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Caldeirão da Bolsa

Como reduzir a despesa pública?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Automech » 11/11/2010 10:27

Afinal é possível. É preciso é querer.

Autarquias. Como os presidentes cortaram no endividamento e saíram do buraco

Prescindiram de motoristas e secretárias e conduzem carros mais modestos: os segredos dos autarcas portugueses que mais reduziram o endividamento entre 2007 e 2009

Quando o actual presidente chegou à Câmara de Marvão, em 2005, até o mecânico tinha carta verde para fazer compras. O primeiro passo para poupar foi "acabar com essas autonomias" e criar uma central de compras. Agora todos os pedidos são centralizados numa secção que averigua se os gastos são pertinentes. Foi assim, de passo em passo, que Marvão reduziu 82% o endividamento líquido num espaço de dois anos.

Gerir uma câmara pequena não é fácil, garante Vítor Frutuoso, a cumprir o segundo mandato. "Somos poucos, conhece-se toda a gente, há muitas pressões e ganham-se inimigos com facilidade", justifica. Admite que a gestão que faz à frente da autarquia "não é imune a isso", mas que é preciso "definir prioridades e fazer orçamentos realistas e não para inglês ver". A câmara alentejana tem cerca de 100 funcionários, que não chegam para todas as tarefas. O truque é "fazer mais com menos pessoas" e ser criativo: "Tínhamos vários cantoneiros com hérnias discais e que não podiam trabalhar. Agora estão a fazer o acompanhamento das crianças do primeiro ciclo nos autocarros escolares", exemplifica o autarca.

Como é preciso poupar, o carro da presidência de Marvão é um Volkswagen Passat com quase 200 mil quilómetros. Mas na câmara "os carros velhos e com grandes consumos foram substituídos por carros mais económicos". Em 2005 "o canalizador tinha uma carrinha de oito lugares e agora tem de se contentar com um Fiat de dois". A iluminação da vila está a abrir uma hora mais cedo e a fechar uma hora mais tarde e prescindiu-se da iluminação no castelo dois dias por semana. No economato, garante o presidente, "é só uma questão de vencer a inércia": os computadores não podem estar ligados fora das horas de serviço e as fotocópias são controladas. Mas a maior luta de Vítor Frutuoso têm sido as festas. "As pessoas têm de compreender que chamar o Quim Barreiros custa dinheiro", explica. O segredo da poupança, diz, é "ir buscar artistas ao mercado alternativo". "É preciso distinguir o que é servir o concelho todos os dias e o que é servir as pessoas durante um só dia. As festas são coisas efémeras", diz o presidente.

Ovar Entre 2007 e 2009, Ovar diminuiu o endividamento 73%. Manuel Alves de Oliveira, o presidente, prescindiu do motorista. "Quando preciso de fazer uma viagem mais longa, chamo um funcionário da autarquia que esteja disponível", explica. O autarca conduz um Volvo recente e garante que só mudou porque o carro anterior, que foi herdado do seu antecessor na câmara, "já não pegava". Alves de Oliveira é presidente desde 2005 e diz que já conseguiu reduzir 50% a dívida global da autarquia - "a um ritmo de 10% por ano". O truque é "uma definição muito clara de objectivos e prioridades". Depois há que "envolver as chefias" no processo. A bem ou a mal. Na avaliação do desempenho dos chefias da câmara há um item muito específico: quanto mais pouparem, melhor classificação têm. Passo seguinte: "Acabar com a subsídio-dependência" de juntas e colectividades. Muitos apoios foram reduzidos para metade e as associações passaram a receber em função "do trabalho e da qualidade do trabalho que desenvolvem". Além disso, acabaram as derrapagens na execução das obras - "o sector que mais teve de ser disciplinado". Os projectos são verificados várias vezes e a execução orçamental é monitorizada e avaliada permanentemente. "É preciso fugir das parcerias público-privadas. Em Ovar só existe uma empresa municipal com indicações muito precisas para não dar prejuízo", acrescenta o autarca. Este ano a iluminação de Natal vai custar metade dos 30 mil euros que custou o ano o passado. "O meu PEC estou a fazê-lo há cinco ou seis anos, e até nisso já tínhamos começado a cortar há muito tempo", explica Alves de Oliveira, que desde 2005 já despediu 40 funcionários.

