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Caldeirão da Bolsa

Reindustrialização da União Europeia

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Re: Entrevista a ministro da economia

por lsilva4 » 19/12/2012 2:04

Tosh5457 Escreveu:
lsilva4 Escreveu:Fiquei surpreendido pela positiva, com esta entrevista. Acho que existem aqui interessantes (e criativas)ideias para a reindustrialização do País. Resta saber se são executadas e bem...
Na minha opinião os últimos ministros da economia praticamente não apresentaram ideias, quanto mais com os respectivos planos de implementação.

Cumprimentos


Isso é um ministro de economia a sério :wink:


Só digo isso se fizer realmente o que diz :wink:
Teria muito gosto em dizê-lo, mas duvido muito. Acho que o Álvaro já justificou um eventual fracasso. Tem sido crónico.
Pensa e faz que pensas. Do cansaço dos outros faz a tua oportunidade. Faz tocar o despertador para emoções alheias. Mais importante que tudo, FAZ!
 
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por atomez » 19/12/2012 1:04

Para que serve um ministro da economia?

Isso cheira é a dirigismo comunista. Ou fascista.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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Re: Entrevista a ministro da economia

por ToshB » 19/12/2012 0:55

lsilva4 Escreveu:Fiquei surpreendido pela positiva, com esta entrevista. Acho que existem aqui interessantes (e criativas)ideias para a reindustrialização do País. Resta saber se são executadas e bem...
Na minha opinião os últimos ministros da economia praticamente não apresentaram ideias, quanto mais com os respectivos planos de implementação.

Cumprimentos

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Isso é um ministro de economia a sério :wink:
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por lsilva4 » 19/12/2012 0:42

Sou da tua opinião, Lion Heart.
Como sabemos muitos dos serviços funcionam, exclusivamente como um complemento à actividade industrial sejam eles desempenhados pela própria empresa ou outsourcing. Se olharmos para as grandes empresas industriais que operam em vários mercados, facilmente se constata que a sua actividade seria impossível sem a existência de serviços.
Parece-me claro a existência de uma relação de interdependência.
Penso que no futuro esta relação Indrústria/Serviços se deverá tornar ainda mais íntima.

Repare-se que a base da origem/existência de muitos serviços se deve exclusivamente à indústria. Ou seja, uma indústria forte convida o desenvolvimento de mais e/ou melhores serviços.

Só um ponto que não concordo totalmente- Porquê empresas monopolistas? Cada vez mais se vêm pequenas e médias empresas a recorrer aos serviços de consultoras. A PwC, por exemplo, aposta forte no desenvolvimento de relações com estas empresas.
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por Lion_Heart » 18/12/2012 20:36

Eu acho que vocês se esquecem que antes de se ter um País de serviços com elevada rentabilidade(ou com serviços), tem primeiro que ser um País Industrializado.

Um País pobre , subdesenvolvido e dependente do exterior não pode viver só de serviços.

Quem fala dos serviços (tipo consultoria , informática) esta a falar de vender esses serviços na sua maioria ao Estado ou a grandes empresas Monopolistas.
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"

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por Green_Hawk » 18/12/2012 19:23

crybaby Escreveu:
Green Hawk Escreveu: Falo dos gigantes do software e hardware mundial, falo dos gigantes das telecomunicações, falo dos grandes bancos, etc.

Ora aqui, nos serviços de valor acrescentado, o único recurso natural que precisamos é o nosso cérebro e capacidade inventiva e esse é igual ao dos chineses, ao dos coreanos, dos irlandeses, dos ingleses, dos alemães, dos indianos, etc..



Está a falar destes gigantes?

HP despede 29 mil funcionários
2012-09-11 18:24:05

Banco suíço UBS vai despedir 10 mil funcionários
30/10/2012

Sony despede 20 mil funcionários - PÚBLICO
9 abr. 2012


Por muito que nos custe, há e haverá sempre despedimentos. O mundo não é uma constante, em que as pessoas estão sempre no mesmo local.

