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Caldeirão da Bolsa

A Festança continua, Mais Generais que os EUA.

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

comentário

por jotabilo » 2/8/2010 10:52

Caro moppie85

Tens de fazer menos perguntas de cada vez. É que cada questão que formulas, dá como resposta um compêndio, o que torna as coisas ininteligíveis, porque muito densas e complexas.

A organização das FA está estabelecida em Lei, a designada, Lei Orgânica de bases da Organização das Forças Armadas (LOBOFA) que decorre da Constituição e da Lei de Defesa Nacional.

Nela, encontra-se, fundamentalmente, estabelecida uma estrutura orgânica das FA que entende um Dispositivo e um Sistema de forças articulado em Três Ramos, Armada, Exército e Força Aérea, comandados Pelo Estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA)
Outrosim, são definidas as linhas administrativas dos Ramos ao Ministério da Defesa Nacional.

Por sua vez , o EMGFA e Os Ramos, são estruturados respectivamente, por diploma próprio.

Cada Ramo, compreende fundamentalmente: - Um comando, Orgãos superiores de Conselho e Inspecção, Um Estado Maior Coordenador, Três comandos funcionais (Pessoal, Instrução e Logística) e Um comando Territorial de onde resultam as componentes operacionais (( Um Comando Operacional das Forças Terrestres, COFT)e as tais Brigadas e outras Unidades operacionais))
Refiro-me à organização do Exército, mas de um modo geral, os outros dois ramos seguem um modelo próximo.
Bem, Isto de uma forma muito sintética e rápida é a organização das FA.

Esta organização é fundada numa linha de aperfeiçoamnto organizativo que tem quase um século de evolução e que no Exército, data de 1936, passando por 1959/60, 1976, 1992/94 e mais recentes e continuadas transformações.

Como deves saber, tudo isto se subordina ao poder politico vigente, ou seja, ao escrutínio continuado de todos nós.

A organização militar é pensada para funcionar desde o tempo de paz, para os estados de emergência ou sítio e/ou guerra.
(Esta frase poderá responder à tua questão relativa à condição militar de todo o pessoal integrante das FA que deve vir desde o tempo de paz. Daí,a necessaria lei de bases da condição militar instituida)

Daqui, poderás aquilatar a flexibilidade da capacidade organizativa que as FA devem possuir para preverem e satisfazerem a eventualidade destas situações.

Fazer um juizo de valor ampliativo sobre este modelo organizativo, parece-me ser estultícia da minha parte.

Posso no entanto dizer-te, que foi objecto de muito estudo e reflexão ao longo de décadas e feito por pessoas militares e civis, pretendendo a melhor utilização dos recursos disponíveis para este efeito de defesa da Soberania e segurança das pessoas e bens.

Poderá haver deficiências, um sentido de adapatação a novas necessidades económicas , modernidades sociais e políticas que possam tornar caducos os princípios organizativos adoptados, mas estes, de um modo geral têm sido aceites e tolerados pelos varios interesses que atravessam a nossa comunidade.
Penso até, que a organização das FA está, agora, bem adaptada, ao modelo Geopolítico que interessa ao estado Português e , consequentemente, aos objectivos estratégicos que possam estar definidos no seu conceito de entidade política na cena internacional.

As coisas são pensadas nesta dimensão e não consigo observa-las na perspectiva dos equipamentos que referes que apenas têm que obedecer às condições definidas pelos objectivos politico-estratégicos em vigor.
Os Carros de Combate (CC), os Mecanizados ou viaturas blindadas para transporte de pessoal (VBTP), os Submarinos que tu referes, apenas são meios que visam cumprir esses objectivos.

Tens de colocar em causa o sentido político da nação para encetares uma legítima critica á sua adopção.
Creio que não é coisa fácil nem feita de ânimo leve.

No entanto, se entenderes, serem úteis os teus reparos, coloca , sff, sinteticamente, aquilo que entendes não ser adequado.

cumps

PS. Não me quero refugiar em altos conceitos onde pretendesse fugir às tuas questões ojectivas. Apenas os utilizo porque julgo que deverá deste modo, ser pensada a organização militar que analisamos.

Não utilizo a expressão Recursos Humanos (RH), porque, pessoalmente, acho mais correcta a expressão Pessoal.
Para mim existem os meios em pessoal e material....e não recursos humanos versus recursos materiais....são duas realidades totalmente diversas, o aspecto antropológico, como sabes, é uma realidade muito mais complexa do que os materiais necessários para fazer viver as tropas e alimentar o combate.
O homem é mais do que um recurso, daí o meu pudor na utilização dessa expressão.
 
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por Automech » 2/8/2010 2:15

EuroVerde Escreveu:Se um jovem não passa por isto, para onde é que a sociedade caminha?


Valores como sacrificio, lealdade, obediência, respeito pelos outros, etc. não é preciso ir à 'tropa' para os aprender.

Eu orgulho-me de os ter sem nunca lá ter posto os pés porque os meus pais me incutiram esses valores, porque tive um professor primário dos antigos, porque morei numa residência universitária, porque fui escuteiro, porque fiz desporto a nivel de competição e por muitas outras coisas.

Vejo inclusivamente com pena muitos ex-colegas meus que se tornaram autênticos incapazes enquanto pessoas e profissionais, apesar de terem passado pelo serviço militar.

Ou seja, há muitas outras coisas na vida (e provavelmente melhores) que incutem os mesmos principios que referes. Acho bacoco (para não dizer mais) a velha ideia de ter de ir à tropa para alguém se tornar um homem... Aliás, por essa perspectiva, as mulheres antigamente, ao não terem essa oportunidade, terão sido verdadeiras nulidades do ponto de vista social.
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Re: comentário

por moppie85 » 2/8/2010 1:48

Caro Jotabilo,

Vou tentar ser suscinto e claro no meu "discurso escrito", o que hoje pode ser uma tarefa Herculana, pelo que te peço, assim como pedi ao "Pair of Jacks", um pco de compreensão.


Acho que tal como tens lido as mensagens dirigidas a ti, também tens lido as trocas de mensagens que tenho tido com o "mais_um" e com o "Pair of Jacks" e, espero que no meio das mensagens todas que escrevi, eu tenha conseguido passar a ideia do que acho serem os problemas principais das FAs, vistas por alguém que está "fora" da estrutura militar, que não participa na mesma que tem a noção da importância da sua existência e que é contra a ideia de que estas são dispensáveis.