Abrantes Aqui o endividamento diminuiu 68%. Quando chegou à Câmara de Abrantes, Nelson de Carvalho mudou a chefe da divisão financeira para o gabinete ao lado do seu. "Assumi para mim a gestão financeira e eram feitos pontos de situação quase diários. Tudo o que entrava e saía era monitorizado criteriosamente", recorda o ex-presidente da Câmara de Abrantes, que esteve 16 anos à frente do município, até Outubro do ano passado. O autarca garante que nunca deu tréguas ao endividamento. A dada altura quis "dar o exemplo" na contenção e comprar um Volkswagen Passat, mas os vereadores não deixaram, "por uma questão de se manter um certo carácter institucional", recorda.

O que salvou a Câmara de Abrantes da lista negra dos anuários financeiros, explica, foi o facto de ter percebido "muito cedo" que a crise "não era mais uma daquelas que incham, desincham e passam". "Tive a noção de que ia ser a sério e de que ia ter impacto no financiamento das autarquias", conta. Por isso começou a ter "cuidado". Nos últimos anos, no lançamento de grandes empreitadas, extinguiu uma empresa municipal "a tempo" e fundiu todos os serviços ligados ao ambiente nos serviços municipalizados. Essa antecipação da crise permitiu-lhe "nunca chegar a ter de fazer grandes cortes". Acabou com a "ineficiência nas cobranças", apostou numa gestão previdente e fugiu dos orçamentos fictícios, apostando em boas taxas de execução orçamental. "Trabalhei sempre para ter poupança corrente, que era canalizada para o investimento."

Aguiar da Beira Em dois anos a autarquia cortou 51% o endividamento. Três Renault 4L (duas compradas em segunda mão) e oito carros: é a frota da câmara - que tem 110 funcionários e há mais de um ano não admite novos colaboradores. "Os chefes de divisão dizem que não chega, mas eu respondo que chega e pronto", diz Fernando Andrade, presidente há 13 anos.

O carro que conduz, um BMW, foi comprado há cinco anos e "há-de durar mais cinco", garante. Quando chegou à autarquia até os professores iam tirar fotocópias à câmara. Acabou com isso. A meta passou a ser "gastar o menos possível". Para isso é preciso ter ideias: "Pedi telefones para as escolas à PT, mas são elas que pagam as chamadas, assim não abusam", exemplifica o autarca, que só tem uma secretária, "partilhada" com a vereação.

Em Aguiar da Beira há associações que estão a receber metade do que recebiam. E foi preciso aumentar as taxas para equilibrar as contas. Fernando Andrade comprou uma guerra com o eleitorado quando resolveu aumentar a água mais de 50%. "Tive reacções muito complicadas e tive de recuar e aumentar menos", revela, acrescentando que sempre foi um "defensor da lógica utilizador-pagador". Outra das áreas penalizadas tem sido a cultura. Eventos culturais "só com a autorização" pessoal do presidente. Ainda há cinema uma vez por semana em Aguiar da Beira, "mas se calhar não vai durar muito mais tempo", admite o autarca.



Edit: faltou a fonte:

http://www.ionline.pt/conteudo/87903-au ... -do-buraco
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por Elias » 29/10/2010 17:03

AutoMech Escreveu:Elias, isto ficava muito melhor no tópico das touradas. :mrgreen:


Negativo. Trata-se de cavalgadas e não de touradas (a menos que te refiras a cavalgar o bull market, isso já é outra história).
 
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por Automech » 29/10/2010 17:01

Elias, isto ficava muito melhor no tópico das touradas. :mrgreen:
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por fatimafaria » 29/10/2010 16:20

Elias Escreveu:Finalmente o Governo começou a reduzir as despesas do Estado.

Estes são os novos cavalos da GNR.
:lol: :lol: :lol:
 
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por Elias » 29/10/2010 16:17

Finalmente o Governo começou a reduzir as despesas do Estado.

