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Caldeirão da Bolsa

CRESCE Fosso entre RICOS e pobres

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Lion_Heart » 17/12/2010 5:45

Vamos a um exemplo muito simples:

Criar uma empresa.

Ou tens capital ou algum familiar te empresta ou então é muito dificil.

Em Portugal não tens business angels nem capital de risco para te ajudar.

Vais a um banco e tens que dar garantias do pai da mae do gato e etc. E ainda levas com taxas de 10%.

E depois tens um mercado de capitais que não existe . Ninguem la consegue entrar. E isto arrasa a maioria dos investimentos.
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"

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por Lion_Heart » 17/12/2010 5:36

Atomez Escreveu:A riqueza não se distribui. Cria-se.


É uma verdade. Mas como em tudo na vida depende.

E depende do País , do tipo de Governo se o mercado é livre ou se vive em monopolios, oligopolios e etc.

Em Portugal é distribuida e por uma classe que esta acima de todas as outras e muito dificilmente alguém consegue la chegar por meios licitos.

Depois temos outra questão : Criar riqueza é bom ,mas depois essa riqueza convém ser investida e isso não acontece. Aqui temos um acumular de riqueza as custas de um empobrecimento de parte da população.
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por atomez » 17/12/2010 2:28

A riqueza não se distribui. Cria-se.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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por Mares » 17/12/2010 2:12

Sampaio defende reforma da redistribuição da riqueza

O ex-presidente da República defende que só assim se pode afrontar a "fragilidade e iniquidade" do sistema económico português.

O ex-presidente da República Jorge Sampaio defendeu hoje uma "adequada reforma de redistribuição da riqueza" para afrontar a "fragilidade e iniquidade" do sistema económico português, defendendo que se evite a "escolha fácil da instrumentalização dos imigrantes".

Na sua condição de Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio falava durante a sessão de abertura do Fórum Internacional Integração de Imigrantes. "É sabido que acrescidas dificuldades económicas são sempre vectores potenciais de conflito social propiciadores de tendências retrógradas e atitudes de intolerância e discriminação e xenofobia", disse.

Para "afrontar" a "fragilidade e iniquidade" do sistema económico português, Jorge Sampaio defendeu uma "adequada reforma de redistribuição da riqueza, mas também uma melhor capacitação dos trabalhadores". O ex-chefe de Estado alertou para a importância de as dificuldades sociais e económicas que o país atravessa "não se transformarem numa questão sobre as migrações". "Importa evitar a escolha fácil da instrumentalização dos imigrantes", concluiu.
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por Mares » 17/12/2010 0:49

Elias,

esta notícia apesar de ser de 2007, está mais actual que nunca (infelizmente).

Abraço,

Mares.


Elias Escreveu:A notícia que se segue é de 2007 e está neste tópico:
http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocio ... hp?t=57368



Portugal agrava fosso entre ricos e pobres para o pior nível europeu

Eva Gaspar
egaspar@mediafin.pt


O fosso entre ricos e pobres atingiu uma dimensão inédita. As diferenças salariais entre administradores e restantes trabalhadores podem explicar o agravamento das desigualdades.

"Portugal não pode continuar a ser um dos países europeus em que a pobreza e a desigualdade entre os que trabalham é maior". A afirmação consta do programa do Governo, mas os mais recentes dados estatísticos sugerem que o País detém e vai continuar a deter aquele que é um dos recordes menos cobiçados do mundo desenvolvido.

Contrariando a tendência europeia, Portugal é hoje não apenas o "campeão", mas também o Estado-membro da União Europeia onde as disparidades de rendimento mais se acentuaram nos últimos anos.
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por Mares » 17/12/2010 0:45

Portugueses são dos europeus que mais acreditam que quem nasce pobre, pobre permanecerá

Os portugueses parecem acreditar pouco na ascensão social. Quando questionados sobre quais as razões porque as pessoas são pobres, o facto de se crescer numa família com necessidades e de não se ter recebido apoio dos familiares e amigos nas alturas certas é a principal explicação avançada. Uma percepção que diverge da média da UE que aponta antes para a falta de qualificações como o principal motivo da pobreza.
Portugal surge no grupo de países mais pessimistas (Adriano Miranda (arquivo))

No Eurobarómetro sobre a pobreza e a exclusão social, hoje divulgado, Portugal surge quase sempre no grupo de países mais pessimistas e que sentem mais dificuldades.

