Outros sites Medialivre
Caldeirão da Bolsa

Comunicação Social: Está na hora de ser responsabilizada!

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Quico » 17/1/2013 19:24

mais_um Escreveu:
Quico Escreveu:Para uma economia que "apodreceu" ao longo de décadas, esperam curas "milagrosas" em meses!... :roll:


Conheces a história do burro espanhol?


Se tens uma visão da economia como sendo uma "emanação" do estado, pode ser que a tua parábola faça sentido! :roll:
"People want to be told what to do so badly that they'll listen to anyone." - Don Draper, Mad Men
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 4688
Registado: 12/5/2004 19:52

por Quimporta » 17/1/2013 17:55

mais_um Escreveu:Como já referi algumas vezes não defendo nenhuma teoria economica, estou a borrifar-me se é A ou B, quero é algo que funcione.


Isso é uma solução do lado "demand"
Afinal és Keynesiano e não sabias 8-)

mais_um, a conversa está a tornar-se redonda.
O meu objectivo aqui não foi defender esta ou aquela solução para a Grécia.
Apenas dizer que não é em 3 anos que se tiram conclusões de um perído histórico tão complicado.

Lembrar que da única vez que tivemos algo parecido com o que vivemos, a coisa correu tão mal que só se resolveu após uma Guerra à escala planetária.
Aliás, quando visto dos EUA, a Guerra tratou-se de um extenso plano de investimentos público, provavelmente classificável como do tipo Keynesiano.
"In God we trust. Everyone else, bring data" - M Bloomberg
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2121
Registado: 9/5/2009 18:57
Localização: Região Autónoma dos Tripeiros

por mais_um » 17/1/2013 17:42

QuimPorta Escreveu:
mais_um Escreveu:
QuimPorta Escreveu:
mais_um Escreveu:
QuimPorta Escreveu:
Não sei se é bem assim, e se há por aí economistas que o confirmem, mas perante uma recessão há basicamente duas escolas:

* a de Keynes que defende uma actuação do lado da Procura, com o Estado a tomar a posição dos privados no consumo em retracção;
* a dos "austerianos" (Autríacos e afins) que defendem que a correcção na Procura é natural e saudável no longo prazo, doa a quem doer no curto.



E quando ambas não funcionam qual é a solução?


Dá um exemplo...


Grécia....?


Repara que na escala temporal do que é uma família ideológica (no caso de pensamento económico) ainda é cedo para declarar que a Grécia é um caso sem solução.

Mas mesmo que queiras declarar a "tragédia Grega" como definitiva, terias sempre que considerar uma série de condicionantes à aplicação das soluções para concluir que falharam.
Duas muito relevantes, tanto na era supostamente Keynesiana da pré-crise financeira como na era FMI, são a inexistência de moeda própria e de um banco central com capacidade de intervir especificamente em favor da Grécia.

Mas insisto, é prematuro concluir que falharam as soluções austerianas nos países da periferia do Euro.


Não são as doenças que tem que se adaptar aos remedios mas sim o oposto. Neste caso, não são os problemas que tem que se adaptar às teorias, mas sim o oposto....

Há 4 anos que a Grecia está em recessão, este é o 5º ano.

Já agora quanto tempo é que consideras razoavel para se tirar conclusões?
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa

por mais_um » 17/1/2013 17:28

Quico Escreveu:Para uma economia que "apodreceu" ao longo de décadas, esperam curas "milagrosas" em meses!... :roll:


Conheces a história do burro espanhol?

Contam os nossos avós que um certo agricultor, passando a fronteira de Espanha, se terá queixado ao seu amigo espanhol de que as colheitas iam de mal a pior e que já nem davam para alimentar os animais de carga.

Este de imediato lhe propôs um negócio: vender-lhe uma raça de burro que, com o tempo, habituar-se-ia a não comer, contribuindo para a diminuição das despesas. Regressado a Portugal, depressa começou com o plano de emagrecimento, que começava por alimentar o animal, dia sim, dia não, até que chegasse ao ponto de o animal não comer.