Estes são os novos cavalos da GNR.
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por rmachado » 18/10/2010 17:05

Em relação ao "desaparecimento" de organismos estatais
O importante seria conhecer o seu custo/beneficio e a razões de cada escolha.
De qq maneira assumindo a tipica postura portuguesa se extinguir 50 representar a "queda" de 50 directores e/ou presidentes mais não sei quantos vice e vogais e respectivas regalias, a médio prazo será uma medida útil.

Outra medida importante devia ser a "despolitização" de alguns deles e a implementação de presidência com rotatividade.
 
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por fatimafaria » 18/10/2010 16:19

Elias Escreveu:
mais_um Escreveu:
Elias Escreveu:fafite a prática de auscultar o povo antes de tomar decisões (uma abordagem com a qual concordo) é frequente na Suíça. Um amigo meu mora lá há 10 anos e diz-me que está sempre a receber referendos para dar a opinião... As pessoas são chamadas a decidir sobre tudo. É a verdadeira democracia participativa.


Sim, no papel é muito bonito, mas em Portugal não é possivel tal sistema e não é só em Portugal.
Só em condições muito especificas é que tal sistema permite governar um país. Não é por acaso que a Suiça é o unico país do mundo que o usa.


E como é que tens a certeza que é impraticável?. Olha que ás vezes há suspresas.

Eu sei, mas lá por o sistema ser impraticável no nosso país no significa que eu deixe de concordar com o princípio. :wink:
 
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por Elias » 18/10/2010 14:38

mais_um Escreveu:
Elias Escreveu:fafite a prática de auscultar o povo antes de tomar decisões (uma abordagem com a qual concordo) é frequente na Suíça. Um amigo meu mora lá há 10 anos e diz-me que está sempre a receber referendos para dar a opinião... As pessoas são chamadas a decidir sobre tudo. É a verdadeira democracia participativa.


Sim, no papel é muito bonito, mas em Portugal não é possivel tal sistema e não é só em Portugal.
Só em condições muito especificas é que tal sistema permite governar um país. Não é por acaso que a Suiça é o unico país do mundo que o usa.


Eu sei, mas lá por o sistema ser impraticável no nosso país no significa que eu deixe de concordar com o princípio. :wink:
 
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por mais_um » 18/10/2010 14:10

Elias Escreveu:fafite a prática de auscultar o povo antes de tomar decisões (uma abordagem com a qual concordo) é frequente na Suíça. Um amigo meu mora lá há 10 anos e diz-me que está sempre a receber referendos para dar a opinião... As pessoas são chamadas a decidir sobre tudo. É a verdadeira democracia participativa.


Sim, no papel é muito bonito, mas em Portugal não é possivel tal sistema e não é só em Portugal.
Só em condições muito especificas é que tal sistema permite governar um país. Não é por acaso que a Suiça é o unico país do mundo que o usa.
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por Elias » 18/10/2010 13:14

fafite Escreveu:O que realmente interessa no meio disto tudo, é que, todos concordamos, que a máquina do estado é demasiado pesada, para o país.

Eu acho que nao era má ideia haver uma consulta pública cada vez que o governo pretenda criar uma nova direccao-geral, um instituto, observatorio, etc...

Deve apresentar aos portugueses, quanto é que isso nos vai custar, e quais os benefícios para o sociedade, e deixar que seja o povo a decidir.


fafite a prática de auscultar o povo antes de tomar decisões (uma abordagem com a qual concordo) é frequente na Suíça. Um amigo meu mora lá há 10 anos e diz-me que está sempre a receber referendos para dar a opinião... As pessoas são chamadas a decidir sobre tudo. É a verdadeira democracia participativa.
 
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por fatimafaria » 18/10/2010 13:12

O que realmente interessa no meio disto tudo, é que, todos concordamos, que a máquina do estado é demasiado pesada, para o país.

Eu acho que nao era má ideia haver uma consulta pública cada vez que o governo pretenda criar uma nova direccao-geral, um instituto, observatorio, etc...

Deve apresentar aos portugueses, quanto é que isso nos vai custar, e quais os benefícios para o sociedade, e deixar que seja o povo a decidir.
 
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por Automech » 18/10/2010 9:43

PRACE já cortava 120 organismos estatais
Hoje

Em 2006, o Governo tinha um Programa de Reestruturação do Estado muito mais ambicioso nos cortes do que no OE 2011.