Sobre as razões da pobreza, o desemprego é o motivo que os portugueses mais apontam para explicar as crescentes dificuldades com que os cidadãos se debatem no país, um problema que consideram ter-se agravado desde o último inquérito, feito em 2009. O baixo crescimento económico também explica muita coisa mas estas são as razões sociais e económicas porque, quanto às pessoais, ter-se nascido numa família de baixos recursos revela-se uma fatalidade, algo em que também os romenos, gregos e cipriotas acreditam piamente.

A divergência de opiniões entre os países da União Europeia em relação à pobreza começa na própria definição do problema, uma definição intrinsecamente ligada às condições de vida de cada nação. Enquanto os países do Norte consideram que os pobres são aqueles cujos recursos não lhes permitem participar em pleno na sociedade em que vivem, os portugueses, acompanhados pelos irlandeses e italianos, são mais pragmáticos: é não se poder comprar bens básicos.

A par dos novos membros da União Europeia, os portugueses são aqueles que mais defendem que a pobreza no seu país está totalmente disseminada. Porém, comparando os resultados com 2009, já não são tantos os que têm esta opinião: eram 88 por cento no ano passado contra 86 por cento em 2010. Mas 91 por cento considera que este é um drama que tem vindo a aumentar.

E o optimismo está pelas ruas da amargura. São poucos os portugueses (41 por cento) que acham que o futuro vai ser melhor. Só os franceses e os gregos são ainda mais pessimistas em contraponto aos 90 por cento de suecos que acham que os próximos tempos só podem ser melhores. E de 2009 para 2010, o pessimismo ganhou terreno em Portugal: mais 11 por cento dos inquiridos perderam a esperança.

O que talvez se possa explicar pelo desânimo que grassa no país. Quem por aqui habita está altamente insatisfeito com a sua vida – mais uma vez, só os búlgaros, húngaros e romenos têm mais queixas. Um terço olha em volta e diz que um em cada três portugueses é pobre. E olhando para a sua própria situação, 39 por cento dos inquiridos diz pertencer a um agregado familiar com baixos recursos. Apenas os búlgaros e os húngaros se dizem em pior situação.

Daí considerarem que a “guerra” com as despesas da casa é permanente, embora ainda estejam a conseguir pagar as facturas (39 por cento). Outros 44 por cento revelam que, embora não seja um hábito, aguentar as despesas revela-se complicado de tempos a tempos e cada vez menos (14 por cento em 2009 contra 11 neste ano) paga tudo sem a menor dificuldade.

Para os ajudar nas dificuldades, os portugueses dão nota de confiança máxima às organizações não governamentais e às instituições religiosas. A nota mínima vai para o Governo, embora seja a este que cabe, asseguram, criar os meios para combater o problema, gerando mais emprego.


FONTE: http://www.publico.pt/Sociedade/portugu ... ra_1471303
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por Elias » 16/12/2010 1:49

A notícia que se segue é de 2007 e está neste tópico:
http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocio ... hp?t=57368



Portugal agrava fosso entre ricos e pobres para o pior nível europeu

Eva Gaspar
egaspar@mediafin.pt


O fosso entre ricos e pobres atingiu uma dimensão inédita. As diferenças salariais entre administradores e restantes trabalhadores podem explicar o agravamento das desigualdades.

"Portugal não pode continuar a ser um dos países europeus em que a pobreza e a desigualdade entre os que trabalham é maior". A afirmação consta do programa do Governo, mas os mais recentes dados estatísticos sugerem que o País detém e vai continuar a deter aquele que é um dos recordes menos cobiçados do mundo desenvolvido.