Mas podias ter citado outros exemplos. Mesmo que não seja interessante para os jornais lançar noticias de criação de emprego, encontras sempre por essa internet fora...

Apple Creates 514,000 US Jobs
http://www.apple.com/about/job-creation/

SAP create 250 jobs in Dublin and Galway
http://www.rte.ie/news/2012/0503/sap-to ... alway.html

PT cria emprego no interior do país
http://noticias.rumonet.pt/2012/04/pt-c ... r-do-pais/

INVESTIMENTO DA NOKIA SIEMENS VAI CRIAR 1500 EMPREGOS
http://www.portugal.gov.pt/pt/mantenha- ... mento.aspx

Cloud Computing to Create Millions of Jobs
http://www.microsoft.com/en-us/news/pre ... oudPR.aspx


Isto são só alguns exemplos do que está a ser construído por esse mundo fora. Mas basta dares uma olhada pela Europa e perceberes que os países onde mais se aposta nos serviços tecnológicos são também aqueles em que há um menor desemprego. O paradigma do emprego mudou, há uma aposta clara nos serviços de valor acrescentado e no conhecimento como uma forma de ganhar dinheiro. Mesmo os bancos e apesar da crise em que vivem, investem muito na optimização e na criação de serviços para os seus clientes. É isto que os mantêm competitivos. Porque escolheram por exemplo a plataforma X de trading em relação à Y? Não foi apenas e só por vos oferecer mais opções?


Por isso é óbvio que em países como Portugal o desemprego continua e continuaráa aumentar, uma vez que a maioria da nossa força de trabalho está em áreas de fraco valor acrescentado para os produtos. Em que a competividade do produto é medida apenas e só pelo preço da mão de obra.
Não é à toa que a esmagadora maioria dos desempregados está nessas áreas.
 
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por goodmoney » 18/12/2012 18:46

Green Hawk Escreveu: Falo dos gigantes do software e hardware mundial, falo dos gigantes das telecomunicações, falo dos grandes bancos, etc.

Ora aqui, nos serviços de valor acrescentado, o único recurso natural que precisamos é o nosso cérebro e capacidade inventiva e esse é igual ao dos chineses, ao dos coreanos, dos irlandeses, dos ingleses, dos alemães, dos indianos, etc..



Está a falar destes gigantes?

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por MarcoAntonio » 18/12/2012 18:45

mfsr1980 Escreveu:Que eu saiba, na indústria, os salários não têem expressão no valor final do produto, muito mais importante é o custo da energia e essa está com um custo exorbitante graças aos sobrecustos que nada têem a ver com a energia.
Deve haver Doutoures a mais saídos à pressão desses cursos que polulam por aí...



Os sobrecustos têm (à parte dos impostos/taxas não dedutíveis e pouco mais) que ver com energia.

E duvido que em média os custos com a energia não sejam substancialmente mais baixos do que os custos com pessoal.
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por goodmoney » 18/12/2012 18:37

mfsr1980 Escreveu:Que eu saiba, na indústria, os salários não têem expressão no valor final do produto, muito mais importante é o custo da energia e essa está com um custo exorbitante graças aos sobrecustos que nada têem a ver com a energia.
Deve haver Doutoures a mais saídos à pressão desses cursos que polulam por aí...



Isso do não ter expressão tem muito que se lhe diga...
 
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por Green_Hawk » 18/12/2012 18:10

Acho que muita gente não percebe exactamente o que são serviços, e só está a olhar para o que era um serviço há 30 anos atrás, daí não entenderem de todo a sua importância.

Os serviços são caracterizados, ao contrário da indústria, ou da agricultura, como bens intangíveis. Ou seja enquanto uma alface será sempre uma alface, um carro será sempre um carro, logo são produtos. Um serviço é algo variável que visa adicionar valor aos produtos.