O ministro das Finanças anunciou que 50 organismos públicos estarão em 2011 sujeitos à fusão, reestruturação ou extinção, sendo esta uma medida orçamental com a qual o executivo espera poupar cem milhões de euros.

Trata-se, no entanto, de um segundo pacote do Executivo PS em matéria de cortes, uma vez que em Março de 2006 o Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE) já propunha o "corte" de 120 organismos. A comissão técnica do PRACE, presidida por João Bilhim, apontava para uma redução do número de organismos da Administração central de 414 para 294.

Este "desaparecimento" de 120 entidades resultava então de um saldo entre extinções, novos organismos e fusões. Na maioria dos casos é sugerida a criação de novas estruturas de maior dimensão, que passam a juntar as competências e, previsivelmente, a maior parte dos recursos, que actualmente estão em organismos que se propõe virem a ser extintos.

Os resultados do PRACE só foram muito parcialmente conseguidos uma vez que a despesa pública tem crescido todos os anos desde 2006 até aos dias de hoje.

O próprio João Bilhim admitiu, em entrevista ao Público de 5 de Maio deste ano, que estava " desiludido com os resultados".

O PRACE tinha como objectivo "permitir uma distribuição mais simétrica de recursos humanos e isso não foi conseguido. Ao ponto de hoje estarmos com o mesmo problema", dizia. Segundo Bilhim, o PRACE tinha como objectivo permitir uma distribuição mais simétrica de recursos humanos e isso não foi conseguido. Quando olho para o PRACE e quando ve- jo que este era um dos meus objectivos, tenho de reconhe- cer que não foi conseguido", diz.


http://dn.sapo.pt/inicio/economia/inter ... nomia%2529
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por Automech » 18/10/2010 2:46

MarcoAntonio Escreveu:Não necessariamente. No imediato, o corte na despesa até pode ser relativamente marginal mas a prazo poderá ser considerável...


Marco, eu estava a referir-me apenas destes 50 organismos, que me parece francamente pouco (atendendo ao universo do estado) e apenas para calar algumas vozes. Mesmo com as poupanças que daí possam vir, o valor desses 50 continua a não ser significativo.

Eu não estou a defender que se devam ignorar estes 50. Claro que, já que foram identificados, que se faça alguma coisa. Sempre é melhor do que nada e 1 euro a menos é 1 euro a menos, nem que sejam em resmas de papel...

MarcoAntonio Escreveu:Para além de poder significar a alienação de imóveis, a prazo reduz os recursos humanos necessários (será necessário empregar menos individuos ao longo dos próximos anos, enquanto outros saiem do sistema) e outros custos serão menores (menores custos de equipamentos e sua reparação/manutenção por exemplo).


Sim, a racionalização do sector publico (se não se ficasse apenas por estes 50), estou convencido que teria ganhos interessantes, mesmo que se mantivessem as pessoas.

MarcoAntonio Escreveu:Há custos (como os de pessoal) que dada a "impossibilidade" de despedir têm uma certa inércia e só se notarão a prazo, outros terão efeitos mais imediatos. Mas o que há fazer para reparar a situação "é isto". A solução é esta (reorganizar, extinguir, fundir). Não há outra, o que é que vocês propunham?


Sendo estas medidas mais de médio prazo (porque não dão resultados amanhã) eu acho que deveria ser equacionada a possibilidade de alteração legal, para permitir o despedimento de FPs, quando tal for lógico.

Pensar em fundir ou extinguir organismos e depois ficar com o mesmo número de pessoas é tudo menos lógico.


MarcoAntonio Escreveu:
Não funciona propriamente assim. Tu estás a pensar em termos individuais e não na massa de individuos que é o que realmente conta. Morrem individuos todos os anos. Desde que entrem menos do que os que saiem, o valor vai baixando progressivamente. O efeito "total" obviamente só se notará daqui a uma série de anos (na casa das dezenas) mas é um efeito progressivo...


Eu acho que é isso que se deve procurar acelerar. Caso contrário bastaria uma medida tipo entra 1 por cada 2 ou 3 reformados e sabemos que ao fim de uma geração temos um numero de FPs muito menor.