Honestamente, em termos de organização das FA, achas que a sua organização está correcta? i.e. que

a) a organização está correcta - devemos manter certas divisões embora do ponto de vista estratégico, sejam "inconsequentes"? (volto ao exemplo dos "tanques" blindados vs investimento na marinha)?

b) Se ha areas (trabalhos de secretaria) que estão sob o "controlo militar" i.e. que são puramente administrativas, que poderiam ser desempenhadas pela FP.

c) se o tipo de recruta (voluntário) existente no momento (sem SMO), é correcto?

d) Se os militares que desempenham funções de secretária devem ter os beneficios que têm aqueles que andam "no campo"? - os militares per si

e) (esta é um pco offtopic) O que achas do "Dia da Defesa Nacional" como meio de publicidade às FAs?


PS: eu ia escrever um texto, mas qd cheguei a metade, vi que estava uma porcaria... Decidi colocar as perguntas às quais estava a tentar responder para tu argumentares :\


[/b]
 
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por moppie85 » 2/8/2010 1:10

mais_um Escreveu:
moppie85 Escreveu:Vou comentar uma a uma os pontos que referiste, de forma séria.

Optimo! :wink:



moppie85 Escreveu:1 - Quando referi "Tanques" e não "os carros blindados da GNR", penso que terá sido mais do que perceptivel ao que me quis referir. Aliás, foi tão perceptivel que tu entendeste. Sim, não sei nada sobre se são blindados X ou blindados Y, o que não me impede ter uma ideia (certa ou errada, como em tudo, são opiniões que podem ser debatidas sobre o que são as reais necessidades do país).

De acordo.


moppie85 Escreveu:2 - À BM que referes (obrigado pelo esclarecimento de história), qual a sua real representação nas Forças que iriam defender essa área estratégica? Seriam os "tanques portugueses" a fazer a diferença? Qual a sua REAL utilidade de facto para o país? Não seria muito melhor desempenhar outros papéis que não estes?


Quando um cirurgião vai fazer uma operação, não a faz sozinho, certo? Há vários especialistas, desde enfermeiros a outros médicos, certo? Um hospital para funcionar também tem que ter especialistas de varias áreas, certo? Uma unidade militar tem exactamente o mesmo princípio, mas para perceberes melhor esta questão é melhor ir um pouco mais atrás no tempo.
A NATO foi criada em 1949 para defender a Europa ocidental de uma eventual invasão da URSS. A estratégia da URSS e mais tarde do pacto de Varsóvia foi acumular dezenas de milhares de carros de combate junto às fronteiras com o Ocidente, porque o carro de combate é por excelência o elemento principal de uma invasão terrestre. Assim as forças que iriam lutar contra uma eventual evasão tinham que ter equipamento adequado para enfrentar a ameaça, nomeadamente a unidade a utilizar deveria ter sempre uma componente de carros de combate.


moppie85 Escreveu:Senão vejamos, como dizes, "Portugal tinha a obrigação de enviar uma divisão do exército para defender o sul da França. Após a saída da França da estrutura militar da NATO, Portugal tem (ou tinha) a obrigação de enviar as mesmas forças para o norte de Itália em caso de invasão". Honestamente, não conheço em qualquer local do Tratado da OTAN essa obrigação que referes. Se disseres que existe acordos paralelos ao Tratado, acredito. Mas como tu próprio admites (ao referires não saberes se esse "compromisso" ainda existe e cito ("Portugal tem (ou tinha)"), esses Tratados são mutáveis.



Com o fim da guerra fria, a NATO alterou a sua doutrina, mas como é óbvio o detalhe não é de conhecimento publico já que seria estar a entregar o ouro ao bandido, dai eu neste momento não saber se o posicionamento das forças terrestres portuguesas no âmbito da NATO se mantem em caso de conflito na europa.


moppie85 Escreveu: Assim, como disse anteriormente, não estou contra as FAs. Sou é a favor é de que sejam adaptadas à realidade do país a sua contribuição. Se a Portugal os ditos "tanques" não são necessários, substitua-se nesses acordos a participação na área de exército, por uma área de por ex. maritíma e deixe-se alguém assumir a área de defesa terrestre. Acho mil vezes mais importante para Portugal ter a capacidade de "mover" uma esquadra composta por 10 fragatas (que quando individualmente podem patrulhar, em tempos de paz as nossas águas com melhor eficiência do que ter 5 fragatas e ter 5 tanques, em que, em tempos de paz, ficam 5 fragatas a trabalhar e os 5 tanques a apanhar pó. Agora adequa as palavras fragatas e tanques às palavras e material militar que quiseres. Penso que é indiferente em termos do meu raciocinio.



Isto não é assim tão simples como referes, em termos de custo de aquisição e manutenção, os carros de combate são muito mais baratos que as fragatas. Os 37 carros de combate custaram cerca de 80 milhões de € (33% suportada pela NATO), as duas fragatas com 25 anos compradas à Holanda custaram cerca de 250 milhões de €.


moppie85 Escreveu:3 - Quanto aos F-16, ambos sabemos (ou enganaram-me muito bem nas noticias) que eles são made in America e são, em parte, contrapartida do "arrendamento" base das Lages. Não meto em questão, a sua importância na defesa do espaço aéreo, nem é minha intenção dizer que não são úteis na defesa do espaço aéreo. Mas não precisas de 20 ou 30 ou 10000 F16 e outros aviões de combate para proteger possiveis "desvios", especialmente se estiverem todos situados no mesmo "local" (se não me engano, os F16 estão todos na base de Monte Real (eu costumava passar ferias nas termas, e o que diziam é que os F16 de Portugal estavam todos lá). Chega para cobrirem todo o país? Chega para num caso de desvios ter aviões para cobrir o território nacional? Se chegam e sobram, temos aviões a mais. Se não chegam para isso, temos a menos. Pelo pouco que sei, chegam e sobram para as possiveis missões de terrorismo que possam existir no espaço aéreo de Portugal Continental (considerando que estão todos localizados na base de Monte Real). Tenho a certeza que com 20 aviões F16 + os outros aviões mais que chega para as encomendas... e sobra! Qual a necessidade de ter tantos?! Podes sempre dizer que o Espaço Aereo Português é vasto (temos sempre os Açores e a Madeira), mas a realidade é que os aviões F16 estão (e ressalvo que é no meu parco conhecimento) localizados todos no mesmo sitio e, que portanto, não é por aí que necessitamos de ter mais aviões para uma reacção rápida. Não seria melhor a próxima "vinda" de aviões, em vez de serem aviões, serem helis para missões mais frequentes de busca e salvamento (p.e.), ou pura e simplesmente em vez de "aviões" essa "renda americana" ser feita em manutenção de material que já possuimos?


