Reindustrialização da União Europeia
crybaby Escreveu:lfhm Escreveu:Atomez Escreveu:Aos amigos consultores informáticos, vocês prestam serviços porque alguém precisa deles... E muitas dessas empresas são indústria ou vivem em torno da indústria... Cuidado onde cospem, que depois querem fazer consultoria e não têm computadores para consultar...
Como informático estou 100% de acordo: a informática no abstrato não serve para nada, é apenas um ramo engraçado da matemática. Mas como ferramenta é muito útil, e pode ser aplicada a quase tudo o que fazemos como humanos.
However elegant the method we should occasionally look at the results.
crybaby Escreveu:lfhm Escreveu:Atomez Escreveu:A indústria é coisa do século XIX. Estamos no XXI.
Get over it.
Lá está anda o pessoal a tirar MBAs para ir lavrar a terra... O que se quer é I&D isso é que agrega valor, em qualquer livro de gestão está bem explícito.
Agora se não temos capital humano como os States ou os nórdicos é porque os ordenados auferidos não conferem o poder de compra que satisfaça esses recursos. Porque os States com a educação ranhosa que têm conseguem ter um dos melhores CHs a nível global sendo esse outro príncipio básico da gestão num há património mais importante do que CH para uma empresa (em conjunto com patentes e in-house knowledge formam o capital de inatangible assets core de qualquer empresa de sucesso moderna).
Só é pena é os MBA's ao que parece não ensinarem mais que meia dúzia de banalidades e trivialidades de quem passa 12 horas fechado num escritório e 8 a dormir...
Sabes que para além dos "in-house knowledge" e dos "intangible assets core", etc e tal, há aquilo a que se chamam os bens tangíveis: aquilo que comes, bebes, calças, vestes, os carros em que andas, os pratos onde comes, a cama onde dormes, os azulejos da casa de banho.
E se não os produzimos cá, alguém os produzirá. Enquanto os espertalhursos europeus continuam com a ideia de "os chineses que trabalhem, que nós depois acrescentamos valor"...
Acrescentam, acrescentam, tem-se visto... Continuem com esses termos frufru que em 80% das empresas equivale a um grande nada e estamos no bom caminho.
Por essas e por outras é que a Europa já está no ralo.
Aos amigos consultores informáticos, vocês prestam serviços porque alguém precisa deles... E muitas dessas empresas são indústria ou vivem em torno da indústria... Cuidado onde cospem, que depois querem fazer consultoria e não têm computadores para consultar...
No fundo o crescimento brutal do sector terciario acabou por ser uma resposta natural à forte desindustrialização.
Mas não se entenda com isto que hoje temos menos industria.
Ela está é concentrada em certas partes do globo e nos já não a vemos.
É claro que quando olhamos para o caso portugues a situação ainda é mais extremada.
Por um lado porque a industria é diminuta assim como o sector agricola e das pescas mas depois os seviços também são de pouco valor acrescentado.
Basicamente o pais tem funcionado como uma plataforma de reciclagem dos excedentes comerciais alheios por um lado atraves do endividamento e por outro atraves dos fundos estruturais.
No final a maior parte deste dinheiro regressa sempre à base.
Se olharmos à escala europeia é inevitável criar condições para a fixação de mais alguma industria sob pena do castelo de cartas dos serviços se desmoronar.
Não se esqueçam que a população chinesa ultrapassa toda a população total dos países desenvolvidos.
O nível de vida tem aumentado consideravelmente e até 2020 o governo chinês pretende aumentar para o dobro o rendimento médio da população.
Os chineses tem tecnologia, tem capacidade de criar serviços de alta qualidade tem um domínio grande sobre fontes de recursos naturais em varias partes do globo incluindo terras agrícolas.
Ou seja qualquer dia deixam-nos a falar sozinhos e borrifam-se para os nossos serviços.
É impossível imaginar que é possível perpetuar este desequilíbrio entre países pobres altamente industrializados e países ricos fortemente assentes nos serviços.
Esta relação de desequilíbrio e domínio acentuada numa primeira fase pela globalização vai ser destruída pela própria globalização.
Alias, a globalização não é mais do que um sistema de vasos comunicantes onde se abriram todas as válvulas.
Ao fim de algum tempo todos os reservatórios estarão ao mesmo nível.
Desceram os que estavam altos e subiram os que estavam baixos.