MarcoAntonio Escreveu:Já agora, para aqueles que pensam eventualmente que o despedimento é a alternativa, eu sugiro que pensem um pouco melhor porque as coisas também não são assim tão simples: em primeiro lugar, o despedimento sem ser por justa causa implica o pagamento de indemnizações para além de que essas pessoas tendem a transformar-se num "peso morto" que sobrevive das prestações sociais, principalmente as de faixa etária mais elevada que já nem tentam reentrar no mercado de trabalho. Entre uma coisa e outra, a poupança também não é total nem tão pouco imediata. É preferível utilizar esses recursos humanos tanto quanto possível em lugar de empregar outras pessoas e "enviar estas para casa" (isto, claro, dentro dos limites razoáveis das necessidades).


Aqui temos dois pontos diferentes Marco.

Quanto à mobilidade, estamos totalmente de acordo, desde que seja possível. É aliás assim que se faz em qualquer empresa, tentando recolocar o funcionário noutra função. Essa deve ser sempre a prioridade.

Já em relação às indemnizações e prestações sociais em caso de despedimento, não me parece assim tão problemático (mas admito que possam ser necessários estudos mais aprofundados).

Suponhamos alguém na casa dos 50 anos, com 25 de função publica.

Se seguirmos as regras dos privados terá 25 salários de indemnização ou seja em termos de salários no final de 25 meses (nem tanto se considerarmos os Natal e Páscoa) o estado já 'poupa' (esta expressão é horrível neste contexto) o salário desse FPs.

O estado terá de pagar o subsidio de desemprego, neste caso 900 dias (2.5 anos), mas apenas 65% do valor de ordenado (e com o tal limite do subsidio de desemprego, o que significa que ordenados superiores não são pagos na totalidade).

Depois há a questão da pessoa poder ou não pedir a pre-reforma a partir dos 57 penso eu (eu diria que se calhar é algo em que tem de se mexer também).

Teria de facto de se fazer um estudo sobre isto (até porque a perda de rendimento do FP tem depois efeito negativo a nível de economia e dos impostos), mas o despedimento não parece ser assim tão mau do ponto de vista macro, pelo menos em pessoas abaixo dos 50-55 anos.

Além disso estamos a assumir que os FPs vão todos ficar desempregados o tempo todo e que ninguém arranja emprego (o que seria assumir que são uns inúteis e que a iniciativa privada não iria criar empregos).

Sei que parece cruel falar assim de despedimentos de FPs mas, caramba, isto passa-se todos os dias nas empresas privadas e é altura de falar nas coisas sem rodeios !

Parece que quando toca a falar em despedimentos de FPs toda a gente tem de falar em surdina, quando isso acontece no sector privado a toda a hora.
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por alexandre7ias » 18/10/2010 2:29

As indemnizações pela concessão do serviço público caem 21,9%, mas sobe em 0,50 euros a contribuição audiovisual na factura da luz.

Os portugueses vão pagar mais 0,50 euros, todos os meses, para a contribuição para o audiovisual, que alimenta o orçamento da RTP. Depois de as empresas de comunicação social tuteladas pelo estado - RTP e Lusa - verem os seus orçamentos cortados em 35,8 milhões de euros, com base na proposta de lei para o Orçamento do Estado de 2011, os portugueses passam a pagar agora 2,25 euros por mês, na factura da luz, um aumento de quase 30% face aos 1,75 euros, que pagam actualmente. Assim, segundo o relatório para o orçamento do próximo ano, "o aumento previsto para a contribuição do audiovisual dará a oportunidade à revisão em baixa, no montante do acréscimo de indemnização compensatória prevista para a RTP".

As duas empresas do sector empresarial do Estado vão receber no próximo ano 127,8 milhões de euros, passado a encaixar menos 35,8 milhões do que em 2010. Apesar de, tanto a RTP como a Lusa terem reduzido o seu endividamento em 8,5 e 46,5%, respectivamente, o corte orçamental chega aos 21,9%. Recorde-se que, em 2010, estas empresas receberam um aumento de 2,3%, comparativamente com 2009.