Algumas semanas depois, mostrava todo orgulhoso o burro aos seus vizinhos dizendo: vejam só, a última vez que comeu foi há quatro dias. Mais umas semanas e posso garantir-vos que se habitua e deixa de precisar de comer. Os dias passaram e a dieta intensificava-se e o agricultor passeava.

De repente, a aldeia deixou de ver o agricultor e o burro. Estranhando ausência prolongada, um vizinho bateu à porta do agricultor e perguntou "Está tudo bem consigo, vizinho? E o burro, está tudo bem com ele?". O agricultor, em lágrimas, responde-lhe "Ai vizinho, que desgraça, não quer você acreditar que o raio do burro morreu? Logo agora que já se tinha habituado a não comer".


Como já referi algumas vezes não defendo nenhuma teoria economica, estou a borrifar-me se é A ou B, quero é algo que funcione. Seja keynes ou austriaco ou outra coisa qualquer.

E não me parece que a solução implementada na Grécia esteja a resolver o que quer que seja, mas quando não houver gregos o problema fica resolvido.

Fica o resto do artigo:

Esta história, passada de geração em geração, continua atual. Portugal é o burro. Estamos a emagrecer. E posso garantir-vos que temos margem para emagrecer ainda mais. Estamos a reduzir as despesas (publica e privada). E posso garantir-vos que temos margem para reduzir ainda mais. Estamos a imigrar. E posso garantir-vos que ainda há muitos por cá, com vontade crescente para imigrar. Estamos a despedir. E posso garantir-vos que ainda há muitos portugueses por despedir. Estamos a ficar mais pobres. E posso garantir-vos que ainda é possível ficar mais pobre.
Mas é esta a solução? Por certo não. Tal como o burro precisa de comer, também as empresas precisam de mercado, de vendas, de financiamento. Não é preciso andar na escola para saber que dinheiro faz dinheiro, que o que custa é o primeiro milhão e que, em casa onde há fome, todos ralham e ninguém tem razão.
Não faço diagnósticos macroeconómicos. Não sou académico, cresci profissionalmente dentro das empresas, deram-me muito e ensinaram-me tudo o que sei. Não dou sugestões. Aliás, todos sabemos que não há uma só solução, não há um só caminho, não há uma só alternativa. Mas as soluções estão por aí. Basta ler um livro, um jornal, uma revista, ligar a TV ou a Net. Todos as conhecemos: identificar os setores críticos; criar um banco de investimento; incentivar a exportação; identificar novos mercados; promover a marca Portugal; defender as PME; promover as fusões e aquisições; restringir as situações de monopólio; incentivar o investimento nacional e estrangeiro; incrementar a eficiência do estado; promover o ensino técnico-profissional. E trabalhar e poupar. Querem mais soluções? Estou certo de que, com cinco minutos de esfoço, conseguem listar uma série infinita de outras soluções.
Mas porque falhamos então consecutivamente? Melhor do que ter uma estratégia é implementá-la. Falamos muito e fazemos pouco. Não nos estamos a revelar um povo de ação. E também não percebo como conseguem dez milhões de portugueses aturar os que nos desgovernam com estratégias partidárias.
Já só peço que não se insista na solução mais fácil. Cortes e mais cortes. Está na hora da ação. Acabem com o emagrecimento das empresas. São elas que nos pagam o salário e que criam riqueza

http://www.oje.pt/gente-e-negocios/opin ... o-espanhol

"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa

por Quico » 17/1/2013 16:56

Para uma economia que "apodreceu" ao longo de décadas, esperam curas "milagrosas" em meses!... :roll:
"People want to be told what to do so badly that they'll listen to anyone." - Don Draper, Mad Men
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 4688
Registado: 12/5/2004 19:52

por Quimporta » 17/1/2013 16:52

mais_um Escreveu:
QuimPorta Escreveu:
mais_um Escreveu:
QuimPorta Escreveu:
Não sei se é bem assim, e se há por aí economistas que o confirmem, mas perante uma recessão há basicamente duas escolas:

* a de Keynes que defende uma actuação do lado da Procura, com o Estado a tomar a posição dos privados no consumo em retracção;
* a dos "austerianos" (Autríacos e afins) que defendem que a correcção na Procura é natural e saudável no longo prazo, doa a quem doer no curto.



