uma, por exemplo!


altrio Escreveu:Agora não é razoável que uma pessoa com 80 anos que perca grande parte do seu rendimento possa fazer alguma coisa para alterar a situação. Simplesmente, do seu ponto de vista, veria o seu rendimento ser-lhe roubado sem nenhuma alternativa.


Claro que tem alternativa: reduzir despesas.

O que não é razoável é esperar que a pessoa com 80 anos vá procurar trabalho. Mas para não precisar de trabalhar aos 80 anos, para que não acabe sem rendimento para comer ou vestir-se, é que tem uma pensão de reforma.

Agora, se não dá para viver com mais, vive com menos. Isto aplica-se aos de 80 ou aos de 20 ou aos 50, ora essa...

O mecanismo que o protege de situações limite já existe e é essa parte que deve ser acautelada. Tudo o que for abundância e excesso (em muito particular face à geração que os suporta) está a mais!

Como é óbvio...
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por altrio » 12/4/2013 18:42

MarcoAntonio Escreveu:já estou sensivelmente a meio da vida activa;


Ou, pelo menos, assim pensas. Talvez tenhas de terminar de trabalhar mais tarde do que esperas agora! :wink:

MarcoAntonio Escreveu:E as empresas/negócios? Quantos fundaram/formaram empresas ou negócios e orientaram as suas vidas com base em pressupostos que agora já não são mais válidos porque outras condições lhes foram impostas? Porque agora as empresas têm de lidar com custos maiores (custos de transporte/portagens, por exemplo ou aumento de taxas e impostos) e eventualmente até colocando em risco a viabilidade dos negócios no qual apostaram a sua vida?

Estas alterações ao panorama ocorrem, porque aquilo que se previa incialmente para o futuro nem sempre é válido. E temos que lidar com elas. Há que gramar. Há que adaptar-se. Há que efectuar os ajustes que são necessários. É a vida...

Desde que se acautelem as pensões mais baixas, quem estiver em situação efectivamente mais sensível, não há absolutamente nada de errado/injusto em ajustar as pensões nos que auferem mais do que aquilo para que efectivamente descontaram. Nada. A lógica que estás a aplicar é genericamente errada. É o contrário do justo. É o contrário do que se deve fazer, do que é justo e equilibrado.

A lógica do "planearam", "previam", etc não é para aqui chamada. Eu também planeava e previa muita coisa que hoje já não é válida. É a vida, toca a todos. Não é seguramente uma justificação para manter desiquilibrios. Desde que se cumpra a função de protecção social da Segurança Social (que é evitar que as pessoas caiam na miséria, não é manter uma facção da população na abundância em prejuízo dos outros) - e isto não é manter um desiquilibrio, é minimizável - as medidas correctivas são (deveriam ser!) para aplicar a todos.


A questão é que essas pessoas já não podem fazer nada. Quem se tenha reformado aos 40 (abusivamente) e tenha agora 50 anos ainda pode tentar compensar uma redução ou mesmo suspensão da reforma. Da mesma forma, uma empresa activa pode adaptar-se à situação.
Tu e eu, se não estamos satisfeitos com o previsível futuro, podemos tentar alterar a situação, nem que, no limite, tenhamos que emigrar.

Agora não é razoável que uma pessoa com 80 anos que perca grande parte do seu rendimento possa fazer alguma coisa para alterar a situação. Simplesmente, do seu ponto de vista, veria o seu rendimento ser-lhe roubado sem nenhuma alternativa.

MarcoAntonio Escreveu:Gerações seguintes que obviamente não têm qualquer responsabilidade pelas idiotices que se fizeram nos anos 80 ou 90!


Sim, não tiveram, e em muitos casos nem essas gerações tiveram responsabilidade (basta ver que grande parte da população pouco mais sabia que ler e escrever e alguns nem isso). De qualquer forma, a nossa geração, não tendo responsabilidade, teve no entanto bastantes dos seus benefícios. Certamente a minha infância foi muito mais confortável do que a do meu pai e a dos meu filhos está a ser muito mais confortável do que a minha, e esse conforto foi em grande parte comprado com dinheiro emprestado, que agora dizemos que foi demais.
As gerações seguintes são no fundo as mais beneficiadas com os gastos das gerações anteriores. Por este ponto de vista, não é assim tão injusto que lhe caiba uma boa parte do esforço para os pagar.
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por MarcoAntonio » 12/4/2013 17:45

altrio Escreveu:Eu sei, também pago e já não conto receber quase nada. Mas nem por isso considero que a generalidade dos reformados me estejam a roubar. Na altura as previsões eram outras.