Até os grandes impérios como Roma não duraram para sempre
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Atomez Escreveu:Pata-Hari Escreveu:Mas Atomez, o que distingue os países ricos da Europa dos pobres ainda são os que têm industria e trabalhadores adequados para a mesma....
Ná.
80% das economias desenvolvidas -- Europa, América do Norte, Japão, Austrália, quer dizer, a OCDE -- são serviços. 15% são indústria e 5% agricultura.
Precisamos é de serviços de alto valor acrescentado, e não empregados de mesa e mulheres a dias.
Atomez, concordo com o principio geral que enunciaste, mas podes detalhar um pouco mais, no caso concreto português, que serviços de alto valor acrescentado deveríamos possuir em vez dos habituais centros comerciais e afins, para que possa melhor perceber o teu raciocínio?
Grato.
“Buy high, sell higher...”.
lfhm Escreveu:Atomez Escreveu:A indústria é coisa do século XIX. Estamos no XXI.
Get over it.
Lá está anda o pessoal a tirar MBAs para ir lavrar a terra... O que se quer é I&D isso é que agrega valor, em qualquer livro de gestão está bem explícito.
Agora se não temos capital humano como os States ou os nórdicos é porque os ordenados auferidos não conferem o poder de compra que satisfaça esses recursos. Porque os States com a educação ranhosa que têm conseguem ter um dos melhores CHs a nível global sendo esse outro príncipio básico da gestão num há património mais importante do que CH para uma empresa (em conjunto com patentes e in-house knowledge formam o capital de inatangible assets core de qualquer empresa de sucesso moderna).
Só é pena é os MBA's ao que parece não ensinarem mais que meia dúzia de banalidades e trivialidades de quem passa 12 horas fechado num escritório e 8 a dormir...
Sabes que para além dos "in-house knowledge" e dos "intangible assets core", etc e tal, há aquilo a que se chamam os bens tangíveis: aquilo que comes, bebes, calças, vestes, os carros em que andas, os pratos onde comes, a cama onde dormes, os azulejos da casa de banho.
E se não os produzimos cá, alguém os produzirá. Enquanto os espertalhursos europeus continuam com a ideia de "os chineses que trabalhem, que nós depois acrescentamos valor"...
Acrescentam, acrescentam, tem-se visto... Continuem com esses termos frufru que em 80% das empresas equivale a um grande nada e estamos no bom caminho.
Por essas e por outras é que a Europa já está no ralo.
Aos amigos consultores informáticos, vocês prestam serviços porque alguém precisa deles... E muitas dessas empresas são indústria ou vivem em torno da indústria... Cuidado onde cospem, que depois querem fazer consultoria e não têm computadores para consultar...
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O principal problema de fazer assentar a economia na produção de serviços é que eles são, regra geral, difíceis de exportar e fáceis de replicar localmente. Isso leva a um défice crónico da economia, pois uma pequena proporção de bens tem de ser importada e não é exportada a parte correspondente.
Tal como os alicerces não precisam de representar a maior parcela de investimento num edifício, a produção primária e secundária não tem de representar uma grande proporção da economia, mas tem de existir, sob pena de ficarmos reféns.
Um exemplo extremo: um país que não produz alimentos e não tem capacidade de os produzir está sujeito a ser vítima duma cartelização dos produtores, que podem extorquir depois o que muito bem entenderem pois a alternativa é morrer à fome. Bem pode esse país produzir imensos serviços...
Mas muito antes de chegarmos a extremos é importante perceber que o défice comercial crónico mata qualquer diletantismo que pense que é possível viver só com serviços, sem gerar algo transaccionável em massa.
É curioso que a produção de software é considerada em muita literatura como uma industria, não como um serviço, apesar da imaterialidade dos bens produzidos. Penso que boa parte da razão para isso reside no facto de produzir algo transaccionável em massa.
Tal como os alicerces não precisam de representar a maior parcela de investimento num edifício, a produção primária e secundária não tem de representar uma grande proporção da economia, mas tem de existir, sob pena de ficarmos reféns.
Um exemplo extremo: um país que não produz alimentos e não tem capacidade de os produzir está sujeito a ser vítima duma cartelização dos produtores, que podem extorquir depois o que muito bem entenderem pois a alternativa é morrer à fome. Bem pode esse país produzir imensos serviços...