E quando ambas não funcionam qual é a solução?


Dá um exemplo...


Grécia....?


Repara que na escala temporal do que é uma família ideológica (no caso de pensamento económico) ainda é cedo para declarar que a Grécia é um caso sem solução.

Mas mesmo que queiras declarar a "tragédia Grega" como definitiva, terias sempre que considerar uma série de condicionantes à aplicação das soluções para concluir que falharam.
Duas muito relevantes, tanto na era supostamente Keynesiana da pré-crise financeira como na era FMI, são a inexistência de moeda própria e de um banco central com capacidade de intervir especificamente em favor da Grécia.

Mas insisto, é prematuro concluir que falharam as soluções austerianas nos países da periferia do Euro.
"In God we trust. Everyone else, bring data" - M Bloomberg
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2121
Registado: 9/5/2009 18:57
Localização: Região Autónoma dos Tripeiros

por mais_um » 17/1/2013 16:33

QuimPorta Escreveu:
mais_um Escreveu:
QuimPorta Escreveu:
Não sei se é bem assim, e se há por aí economistas que o confirmem, mas perante uma recessão há basicamente duas escolas:

* a de Keynes que defende uma actuação do lado da Procura, com o Estado a tomar a posição dos privados no consumo em retracção;
* a dos "austerianos" (Autríacos e afins) que defendem que a correcção na Procura é natural e saudável no longo prazo, doa a quem doer no curto.



E quando ambas não funcionam qual é a solução?


Dá um exemplo...


Grécia....?
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa

por Quimporta » 17/1/2013 16:26

mais_um Escreveu:
QuimPorta Escreveu:
Não sei se é bem assim, e se há por aí economistas que o confirmem, mas perante uma recessão há basicamente duas escolas:

* a de Keynes que defende uma actuação do lado da Procura, com o Estado a tomar a posição dos privados no consumo em retracção;
* a dos "austerianos" (Autríacos e afins) que defendem que a correcção na Procura é natural e saudável no longo prazo, doa a quem doer no curto.



E quando ambas não funcionam qual é a solução?


Dá um exemplo...
"In God we trust. Everyone else, bring data" - M Bloomberg
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2121
Registado: 9/5/2009 18:57
Localização: Região Autónoma dos Tripeiros

por mais_um » 17/1/2013 16:18

QuimPorta Escreveu:
Não sei se é bem assim, e se há por aí economistas que o confirmem, mas perante uma recessão há basicamente duas escolas:

* a de Keynes que defende uma actuação do lado da Procura, com o Estado a tomar a posição dos privados no consumo em retracção;
* a dos "austerianos" (Autríacos e afins) que defendem que a correcção na Procura é natural e saudável no longo prazo, doa a quem doer no curto.



E quando ambas não funcionam qual é a solução?
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa

por Quimporta » 17/1/2013 15:50

MiamiBlueHeart Escreveu:
QuimPorta Escreveu:
K. Escreveu:Será alucinação minha quando vejo os mesmos que criticaram as politicas Keynesianas do governo anterior, criticarem as políticas contractivas deste?



:lol:
Realmente é muito bem observado, K.

A pergunta que deixo no ar é se é padrão entre os nossos comentadores saberem realmente o suficiente para se aperceberem sequer dessa questão.

... embora se deva dizer que se as políticas dos sucessivos governos passadas foram Keinesianas alguém andou a ler muito mal o Keynes, que, que se saiba, não defende a irresponsabilidade fiscal.