Compreendo o teu ponto de vista e até concordo em parte com ele, nomeadamente a quantidade de F-16 necessária para cumprir as missões a que somos obrigados poderá ser discutível (actualmente serão 39 e não 20), mas nem eu nem tu temos os elementos necessários para dar uma opinião fundamentada.
Em relação aos helis, também temos, tens aviões de intercepção e ataque, os F-16, tens helis para fazer busca e salvamento na nossa área de responsabilidade, os EH-101, tens P-3 para patrulha marítima e luta anti-submarina, etc…



moppie85 Escreveu:

Não. Não foi isso que quis dizer. O que eu quis dizer é que se tens 10000 casos de ortopedia e 10 de cardiologia, precisas de 1000 ortopedistas e 1 cardiologista e não 10 ortopedistas e 10 cardiologistas ou de 10000 ortopedistas e 10000 cardiologistas que não têm sala de operações e estétoscópios. Se tu já tens aviões suficientes para garantir esse tipo de situações RARISSIMAS em Portugal (tão raras que até hoje, do meu conhecimento, zero), para quê mais aviões? Não seria mais útil outro tipo de meios ou, até contratos de
manutenção (transformados em "salas de operações" e "estetoscópios")? (e estou a repetir-me, mas não quis deixar de aproveitar a tua comparação para esclarecer o meu ponto).


É importante termos os vários tipos de armas, sejam navais, aéreas ou terrestres de modo a sermos autónomos em relação aos outros países (entenda-se que não seja só para fazer número mas tenhamos capacidade operacional), claro que o número de cada tipo deve ser adequado aos compromissos internacionais assumidos e à nossa realidade geográfica. E ai tenho que acreditar nos especialistas tal como quando dizem que é necessário mais um hospital em tal sítio, presumo que essa decisão seja fundamentada.
Se há desperdícios? Claro que há, e lobbys para vender nem sempre o mais adequado, mas isso não acontece só nas forças armadas, por exemplo na saúde também acontece gastar dinheiro em equipamento que depois raramente é utilizado, à 9 anos o meu pai caiu e fez um traumatismo craniano, foi para S. José para fazer um tac e embora o hospital tivesse 2 equipamentos, só funcionava um porque a instalação eléctrica do hospital não suportava o funcionamento dos 2.


moppie85 Escreveu:3 - Como disse anteriormente, e parece que estamos a falar de coisas diferentes, nós não fomos obrigados a nada. Nós assumimos esses compromissos. É diferente. Tu estás a referir a compromissos que ASSUMIMOS que nos OBRIGAM a tomar o comando (eu, na minha ignorancia, pensava que se tratava de um compromisso em que havia não uma obrigatoriedade de assumir (ou seja uma rotatividade obrigatória) mas sim um compromisso de participar e uma rotatividade de comando que ocorria naturalmente, por acordo dos países.


Encara a participação de Portugal na NATO como na EU, temos direitos e deveres, assumidos quando decidimos entrar.

moppie85 Escreveu:4 - Resumindo, eu nem falo em redução de custos por redução de ordenado ou por redução de $$ alocado às FAs.
Falo, de sinergias e adaptação a algo que poderá ser útil ao país quer agora quer em caso de participação no ambito de uma guerra. Será mais importante participar com 1 aviao, 1 comando, 1 médico e 1 fragata e um tanque em todas as missões (que para os nossos aliados tanto lhes faz fez como se lhes fez faz - sendo para eles uma participação simbólica) ou participar com, por exemplo, 10 fragatas em 1/10 das missões? Não seria melhor não ter esses "tanques" a apanhar pó e a envelhecer, ter 0 "tanques" e ter 10 fragatas? É isto que estou a por em causa.

Passando para a área da medicina, não será melhor investir em 1000 aparelhos de medição de glicemia (para os diabéticos) do que investir na compra de 10 vacinas do "coelho da páscoa" em que houve um caso em 50 anos e que a probabilidade de epidemia é de 1:1000000000000 e 200 aparelhos de medição de glicemia?


Compreendo o teu ponto de vista, mas na minha opinião não é comparável, estás a ser demasiado redutor. Imagina que fazes parte de uma organização internacional de saúde que para participares nela tens que ter essas 10 vacinas do “ coelho de páscoa”, tens que pesar os prós e contras.

moppie85 Escreveu:A questão que se está a colocar é se as FAs estão a gastar o correctamente ou estrategicamente dinheiro que têm disponível, assim como se coloca na mesma forma em relação à saúde ou à educação (e quase que tenho medo de colocar aqui esta palavra).




:lol: :lol:


Na generalidade, concordo com o que disseste.

Pergunto-me é se não seria possível melhorar a eficiência dos gastos militares (ou seja, tenho a ideia que os recursos poderiam ser melhor gastos)... mas será sempre colocar a foice em seara alheira.
 
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por moppie85 » 2/8/2010 1:06

PairOfJacks Escreveu:moppie85,

1. Eu não queria dizer que todas as unidades deviam ser comandadas por um doutorado em gestão, longe disso. Nem acredito que haja um número significativo de doutores nessa área nas FA. Daí ter dito 'em determinadas situações'. Estou a falar de casos muito pontuais em que se justifica ter um ou dois verdadeiros especialistas na matéria, e era mais no sentido de introduzir inovação na organização dentro da sua área de especialidade. Defendo que sejam militares a adquirir essas competências específicas porque para além da formação fora da área militar conhecem a instituição. Podes argumentar que um civil também conheceria, mas para isso é precisa alguma formação na área militar, e depois de recebida essa formação o civil passa a chamar-se militar :wink:

2. Concordo perfeitamente que a reforma antecipada não faz sentido para quem desempenha funções de gabinete a vida toda. Mas a impressão que tenho da prática (obviamente que não consigo disponibilizar dados sobre isto, é só o que observo), é que muito poucos são os que fazem isso a sua carreira toda. Posso estar demasiado preso à realidade que conheço, e esta não ser exemplificativa da realidade das FA. Mas sim, se houvesse um mecanismo capaz de determinar quem sofre ou não esse desgaste, concordaria que a reforma antecipada não fosse para todos.