Não tem que ser necessariamente informatizado, nem ser informatizado significa ser um serviço. Por isso o pessoal que está a apertar parafusos pode estar a fazer isso sob a forma de serviço, como um software pode ser apenas um produto de uma empresa.

Um país como Portugal, não tem recursos naturais suficientes para exportar e retirar dividendos disso. Basta perceber que Portugal ano após ano, tem perdido em termos de PIB per capita para outros países. Até podemos competir em produtos muitos específicos do nosso clima, mas pouco mais que isso.
Em relação à indústria, só vejo que possamos competir com os países de Leste, ou países asiáticos se baixarmos os nossos salários, baixarmos o nosso nível de vida, etc.

É isto que querem para vocês e para o vosso país?


Mas, e falando pela experiência que tenho no mundo do software, e tal como o Atomez disse acertadamente, cada vez mais as empresas a nível mundial estão a apostar nos serviços em detrimento de produtos, por estes serem mais rentáveis e serem uma mais valia maior em relação aos produtos. Falo dos gigantes do software e hardware mundial, falo dos gigantes das telecomunicações, falo dos grandes bancos, etc.

Ora aqui, nos serviços de valor acrescentado, o único recurso natural que precisamos é o nosso cérebro e capacidade inventiva e esse é igual ao dos chineses, ao dos coreanos, dos irlandeses, dos ingleses, dos alemães, dos indianos, etc..
Mas para haver empresas a apostar em Portugal como grande prestador de serviços e de topo tecnológico, tem que haver uma politica nesse sentido. Não apenas de baixar o IRC, mas também de aumentar salários de modo a impedir que os portugueses saiam do país.
Ora o que está a acontecer é precisamente o contrário, aumentamos os impostos, as rendas e diminuímos os salários.

O que acham que vai acontecer e está a acontecer às pessoas que trabalham nessas áreas?


Em resumo, acho que a mentalidade das pessoas ainda é demasiado retrograda em relação aos serviços e acho que o país não tem uma politica apelativa em relação aos serviços e às pessoas que prestam serviços na vanguarda tecnológica. Em ambos os casos não é percebida a vantagem de investir e produzir desta forma.


Para vos ajudar deixo-vos o exercício para pensarem nas empresas que foram as maiores empresas do mundo há 50 anos. Pensem nas que são as maiores actualmente.
Pensem o que mudou para que umas deixassem de o ser, em detrimento de outras e tirem as vossas conclusões.
 
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Entrevista a ministro da economia

por lsilva4 » 18/12/2012 17:28

Fiquei surpreendido pela positiva, com esta entrevista. Acho que existem aqui interessantes (e criativas)ideias para a reindustrialização do País. Resta saber se são executadas e bem...
Na minha opinião os últimos ministros da economia praticamente não apresentaram ideias, quanto mais com os respectivos planos de implementação.

Cumprimentos

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por mfsr1980 » 18/12/2012 17:08

Que eu saiba, na indústria, os salários não têem expressão no valor final do produto, muito mais importante é o custo da energia e essa está com um custo exorbitante graças aos sobrecustos que nada têem a ver com a energia.
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por goodmoney » 18/12/2012 16:36

Atomez Escreveu:
Camisa Roxa Escreveu:Physical labour incorporated in manufactured goods is a cheap commodity in a globalised world. But the skills and capabilities that turn that labour into products of extraordinary complexity and sophistication are not ..

Aí está tudo dito e um poucas palavras.

Na grande maioria dos produtos industriais o custo da mão de obra para os produzir é menos de 5% do valor final do produto.

A grande fatia do valor está na concepção, design, investigação, desenvolvimento, teste, controlo de qualidade, patentes, royalties, marketing, financiamento, distribuição, despesas legais. E tudo isso são... serviços.



Então para isso mais vale dizeres que tudo são serviços... O pessoal que lá está a apertar parafusos também está a prestar um serviço. Da mesma maneira que o designer, que o eng. da qualidade, que os técnicos de vendas, que a malta do escritório...