Provavelmente entre o 8 e o 80, existe um meio termo..


Não sei se é bem assim, e se há por aí economistas que o confirmem, mas perante uma recessão há basicamente duas escolas:

* a de Keynes que defende uma actuação do lado da Procura, com o Estado a tomar a posição dos privados no consumo em retracção;
* a dos "austerianos" (Autríacos e afins) que defendem que a correcção na Procura é natural e saudável no longo prazo, doa a quem doer no curto.

O meio termo seria não actuar de lado nenhum, porque ser-se expansionista e austeriano ao mesmo tempo não é possivel.
"In God we trust. Everyone else, bring data" - M Bloomberg
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2121
Registado: 9/5/2009 18:57
Localização: Região Autónoma dos Tripeiros

por mais_um » 17/1/2013 14:37

A normalidade não é noticia, não "vende".

E alem disso há os "interesses" a manipular a forma como as noticias são dadas, desde a hora a que são transmitidas até às fotos que acompanham as noticias.

Em tempos coloquei aqui um artigo sobre o assunto, em que explicava bem isso, vou ver se o encontro...

EDIT: encontrei :)

Qual o valor de notícia de uma notícia sobre fulano? Depende naturalmente do fulano e da notícia.
Veja-se o caso da polémica – “quentinha” – acerca da reforma de Manuel Alegre. O Correio da Manha vasculhou as listagens da Caixa Geral de Aposentações e descobriu que o deputado Manuel Alegre ia passar a receber uma pensão de três mil euros, parcialmente fundada nalguns meses que passou como director de programas da RDP.
O interessante nesta notícia (replicável em muitas outras) é o encadeamento do efeito multiplicador da relevência pública da mesma. Como este search no Google News demonstra, o “foco” inicial da informação, no Correio da Manha, deu origem a várias notícias noutros meios, verdade seja dita, todos impecavelmente citadores da fonte inicial: Diário Digital, Portugal Diário, TSF Online, Publico.pt, SIC e TVI. Pode-se argumentar que o Correio da Manha é o jornal que mais vende em Portugal e portanto não carece de mais para dar relevância pública a uma notícia, mas ainda assim é inegável que a citação de uns pelos outros aumenta e multiplica essa relevância. É esse efeito multiplicador que verdadeiramente coloca uma notícia no topo da agenda, onde não chegaria se continuasse a ser apenas uma notícia do Correio da Manha.
Depois, o que acontece normalmente é que, a existirem negações ou informações adicionais, elas ou não são noticiadas ou são-no menos vezes e com menos efeito multiplicador (com muito menor “orquestração”). Segundo o mesmo search, apenas TVI, TSF Online e Portugal Diário deram a notícia em que o deputado nega as acusações e fazem-no de uma forma mais espaçada no tempo, menos “orquestrada” (uma abordagem mais “científica” carece de um registo mais preciso). Por outro lado, a hora do dia em que as coisas são noticiadas também influi na sua relevância pública. Neste caso em concreto, na minha redacção discutiu-se informalmente o assunto (com as opiniões a formarem-se quase integralmente contra o deputado) logo pela manhã, quando a notícia do Correio da Manha foi reproduzida noutros meios mais imediatos, nomeadamente online. Mas, à tarde, as negações do deputado passaram quase integralmente “ao lado” da “agenda” das pessoas.
Claro que este é um comportamento típico de uma comunidade profissional fortemente ligada nos meios online; o comportamentro será diferente no caso do grande público, para o qual é a televisão, à noite ou durante a hora de almoço, que estabelece a “agenda” do dia e assim constrói a relevência pública de uma notícia. Acontece que, em boa parte, essa “agenda” é determinada por “o que está a dar”, ou seja, o que o conjunto de meios foi noticiando ao longo do dia. Neste caso em particular, a polémica Manuel Alegre tem todos os condimentos – intrínsecos e extrínsecos – para – aposto – fazer boa parte dos noticiários televisivos de aqui a pouco. Os condimentos intrínsecos são a reforma milionária de um deputado no quadro do emagrecimento do orçamento do Estado e das famílias – isso por si só já é notícia. Os condimentos extrínsecos são a multiplicação da informação em diversos meios: isso, por si só, embora sem qualquer relação com o valor intrínseco da notícia, constitui um factor que leva as televisões a pegar no tema e multiplicar ainda mais a sua relevância pública. Ou seja, os factores extrínsecos à notícia não vivem sem ela, mas podem multiplicá-la muito para além do que ela “merece”
Penso que foi isso que aconteceu neste caso. Independentemente que ser legal ou ilegal, certa ou errada, justa ou injusta (essa é outra questão), a reforma do deputado Manuel Alegre seria, quando muito, uma boa (má…) notícia de segundo nível. Mas não seria um tema do topo da agenda, capaz de fazer manchetes ou abrir telejornais. Catapultou-se ao topo da agenda por mero efeito multiplicador do funcionamento dos media.
Se pensarmos que esta é uma notícia na primeira pessoa (não é uma estatística, não é um grupo de deputados, não é um esquema repetido, é apenas um caso) vemos até que ponto este efeito pode ser susceptível de manipulação. Basta que a informação seja libertada no momento certo ao jornal certo para que se crie uma cadeia multiplicadora que a coloca no topo da agenda e com muito mais relevância pública do que teria em condições normais ou, mais importante, do que merecia em condições normais (repito: independentemente dos factos em concreto deste caso). As notícias fulanizadas são particularmente susceptíveis a este tipo de manipulação e a defesa delas torna-se especialmente difícil.