Mas muito antes de chegarmos a extremos é importante perceber que o défice comercial crónico mata qualquer diletantismo que pense que é possível viver só com serviços, sem gerar algo transaccionável em massa.
É curioso que a produção de software é considerada em muita literatura como uma industria, não como um serviço, apesar da imaterialidade dos bens produzidos. Penso que boa parte da razão para isso reside no facto de produzir algo transaccionável em massa.
However elegant the method we should occasionally look at the results.
O sector de serviços não produz nada??? Essa agora!
Os serviços produzem a coisa mais importante de todas (do ponto de vista da economia) -- os serviços produzem valor.
E valor é aquilo que alguém está disposto a pagar por isso.
Isso é uma falácia comum em economia, não distinguir entre dinheiro e produção. Um serviço pode ter um valor acrescentado elevadíssimo, se não produzir nada, nem ajudar na produção, não ajuda a economia. É por isso que o sector de serviços é sempre necessário (como a banca por exemplo), para ajudar a produzir. Mas a partir de um certo ponto, se o sector de serviços torna-se desproporcionadamente grande em relação ao sector de produção, e esses serviços não são usados por estrangeiros em grande escala (como acontece em Hong Kong, e países de paraísos fiscais por exemplo), não está a ajudar a economia.
First rule of central banking: When the ship starts to sink, central bankers must bail like hell.
Manufacturing fetishism – the idea that manufacturing is the central economic activity and everything else is somehow subordinate – is deeply ingrained in human thinking. The perception that only tangible objects represent real wealth and only physical labour real work was probably formed in the days when economic activity was the constant search for food, fuel and shelter.
A particularly silly expression of manufacturing fetishism can be heard from the many business people who equate wealth creation with private sector production ..
When you look at the value chain of manufactured goods we consume today, you quickly appreciate how small a proportion of the value of output is represented by the processes of manufacturing and assembly. Most of what you pay reflects the style of the suit, the design of the iPhone, the precision of the assembly of the aircraft engine, the painstaking pharmaceutical research, the quality assurance that tells you products really are what they claim to be.
Physical labour incorporated in manufactured goods is a cheap commodity in a globalised world. But the skills and capabilities that turn that labour into products of extraordinary complexity and sophistication are not ..

Free Minds and Free Markets
... forecasting exchange rates has a success rate no better than that of forecasting the outcome of a coin toss - Alan Greenspan (2004)
A Industria e os Estados é o que suportam no fim das contas os serviços.
A Alemanha esta no top do Mundo pela sua tecnologia e qualidade , A Alemanha tem o que os outros querem, boas marcas .
Muitos os tentam imitar mas ninguém os consegue.
Os outros andam na luta a ver se se safam.
A Alemanha é dos poucos países do Mundo que pode viver de fronteiras abertas, os outros não.Por isso a Alemanha aderiu ao euro e e o euro reflecte o Marco.
Os serviços não dão de comer, vestir, calçar, andar e etc. .Como Portugal aprendeu da pior maneira.
Vejam la que Portugal nem pode implementar um IRC de 10% sem ter que pedir autorização a quem manda. Imaginem se um dia dizem que as batatas para Portugal vão custar 50 euros o quilo , o os bifes 100.
A Alemanha esta no top do Mundo pela sua tecnologia e qualidade , A Alemanha tem o que os outros querem, boas marcas .
Muitos os tentam imitar mas ninguém os consegue.
Os outros andam na luta a ver se se safam.
A Alemanha é dos poucos países do Mundo que pode viver de fronteiras abertas, os outros não.Por isso a Alemanha aderiu ao euro e e o euro reflecte o Marco.
Os serviços não dão de comer, vestir, calçar, andar e etc. .Como Portugal aprendeu da pior maneira.
Vejam la que Portugal nem pode implementar um IRC de 10% sem ter que pedir autorização a quem manda. Imaginem se um dia dizem que as batatas para Portugal vão custar 50 euros o quilo , o os bifes 100.
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"
Lion_Heart
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xtech Escreveu:Atomez, percebo-te. Eu também trabalho na mesma área que tu. No entanto, discordo de ti: na Europa criou-se essa ilusão da qual tu partilhas de uma sociedade "pós industrial" onde se poderia viver bem sem os problemas da industrialização (poluição, etc etc). Ora isto é uma ilusão: uma sociedade necessita de bens físicos transaccionáveis (alimentos, máquinas, etc). Se não os tem, tem que os comprar, e aí sai capital. (importações)
A teoria dos serviços de valor acrescentado depende fortemente da cultura de inovação, da qualidade de educação e também das fontes de financiamento.