Isso não são serviços, se é feito em meio industrial e pela indústria, é como tudo indica, indústria...

Agora que chamem uns consultores para ajudar e aí sejam serviços, ok...
 
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por atomez » 18/12/2012 14:59

Gestor português de nível mundial fala da evolução de produtos para serviços.

<object><param name="allowfullscreen" value="true"></param><param name="movie" value="http://www.facebook.com/v/331734686853456"></param><embed src="http://www.facebook.com/v/331734686853456" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="1"></embed></object>
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por ToshB » 15/12/2012 21:39

Essa agora! Se calhar os serviços não contam para o PIB????

Sabes qual é o maior setor de atividade nas economias mais desenvolvidas -- UE, EUA? Os serviços de saúde. Representam mais de 20% do PIB.


Contam, mas aqui a questão é se é sustentável ter uma economia baseada em serviços, ou seja, é importante é saber se é possível ter um bom crescimento do PIB e baixo desemprego com uma economia deste tipo. Numa economia fechada é completamente insustentável, e quanto aos serviços não sei se a economia de Portugal não se aproxima de uma economia fechada...
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por atomez » 15/12/2012 21:37

rg7803 Escreveu:Atomez, concordo com o principio geral que enunciaste, mas podes detalhar um pouco mais, no caso concreto português, que serviços de alto valor acrescentado deveríamos possuir em vez dos habituais centros comerciais e afins, para que possa melhor perceber o teu raciocínio?

Curiosamente, os únicos setores em que Portugal é competitivo a nível europeu e mesmo mundial são todos na área de serviços.

Mas concretamente -- turismo, distribuição e centros comerciais, banca, telecomunicações.

E depois há mais alguns que são de menor dimensão mas em que também somos competitivos a nível mundial -- futebol, música de dança eletrónica e muitos outros nichos especializados de mercado.

Mas um setor importantíssimo em que podiamos ter muito mais relevância é o outsourcing de serviços informáticos.

É um setor de atividade em muito grande expansão em todo o mundo, sobretudo nas economias mais desenvolvidas -- de novo UE e EUA. Porque por um lado as empresas têm que reduzir custos operacionais e por outro com o advento do "cloud computing" leva à necessidade de gigantescos data centers.

Os 2 países que vêm à cabeça dos gestores e consultores quando pensam em pôr a informática em outsourcing são a Irlanda e a India. Por razões diferentes, são altamente competitivos e muito procurados nesta área.

Portugal podia perfeitamente competir com eles. Quer em call centers de suporte internacional quer em data centers, em especial para o resto da Europa Porque:

-- temos mão de obra qualificada, em quantidade e relativamente barata

-- temos infraestruturas de telecomunicações avançadas

-- o inglês é uma língua que toda a gente nesta área domina

-- para além do inglês é relativamente fácil arranjar pessoal que fala outras línguas (francês, alemão, etc), vantagem sobre a India

-- a diferença de horas é nula para o resto da Europa, vantagem sobre a India

-- estamos na zona do Euro, portanto não há risco cambial, e temos uma inflação baixa, vantagem sobre a India

-- apesar dos salários cá serem mais altos que na India, a diferença não é assim tão grande e como o pessoal cá é mais polivalente e generalista que na India é possível ter serviços cá com menos gente que lá e em termos de custo ficam ao mesmo nível

-- os salários cá são 1/3 dos da Irlanda, vantagem sobre a Irlanda

Então porque é que esta não é uma área de grande investimento em Portugal?

A principal razão é esta -- Portugal não é visto como um país adequado ao outsourcing. Tal como ninguém pensa em comprar um perfume alemão ou um vinho irlandês, os decisores internacionais não pensam em Portugal como destino de outsourcing.

Para ultrapassar isso era preciso mudar a imagem internacional de Portugal, em especial ao nível dos decisores das grandes multinacionais e das grtandes consultoras, como Forrester ou Gartner.