O topico que iniciei sobre o tema:

http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocio ... sc&start=0
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa

por Ulrich » 17/1/2013 14:17

K. Escreveu: ...Schadenfreude, palavra que designa a alegria provocada pelo mal dos outros.



Não conhecia, mas representa de facto o que eu penso.
“A única diferença entre mim e um louco é que eu não sou louco.”
Salvador Dali
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 510
Registado: 8/11/2008 15:54
Localização: Aveiro

por K. » 17/1/2013 14:12

Ulrich, essa tendencia, de facto relacionada com a inveja (tristeza provocada pelo bem dos outros), tem um nome: Schadenfreude, palavra que designa a alegria provocada pelo mal dos outros.

O sentimento e tao vergonhoso (mas humano!) que a palavra nunca foi traduzida do Alemao. O que e pena, pois a palavra e util para identificar retoricas e linhas editoriais populistas que sao extremamente perigosas.
 
Mensagens: 692
Registado: 28/5/2008 1:17

por Ulrich » 17/1/2013 13:58

richardj Escreveu:só é curioso que, quando os juros começaram a subir, aparecia em todos os jornais, cada emissão de divida a juro mais alto, cada noticia, nos jornais, nos telejornais, ao almoço e ao jantar. a coisa era de tal maneira que mesmo quando portugal não ia ao mercado e os juros subiam, saia noticias que os juros estavam mais caros. Era um entusiasmo pela nossa falência, que bom.



Exacto temos uma tendência para o macabro apocalíptico, e a inveja insere-se nessa maneira de ser.

Existe uma satisfação , da população em geral, pelas coisas más,é de certa forma reconfortante.
Em vez de sermos optimistas e procurar/fazer por isso o sucesso , ficamos à espera que os outros tropecem e fiquem para trás, mas esquecemo-nos que nós também ficámos no mesmo sítio... :roll:

Neste aspecto a Comunicação Social é um reflexo de uma cultura social que ainda acredita na redenção pela dor, tendo como expoente máximo a expressão dramática chamada Fado.
“A única diferença entre mim e um louco é que eu não sou louco.”
Salvador Dali
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 510
Registado: 8/11/2008 15:54
Localização: Aveiro

por richardj » 17/1/2013 13:24

só é curioso que, quando os juros começaram a subir, aparecia em todos os jornais, cada emissão de divida a juro mais alto, cada noticia, nos jornais, nos telejornais, ao almoço e ao jantar. a coisa era de tal maneira que mesmo quando portugal não ia ao mercado e os juros subiam, saia noticias que os juros estavam mais caros. Era um entusiasmo pela nossa falência, que bom.