Altrio, as previsões valem o que valem. Eu também não previa:

- que o IVA fosse aumentar;

- que o IRS fosse aumentar;´

- que a contribuição (para uma reforma que nem vou receber) fosse aumentar;

- que a pensão expectável me fosse reduzida (e já estou sensivelmente a meio da vida activa);

- etc, etc, etc.


E as empresas/negócios? Quantos fundaram/formaram empresas ou negócios e orientaram as suas vidas com base em pressupostos que agora já não são mais válidos porque outras condições lhes foram impostas? Porque agora as empresas têm de lidar com custos maiores (custos de transporte/portagens, por exemplo ou aumento de taxas e impostos) e eventualmente até colocando em risco a viabilidade dos negócios no qual apostaram a sua vida?


Estas alterações ao panorama ocorrem, porque aquilo que se previa incialmente para o futuro nem sempre é válido. E temos que lidar com elas. Há que gramar. Há que adaptar-se. Há que efectuar os ajustes que são necessários. É a vida...

Desde que se acautelem as pensões mais baixas, quem estiver em situação efectivamente mais sensível, não há absolutamente nada de errado/injusto em ajustar as pensões nos que auferem mais do que aquilo para que efectivamente descontaram. Nada. A lógica que estás a aplicar é genericamente errada. É o contrário do justo. É o contrário do que se deve fazer, do que é justo e equilibrado.

A lógica do "planearam", "previam", etc não é para aqui chamada. Eu também planeava e previa muita coisa que hoje já não é válida. É a vida, toca a todos. Não é seguramente uma justificação para manter desiquilibrios. Desde que se cumpra a função de protecção social da Segurança Social (que é evitar que as pessoas caiam na miséria, não é manter uma facção da população na abundância em prejuízo dos outros) - e isto não é manter um desiquilibrio, é minimizável - as medidas correctivas são (deveriam ser!) para aplicar a todos.

altrio Escreveu:Mas como disse, há casos em que efectivamente considero ter havido abusos - que embora dentro da lei, sabia-se já perfeitamente que não seria sustentável se fosse feito por todos.


A questão não se extingue em abusos. Começa logo pelo facto das formulas e dos pressupostos estarem errados.

E não faz sentido, não é justo e nem sequer é economicamente saudável proteger quem beneficia de situações excessivamente favoráveis (com ou sem abusos, tenham beneficiado da situação de forma activa ou passiva) através do prejuízo das gerações seguintes. Gerações seguintes que obviamente não têm qualquer responsabilidade pelas idiotices que se fizeram nos anos 80 ou 90!
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por altrio » 12/4/2013 15:48

Pata-Hari Escreveu:Altrio, mas os que estão neste momento a pagar estão a pagar para nada receber. Achas isto justo? é um claro roubo por parte dos mais velhos aos mais novos. Toda a gente planeou ter reformas. A realidade é triste e o facto é que não há que chegue para se manter as reformas tal como gostariamos. Trata-se portanto de tentar diminuir a injustiça na repartição do pouco que há.


Eu sei, também pago e já não conto receber quase nada. Mas nem por isso considero que a generalidade dos reformados me estejam a roubar. Na altura as previsões eram outras. Seja como for, as reformas actuais já não são o que em tempos foram e os que ainda têm essas reformas mais favoráveis daqui a meia dúzia de anos já não as vão receber...

Mas como disse, há casos em que efectivamente considero ter havido abusos - que embora dentro da lei, sabia-se já perfeitamente que não seria sustentável se fosse feito por todos.
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por Pata-Hari » 12/4/2013 15:18

Altrio, mas os que estão neste momento a pagar estão a pagar para nada receber. Achas isto justo? é um claro roubo por parte dos mais velhos aos mais novos. Toda a gente planeou ter reformas. A realidade é triste e o facto é que não há que chegue para se manter as reformas tal como gostariamos. Trata-se portanto de tentar diminuir a injustiça na repartição do pouco que há.
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por artista_ » 12/4/2013 15:18

arocha Escreveu:A CGA é um sistema fechado desde 2005, isto é, não entram novos subscritores/beneficiários desde aquela data.
Todos os novos trabalhadores em funções públicas, sejam de nomeação ou de contrato (por tempo indeterminado ou a prazo), são todos inscritos na Segurança Social.
Julgo que esta explicação esclarece e justifica o rácio inferior a 1.


Exato, há medida que se vão reformando funcionários, vão diminuindo o número de subscritores porque os (poucos) que entram são integrados na Segurança Social... Como professor contratado estava na CGA até 2005, depois disso passei para a Segurança social... gora estou noutra! :)
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por arocha » 12/4/2013 14:51

A CGA é um sistema fechado desde 2005, isto é, não entram novos subscritores/beneficiários desde aquela data.
Todos os novos trabalhadores em funções públicas, sejam de nomeação ou de contrato (por tempo indeterminado ou a prazo), são todos inscritos na Segurança Social.
Julgo que esta explicação esclarece e justifica o rácio inferior a 1.
 
