Engano?
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Ok mas isso também só vem dar mais importância à AT. Esses algoritmos são todos baseados em AT portanto seguem a ordem natural dos mercados. Só assim se justifica a anormalidade destes eventos. Mas é como dizes no longo prazo vão ter colocar mecanismos de prevenção que evitem que uma cotada oscile mais de x% num determinado período.
Las_Vegas Escreveu:Não é engano?
Foi mesmo o Pedro Lino que escreveu isto?
http://economico.sapo.pt/noticias/engano_142643.html
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Engano?
Nos últimos meses ocorreram o que alguns apelidaram de “enganos” na bolsa portuguesa. O primeiro foi registado na EDP, dia 6 de Março, quando pouco depois da abertura, a cotação baixou 10%, ou seja 700 milhões de euros de valor.
Na semana passada foi a vez de a PT seguir o mesmo caminho. Com pouco mais de 100 mil acções transaccionadas, a cotação baixou também 10%. Neste caso com pouco mais de 350 mil euros em ordens de venda, a empresa perdeu 400 milhões de euros em capitalização, para que uns minutos depois os voltasse a recuperar. "Enganos"? Não, não existem tantas coincidências. Bem-vindo ao novo mundo! São os chamados "crash instantâneos", através dos quais uma empresa pode registar uma morte súbita, e renascer segundos depois. Dia 6 de Maio de 2010, a bolsa de Nova York, o Dow Jones perdeu 900 pontos em minutos. Recuperou-os no dia seguinte. Causas? Muitas: negociação electrónica, ausência do papel tradicional do corretor como conselheiro, novas plataformas multiproduto e multimercado, alavancagem, sobreexposição a títulos, mas as principais são a activação de ordens ‘stop' e a negociação por algoritmos. Os algoritmos de alta frequência, são programas matemáticos que são capazes de despejar ordens para o mercado em nano-segundos, segundo fórmulas que não querem saber se a empresa vale, existe, tem lucros ou prejuízos. O principal objectivo é fazer mexer o mercado para ganharem dinheiro. A questão é que para eles fazerem dinheiro alguém tem que o perder. Cerca de 75% do volume de mercado nos EUA já é feito por estes sistemas. Voltando a Portugal o último "engano" foi no BES quinta-feira, que após divulgar o aumento de capital baixou 25% e em minutos recuperou 10% dos mínimos. O mercado está menos líquido, com menos investidores e menos confiança e sobretudo dependente de sistemas automáticos que fazem aparecer e desaparecer ordens. Soluções? Introduzir limites de variação nos primeiros 30 minutos de negociação de 3%, proibir da utilização de ordens automáticas nesse período, vincular as ordens no sistema por 3 segundos. Se nada for feito o mercado morrerá por si. A bolsa é o espelho da economia de um país e dinamizá-la seriamente devia ser o objectivo de todos. Governo, entidades de supervisão, intermediários, bancos, deveriam estar mais atentos e compreenderem os malefícios de determinadas práticas a longo prazo. Será igualmente importante perceber que existe um claro conflito de interesses entre os donos das bolsas, agora privadas, e o interesse público. Por exemplo ao pedirem ao investidor para pagar uma informação do preço em tempo real, que na realidade nunca o é porque os sistemas automáticos desvirtuam os preços. É a loucura! Infelizmente, com este ritmo de perdas e ganhos, o melhor é o investidor passar a trazer um desfibrilador portátil consigo todos os dias.
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Pedro Lino, Economista
in Diário Económico
Na semana passada foi a vez de a PT seguir o mesmo caminho. Com pouco mais de 100 mil acções transaccionadas, a cotação baixou também 10%. Neste caso com pouco mais de 350 mil euros em ordens de venda, a empresa perdeu 400 milhões de euros em capitalização, para que uns minutos depois os voltasse a recuperar. "Enganos"? Não, não existem tantas coincidências. Bem-vindo ao novo mundo! São os chamados "crash instantâneos", através dos quais uma empresa pode registar uma morte súbita, e renascer segundos depois. Dia 6 de Maio de 2010, a bolsa de Nova York, o Dow Jones perdeu 900 pontos em minutos. Recuperou-os no dia seguinte. Causas? Muitas: negociação electrónica, ausência do papel tradicional do corretor como conselheiro, novas plataformas multiproduto e multimercado, alavancagem, sobreexposição a títulos, mas as principais são a activação de ordens ‘stop' e a negociação por algoritmos. Os algoritmos de alta frequência, são programas matemáticos que são capazes de despejar ordens para o mercado em nano-segundos, segundo fórmulas que não querem saber se a empresa vale, existe, tem lucros ou prejuízos. O principal objectivo é fazer mexer o mercado para ganharem dinheiro. A questão é que para eles fazerem dinheiro alguém tem que o perder. Cerca de 75% do volume de mercado nos EUA já é feito por estes sistemas. Voltando a Portugal o último "engano" foi no BES quinta-feira, que após divulgar o aumento de capital baixou 25% e em minutos recuperou 10% dos mínimos. O mercado está menos líquido, com menos investidores e menos confiança e sobretudo dependente de sistemas automáticos que fazem aparecer e desaparecer ordens. Soluções? Introduzir limites de variação nos primeiros 30 minutos de negociação de 3%, proibir da utilização de ordens automáticas nesse período, vincular as ordens no sistema por 3 segundos. Se nada for feito o mercado morrerá por si. A bolsa é o espelho da economia de um país e dinamizá-la seriamente devia ser o objectivo de todos. Governo, entidades de supervisão, intermediários, bancos, deveriam estar mais atentos e compreenderem os malefícios de determinadas práticas a longo prazo. Será igualmente importante perceber que existe um claro conflito de interesses entre os donos das bolsas, agora privadas, e o interesse público. Por exemplo ao pedirem ao investidor para pagar uma informação do preço em tempo real, que na realidade nunca o é porque os sistemas automáticos desvirtuam os preços. É a loucura! Infelizmente, com este ritmo de perdas e ganhos, o melhor é o investidor passar a trazer um desfibrilador portátil consigo todos os dias.
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Pedro Lino, Economista
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