E depois há outros fatores que nos retiram competitivivdade, como a alta fiscalidade, inconstância do poder político (uma determinada facilidade concedida por um governo é logo de seguida retirada com uma mudança de governo), sistema judicial paralítico.

Sei de um caso recente de uma conhecida multinacional de telecomunicações que estudou o local para pôr o seu centro de apoio e suporte a nível da EMEA (Europa, Médio Oriente e África) e na short list estavam 3 países -- Irlanda, Egipto e Portugal.

Pois Portugal ficava à frente do Egipto, mesmo em termos de custos, mas acabou por perder para a Irlanda porque lá a taxa de IRC é de 12,5% e durante 10 anos tinham isenção total...
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por atomez » 15/12/2012 21:02

Camisa Roxa Escreveu:Physical labour incorporated in manufactured goods is a cheap commodity in a globalised world. But the skills and capabilities that turn that labour into products of extraordinary complexity and sophistication are not ..

Aí está tudo dito e um poucas palavras.

Na grande maioria dos produtos industriais o custo da mão de obra para os produzir é menos de 5% do valor final do produto.

A grande fatia do valor está na concepção, design, investigação, desenvolvimento, teste, controlo de qualidade, patentes, royalties, marketing, financiamento, distribuição, despesas legais. E tudo isso são... serviços.


Tosh5457 Escreveu:
O sector de serviços não produz nada??? Essa agora!

Os serviços produzem a coisa mais importante de todas (do ponto de vista da economia) -- os serviços produzem valor.

E valor é aquilo que alguém está disposto a pagar por isso.


Isso é uma falácia comum em economia, não distinguir entre dinheiro e produção. Um serviço pode ter um valor acrescentado elevadíssimo, se não produzir nada, nem ajudar na produção, não ajuda a economia.

Essa agora! Se calhar os serviços não contam para o PIB????

Sabes qual é o maior setor de atividade nas economias mais desenvolvidas -- UE, EUA? Os serviços de saúde. Representam mais de 20% do PIB.


rnbc Escreveu:Como informático estou 100% de acordo: a informática no abstrato não serve para nada, é apenas um ramo engraçado da matemática. Mas como ferramenta é muito útil, e pode ser aplicada a quase tudo o que fazemos como humanos.

Francamente, isso é como dizer que a indústria automóvel é um ramo engraçado da mecânica...
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por A330-300 » 15/12/2012 10:00

Texano Bill Escreveu:
xtech Escreveu:Infelizmente, hoje toda a gente quer ser doutor e engenheiro (e depois temos milhares e milhares de jovens formados e desempregados), mas os bons agricultores, os bons operários, os bons técnicos são tão ou mais necessários a uma sociedade.


Podes culpar o poder político por isto, durante anos marginalizou-se o ensino profissional em favorecimento do ensino superior "teórico". Não controlaram as vagas, nem o número nem a qualidade dos cursos, apostando mais na quantidade. Criou-se um excesso de oferta, desperdiçando-se dinheiros públicos e privados, já para não falar do tempo dos jovens. Mas como na economia tudo se rege pela lei da oferta e da procura, hoje em dia temos licenciados em profissões liberais a ganhar tanto ou menos que muitos trabalhadores de fábrica.

Camisa Roxa Escreveu:opa, sinceramente, estes manifestos políticos do tipo "vamos reindustrializar a Europa" são tão vazios, é o mesmo que dizer "vamos proibir a pobreza" ou "vamos proibir o desemprego"


É como aquelas palestras do empreendedorismo em que se formos todos supermotivados e "inovadores" vamos ter sucesso e ultrapassar a crise. Mas e medidas concretas? Nenhuma. A meu ver esse tipo de abordagem até pode funcionar muito bem num bom clima económico e onde haja abundância de capital para investir, p. ex: silicon valley, e não numa economia já de si pouco dinâmica e em contracção.