Com balanças comerciais desiquilibradas, com uma cultura de "socialização" (que inibe a iniciativa privada) e com o secar do crédito... estamos mal. Primeiro são os países mais fracos e pior governados da Europa a ser afectados, mas os outros também serão.
Se Portugal fosse autossuficiente em termos de bens agrícolas, tivesse alguma indústria pesada, não era mal nenhum: as importações diminuíam, as exportações aumentavam, porque neste momento temos 16% da população activa sem produzir, quando poderiam estar a trabalhar, a produzir nos sectores primário e secundário. Infelizmente, hoje toda a gente quer ser doutor e engenheiro (e depois temos milhares e milhares de jovens formados e desempregados), mas os bons agricultores, os bons operários, os bons técnicos são tão ou mais necessários a uma sociedade. Mas a Europa, nessa sua ilusão, esqueceu-se deles. Esqueceu-se que se não tivesse havido revolução industrial, a Europa não era nada do que é hoje.
A Europa, e também os EUA, perderam muita da sua industria não por alguma visão utópica de uma sociedade assente no sector terciario mas simplesmente devido ao fenomeno da globalização com o seu principal responsavel na OMC.
Uma ideia muito acarinhada pelo mundo financeiro e pelas grandes multinacionais .
Era a oportunidade fantastica de deslocalizar as fabricas para os paises asiaticos eplorar mão de obra quase escrava,baixar custos em toda a linha, aumentar margens do negocio ao voltar a vender novamente nos paises desenvolvidos.
Esqueceram-se foi de um pormenor é que isso não era sustentavel por muito tempo.
Mesmo com os bancos centrais a bombear notas para haver poder aquisitivo no Ocidente.
O problema é que este modelo cai por terra assim que estes paise Asiaticos começam a ganhar poder economico tornando-se cada vez mais o centro das atenções do investimento sendo que a Europa vai definhando progressivamente.
Neste momento o que esta a acontecer é uma drenagem do poder politico e economico da europa para essas paragens.
A coisa só acaba quando:
Nos chegarmos praticamente ao nivel deles e nesse caso o sector industrial regressaria naturalmente à sua origem.
Ou então, há regras nesta globalização, o que implica o fim da selva e o aumento dos custos d produzir na Asia para vender na Europa e dessa forma alguma da industria tambem voltara novamente.
Mas pelo menos volta antes de estarmos todos de rastos
Em qualquer dos cenarios temos é que nos habituar para comprar menos plasmas, computadores, maquinas de lavar, automoveis porque os preços terão de subir forçosamente.
Sabe bem ter uns escravos a trabalhar para nós mas como eu disse antes o Spartacus já anda a fazer das suas

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xtech Escreveu:Atomez, percebo-te. Eu também trabalho na mesma área que tu. No entanto, discordo de ti: na Europa criou-se essa ilusão da qual tu partilhas de uma sociedade "pós industrial" onde se poderia viver bem sem os problemas da industrialização (poluição, etc etc). Ora isto é uma ilusão: uma sociedade necessita de bens físicos transaccionáveis (alimentos, máquinas, etc). Se não os tem, tem que os comprar, e aí sai capital. (importações)
nada a ver... os países devem especializar-se nos sectores onde são mais produtivos e com os ganhos adquirir o resto dos produtos de que necessitam...
ler Teoria das Vantagens Comparativas de David Ricardo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vantagem_comparativa
Nota: sectores onde Portugal é mais produtivo e que serão os sectores de futuro: têxteis, pescas, turismo, calçado, vinhos

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... forecasting exchange rates has a success rate no better than that of forecasting the outcome of a coin toss - Alan Greenspan (2004)
xtech Escreveu:Infelizmente, hoje toda a gente quer ser doutor e engenheiro (e depois temos milhares e milhares de jovens formados e desempregados), mas os bons agricultores, os bons operários, os bons técnicos são tão ou mais necessários a uma sociedade.