3. Também concordo que quem recebeu as formações (mestrados, doutoramentos e outros cursos) deve ir desempenhar funções nessa área, para 'por a render' aquilo que aprendeu, se não deixa de se justificar a formação. Mas estás certo que não é isso que acontece?

4. Ok, dizes-me que o desgaste para um médico em fazer bancos é comparável ao desgaste do militar que anda no terreno (os médicos fazem bancos com uma mochila de 40kg às costas? :wink: brincadeira). Tudo bem, não digo que não seja desgastante, mas com que idade é que os médicos deixam de fazer bancos? É que eu vejo homens de 50 anos em exercícios militares e embarcados em unidades navais. E de qualquer maneira já referi no ponto 4 do post anterior que as profissões em que se considera haver desgaste físico acima do aceitável para se trabalhar até à normal idade da reforma deviam ter as mesmas regalias. Não gostava agora de entrar na discussão se o desgaste do médico é superior ao do militar ou não, até porque não tenho conhecimentos suficientes para avaliar isso seriamente.

5. Bom eu continuo a dizer que as FA só pagam um curso se existir a probabilidade de este vir a ser necessário para as FA. Obviamente não concordo que o estado suporte os estudos dos militares só porque sim. O que está previsto é funcionar nestes moldes. Admito que possa existir alguma ineficiência e que os teus primos estejam a fazer um curso que nunca vão por em prática (porque é que não confirmas com eles se é assim?), mas a situação normal não é essa.

6. Tu achas que um gestor nas FA ganha mais que um no privado com responsabilidades equivalentes (seguramente falas com base na realidade que conheces - amigos, conhecidos, etc), eu continuo a achar que é o inverso (com base nesse tipo de informação). Uma vez que não temos dados concretos para mostrar sugiro que cada um fique na sua e que se encerre este ponto por aqui (mas fico na minha :twisted: ).

De resto continuas a dizer que podemos por civis a fazer trabalho de militares (de gestão). Nem precisamos de discutir sobre este ponto: estás convidado para vir gerir (comandar) uma unidade por um dia (ok, vá lá, observar :wink: ), assim ficas na posse de mais informação e depois podes, ou não, mudar a tua opinião. É só uma questão de acertarmos pormenores por MP. (Claro que em troca vou ter que ir fazer um banco :twisted: )

7. Mais uma vez estás a tomar o todo pela parte. A Marinha tem mergulhadores, logo achou por bem alocar parte das verbas disponíveis para ter uma câmara hiperbárica. O facto de esta ser uma de duas no país prova que o hospital é bom? Olha que eu sou frequentador desse hospital e minha opinião não é a mesma dos teus colegas. De qualquer maneira é um bocado parvo estarmos a discutir se o hospital é bom ou não, até porque de certeza concordas que não se deve criticar as FA por ter um bom hospital.. A tua tese inicial era a de que a saúde era gratuita para os militares, foi essa que eu critiquei.

Abraço (e fica o desafio)



1. Não concordo muito com a tua afirmação que necessitaria de formação militar para desempenhar certas funções. Um exemplo que me parece mais que óbvio é a Gestão dos RH. Não me parece que seja necessário ter um conhecimento das FAs para, por exemplo, processar ordenados.
E como esta, de certeza que haverá mais funções que poderiam ser desempenhadas por civis.
Parece-me que há (como noutros sectores dependentes do Estado), desperdicio de recursos neste tipo de situações. Pergunto-me, por exemplo, se não é possível haver uma "central" de gestão de "pagamentos" (RH) de toda a FA, ou, por exemplo, haver apenas um hospital militar em vez de teres 3 hospitais, cada um para cada ramo das FAs (não descuidando, claro, que dentro desse hospital haveria médicos especializados em "problemas de saúde" mais específicos de cada ramo das FAs.

2. hmmm.... do que conheço (e reconheço não conhecer a realidade de todas as FAs), não me parece que os oficiais formados em Eng (p.e. Aeronautica), Gestão, entre outros, tenham esse desgaste. Penso que ha diversas funções que poderiam ser passadas para os civis ou, mantendo-se nos militares, "desenhar-se" um sistema de diferenciação.

3. Não te posso dizer que estou certo que é isto que acontece generalizando a partir de casos que conheço. Posso dizer-te que acontece... agora se com todos, não sei.

4. Como sabes bem, os militares não andam todos a carregar os 40kg todos os dias, tais como os médicos não fazem o mesmo número de bancos todos os meses, nem todos fazem todos os anos. Mas parece-me que estás a fugir um pouco à questão. Independentemente da profissão que se considere, não concordo que ao ser-se militar, seja-se automaticamente considerado como alguém que desempenha uma "profissão desgastante". A partir do momento que as FAs têm uma quantidade tão vasta de pessoal a desempenhar uma variedade enorme de funções, como diz e bem, o amigo Jotabilo, há quem realmente mereça essa "reforma antecipada" pelas funções que desempenha e quem não a mereça, visto que há militares que, de facto, desempenham funções de "secretaria" que têm de ser desempenhadas para as FAs funcionarem.

5. Teoricamente, deveria ser assim. Pelo que eu entendi da conversa que tive na altura, não é assim na prática. Claro que posso "puxar" novamente o assunto na próxima vez que conversarmos sobre o assunto.

6. Epá! comandante por um dia? :mrgreen: E posso praxar os recrutas? :mrgreen: É uma ideia... deste que não me faças um "Dia da Defesa Nacional" :P Atenção (e só para reforçar a ideia): não estou a defender que se "destrua" serviços essenciais das FAs, apenas refiro que há certas funções (epá, não me "sai da cabeça" a gestão dos recursos humanos) que poderiam ser realizadas por civis. Não concordo p.e. que se "destrua" a formação de algo que tem de ter mesmo conhecimento especifico e formação militar. O que quero dizer (e peço desculpa se n estou a ser suficientemente claro) é que, p.e. um gestor de "pagamentos" de RH numa câmara municipal está tão preparado para gerir os pagamentos aos RH na câmara como no ministério da educação, como num privado ou como nas FAs.