Ao regulador da Comunicação Social, ERC, está estimado um orçamento de 4,3 milhões de euros.

No relatório do Orçamento para 2011 está ainda prevista uma alteração, esperada, à Lei de Imprensa, além da revisão do contrato de concessão do serviço público de rádio.

O Executivo de José Sócrates justificou as perdas no orçamento da pasta de comunicação social com "as especiais exigências de austeridade financeira com que o País se confronta".

Adicionalmente, o documento apresentado, fora de horas, prevê a redefinição do modelo para a Televisão Digital Terrestre (TDT), a actualização dos critérios de classificação das publicações periódicas - competência da ERC -, implementação de ferramentas para a auto-regulação do sector e a concretização de medidas de transparência, no que diz respeito à publicidade institucional - medida já prevista no Orçamento anterior.


Podem acabar com isto para começar
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por Automech » 18/10/2010 2:10

LTCM Escreveu:
António Nogueira Leite propõe que o Governo troque o aumento do IVA em 2% e o corte nas deduções fiscais por menos consumos intermédios.

O PSD poderá viabilizar o próximo Orçamento caso o Governo aceite algumas das propostas do maior partido da oposição. António Nogueira Leite, um dos principais conselheiros económicos de Passos Coelho, antecipa uma: um corte nos consumos intermédios (para valores de 2008) permite travar o aumento do IVA e reduzir os cortes nas deduções fiscais que o Governo quer aplicar em 2011. Sobre o futuro, o ex-secretário de Estado teme o pior: "Independentemente dos efeitos imediatos [do OE/11] vamos necessitar de recorrer a mecanismo especiais de apoio".

O Governo garante que o défice de 2010 ficará nos 7,3% apesar das receitas extraordinárias de última hora. Surpreendeu-o o valor?
Não. Também não ficarei surpreendido se o Governo chegar ao início de 2011 e corrigir, novamente, a estimativa. Infelizmente para os contribuintes a dinâmica do descontrolo é assim mesmo. Repare que o Governo estima em Outubro necessitar de mais 3.000 milhões do que estimava em Maio quando o défice que resultava da concretização do acordo com o PSD era de 7,1%. O Governo já ultrapassou o patamar da sua capacidade e perdeu, definitivamente, a credibilidade.

Mantém dúvidas sobre os resultados do plano de austeridade que negociou em Maio?
Em Maio quando perguntei, olhos nos olhos, ao ministro das Finanças se o que estávamos a acordar para 2010 e 2011 chegava (porque o PSD estaria disponível para caucionar um corte maiores na despesa) a resposta foi inequívoca: não seriam necessárias medidas adicionais. Ainda hoje acredito que, se o Governo tivesse cumprido e sido competente, teria sido suficiente.

Há margem, como quer Passos Coelho, para o Governo trocar parte da receita prevista com mais impostos por novos cortes na despesa?
Ainda há margem para cortes substanciais na despesa. Dependendo da extensão desses cortes poder-se-á, ou não, acolher a pretensão de Passos Coelho. Como o ponto de partida é muito mau os cortes têm de ser mais profundos.

Onde é possível cortar mais na despesa - com resultados imediatos - para compensar o aumento do IVA?
Há muito por onde cortar, adicionalmente, na despesa. Na óptica da contabilidade nacional é fácil demonstrar que, se os consumos intermédios voltassem aos valores de 2008, se obteria, só aí, uma poupança de 1.400 milhões de euros - 0,8 pontos percentuais do PIB. Um corte desta dimensão nos consumos intermédios equivale ao acréscimo de receita previsto com o aumento de 2 % do IVA e com parte do aumento de receita por via da redução das deduções à colecta.


É precisamente isto que me leva a duvidar se valerá a pena aprovar o orçamento.
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por LTCM » 18/10/2010 0:41

António Nogueira Leite propõe que o Governo troque o aumento do IVA em 2% e o corte nas deduções fiscais por menos consumos intermédios.