Podes culpar o poder político por isto, durante anos marginalizou-se o ensino profissional em favorecimento do ensino superior "teórico". Não controlaram as vagas, nem o número nem a qualidade dos cursos, apostando mais na quantidade. Criou-se um excesso de oferta, desperdiçando-se dinheiros públicos e privados, já para não falar do tempo dos jovens. Mas como na economia tudo se rege pela lei da oferta e da procura, hoje em dia temos licenciados em profissões liberais a ganhar tanto ou menos que muitos trabalhadores de fábrica.
Camisa Roxa Escreveu:opa, sinceramente, estes manifestos políticos do tipo "vamos reindustrializar a Europa" são tão vazios, é o mesmo que dizer "vamos proibir a pobreza" ou "vamos proibir o desemprego"
É como aquelas palestras do empreendedorismo em que se formos todos supermotivados e "inovadores" vamos ter sucesso e ultrapassar a crise. Mas e medidas concretas? Nenhuma. A meu ver esse tipo de abordagem até pode funcionar muito bem num bom clima económico e onde haja abundância de capital para investir, p. ex: silicon valley, e não numa economia já de si pouco dinâmica e em contracção.
Camisa Roxa Escreveu:opa, sinceramente, estes manifestos políticos do tipo "vamos reindustrializar a Europa" são tão vazios, é o mesmo que dizer "vamos proibir a pobreza" ou "vamos proibir o desemprego"
quem industrializa ou não são os empreendedores e se a industrialização for mais viável que outros sectores, não duvidem que ela aparece por si, sem grandes alaridos nem grandes manifestos
para além disso, os sectores industrial e agrícola actuais são sectores muito capital intensivos e em Portugal escasseia o capital pelo que esse também é per si um factor enormemente limitativo para o desenvolvimento desses sectores
O problema são as politicas de incentivo, Portugal deixou grande parte dos negocios do setor primário e secundário porque os seus empresários foram incentivados a deixa-los não só pelo mercado (puro) mas também pelas politicas europeias de orientação financiamento. Chegavam a pagar e bem para avcabar com certas culturas agriculas, e artes pescatórias tal como deram cabo de algumas industrias.
Agora querem retroceder no processo manietando-o de novo com incentivos no sentido inverso, é disso que se trata, nada mais...
MAV8
Carteira 69
Carteira 69
opa, sinceramente, estes manifestos políticos do tipo "vamos reindustrializar a Europa" são tão vazios, é o mesmo que dizer "vamos proibir a pobreza" ou "vamos proibir o desemprego"
quem industrializa ou não são os empreendedores e se a industrialização for mais viável que outros sectores, não duvidem que ela aparece por si, sem grandes alaridos nem grandes manifestos
para além disso, os sectores industrial e agrícola actuais são sectores muito capital intensivos e em Portugal escasseia o capital pelo que esse também é per si um factor enormemente limitativo para o desenvolvimento desses sectores
quem industrializa ou não são os empreendedores e se a industrialização for mais viável que outros sectores, não duvidem que ela aparece por si, sem grandes alaridos nem grandes manifestos
para além disso, os sectores industrial e agrícola actuais são sectores muito capital intensivos e em Portugal escasseia o capital pelo que esse também é per si um factor enormemente limitativo para o desenvolvimento desses sectores

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Atomez, percebo-te. Eu também trabalho na mesma área que tu. No entanto, discordo de ti: na Europa criou-se essa ilusão da qual tu partilhas de uma sociedade "pós industrial" onde se poderia viver bem sem os problemas da industrialização (poluição, etc etc). Ora isto é uma ilusão: uma sociedade necessita de bens físicos transaccionáveis (alimentos, máquinas, etc). Se não os tem, tem que os comprar, e aí sai capital. (importações)
A teoria dos serviços de valor acrescentado depende fortemente da cultura de inovação, da qualidade de educação e também das fontes de financiamento.
Com balanças comerciais desiquilibradas, com uma cultura de "socialização" (que inibe a iniciativa privada) e com o secar do crédito... estamos mal. Primeiro são os países mais fracos e pior governados da Europa a ser afectados, mas os outros também serão.
Se Portugal fosse autossuficiente em termos de bens agrícolas, tivesse alguma indústria pesada, não era mal nenhum: as importações diminuíam, as exportações aumentavam, porque neste momento temos 16% da população activa sem produzir, quando poderiam estar a trabalhar, a produzir nos sectores primário e secundário. Infelizmente, hoje toda a gente quer ser doutor e engenheiro (e depois temos milhares e milhares de jovens formados e desempregados), mas os bons agricultores, os bons operários, os bons técnicos são tão ou mais necessários a uma sociedade. Mas a Europa, nessa sua ilusão, esqueceu-se deles. Esqueceu-se que se não tivesse havido revolução industrial, a Europa não era nada do que é hoje.