7. Não, não é gratuito (ou melhor, é tão gratuito tal como "supostamente" o SNS é). É melhor em termos de qualidade (na parte que conheço), uma vez que os militares, tal como podem "utilizar" o SNS e o "privado", têm mais um backup em termos de saúde que é, nas áreas em que conheço, na generalidade mais rápido e em algumas melhor. É uma vantagem. Parece-me é que a comparação que foi feita com a ADSE foi uma má comparação e era mais isso que queria destacar.

7a) lol, como é lógico, não ando a criticar as FAs por terem um bom hospital (aliás, se alguém deve ter boas condições de trabalho são estes hospitais), o que meto em questão é se não há sinergias que podem ser feitas nos mesmos; e como disse não digo para "reduzir" o dinheiro alocado às FAs, mas de forma a com o mesmo $$ fazer mais (tal como defendo o mesmo em outros serviço fora da esfera militar). Aproveito para destacar outra sinergia que existe e é positiva: a tal câmara hiperbárica é utilizada para tratar civis "envenenados" por monóxido de carbono - é um exemplo de sinergias (e da adaptação) que pode existir entre o investimento militar (para os mergulhadores) e a utilidade também para os civis. Claro que tem sempre de existir uma fronteira entre o que é a "cooperação" entre a Instituição Militar e a sociedade civil e o que é o "ameaçar" a Instituição Militar por transferência de competências para a esfera civil.

7b) Tenho pena que tenhas tido uma má experiencia no Hospital em questão. Na generalidade, os meus colegas ficaram com uma boa ideia do mesmo


PS: peço desculpa (novamente :mrgreen: ) se hoje a minha "escrita" não está a passar as "ideias" muito bem... a ver se melhora na próxima réplica...

PS2: e dar uma voltinha no Tridente? :mrgreen:
 
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por EuroVerde » 31/7/2010 16:15

O Serviço Militar nunca fez mal a ninguém porque trata-se de uma preparação para além da vida!
Existem valores que uma nação não deve deixar perder e na tropa aprende-se muito a darmos de nós próprios ao país e ao mundo.
Ingressar no serviço militar, aprender a estarmos no devido lugar com devido respeito e obdiência aos superiores e defender a patente com objectivo de evoluirmos passo a passo até às divisas mais graduadas. O espirito de camaradegem, o dar a vida pelo próximo sabendo que se for necessário o próximo dará a vida por nós. Inovar no campo de batalha. Saltar barreiras após barreiras, nadar no meio da lama, à chuva, ao sol, atascar-nos sem conseguirmos sair com a nossa própria mão. Lidar com armas! disparar com força e geito. Passar pelo meio de esgotos, abrir caminhos no meio das silvas e cardos, ter medo de ser picado mas ter que optar entre ser picado ou levar um tiro. Esconder-nos e saber ser prespicaz nas trincheiras, passar pela poeira e ficar mais de 5 minutos quase sem conseguir respirar. Desmaiar, acordar para novo dia, mais do mesmo. Desviar-nos das granadas. Levar um camarada às costas pela mata durante dia e noite porque foi alvejado até ao posto de enfermaria. Resistir à exaustão! Quando algo corre mal, e muitas vezes corre, encher 20, 30, 50, 60 flexões umas após outras até ao dia que se chega a fazer isso de olhos fechados com uma mão atrás das costas e sem desistir. Saber dar e levar tareia dos camaradas. Erguer às 5h ou 4h da manhã e ir p'ro mato correr sem parar pela noite dentro ao escuro. Preparar o psiquico e fisico, organizar eventos, estudar, alinhar, cantar, ajudar, e no fim dizer que valeu a pena.

Se um jovem não passa por isto, para onde é que a sociedade caminha?
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por moppie85 » 29/7/2010 21:49

Olá Jotabilo,

Venho só deixar uma mensagem rápida para não pensares que n quero discutir mais o assunto.

Assim que tiver um pouco mais de tempo, terei todo o gosto em continuar a conversa (provavelmente no fim-de-semana).

Certamente estás mais dentro do assunto que eu e, como tal, poderás explicar melhor, rebater criticas e, até quiçá, apontar caminhos.

Quantos aos erros, sintaxe, etc etc, acho q n importa muito... o que interessa são as ideias em si.
 
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comentário

por jotabilo » 29/7/2010 0:57

Caro moppie85


continuo o post anterior


Começas por colocar a seguinte questão:

"Achas que se justifica que haja quem passe uma vida militar a "estudar" ?"

Existem, definidos no estatudo do militar das FA (EMFAR) os quadros especiais que satisfazem as necessidades funcionais e operacionais das FA.
Nas Academias e Escolas de ensino militar são ministradas as formações iniciais aos militares que os integram ou possam vir a integrar.
Durante a sua carreira os militares no âmbito da formação permanente, frequentam cursos de especialização, de promoção e de qualificação.
Por exemplo, um cadete da Academia Militar do Exército pode frequentar um curso destinado ás Armas de Infantaria, Cavalaria,Artilharia, Transmissões ou Engenharia e/ou um curso destinado aos Serviços de Administração Militar, Saúde e Justiça, estes dois últimos de adopção recente.
Estes Quadros Especiais que referi têm efectivos bem definidos nas várias categorias de militares, (Of, Sarg ou Praças) e nos vários postos que comportam as carreiras para cada um previstas e que, de uma forma geral têm desenvolvimento equivalente.
Como militar desses quadros especiais, pode frequentar cursos de especialização (por exemplo um curso de explosivos minas e armadilhas, de transmissões de Infantaria.....and so On.) cursos de promoção (por exemplo de promoção a sargento Chefe, ou ao posto de capitão ou oficial superior, ou promoção a ofcial general) e cursos de qualificação como seja por exemplo o Curso de Estado Maior.
Tudo isto sucede em função dos efectivos previstos e aprovados para cada quadro especial definidos no estatuto referido.