O PSD poderá viabilizar o próximo Orçamento caso o Governo aceite algumas das propostas do maior partido da oposição. António Nogueira Leite, um dos principais conselheiros económicos de Passos Coelho, antecipa uma: um corte nos consumos intermédios (para valores de 2008) permite travar o aumento do IVA e reduzir os cortes nas deduções fiscais que o Governo quer aplicar em 2011. Sobre o futuro, o ex-secretário de Estado teme o pior: "Independentemente dos efeitos imediatos [do OE/11] vamos necessitar de recorrer a mecanismo especiais de apoio".

O Governo garante que o défice de 2010 ficará nos 7,3% apesar das receitas extraordinárias de última hora. Surpreendeu-o o valor?
Não. Também não ficarei surpreendido se o Governo chegar ao início de 2011 e corrigir, novamente, a estimativa. Infelizmente para os contribuintes a dinâmica do descontrolo é assim mesmo. Repare que o Governo estima em Outubro necessitar de mais 3.000 milhões do que estimava em Maio quando o défice que resultava da concretização do acordo com o PSD era de 7,1%. O Governo já ultrapassou o patamar da sua capacidade e perdeu, definitivamente, a credibilidade.

Mantém dúvidas sobre os resultados do plano de austeridade que negociou em Maio?
Em Maio quando perguntei, olhos nos olhos, ao ministro das Finanças se o que estávamos a acordar para 2010 e 2011 chegava (porque o PSD estaria disponível para caucionar um corte maiores na despesa) a resposta foi inequívoca: não seriam necessárias medidas adicionais. Ainda hoje acredito que, se o Governo tivesse cumprido e sido competente, teria sido suficiente.

Há margem, como quer Passos Coelho, para o Governo trocar parte da receita prevista com mais impostos por novos cortes na despesa?
Ainda há margem para cortes substanciais na despesa. Dependendo da extensão desses cortes poder-se-á, ou não, acolher a pretensão de Passos Coelho. Como o ponto de partida é muito mau os cortes têm de ser mais profundos.

Onde é possível cortar mais na despesa - com resultados imediatos - para compensar o aumento do IVA?
Há muito por onde cortar, adicionalmente, na despesa. Na óptica da contabilidade nacional é fácil demonstrar que, se os consumos intermédios voltassem aos valores de 2008, se obteria, só aí, uma poupança de 1.400 milhões de euros - 0,8 pontos percentuais do PIB. Um corte desta dimensão nos consumos intermédios equivale ao acréscimo de receita previsto com o aumento de 2 % do IVA e com parte do aumento de receita por via da redução das deduções à colecta.
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por Manu » 18/10/2010 0:07

 
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por Elias » 17/10/2010 23:58

_urbanista_ Escreveu:Será que quem tem poder neste país não sabe o que é uma Análise Swot?


Eu acho que sabem mas fixam-se na terceira letra (Oportunidades) :mrgreen:
 
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por _urbanista_ » 17/10/2010 23:51

Para alem de toda a roubalheira que existe neste país e de estár a saque ha muitos anos e serem sempre os mesmos a pagar isto, do meu ponto de vista o nosso problema é estratégia.
Nós evoluimos a qualidade de vida e não evoluimos na criação de riqueza. Este é o verdadeiro problema e não vejo os politicos falar disto.
Querem aumentar impostos, reduzir salários etc etc e não tem estratégia para parar esta bola de neve.
Será que quem tem poder neste país não sabe o que é uma Análise Swot?
Será que não sabem o que é Planeamento Estratégico SÉRIO em vez de andarem a brincar aos tgv`S para os madrilenos virem à praia?
Muito resumidamente está aqui o nosso problema...
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por mfsr1980 » 17/10/2010 23:28

Elias,
Fiz bem em manter os 50 mais importantes! :)
Seguramente reduzia 20% nos ordenados.
Reduzia o pessoal do BP pois consta que já nem têem que controlar a paridade da moeda.
 
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por Elias » 17/10/2010 23:24

Lion_Heart Escreveu:
Elias Escreveu:Terceiro exemplo: extinguir o Banco de Portugal. Não há mais fiscalização nem regulação nem nada. Passa a haver apenas bancos privados e cada um que se governe.

Podes dar os teus comentários sobre esta proposta?


Ui, que exmplo foste buscar. Não é assim que funciona ja?