Contrariando a tendência europeia, Portugal é hoje não apenas o "campeão", mas também o Estado-membro da União Europeia onde as disparidades de rendimento mais se acentuaram nos últimos anos.
 
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por Mares » 15/12/2010 17:29

Estatistica sobre o número de carros por cada mil habitantes, na forma de mapa-mundi e em tabela.

Portugal apareçe na 11º na tabela a nível mundial, com 537 carros por mil habitantes (média de 1,86 habitantes por carro).

(SOURCE: United Nations World Statistics Pocketbook and Statistical Yearbook).

Tabela completa em: http://www.nationmaster.com/graph/tra_m ... definition
Anexos
mapa_mundi_numero_carros_1000_habitantes.png
mapa_mundi_numero_carros_1000_habitantes.png (104.2 KiB) Visualizado 1611 vezes
numero_carros_mil_habitantes_tabela.PNG
numero_carros_mil_habitantes_tabela.PNG (105.46 KiB) Visualizado 1621 vezes
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por fatimafaria » 15/12/2010 16:23

Mais_ um

Não sei se é bem assim, o que eu acho é que tudo faz parte das opções, provavelmente os Suecos e Noruegueses de que falas não vão a restaurantes, não compram telemóveis, ou automóveis como nós mas fazem outras opções, se calhar amealham mais para a velhice,saiem mais de férias,manteem a sua conta sempre com um determinado saldo não gastando té ao ultimo tostão, etc..Tudo faz parte das opções e erradas ou certas cada qual faz as suas.. E depois não te esqueças da cultura...
 
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por defst0ned » 15/12/2010 16:12

sempre na minha vida desejei estar ao nível da malta da bielorussia e da moldávia. :evil:
 
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por mais_um » 15/12/2010 16:10

fafite Escreveu:Este estudo é bom para todos aqueles, que tal como já foi abordado noutros tópicos acham que por Portugal ser dos países onde mais telemóveis se vendem e outros artigos considerados de "luxo" acham que não temos falta de poder de compra, não há crise. etc...etc...


Boas!

Sabes que não se consegue ver um buraco negro? Mas sabemos que existem e onde estão, sabes como? Conseguimos ver os seus efeitos.

Passa-se o mesmo com o nosso verdadeiro poder de compra e com o nosso PIB real, ou melhor com a enormidade da economia paralela em Portugal.

Não a conseguimos medir, mas sabemos que ela existe, como? Pelo consumo em telemoveis, bares cafés e restaurantes, 2ª habitação, nº de automoveis por habitante. Tudo bens não essenciais, em que estamos no topo da tabela na UE.

Aliás sempre que recebia fornecedores oriundos da Noruega e Suecia, eles comentavam , mas você são um país pobre? Então nós somos pedintes! Almoçar em restaurantes, parque automovel de luxo, alcool e tabaco baratissimos, etc...
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
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por fatimafaria » 15/12/2010 15:33

Este estudo é bom para todos aqueles, que tal como já foi abordado noutros tópicos acham que por Portugal ser dos países onde mais telemóveis se vendem e outros artigos considerados de "luxo" acham que não temos falta de poder de compra, não há crise. etc...etc...
 
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por Mares » 15/12/2010 15:09

Portugal é o terceiro país da Zona Euro com poder de compra mais baixo.


Portugueses têm um poder de compra 20% abaixo da média da União Europeia e estão entre os piores entre os 16 membros da Zona Euro.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou o relatório de paridades de poder de compra referente a 2009 onde foram analisados 37 países - os 27 da União Europeia mais 10 países do Continente Europeu.

Assim, Portugal surge com um rácio que coloca o poder de compra das famílias 20% abaixo da média da União Europeia. E comparando com os outros países, Portugal fica em 18º num “ranking” que tem 27 países.

E entre os 16 membros que compõem a Zona Euro, Portugal surge na 14ª posição. Só Malta e Eslováquia têm um poder de compra inferior ao nacional.