O "estudar" que tu referes, presumo que respeita a formação recorrente que o militar a seu próprio custo vai obtendo enquanto presta as suas obrigaçôes estatutárias. Mas isso, penso que será num esforço suplementar que executa e que naturalmente lhe sai do pelo, como sói dizer-se.
Estatutáriamente, essa formação que obtém, poderá dar-lhe uma vantagem mínima prevista na avaliação periódica a que tem de se submeter, mas creio ser pouco significativa na soma dos factores a considerar nessa avaliação.
Dirás que as normas previstas nos serviços poderão dar aso a "Espertices de chico" mas isso é contra a deontologia militar e se for detectada na tal avaliação periódica poderá, eventualmente, ser notada no aspecto que é transgredido nessa avaliação.
A condição humana é isso mesmo e haverá sempre um modo de não sermos totalmente perfeitos.
Mas tendencialmente, pretendemos a verdade e a melhor correcção de procedimentos.
Existem sempre "primos" espertos para o nosso desanimo, mas penso que não é caso generalizável para podermos apurar uma disfunção nas normas regulamentares da organização.
É o que tenho a dizer nesta questão. Se precisares de algum esclarecimento e eu souber prestá-lo, farei por isso.

cumps
Editado pela última vez por jotabilo em 29/7/2010 22:44, num total de 1 vez.
 
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comentário

por jotabilo » 28/7/2010 22:59

Caro moppie85

Do teu post, no qual me respondes sobre o que expus no que referi no meu último, retirei a impressão de que é tua intenção continuar a argumentar sobre uma realidade que nos interessa a ambos e a mais alguém que aqui, nos vai acompanhando.
Parece-me uma atitude inteligente da tua parte desejares a continuidade da arguição que se iniciou de uma forma atrabiliária e sem um fim determinado a atingir.
Segundo o que pude ler, julgo que serás uma pessoa ligada à medicina ou pelo menos de formação superior nessa área do conhecimento.
Como deves ter deduzido, eu sou militar.
Não queria servir-me desta minha qualificação para reforçar as asserções que possa emitir sobre a realidade em discussão. Apenas a refiro para não julgares que apenas dou tiros para o ar sobre uma realidade que tenho o dever, de conhecer com alguma profundidade e com a necessária perspectiva nos aspectos estruturantes que a enformam e a caracterizam.
Li as tuas questões e o que vens expondo de uma forma laboriosa mas, se me permites, pouco sistematizada em vista dos fins que te propões discutir que, em síntese, se referem, fundamentalmente, à organização da FA e da eficácia com que são atingidos os objectivos que decorrem dos fins políticos a atingir.
Desculpa esta linguagem, mais ou menos elaborada, do meu discurso. Apenas pretendo , de alguma forma, dar um sentido a um sem número de questões que tens levantado.
Perdoa tb algum erro ortográfico, de pontução ou sintaxe que possa cometer. Escrevo sem corrector e apenas me interessa que as ideias que possa expôr sejam entendidas minimamente.
Afigura-se-me que na área da organização militar (ou outra) se deve, antes de tudo, ter um conhecimento conciso das leis que a enquadram para depois detectarmos o que não está em conformidade com esse enquadramento e infirmarmos os aspectos que possam merecer critica.
Referir aspectos pontuais e observados fora do contexto dessas leis, apenas podem gerar perturbação na interpretação dos factos observados.
Julgo, e com respeito o refiro, que de um modo geral tens relatado deste modo, os factos que me parece, achas incorrectos.
Existem; Uma Consttuição, uma Lei de Defesa Nacional,Uma Lei de Bases da Condição Militar, Uma Lei Orgânica das FA e, delas decorrentes, os Dec-Lei estruturantes dos Ramos e naturalmente, Um Estatuto dos Miitares onde são fixados, fundamentalmente, os principais deveres e direitos dos militares, os aspectos relativos às carreiras e condições de promoção, os quadros especiais constituidos, e as várias situações de serviço que são consideradas, no Activo, na Reserva ou Reforma. Designamos este último como o EMFAR.
Como observação, posso desde já reparar, que não existe a figura de "reforma antecipada" nem acontecer promoção por cumprimento de comissão de serviço na cooperação tecnico militar em Cabo Verde, como referiste num dos teus post's.


Vou submeter o que escrevi mas continuarei, se desejares, esta conversa.


cumps
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por Sr_SNiper » 28/7/2010 17:10

PairOfJacks Escreveu:Bullim,

Tenho-me esquecido de dizer isto, mas acho o nome do tópico sensionalista, incorrecto e pejorativo para os militares.

Da promoção de 7 militares a oficias generais como é que passaste para a expressão 'festança' e como é que concluiste que temos mais oficias generais que os EUA?

Cumprimentos


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por PairOfJacks » 28/7/2010 13:40

Bullim,

Tenho-me esquecido de dizer isto, mas acho o nome do tópico sensionalista, incorrecto e pejorativo para os militares.

Da promoção de 7 militares a oficias generais como é que passaste para a expressão 'festança' e como é que concluiste que temos mais oficias generais que os EUA?

Cumprimentos
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por PairOfJacks » 28/7/2010 13:37

moppie85,

1. Eu não queria dizer que todas as unidades deviam ser comandadas por um doutorado em gestão, longe disso. Nem acredito que haja um número significativo de doutores nessa área nas FA. Daí ter dito 'em determinadas situações'. Estou a falar de casos muito pontuais em que se justifica ter um ou dois verdadeiros especialistas na matéria, e era mais no sentido de introduzir inovação na organização dentro da sua área de especialidade. Defendo que sejam militares a adquirir essas competências específicas porque para além da formação fora da área militar conhecem a instituição. Podes argumentar que um civil também conheceria, mas para isso é precisa alguma formação na área militar, e depois de recebida essa formação o civil passa a chamar-se militar :wink:

2. Concordo perfeitamente que a reforma antecipada não faz sentido para quem desempenha funções de gabinete a vida toda. Mas a impressão que tenho da prática (obviamente que não consigo disponibilizar dados sobre isto, é só o que observo), é que muito poucos são os que fazem isso a sua carreira toda. Posso estar demasiado preso à realidade que conheço, e esta não ser exemplificativa da realidade das FA. Mas sim, se houvesse um mecanismo capaz de determinar quem sofre ou não esse desgaste, concordaria que a reforma antecipada não fosse para todos.