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por richardj » 12/4/2013 10:34

na CGA o rácio numero de pessoas que descontam/ numero de pessoa que beneficiam já é inferior a 1 (!!!)
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por richardj » 12/4/2013 10:11

altrio, qual é a razão de existirem reformas muito baixas (inferiores a 500 euros) ?
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por altrio » 12/4/2013 9:39

MarcoAntonio Escreveu:
altrio Escreveu:O recálculo de pensões antigas de modo a serem iguais às novas seria injusto para os antigos reformados, porque eles planearam a sua vida de acordo com a lei da altura. Eu, como sei que não vou ter reforma que se veja, estou há anos a planeá-la, mas antigamente não era previsível que fosse necessário fazer isso.

Há no entanto algumas situações abusivas que poderiam e deveriam ser revistas.


Isto é basicamente a mesma coisa que dizer que não se deve terminar com os "tachos" porque os "tachistas" planearam as suas vidas a contar com os ditos cujos.

Epá, o acerto que está em causa não é nada que fosse por alguém na miséria só por si. Podia era já não dar para renovar o automóvel alemão de alta cilindrada de três em três anos como acontece tantas vezes...


Talvez não estejamos a falar das mesmas reformas...
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por MarcoAntonio » 12/4/2013 9:30

altrio Escreveu:O recálculo de pensões antigas de modo a serem iguais às novas seria injusto para os antigos reformados, porque eles planearam a sua vida de acordo com a lei da altura. Eu, como sei que não vou ter reforma que se veja, estou há anos a planeá-la, mas antigamente não era previsível que fosse necessário fazer isso.

Há no entanto algumas situações abusivas que poderiam e deveriam ser revistas.


Isto é basicamente a mesma coisa que dizer que não se deve terminar com os "tachos" porque os "tachistas" planearam as suas vidas a contar com os ditos cujos.

Epá, o acerto que está em causa não é nada que fosse por alguém na miséria só por si. Podia era já não dar para renovar o automóvel alemão de alta cilindrada de três em três anos como acontece tantas vezes...



Quando do outro lado - e nada alheio a este facto, o excesso de peso das pensões tem impacto no custo do trabalho até para o empregador! - temos uma taxa de desemprego jovem da ordem dos 40% (mas pronto, se calhar os jovens de agora já vão mentalizados para o facto que só metade é que encontra emprego).
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por MarcoAntonio » 12/4/2013 9:23

Nyk Escreveu:Governo admite pôr pensionistas a pagar uma "TSU"

Tal como os trabalhadores e empresas, os pensionistas poderão também vir a descontar mensalmente para a Segurança Social. Esta é uma das medidas que está em cima da mesa no âmbito do plano de corte estrutural de despesa.
Entre o leque de medidas de austeridade dirigidas aos pensionistas que estão em cima da mesa, há uma que parece estar mais avançada: a imposição de uma espécie de "taxa social única" a descontar mensalmente ...

http://www.jornaldenegocios.pt/economia ... a_tsu.html


Finalmente uma proposta no sentido justo.
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por altrio » 12/4/2013 8:55

Pata-Hari Escreveu:O que eu estranho é que nunca se aborda o tema o recálculo das pensões. E o Tribunal constitucional não pode vir dizer que é inconstitucional transformar as pensões em algo de igual para todos.


O recálculo de pensões antigas de modo a serem iguais às novas seria injusto para os antigos reformados, porque eles planearam a sua vida de acordo com a lei da altura. Eu, como sei que não vou ter reforma que se veja, estou há anos a planeá-la, mas antigamente não era previsível que fosse necessário fazer isso.

Há no entanto algumas situações abusivas que poderiam e deveriam ser revistas.
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por Nyk » 12/4/2013 8:27

Governo admite pôr pensionistas a pagar uma "TSU"

Tal como os trabalhadores e empresas, os pensionistas poderão também vir a descontar mensalmente para a Segurança Social. Esta é uma das medidas que está em cima da mesa no âmbito do plano de corte estrutural de despesa.
Entre o leque de medidas de austeridade dirigidas aos pensionistas que estão em cima da mesa, há uma que parece estar mais avançada: a imposição de uma espécie de "taxa social única" a descontar mensalmente ...

http://www.jornaldenegocios.pt/economia ... a_tsu.html
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por MatildeSerrano » 12/4/2013 8:06

O que tem isto de mal ?
Na Alemanha já acontece o mesmo.
 
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por Pata-Hari » 12/4/2013 7:45

O que eu estranho é que nunca se aborda o tema o recálculo das pensões. E o Tribunal constitucional não pode vir dizer que é inconstitucional transformar as pensões em algo de igual para todos.
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