O país com melhor poder de compra é o Luxemburgo, que se destaca dos outros países e que consegue ficar muito acima da média da União Europeia, seguido da Noruega e da Suíça.

Assim, no top três dos países europeus com melhor poder de compra apenas um se encontra entre os membro da Zona Euro (Luxemburgo).

O INE explica que “os dados apurados permitem comparar a situação relativa dos 37 países considerados, distribuídos em 5 grupos por ordem decrescente da relação entre o seu PIB per capita em PPS e a média da União Europeia (que assume o valor 100%).

Assim, o primeiro grupo corresponde a valores iguais ou superiores a 125%, o segundo a valores entre 100 e 125%, o terceiro – no qual Portugal se inclui, situando-se perto do seu limite inferior – entre 75 e 100%, o quarto a valores entre 75 e 50% e o quinto correspondente a países com o PIB per capita em PPC inferiores a 50% da média da União Europeia”.

fonte: http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=458733
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por Mares » 15/12/2010 0:26

Elias Escreveu:É curioso o facto de os EUA estarem em pior posição que Portugal, que por sua vez está pior que o resto da Europa.


Repara que só recentemente fizeram uma reforma profunda no sistema de saúde americano.

Por aqui também se fala nisso... deverá haver quem queira tirar o lugar aos americanos nesse coeficiente...
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por Elias » 15/12/2010 0:20

É curioso o facto de os EUA estarem em pior posição que Portugal, que por sua vez está pior que o resto da Europa.
 
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Coeficiente de Gini

por Mares » 15/12/2010 0:18

O Coeficiente de Gini é uma medida comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição de renda.

Ele consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda (onde todos têm a mesma renda) e 1 corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda, e as demais nada têm).

Em anexo temos o Mapa-Mundi que representa as distribuições de renda (Coeficiente Gini) nos diversos países.

(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:List ... de_riqueza )
Anexos
Indice_Gini.png
Indice_Gini.png (156.16 KiB) Visualizado 1729 vezes
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por Elias » 15/12/2010 0:02

AutoMech Escreveu:A malta quer é rendimento sim, mas sem grandes chatices.


Essa ideia foi escrita numa parede da Av. Roma (Lisboa) desta forma: "QUEREMOS DINHEIRO NÃO QUEREMOS TRABALHO".

lol
 
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por Mares » 14/12/2010 23:49

pdcarrico Escreveu:
Mares Escreveu:Minha pergunta, para quem conheçe a realidade brasileira ou outras realidades semelhantes é, o programa de redução da pobreza no Brasil foi mais de "dar o peixe" ou de "ensinar a pescar"?


pdcarrico Escreveu:Foi um pouco das duas. Mas a comparação com Portugal faz pouco sentido porque o nível de pobreza extrema no Brasil sempre foi mais sério que em Portugal.


Não vivi nos tempos de extrema miséria em Portugal. mas isso não faz muitas décadas e ouvem-se relatos dessa época. Porque achas que 5 milhões de portuguêses vivem no estrangeiro? Achas que isso é sinónimo de riqueza? Quantas vezes por mês pode um idoso comer carne ou peixe por mês, com reformas de €200,00/mês?

pdcarrico Escreveu:Um dos programas assistencialistas, inicialmente muito criticados, foi o bolsa família. Esse programa, a par de outros, basicamente leva recursos a famílias pobres sem que haja um contrapartida de formação ou de qualquer outra espécie. Mas a questão é: se a família que recebe a ajuda mal tem dinheiro para comer ou para consumir alguma coisa, dar-lhes dinheiro para que possam consumir um mínimo não deverá também ser visto como um investimento?


Claro que sim, nem que seja para irradicar os índices de pobreza extrema. Em Portugal existe o RSI, como deves conheçer. Os partídos de direita contestam esse subsídio ferozmente.

pdcarrico Escreveu:É aquela história da pirâmide de maslow, se tiver a necessidade básica satisfeita, a pessoa pode perseguir a necessidade seguinte. Quem tem fome, dificilmente pensará em ser produtivo ... pensa é em ter o que comer. Dentro dos fundos alocados a essa vertente assistencialista está por exemplo financiamento de cantinas públicas com preço subsidiado e a que toda a gente pode recorrer.