3. Também concordo que quem recebeu as formações (mestrados, doutoramentos e outros cursos) deve ir desempenhar funções nessa área, para 'por a render' aquilo que aprendeu, se não deixa de se justificar a formação. Mas estás certo que não é isso que acontece?

4. Ok, dizes-me que o desgaste para um médico em fazer bancos é comparável ao desgaste do militar que anda no terreno (os médicos fazem bancos com uma mochila de 40kg às costas? :wink: brincadeira). Tudo bem, não digo que não seja desgastante, mas com que idade é que os médicos deixam de fazer bancos? É que eu vejo homens de 50 anos em exercícios militares e embarcados em unidades navais. E de qualquer maneira já referi no ponto 4 do post anterior que as profissões em que se considera haver desgaste físico acima do aceitável para se trabalhar até à normal idade da reforma deviam ter as mesmas regalias. Não gostava agora de entrar na discussão se o desgaste do médico é superior ao do militar ou não, até porque não tenho conhecimentos suficientes para avaliar isso seriamente.

5. Bom eu continuo a dizer que as FA só pagam um curso se existir a probabilidade de este vir a ser necessário para as FA. Obviamente não concordo que o estado suporte os estudos dos militares só porque sim. O que está previsto é funcionar nestes moldes. Admito que possa existir alguma ineficiência e que os teus primos estejam a fazer um curso que nunca vão por em prática (porque é que não confirmas com eles se é assim?), mas a situação normal não é essa.

6. Tu achas que um gestor nas FA ganha mais que um no privado com responsabilidades equivalentes (seguramente falas com base na realidade que conheces - amigos, conhecidos, etc), eu continuo a achar que é o inverso (com base nesse tipo de informação). Uma vez que não temos dados concretos para mostrar sugiro que cada um fique na sua e que se encerre este ponto por aqui (mas fico na minha :twisted: ).

De resto continuas a dizer que podemos por civis a fazer trabalho de militares (de gestão). Nem precisamos de discutir sobre este ponto: estás convidado para vir gerir (comandar) uma unidade por um dia (ok, vá lá, observar :wink: ), assim ficas na posse de mais informação e depois podes, ou não, mudar a tua opinião. É só uma questão de acertarmos pormenores por MP. (Claro que em troca vou ter que ir fazer um banco :twisted: )

7. Mais uma vez estás a tomar o todo pela parte. A Marinha tem mergulhadores, logo achou por bem alocar parte das verbas disponíveis para ter uma câmara hiperbárica. O facto de esta ser uma de duas no país prova que o hospital é bom? Olha que eu sou frequentador desse hospital e minha opinião não é a mesma dos teus colegas. De qualquer maneira é um bocado parvo estarmos a discutir se o hospital é bom ou não, até porque de certeza concordas que não se deve criticar as FA por ter um bom hospital.. A tua tese inicial era a de que a saúde era gratuita para os militares, foi essa que eu critiquei.

Abraço (e fica o desafio)
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por mais_um » 28/7/2010 12:44

moppie85 Escreveu:Vou comentar uma a uma os pontos que referiste, de forma séria.

Optimo! :wink:



moppie85 Escreveu:1 - Quando referi "Tanques" e não "os carros blindados da GNR", penso que terá sido mais do que perceptivel ao que me quis referir. Aliás, foi tão perceptivel que tu entendeste. Sim, não sei nada sobre se são blindados X ou blindados Y, o que não me impede ter uma ideia (certa ou errada, como em tudo, são opiniões que podem ser debatidas sobre o que são as reais necessidades do país).

De acordo.


moppie85 Escreveu:2 - À BM que referes (obrigado pelo esclarecimento de história), qual a sua real representação nas Forças que iriam defender essa área estratégica? Seriam os "tanques portugueses" a fazer a diferença? Qual a sua REAL utilidade de facto para o país? Não seria muito melhor desempenhar outros papéis que não estes?


Quando um cirurgião vai fazer uma operação, não a faz sozinho, certo? Há vários especialistas, desde enfermeiros a outros médicos, certo? Um hospital para funcionar também tem que ter especialistas de varias áreas, certo? Uma unidade militar tem exactamente o mesmo princípio, mas para perceberes melhor esta questão é melhor ir um pouco mais atrás no tempo.
A NATO foi criada em 1949 para defender a Europa ocidental de uma eventual invasão da URSS. A estratégia da URSS e mais tarde do pacto de Varsóvia foi acumular dezenas de milhares de carros de combate junto às fronteiras com o Ocidente, porque o carro de combate é por excelência o elemento principal de uma invasão terrestre. Assim as forças que iriam lutar contra uma eventual evasão tinham que ter equipamento adequado para enfrentar a ameaça, nomeadamente a unidade a utilizar deveria ter sempre uma componente de carros de combate.


moppie85 Escreveu:Senão vejamos, como dizes, "Portugal tinha a obrigação de enviar uma divisão do exército para defender o sul da França. Após a saída da França da estrutura militar da NATO, Portugal tem (ou tinha) a obrigação de enviar as mesmas forças para o norte de Itália em caso de invasão". Honestamente, não conheço em qualquer local do Tratado da OTAN essa obrigação que referes. Se disseres que existe acordos paralelos ao Tratado, acredito. Mas como tu próprio admites (ao referires não saberes se esse "compromisso" ainda existe e cito ("Portugal tem (ou tinha)"), esses Tratados são mutáveis.



Com o fim da guerra fria, a NATO alterou a sua doutrina, mas como é óbvio o detalhe não é de conhecimento publico já que seria estar a entregar o ouro ao bandido, dai eu neste momento não saber se o posicionamento das forças terrestres portuguesas no âmbito da NATO se mantem em caso de conflito na europa.


moppie85 Escreveu: Assim, como disse anteriormente, não estou contra as FAs. Sou é a favor é de que sejam adaptadas à realidade do país a sua contribuição. Se a Portugal os ditos "tanques" não são necessários, substitua-se nesses acordos a participação na área de exército, por uma área de por ex. maritíma e deixe-se alguém assumir a área de defesa terrestre. Acho mil vezes mais importante para Portugal ter a capacidade de "mover" uma esquadra composta por 10 fragatas (que quando individualmente podem patrulhar, em tempos de paz as nossas águas com melhor eficiência do que ter 5 fragatas e ter 5 tanques, em que, em tempos de paz, ficam 5 fragatas a trabalhar e os 5 tanques a apanhar pó. Agora adequa as palavras fragatas e tanques às palavras e material militar que quiseres. Penso que é indiferente em termos do meu raciocinio.