é pena não ver o processo inverso ser acompanhado com igual entusiasmo. Nesse sentido houve dualidade de critérios.

Outra dualidade de critérios é, por exemplo as imagens que acompanham cada noticia.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2861
Registado: 25/4/2011 22:36
Localização: Drama City

por MiamiBlue » 17/1/2013 13:17

QuimPorta Escreveu:
K. Escreveu:Será alucinação minha quando vejo os mesmos que criticaram as politicas Keynesianas do governo anterior, criticarem as políticas contractivas deste?



:lol:
Realmente é muito bem observado, K.

A pergunta que deixo no ar é se é padrão entre os nossos comentadores saberem realmente o suficiente para se aperceberem sequer dessa questão.

... embora se deva dizer que se as políticas dos sucessivos governos passadas foram Keinesianas alguém andou a ler muito mal o Keynes, que, que se saiba, não defende a irresponsabilidade fiscal.


Provavelmente entre o 8 e o 80, existe um meio termo..
 
Mensagens: 1399
Registado: 17/10/2010 19:32
Localização: 14

por Quimporta » 17/1/2013 13:09

K. Escreveu:Será alucinação minha quando vejo os mesmos que criticaram as politicas Keynesianas do governo anterior, criticarem as políticas contractivas deste?



:lol:
Realmente é muito bem observado, K.

A pergunta que deixo no ar é se é padrão entre os nossos comentadores saberem realmente o suficiente para se aperceberem sequer dessa questão.

... embora se deva dizer que se as políticas dos sucessivos governos passadas foram Keinesianas alguém andou a ler muito mal o Keynes, que, que se saiba, não defende a irresponsabilidade fiscal.
"In God we trust. Everyone else, bring data" - M Bloomberg
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2121
Registado: 9/5/2009 18:57
Localização: Região Autónoma dos Tripeiros

por mais_um » 17/1/2013 12:35

K. Escreveu:Não é confusão nenhuma, é mesmo verdade: conseguimos ir ao mercado pagar menos de 2%, muito menos do que estamos a pagar à Troika.


Boa! Então podes ir para a rua com cartazes a dizer que se lixe a troika! :mrgreen:

K. Escreveu:E o significado da notícia é exactamente esse: em breve Portugal não vai precisar do apoio da Troika, pois pode financiar-se nos mercados.


Era esse um dos objectivos do progama, se o conseguirmos significa que mais uma vez a intervenção do FMI (neste caso da troika) em Portugal é um "sucesso". E quantos anos vai demorar a voltar a pedir ajuda?

Já deixei o link noutro topico mas deixo aqui novamente:

http://economico.sapo.pt/noticias/o-gri ... 60445.html


K. Escreveu:Esta é, quanto a mim, a melhor notícia dos últimos 2 anos. Isto não altera nada?



Diferença entre divida de curto prazo e longo prazo não te diz nada? E taxas Euribor? E BCE?

E entre a troika ir embora e deixar-nos entregues apenas a estes idiotas ou continuar com os idiotas e a troika, prefiro a segunda...
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa

por K. » 17/1/2013 12:21

Não é confusão nenhuma, é mesmo verdade: conseguimos ir ao mercado pagar menos de 2%, muito menos do que estamos a pagar à Troika.


E o significado da notícia é exactamente esse: em breve Portugal não vai precisar do apoio da Troika, pois pode financiar-se nos mercados.


Esta é, quanto a mim, a melhor notícia dos últimos 2 anos. Isto não altera nada?
 