Eu acho que é melhor irradicar a pobreza com bens alimentares, do que dar dinheiro para essas pessoas gerirem esse dinheiro. Um espécie de "cesta básica" por mês, recolhída em supermercados selecionados pelo Estado.

pdcarrico Escreveu:Para além disso é um efeito directo de redistribuição que poderemos questionar se é justo ou não. Injectar dinheiro numa comunidade com muita gente pobre (por exemplo povoados pequenos no nordeste brasileiro) não muda a vida de toda a gente, mas acaba por criar pequenos negócios, muda a vida de alguns e acaba a criar mais riqueza no povoado.


Concordo. Era nesse exemplo a que Lula se refería no artigo da Folha.

pdcarrico Escreveu:Depois há outros programas do tipo "ensinar a pescar" - por exemplo o prouni que direcciona fundos individualmente para estudantes que querem fazer uma graduação.


É investir na educação e permitir que todos possam ascender na escala social. O Brasil está fazendo isso. Aqui, em Portugal, estamos destruíndo isso.

pdcarrico Escreveu:A própria lei das cotas (raciais e de segmento económico) nas Universidades Públicas (as melhores no Brasil) me parece uma ideia que no longo prazo ameniza as diferenças e cria um país mais justo. A Universidade Pública sempre foi privilégio quase exclusivo de uma classe rica que fazia a formação anterior em escolas particulares caras.


Concordo. Existe ainda muito racismo encoberto. A única forma de irradicar esse mal é dar as mesmas condições a todos, independentemente da côr ou da sua condição social.

pdcarrico Escreveu:Com a aplicação de cotas raciais e para estudantes de baixo rendimento, muito se falou que a qualidade do ensino ia perder e que o mecanismo era injusto ... a estatística provou que os estudantes cotistas são mais aplicados que a média, e injustiça na verdade existia antes onde um estudante negro, pobre e de periferia raramente tinha chances ou expectativas de se tornar um profissional com mais sucesso.


Não tinha conhecimento do sucesso dessa medida, mas fico desde já satisfeito por ela estar a atingír os objectívos propostos.


pdcarrico Escreveu:Agora no Brasil existe crescimento e isso permite alocação de fundos e investimento no que se considera prioritário. Em Portugal, a prioridade é não entrar em default. E temos obviamente problemas muito diferentes - a nossa educação apesar de ser fraca não inibe a maioria dos alunos de avançar o mais que pode se assim o quiser, e apesar de haver pobreza e assimetria, não me parece um problema tão grave quanto aqui.


Acho que este parágrafo arremata com aquilo que inicias-te o teu post. O Brasil cresçe e tira milhões da pobreza. Cria riqueza, a distribuí e entra num período virtuoso.
Em Portugal têmos precisamente o contrário. Estado e famílias endividadas, desemprego crescendo em flecha, má distribuíção da renda, desperdício das pessoas mais qualificadas, etc, etc.
Formam-se mais pessoas que nunca e nunca se teve tanta gente com qualificações no desemprego. Isso é a negação de toda uma sociedade que se diz desenvolvída.

Abraço,

Mares.

ps-estou terminando de lêr a apresentação sobre a floresta...
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por fatimafaria » 14/12/2010 22:46

Pdcarriço

Concordo plenamente contigo, comparar as duas realidades só alguém completamente irreal.

E não se esqueçam, que muitos dos chamados "novos pobres" só o são devido á conjunctura e outros factores da sociedade, como perda de emprego etc...

Os outros são na sua maioria pobres porque estão se certo modo excluidos da sociedade em si, uns involuntáriamente outros porque assim o querem.
 