Nem mais.Acabarem com os cursos profissionalizantes e criarem-se Doutores foi mau em todos os sentidos.Para o país e para as pessoas.
Criou-se falsas expectativas nos que fizeram cursos superiores,com o excesso de oferta baixaram os salários ,aumentou o desemprego porque os doutores não querem e ou não sabem fazer trabalhos menos qualificados ,e com a falta de mão de obra para trabalhos menores aumentou-se a imigração que principalmente agora tem um custo acrescentado para o país.

Acho que é tarde demais para a Europa se reindustrializar. Ou teria que se tornar muito atrativa para que as empresas que se foram voltem.Isto significa o fim do social e uma baixa profunda nos salários.

A globalização foi o princípio do declínio do mundo ocidental. Na história da civilização temos exemplos de imensos países e sociedades que tiveram o poder e riqueza e depois entraram em declínio. E isso vai invariavelmente acontecer com a Europa e EUA.

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por noquia1 » 15/12/2012 8:47

Nao tenham duvidas que isto vai voltar a ser industrializado ...!
O que os chineses fizeram para nos nas ultimas décadas vamos nos e os EUA fazer para sempre para eles !

Senão vejamos :

Eles e que tem a divida americana !! Eles estão a investir na compra de grandes empresas na Europa e os recursos em África sao praticamente todos dos chineses ... Portanto a escravatura vai voltar a Europa e aos EUA mas encapotada ...

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por ToshB » 13/12/2012 10:20

Só espero que esses deputados e ministros também se apercebam que o sector industrial tem vindo a ficar muito mais automatizado, o que vai fazer com que a riqueza se distribua por menos pessoas... Se isto for para a frente, também há que ponderar a hipótese de que o governo possa ter de ter uma participação significativa nesse sector, para que boa parte dos lucros revertam para a população.
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por EuroVerde » 12/12/2012 20:51

crybaby Escreveu:
Storgoff Escreveu:
crybaby Escreveu:
lfhm Escreveu:
Alias, a globalização não é mais do que um sistema de vasos comunicantes onde se abriram todas as válvulas.
Ao fim de algum tempo todos os reservatórios estarão ao mesmo nível.

Desceram os que estavam altos e subiram os que estavam baixos.

Até os grandes impérios como Roma não duraram para sempre



Nem mais...

O tempo daquela piada do "então que é que fazes? Nada, já compro tudo feito" marcava um paradigma que está para acabar breve...


:mrgreen: Eu não acredito no que vocês dois estão a dizer!
A globalização na teória refere isso, mas na prática o mundo não tende para o equilibrio. Enquanto houver Homens...
Haverá sempre povos que dominam sobre outros e civilizações que antes eram o nº1 e agora deixam de o ser. Haverá sempre países que farão "caixinha" e que se "fechem em copas" e não abram mão de embargos comerciais, etc
Os EUA estão em risco de perderem a posição como a mais desenvolvida potência economica mundial, em detrimento do desenvolvimento dos BRICs e África. Os EUA são o país onde tudo acontece, são a causa e ao mesmo tempo a consequência dos mais bem feitos da Humanidade, mas também das piores coisas que alguma vez o ser humano (tu) possas imaginar.

Uma consequência disso e ao mesmo tempo causa, será o dia a partir do qual o petróleo e outros bens passem a ser referênciados em outras divisas que não o dólar.

Estima-se que em 2050 os EUA estejam em 3º lugar como maior potência mundial.
Mas o facto dos EUA poderem vir a perder posição, isso não significa que a China, a India ou outro país candidato ao primeiro lugar possa ser uma civilização melhor do que aquilo que é actualmente. Ou o mundo melhor do que é actualmente!
Existem certas regiões do globo extremamente escassas em termos de recursos naturais e essas sempre vão ficar para trás.
Para quê os países emprestarem dinheiro aos EUA se eles próprios não têm últimamente sabido governar o mundo?
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por Visitante57 » 12/12/2012 20:51

Green Hawk Escreveu:Só lhe resta ter serviços de valor acrescentado bastante acima da média e estar na vanguarda da tecnologia, exportando esse conhecimento. Isto dito de uma maneira simples.