Calma. Tenho mais alguns bem jeitosos. Mas é preciso fazer render o peixe :mrgreen:
 
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por Lion_Heart » 17/10/2010 23:22

Elias Escreveu:Terceiro exemplo: extinguir o Banco de Portugal. Não há mais fiscalização nem regulação nem nada. Passa a haver apenas bancos privados e cada um que se governe.

Podes dar os teus comentários sobre esta proposta?


Ui, que exmplo foste buscar. Não é assim que funciona ja?
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Lion_Heart
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por Elias » 17/10/2010 23:19

mfsr1980 Escreveu:Elias,
Eu estou ciderado com o Estado a que o País chegou e com a enormidade do buraco em que estamos metidos.
Numa economia débil como a nossa, teremos que ser injustos, provavelmente pagará o justo pelo pecador. O fecho de quase 11.000 organismos existêntes(nem todos serão para retribuir favores eleitorais ou ao partido) servirá para honrar os compromissos com a nossa dívida e alimentar familias carênciadas.

PS: Não conheço as 11.000 organismos logo não sei da utilidade deles.


mfsr, vamos então concretizar.

Exemplo prático: o que achas de extinguir a biblioteca nacional? Que tal vender os livros todos a particulares e distribuir a receita pelos pobres?

Outro exemplo: o que achas de extinguir as estradas de portugal? Privatizar as estradas todas e passar a cobrar portagem para circular em qualquer lado?

Terceiro exemplo: extinguir o Banco de Portugal. Não há mais fiscalização nem regulação nem nada. Passa a haver apenas bancos privados e cada um que se governe.

Podes dar os teus comentários sobre esta proposta?
 
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por alexandre7ias » 17/10/2010 23:18

CDS diz ser "inexplicável" aumento de verbas para governos civis e corte nas forças segurança
19h12m
O CDS acusou hoje, domingo, o Governo de aumentar as verbas para os governos civis e de "baixar drasticamente" o montante destinado às forças de segurança, considerando que se trata de "um sinal inexplicável".

O deputado democrata cristão Nuno Magalhães disse à Lusa que "é um sinal inexplicável e perfeitamente errado do ponto de vista do CDS [que propôs a extinção dos governos civis], aumentar as verbas "em quatro governos civis e reduzir em 9,7 por cento o orçamento das forças de segurança".

"É um sinal completamente errado, contraditório, que é dado no orçamento da administração interna e que é tão preocupante, como inexplicável", sublinhou.

Nuno Magalhães criticou o facto deste aumento de verbas para os governos civis de Coimbra, Faro, Vila Real e Viseu ter sido concedido pelo "mesmo Governo que pede austeridade a tudo e a todos".

Segundo as contas do deputado, tem-se verificado uma tendência de crescimento destas verbas desde 2009.

Em 2009, o valor previsto ascendia a cerca de 25 milhões euros, em 2010 subiu para cerca de 26 milhões de euros e, para 2011, o valor previsto ultrapassa os 27 milhões de euros, "mais 4,8 por cento, um milhão e 272 mil euros para os governos civis", disse Nuno Magalhães.

O ministro das Finanças classificou o OE2011 como o Orçamento mais "importante dos últimos 25 anos", no qual está espelhado um conjunto de medidas de austeridade, entre as quais cortes nos salários dos trabalhadores do Estado, o congelamento das pensões, e o aumento de impostos, com o IVA a subir para 23 por cento e uma redução drástica das deduções em sede de IRS.

Em termos de previsões macroeconómicas, o Governo prevê um crescimento da economia de 0,2 por cento e um aumento do desemprego para uma taxa de 10,8 por cento.
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por mfsr1980 » 17/10/2010 23:11

Elias,
Eu estou ciderado com o Estado a que o País chegou e com a enormidade do buraco em que estamos metidos.
Numa economia débil como a nossa, teremos que ser injustos, provavelmente pagará o justo pelo pecador. O fecho de quase 11.000 organismos existêntes(nem todos serão para retribuir favores eleitorais ou ao partido) servirá para honrar os compromissos com a nossa dívida e alimentar familias carênciadas.

PS: Não conheço as 11.000 organismos logo não sei da utilidade deles.
 
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