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por pdcarrico » 14/12/2010 13:25

Mares Escreveu:Minha pergunta, para quem conheçe a realidade brasileira ou outras realidades semelhantes é, o programa de redução da pobreza no Brasil foi mais de "dar o peixe" ou de "ensinar a pescar"?


Foi um pouco das duas. Mas a comparação com Portugal faz pouco sentido porque o nível de pobreza extrema no Brasil sempre foi mais sério que em Portugal.

Um dos programas assistencialistas, inicialmente muito criticados, foi o bolsa família. Esse programa, a par de outros, basicamente leva recursos a famílias pobres sem que haja um contrapartida de formação ou de qualquer outra espécie. Mas a questão é: se a família que recebe a ajuda mal tem dinheiro para comer ou para consumir alguma coisa, dar-lhes dinheiro para que possam consumir um mínimo não deverá também ser visto como um investimento?

É aquela história da pirâmide de maslow, se tiver a necessidade básica satisfeita, a pessoa pode perseguir a necessidade seguinte. Quem tem fome, dificilmente pensará em ser produtivo ... pensa é em ter o que comer. Dentro dos fundos alocados a essa vertente assistencialista está por exemplo financiamento de cantinas públicas com preço subsidiado e a que toda a gente pode recorrer.

Para além disso é um efeito directo de redistribuição que poderemos questionar se é justo ou não. Injectar dinheiro numa comunidade com muita gente pobre (por exemplo povoados pequenos no nordeste brasileiro) não muda a vida de toda a gente, mas acaba por criar pequenos negócios, muda a vida de alguns e acaba a criar mais riqueza no povoado.

Depois há outros programas do tipo "ensinar a pescar" - por exemplo o prouni que direcciona fundos individualmente para estudantes que querem fazer uma graduação.

A própria lei das cotas (raciais e de segmento económico) nas Universidades Públicas (as melhores no Brasil) me parece uma ideia que no longo prazo ameniza as diferenças e cria um país mais justo. A Universidade Pública sempre foi privilégio quase exclusivo de uma classe rica que fazia a formação anterior em escolas particulares caras.

Com a aplicação de cotas raciais e para estudantes de baixo rendimento, muito se falou que a qualidade do ensino ia perder e que o mecanismo era injusto ... a estatística provou que os estudantes cotistas são mais aplicados que a média, e injustiça na verdade existia antes onde um estudante negro, pobre e de periferia raramente tinha chances ou expectativas de se tornar um profissional com mais sucesso.

Agora no Brasil existe crescimento e isso permite alocação de fundos e investimento no que se considera prioritário. Em Portugal, a prioridade é não entrar em default. E temos obviamente problemas muito diferentes - a nossa educação apesar de ser fraca não inibe a maioria dos alunos de avançar o mais que pode se assim o quiser, e apesar de haver pobreza e assimetria, não me parece um problema tão grave quanto aqui.
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por Mares » 14/12/2010 11:39

pdcarrico Escreveu:
Mares Escreveu:
E qual é a tua opinião sobre a política seguída pela Lula no combate à desigualdade social e o fosso entre os ricos e os pobres no Brasil?

A desigualdade social torna um país mais pobre, é um entrave ao desenvolvimento da sociedade?

Abraço,

Mares.

ps-tb conheço o Brasil. Região sudeste, tendo visitado outras regiões.


Eu acho que a estatística prova que o Governo teve sucesso na redução da pobreza e na inclusão social e económica de classes cuja renda per capita é mais baixa.

Também é verdade que entregou ao banco central autonomia para poder controlar inflação, contrariando tentações políticas mais expansionistas que poderiam trazer dividendos mais a curto prazo.

O grande problema do governo Lula veio com o mensalão, que longe de ser desculpável, foi, na minha leitura, um processo de corrupção de larga escala que envolveu vários partidos e dessa forma trazia alguma governabilidade. Uma espécie de mega-queijo limiano. As duas câmaras federais (senado e câmara de deputados) têm parlamentares de um monte de partidos que se movimentam em função de interesses. Agora mesmo com a eleição da Dilma, a coligação que disputa os lugares de poder é uma catrefada de partidos e interesses.