Dito de uma maneira ainda mais simples: Onde é que o carissimo andou nos ultimos 20 anos?

Foram duas décadas em que a opção de colocar a industria em segundo plano arruinou os pequeninos Portugal e Espanha, mas também os todo o poderosos EUA e a arrogante Inglaterra. No oposto temos uma Alemanha, uma incontornável China, temos aliás qualquer pais asiático que se tenha desenvolvido nestas duas décadas.

Eu não vejo nenhuma evidência de que priveligiar os serviços em detrimento da industria tenha sido uma boa opção. Vejo aliás muitos exemplos a mostrar que foi uma má opção. Mas como eu já tenho 58 anos, já não vejo tão bem como via e se calhar já começo até a revelar alguma demência, mas ainda tenho o discernimento para entender a explicação de alguém que pense de forma diferente de mim.
 
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por Visitante57 » 12/12/2012 20:39

Atomez Escreveu:A indústria é coisa do século XIX. Estamos no XXI.

Get over it.


O carissimo vai-me desculpar, mas quando escreveu essa mensagem deveria estar nu sentado numa pedra, e enviou a mensagem por um qualquer serviço de telepatia que eu ainda desconheço.

Só por causa do frio que deve estar a passar é que eu percebo a sua afirmação.
 
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por Green_Hawk » 12/12/2012 19:04

rnbc Escreveu:
crybaby Escreveu:
lfhm Escreveu:
Atomez Escreveu:Aos amigos consultores informáticos, vocês prestam serviços porque alguém precisa deles... E muitas dessas empresas são indústria ou vivem em torno da indústria ... Cuidado onde cospem, que depois querem fazer consultoria e não têm computadores para consultar...


Como informático estou 100% de acordo: a informática no abstrato não serve para nada, é apenas um ramo engraçado da matemática. Mas como ferramenta é muito útil, e pode ser aplicada a quase tudo o que fazemos como humanos.


Não podia discordar mais desta afirmação ou da afirmação que a indústria é mais importante que os serviços ou vice-versa.

Se a indústria precisa de obras primas para manufacturar, os serviços precisam de indústria para optimizarem os processos.

Caso não fosse assim e por essa lógica qualquer pessoa também vive sem carro, sem telemóvel, sem computador, etc. Tudo o que precisamos existe nos meios naturais e não mecanizados.

Sem indústria, vivíamos no século 17. Sem serviços vivíamos no século 19. Hoje em dia é impossível dissociar Serviços <-> Indústria <-> Matéria Prima. E neste momento o mundo precisa bem mais de serviços do que de Indústria ou Matérias Primas, devido aos Serviços trazerem valor acrescentado aos outros dois.

Daí achar que um país como Portugal, que tem nada de relevante a nível de matéria prima e não tem poder suficiente para controlar as mesmas noutros, não tem uma indústria forte como noutros países como Alemanha, Itália ou Inglaterra. Só lhe resta ter serviços de valor acrescentado bastante acima da média e estar na vanguarda da tecnologia, exportando esse conhecimento. Isto dito de uma maneira simples.
 
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por goodmoney » 12/12/2012 18:35

Storgoff Escreveu:
crybaby Escreveu:
lfhm Escreveu:
Alias, a globalização não é mais do que um sistema de vasos comunicantes onde se abriram todas as válvulas.
Ao fim de algum tempo todos os reservatórios estarão ao mesmo nível.

Desceram os que estavam altos e subiram os que estavam baixos.

Até os grandes impérios como Roma não duraram para sempre



Nem mais...

O tempo daquela piada do "então que é que fazes? Nada, já compro tudo feito" marcava um paradigma que está para acabar breve...

Não há países em que todos sejam consultores ou investigadores ou malta de I&D... Se não houver quem ponha a mão na massa, não serve de nada...
 
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