A teoria dos serviços de valor acrescentado depende fortemente da cultura de inovação, da qualidade de educação e também das fontes de financiamento.
Com balanças comerciais desiquilibradas, com uma cultura de "socialização" (que inibe a iniciativa privada) e com o secar do crédito... estamos mal. Primeiro são os países mais fracos e pior governados da Europa a ser afectados, mas os outros também serão.
Se Portugal fosse autossuficiente em termos de bens agrícolas, tivesse alguma indústria pesada, não era mal nenhum: as importações diminuíam, as exportações aumentavam, porque neste momento temos 16% da população activa sem produzir, quando poderiam estar a trabalhar, a produzir nos sectores primário e secundário. Infelizmente, hoje toda a gente quer ser doutor e engenheiro (e depois temos milhares e milhares de jovens formados e desempregados), mas os bons agricultores, os bons operários, os bons técnicos são tão ou mais necessários a uma sociedade. Mas a Europa, nessa sua ilusão, esqueceu-se deles. Esqueceu-se que se não tivesse havido revolução industrial, a Europa não era nada do que é hoje.
"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce" (F.P.)
Não há novas indústrias por vontade ou decreto. Qualquer atividade tem de vencer a batalha da competitividade. Tanto faz que o valor gerado que permite trocar bens seja dos serviços ou industria ou agrícola. Todos têm de ser competitivos para sobreviver num mercado global.
Quem está disposto a pagar mais pelos produtos para ter Indústria? Só a inovação leva a competitividade ou então a redução dos custos produção: capital e salários.
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MarcoAntonio Escreveu:E a questão não é outra, é a mesma: a Europa sobreinvestiu nos serviços. O resultado está a ser taxas elevadas de desemprego, balança comercial negativa, endividamento e economias estagnadas. Não está a funcionar!
Pois não, porque para grande parte desses serviços não há ninguém disposto a pagar por eles. Ou seja, não têm valor económico.
É o que acontece quando se põem políticos a gerir a economia. Eles regem-se por critérios políticos e a economia vai por água abaixo... Esta proposta política de reinsdustrialização é precisamente o mesmo.
E agora um bom resto de tarde a todos porque tenho de ir faturar algum

As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
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Atomez Escreveu:Pois eu vivo de valor. Valor transformado em dinheiro para pagar essas coisas que referes. Porque alguém está disposto a pagar pelos meus serviços (consultoria informática).
Atomez, o meu post já cobre isso tudo. Tu vives de bens e serviços e para obter os bens ou os produzes ou os compras. Se uma economia não exporta em serviços o suficiente para importar os bens de que necessita, está feita num fanico.
MarcoAntonio Escreveu:
Certp. Mas essa é outra questão. É que não é "reindustrializando-se" que vamos sair dessa situação.
A não ser que queiramos voltar a níveis e estilos de vida do século XIX...
Porque razão? Francamente não sei de onde retiras essa ilação (de resto a Alemanha é o país mais industrializado da Europa e seguramente não é o mais atrasado, antes pelo contrário é dos mais adiantados). A industria não tem de ser terceira mundista.
E a questão não é outra, é a mesma: a Europa sobreinvestiu nos serviços. O resultado está a ser taxas elevadas de desemprego, balança comercial negativa, endividamento e economias estagnadas. Não está a funcionar!
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
MarcoAntonio Escreveu:Tu não vives de "valor", em última instância necessitas de bens também (não conduzes valor numa auto-estrada, conduzes um automóvel; não comes valor, antes batatas, arroz, carne, peixe, etc).
Pois eu vivo de valor. Valor transformado em dinheiro para pagar essas coisas que referes. Porque alguém está disposto a pagar pelos meus serviços (consultoria informática).
MarcoAntonio Escreveu:A Europa encontra-se em situação de déficit na balança comercial, não exporta o suficiente para o que importa.
Certp. Mas essa é outra questão. É que não é "reindustrializando-se" que vamos sair dessa situação.
A não ser que queiramos voltar a níveis e estilos de vida do século XIX, ou da China actual...