O grande factor de coesão, particularmente no segundo mandato, e quem conseguia fazer uma agenda foi o Presidente Lula .... talvez carisma pessoal, talvez poder negocial. O facto de ter esse capital político permitiu-lhe impôr algumas condições na forma como governou.

Quando as circunstâncias macroeconómicas melhoraram (a partir do 2º mandato) iniciou grandes projectos de investimento público, e outros de inclusão que diminuiram a pobreza e fizeram crescer o PIB.



Olá.

Vamos tentar preservar o tema do tópico e buscar exemplos de como a inserção social e a redução da pobreza trazem desenvolvimento económico e coesão social.

Acredito que isso trará clareza nas discussões, não somente a este tópico mas também a outros tópicos, que às vezes resvala no xenofobismo, na intolerância, na busca de culpados e que demonstra uma profunda pobreza dos seus intervenientes.

Minha pergunta, para quem conheçe a realidade brasileira ou outras realidades semelhantes é, o programa de redução da pobreza no Brasil foi mais de "dar o peixe" ou de "ensinar a pescar"? Existe muita crítica, principalmente das classes mais tradicionais e/ou da classe média, que esses subsídios estão levando a muitas famílias preferírem viver desses subsídios do que a trabalhar. Esse dinheiro que é injectado na economia fica na mão dessas pessoas mais pobres, ou está servindo para movimentar e fortaleçer a economia?

Na conjuntura portuguêsa, que tipos de catalizadores poderíam ser usados para movimentar a economia? Existem paralelos entre estas duas sociedades?

Abraço,

Mares.
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por Automech » 14/12/2010 3:40

pdcarrico Escreveu:Para o FHC é tremendamente frustrante sair do Governo na ressaca de uma intervenção do FMI e depois ver um ex-sindicalista sem formação, nem cultura transformar o País numa das potências emergentes do planeta.


E em abono da verdade diga-se que foi capaz de fazer a transformação pessoal que era necessária.

Quem se lembra do Lula, a roçar o radical, só se for muito desonesto é que não reconhece a enorme mudança que ele fez a nível de discurso.
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por pdcarrico » 14/12/2010 3:20

Mares Escreveu:
E qual é a tua opinião sobre a política seguída pela Lula no combate à desigualdade social e o fosso entre os ricos e os pobres no Brasil?

A desigualdade social torna um país mais pobre, é um entrave ao desenvolvimento da sociedade?

Abraço,

Mares.

ps-tb conheço o Brasil. Região sudeste, tendo visitado outras regiões.


Eu acho que a estatística prova que o Governo teve sucesso na redução da pobreza e na inclusão social e económica de classes cuja renda per capita é mais baixa.

Também é verdade que entregou ao banco central autonomia para poder controlar inflação, contrariando tentações políticas mais expansionistas que poderiam trazer dividendos mais a curto prazo.

O grande problema do governo Lula veio com o mensalão, que longe de ser desculpável, foi, na minha leitura, um processo de corrupção de larga escala que envolveu vários partidos e dessa forma trazia alguma governabilidade. Uma espécie de mega-queijo limiano. As duas câmaras federais (senado e câmara de deputados) têm parlamentares de um monte de partidos que se movimentam em função de interesses. Agora mesmo com a eleição da Dilma, a coligação que disputa os lugares de poder é uma catrefada de partidos e interesses.

O grande factor de coesão, particularmente no segundo mandato, e quem conseguia fazer uma agenda foi o Presidente Lula .... talvez carisma pessoal, talvez poder negocial. O facto de ter esse capital político permitiu-lhe impôr algumas condições na forma como governou.

Quando as circunstâncias macroeconómicas melhoraram (a partir do 2º mandato) iniciou grandes projectos de investimento público, e outros de inclusão que diminuiram a pobreza e fizeram crescer o PIB.
Pedro Carriço
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por Mares » 14/12/2010 0:52

pdcarrico Escreveu:
Mares Escreveu:Cá nos escontramos num outro tópico ... :lol:

Pelas tuas palavras, pareçe-me que conheces bem a realidade brasileira.