Mensagens: 692
Registado: 28/5/2008 1:17

por mais_um » 17/1/2013 11:24

K. Escreveu:Deram a notícia sim, mas sem qualquer destaque, é à falta de destaque que me refiro no post.


Será alucinação minha quando vejo os mesmos que criticaram as politicas Keynesianas do governo anterior, criticarem as políticas contractivas deste?

Qual é afinal o objectivo destas críticas, qual o tipo de políticas que são afinal defendidas por essas pessoas?


Ou será que toda a gente já se esqueceu do que se passou há dois anos?


Os jornais economicos deram o destaque de imediato, (seria estranho que não o tivessem feito), quanto aos outros colocaram o assunto na parte de economia, não vejo nada de estanho disso até porque, embora o resultado seja positivo (mesmo que tenha sido os portugueses a assegurar a maior parte da emissão) não altera absolutamente nada na nossa situação.

Alias, pode criar confusão às pessoas menos informadas , porque é que conseguimos ir ao mercado pagar menos de 2% e estamos a pagar à troika, mais de 3%? Que se lixe a troika!
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa

por Lion_Heart » 17/1/2013 5:55

Esta é boa, não se responsabiliza os políticos mas querem responsabilizar a com. social.


A com. social esta a sabor de quem manda ou de quem paga.


Portugal é um País demasiado pequeno e como tal é controlado por uma meia dúzia de famílias e empresas que tem os seus testas de ferro e paus mandados para todo e qualquer serviço.
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"

Lion_Heart
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 7051
Registado: 6/11/2002 22:32
Localização: Toquio

por atomez » 17/1/2013 1:43

Os media são empresas como outras quaisquer -- vendem um produto a uns quantos clientes.

O produto são audiências. Os clientes são os anunciantes.

Portanto transmitem aquilo que gera audiências, normalmente aquilo que elas querem ver e ouvir.

Disclaimer: não lhes ligo peva
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 5852
Registado: 4/11/2002 22:48
Localização: Entre Marte e Vénus

por amartins42 » 17/1/2013 1:35

Sociologicamente a maioria do povo é de esquerda.Logo,poderá ser mais fácil agradar à maioria,por motivo de audiências também?
É impressionante o tempo de antena que é concedido aos lideres do BE e PCP,lideres sindicais, e em geral toda a oposição. Quase todos os comentadores politicos omitem o que de bom se passa no país.Quase todos utilizam linguagem radical nas ferozes criticas que fazem sem paralelo no passado. Nunca percebi como é possivel falar tão mal deste governo a nível interno quando do exterior vêm rasgados elogios.
Se a comunicação social é isente? Na minha modesta opinião não é.
 
Mensagens: 60
Registado: 29/11/2007 1:53
Localização: Amora

por K. » 17/1/2013 0:56

Deram a notícia sim, mas sem qualquer destaque, é à falta de destaque que me refiro no post.


Será alucinação minha quando vejo os mesmos que criticaram as politicas Keynesianas do governo anterior, criticarem as políticas contractivas deste?

Qual é afinal o objectivo destas críticas, qual o tipo de políticas que são afinal defendidas por essas pessoas?


Ou será que toda a gente já se esqueceu do que se passou há dois anos?
 
Mensagens: 692
Registado: 28/5/2008 1:17

Re: Comunicação Social: Está na hora de ser responsabilizada

por mais_um » 17/1/2013 0:17

K. Escreveu:Tenho a sorte de estar longe o suficiente para evitar um apedrejamento na via pública.
É que, hoje em dia, quem não atira a tensão que acumulou, para cima da classe política, é porque das duas uma: ou não se sente, ou não é boa gente. Eufemisticamente falando...