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Atomez Escreveu:Tosh5457 Escreveu:... como o sector de serviços não produz nada, não pode ser a base de uma economia...
O sector de serviços não produz nada??? Essa agora!
Os serviços produzem a coisa mais importante de todas (do ponto de vista da economia) -- os serviços produzem valor.
E valor é aquilo que alguém está disposto a pagar por isso.
Sim, atomez. Mas como já alguém referiu no tópico e bem, se esses serviços forem essencialmente para consumo interno o resultado é uma economia estagnada e endividada, eventualmente falida.
Tu não vives de "valor", em última instância necessitas de bens também (não conduzes valor numa auto-estrada, conduzes um automóvel; não comes valor, antes batatas, arroz, carne, peixe, etc). Se não produzes os bens tens de os importar. E se não exportares o suficiente de serviços para os bens que importas, estás feito num fanico!
A Europa encontra-se em situação de déficit na balança comercial, não exporta o suficiente para o que importa.
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Tosh5457 Escreveu:... como o sector de serviços não produz nada, não pode ser a base de uma economia...
O sector de serviços não produz nada??? Essa agora!
Os serviços produzem a coisa mais importante de todas (do ponto de vista da economia) -- os serviços produzem valor.
E valor é aquilo que alguém está disposto a pagar por isso.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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Se vão reindustrializar a Europa fazem muito bem, só acho que já vão tarde!
Terão de proteger essa indústria, doutro modo ela não conseguirá competir com a China e a India.
Confesso que estou assustado, estes Europeus estão loucos se acham que sobrevivem apenas com as empresas financeiras.
A quantidade de indigentes é avassaladora, só muito poucos ainda auferem subsidio de desemprego e as soluções parecem estar guardadas no armário.
O estilo de governação faz-me lembrar o D.Sebastião (todos cheios de ideais) antes da famosa batalha de Alcácer Quibir.
Abraço mfsr1980
Terão de proteger essa indústria, doutro modo ela não conseguirá competir com a China e a India.
Confesso que estou assustado, estes Europeus estão loucos se acham que sobrevivem apenas com as empresas financeiras.
A quantidade de indigentes é avassaladora, só muito poucos ainda auferem subsidio de desemprego e as soluções parecem estar guardadas no armário.
O estilo de governação faz-me lembrar o D.Sebastião (todos cheios de ideais) antes da famosa batalha de Alcácer Quibir.
Abraço mfsr1980
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lfhm Escreveu:MAV8 Escreveu:
A especialização em partes do processo cria dependencias que nunca são um fator positivo, para um desenvolvimento sustentado deve-se controlar o maior numero de fases do processo possivel.
Assim entre a matéria prima em bruto e o cliente final o processo deverá ter o menor numero de intervenientes possivel, para além de criar sinergias permite um maior controlo de todo o processo e dificulta a vida aos países sem Know How!!!
A parte a negrito da primeira frase é um verdadeiro axioma já a parte anterior é bastante discutível. Há muitos defensores que as empresas se devem especializar no seu core de negócio, quanto menos se focar naquilo que sabe fazer bem menos possibilidades tem de ter sucesso. A outra premissa contra esse racíocinio é que gestão não agrega valor quanto mais complexo for o processo maiores encargos com gestão e aumento dos custos portanto o que se puder terceirizar que não seja core para a empresa é por de fora.
A segunda afirmação parece-me um bocado egoísta e pouco diplomática, então haveria interesse em que outros países fiquem pobres e subjugados á nossa vontade? Já a parte a bold eu diria ter o número certo e bem definido de intervenientes no processo. Qualquer produtor automóvel era impossível de gerir se fizessem tudo in-house, é mais importante é escolher o fornecedor correcto que esteja de acordo com os padrões de qualidade establecidos.
Opiniões, não vou contradizer a tua opinião Eu apenas quiz aqui deixar a minha opinião acerca do que se passa no mundo atualmente e que tem reflexos no estado de Portugal!
Quem está a ficar pobre somos nós porque deixamos de ter Setor primário e Secundário relevantes na nossa economia e isso faz-nos mais pobres a longo prazo.
Já agora deixo aqui o nome da Obra que mais gostei de ler nos últimos anos:
"Uma estratégia para Portugal" de Henrique Neto
Gostava que os nossos lideres politicos apresentassem as suas ideias com a mesma clareza e abertura de espirito presentes neste livro.
MAV8
Carteira 69
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