É .. eu vivo no Brasil.

Mares Escreveu:....
Bem, mas deixa-me dizer-te que dentro do PT (Partido dos Trabalhadores) existe muita desonestidade intelectual. Os fundamentos de uma economia moderna no Brasil foram lançados por FHC. O governo Lula aproveitou o que deixou o seu antecessor e potenciou isso. Depois, dentro da política brasileira existe um BNDES que financia a produção e existe visão estratégica (produção para exportação, grandes áreas aráveis, etc) e um povo simples e trabalhador.

Tudo isto fez a diferença.

Na realidade portuguêsa, vêmos "Prós&Contras" com pessoas "letradas", mas que não tem visão estratégica...

Abraço,

Mares.

Desonestidade intelectual existe em toda a parte.

Para o FHC é tremendamente frustrante sair do Governo na ressaca de uma intervenção do FMI e depois ver um ex-sindicalista sem formação, nem cultura transformar o País numa das potências emergentes do planeta. Antes do Lula, havia FHC, antes Itamar, Collor, Sarney, militares, etc... A circunstância de um governante é sempre essa. Não pode fazer um restart, e seja boa ou má a sua herança, é a que ele tem.

Sobre a herança de FHC ... deixou coisas boas ... algumas leis (como a da responsabilidade fiscal), mas no essencial deixou o País numa situação tudo menos fácil, e macroeconomicamente ... (com reservas no zero e com inflação de dois dígitos), e praticamente ingovernável, por conta da dispersão partidária. O Governo Lula esteve longe de ser perfeito, mas atribuir o mérito do governo lula ao seu antecessor parece-me forçado.

Abraço!


E qual é a tua opinião sobre a política seguída pela Lula no combate à desigualdade social e o fosso entre os ricos e os pobres no Brasil?

A desigualdade social torna um país mais pobre, é um entrave ao desenvolvimento da sociedade?

Abraço,

Mares.

ps-tb conheço o Brasil. Região sudeste, tendo visitado outras regiões.
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por pdcarrico » 14/12/2010 0:26

Mares Escreveu:Cá nos escontramos num outro tópico ... :lol:

Pelas tuas palavras, pareçe-me que conheces bem a realidade brasileira.



É .. eu vivo no Brasil.

Mares Escreveu:....
Bem, mas deixa-me dizer-te que dentro do PT (Partido dos Trabalhadores) existe muita desonestidade intelectual. Os fundamentos de uma economia moderna no Brasil foram lançados por FHC. O governo Lula aproveitou o que deixou o seu antecessor e potenciou isso. Depois, dentro da política brasileira existe um BNDES que financia a produção e existe visão estratégica (produção para exportação, grandes áreas aráveis, etc) e um povo simples e trabalhador.

Tudo isto fez a diferença.

Na realidade portuguêsa, vêmos "Prós&Contras" com pessoas "letradas", mas que não tem visão estratégica...

Abraço,

Mares.

Desonestidade intelectual existe em toda a parte.

Para o FHC é tremendamente frustrante sair do Governo na ressaca de uma intervenção do FMI e depois ver um ex-sindicalista sem formação, nem cultura transformar o País numa das potências emergentes do planeta. Antes do Lula, havia FHC, antes Itamar, Collor, Sarney, militares, etc... A circunstância de um governante é sempre essa. Não pode fazer um restart, e seja boa ou má a sua herança, é a que ele tem.

Sobre a herança de FHC ... deixou coisas boas ... algumas leis (como a da responsabilidade fiscal), mas no essencial deixou o País numa situação tudo menos fácil, e macroeconomicamente ... (com reservas no zero e com inflação de dois dígitos), e praticamente ingovernável, por conta da dispersão partidária. O Governo Lula esteve longe de ser perfeito, mas atribuir o mérito do governo lula ao seu antecessor parece-me forçado.

Abraço!
Pedro Carriço
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