Mas eu pergunto:

Quanto custa ao país a queda de um governo? 2, 3, 4 mil milhões de Euros?
Há quem deva ser responsabilizado por estas perdas que, nos anos do novo milénio, foram fatais para Portugal: A Comunicação Social.
Em democracia os governos devem ser chamados à responsabilidade, mas existem alturas próprias para isso, as eleições. E nos últimos 10 anos, em muito devido à manipulação das notícias, essas alturas não foram respeitadas, resultando num enorme prejuízo para o país, que a muito custo está a ser suportado pela maioria da população em geral.
Depois de uma campanha para destruir a credibilidade do anterior governo e com ela a de Portugal, a comunicação social portuguesa parece preparar-se para repetir o número com o actual. A campanha de desinformação, de aldrabices e de manipulação de notícias com dados estatísticos, está a seguir o mesmo padrão.

O exemplo de hoje é impressionante. Repara-se no destaque (nulo ou quase) dado pelo site de três dos grandes jornais nacionais, ao leilão de dívida nacional, cujos resultados seguem no final deste post e falam por si.


http://www.cmjornal.xl.pt/

http://www.publico.pt/

http://www.dn.pt/inicio/default.aspx

O pior, é que uma grande parte das pessoas raramente se socorre de fontes fidedignas, e toma como verdade o que é repetido por jornais e televisões.
Em comunicação social, a verdade é aquilo que é repetido mais vezes.

Infelizmente, não é possível responsabilizar jornais e notícias pelos danos causados ao país. Resta apelar para o sentido crítico de cada um e desconfiar quando os títulos são desenhados com o objectivo de manipular sentimentos sociais através das mais viscerais emoções humanas negativas. Resta a cada um fazer a introspecção cada vez que uma notícia tem a capacidade de despoletar algo dentro do nosso sistema emocional. E questionar-se: qual o verdadeiro objectivo das notícias?

EMISSÃO DE DÍVIDA: RESULTADOS DO LEILÃO DE HOJE

Issue three-month t-bills
Maturity April 19, 2013
Bids received 1.136 bln
Bids accepted 300 mln
Bid-to-cover ratio 3.8 (5.1)
Average yield 0.667% (1.936%)
Average price 99.832 (99.513)
Maximum yield 0.750% (1.979%)
Minimum price 99.811 (99.502)
% of bids allocated
at lowest price 26.67% (90.00%)
Settlement day Jan. 18, 2013
Issue 12-month t-bills
Maturity Jan. 17, 2014
Bids received 2.775 bln
Bids accepted 1.200 bln
Bid-to-cover ratio 2.3 (2.5)
Average yield 1.609% (2.101%)
Average price 98.399 (97.920)
Maximum yield 1.650% (2.200%)
Minimum price 98.359 (97.824)
% of bids allocated
at lowest price 50.00% (93.33%)
Settlement day Jan. 18, 2013
Issue 18-month t-bills
Maturity July 18, 2014
Bids received 2.724 bln
Bids accepted 1.000 bln
Bid-to-cover ratio 2.7 (1.9)
Average yield 1.963% (2.990%)
Average price 97.095 (95.630)
Maximum yield 1.989% (3.000%)
Minimum price 97.057 (95.616)
% of bids allocated
at lowest price 94.34% (100.00%)
Settlement day Jan. 18, 2013


Não sei qual é o teu conceito de imprensa generalista, mas os OCS que referiste não tem como "core" noticias desse tipo, vi que o Económico e o Jornal de Negócios actualizaram o site mais rápido que o IGCP.

O CM às 11:56:

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/notic ... ida-do-ano


O Publico colocou a noticia ao 12:00:

http://www.publico.pt/economia/noticia/ ... os-1580890

O Expresso colocou às 10:53:

http://expresso.sapo.pt/portugal-coloca ... os=f779789

O SOl já tinha publicado ao 12:53:


http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Inte ... t_id=66419

Em relação às TV não vi os telejornais da tarde nem da noite, mas imagino que tenha sido noticia.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?ar ... &visual=49

E não tenho mais tempo para procurar nos outros OCS.


Haja algum bom senso...
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8133
Registado: 14/11/2008 0:48
Localização: Lisboa

AnteriorPróximo

Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Bing [Bot], Google [Bot], PAULOJOAO, Shimazaki_2, trend=friend e 225 visitantes