Isto não é assim tão simples como referes, em termos de custo de aquisição e manutenção, os carros de combate são muito mais baratos que as fragatas. Os 37 carros de combate custaram cerca de 80 milhões de € (33% suportada pela NATO), as duas fragatas com 25 anos compradas à Holanda custaram cerca de 250 milhões de €.


moppie85 Escreveu:3 - Quanto aos F-16, ambos sabemos (ou enganaram-me muito bem nas noticias) que eles são made in America e são, em parte, contrapartida do "arrendamento" base das Lages. Não meto em questão, a sua importância na defesa do espaço aéreo, nem é minha intenção dizer que não são úteis na defesa do espaço aéreo. Mas não precisas de 20 ou 30 ou 10000 F16 e outros aviões de combate para proteger possiveis "desvios", especialmente se estiverem todos situados no mesmo "local" (se não me engano, os F16 estão todos na base de Monte Real (eu costumava passar ferias nas termas, e o que diziam é que os F16 de Portugal estavam todos lá). Chega para cobrirem todo o país? Chega para num caso de desvios ter aviões para cobrir o território nacional? Se chegam e sobram, temos aviões a mais. Se não chegam para isso, temos a menos. Pelo pouco que sei, chegam e sobram para as possiveis missões de terrorismo que possam existir no espaço aéreo de Portugal Continental (considerando que estão todos localizados na base de Monte Real). Tenho a certeza que com 20 aviões F16 + os outros aviões mais que chega para as encomendas... e sobra! Qual a necessidade de ter tantos?! Podes sempre dizer que o Espaço Aereo Português é vasto (temos sempre os Açores e a Madeira), mas a realidade é que os aviões F16 estão (e ressalvo que é no meu parco conhecimento) localizados todos no mesmo sitio e, que portanto, não é por aí que necessitamos de ter mais aviões para uma reacção rápida. Não seria melhor a próxima "vinda" de aviões, em vez de serem aviões, serem helis para missões mais frequentes de busca e salvamento (p.e.), ou pura e simplesmente em vez de "aviões" essa "renda americana" ser feita em manutenção de material que já possuimos?


Compreendo o teu ponto de vista e até concordo em parte com ele, nomeadamente a quantidade de F-16 necessária para cumprir as missões a que somos obrigados poderá ser discutível (actualmente serão 39 e não 20), mas nem eu nem tu temos os elementos necessários para dar uma opinião fundamentada.
Em relação aos helis, também temos, tens aviões de intercepção e ataque, os F-16, tens helis para fazer busca e salvamento na nossa área de responsabilidade, os EH-101, tens P-3 para patrulha marítima e luta anti-submarina, etc…



moppie85 Escreveu:

Não. Não foi isso que quis dizer. O que eu quis dizer é que se tens 10000 casos de ortopedia e 10 de cardiologia, precisas de 1000 ortopedistas e 1 cardiologista e não 10 ortopedistas e 10 cardiologistas ou de 10000 ortopedistas e 10000 cardiologistas que não têm sala de operações e estétoscópios. Se tu já tens aviões suficientes para garantir esse tipo de situações RARISSIMAS em Portugal (tão raras que até hoje, do meu conhecimento, zero), para quê mais aviões? Não seria mais útil outro tipo de meios ou, até contratos de
manutenção (transformados em "salas de operações" e "estetoscópios")? (e estou a repetir-me, mas não quis deixar de aproveitar a tua comparação para esclarecer o meu ponto).


É importante termos os vários tipos de armas, sejam navais, aéreas ou terrestres de modo a sermos autónomos em relação aos outros países (entenda-se que não seja só para fazer número mas tenhamos capacidade operacional), claro que o número de cada tipo deve ser adequado aos compromissos internacionais assumidos e à nossa realidade geográfica. E ai tenho que acreditar nos especialistas tal como quando dizem que é necessário mais um hospital em tal sítio, presumo que essa decisão seja fundamentada.
Se há desperdícios? Claro que há, e lobbys para vender nem sempre o mais adequado, mas isso não acontece só nas forças armadas, por exemplo na saúde também acontece gastar dinheiro em equipamento que depois raramente é utilizado, à 9 anos o meu pai caiu e fez um traumatismo craniano, foi para S. José para fazer um tac e embora o hospital tivesse 2 equipamentos, só funcionava um porque a instalação eléctrica do hospital não suportava o funcionamento dos 2.


moppie85 Escreveu:3 - Como disse anteriormente, e parece que estamos a falar de coisas diferentes, nós não fomos obrigados a nada. Nós assumimos esses compromissos. É diferente. Tu estás a referir a compromissos que ASSUMIMOS que nos OBRIGAM a tomar o comando (eu, na minha ignorancia, pensava que se tratava de um compromisso em que havia não uma obrigatoriedade de assumir (ou seja uma rotatividade obrigatória) mas sim um compromisso de participar e uma rotatividade de comando que ocorria naturalmente, por acordo dos países.


Encara a participação de Portugal na NATO como na EU, temos direitos e deveres, assumidos quando decidimos entrar.

moppie85 Escreveu:4 - Resumindo, eu nem falo em redução de custos por redução de ordenado ou por redução de $$ alocado às FAs.
Falo, de sinergias e adaptação a algo que poderá ser útil ao país quer agora quer em caso de participação no ambito de uma guerra. Será mais importante participar com 1 aviao, 1 comando, 1 médico e 1 fragata e um tanque em todas as missões (que para os nossos aliados tanto lhes faz fez como se lhes fez faz - sendo para eles uma participação simbólica) ou participar com, por exemplo, 10 fragatas em 1/10 das missões? Não seria melhor não ter esses "tanques" a apanhar pó e a envelhecer, ter 0 "tanques" e ter 10 fragatas? É isto que estou a por em causa.

Passando para a área da medicina, não será melhor investir em 1000 aparelhos de medição de glicemia (para os diabéticos) do que investir na compra de 10 vacinas do "coelho da páscoa" em que houve um caso em 50 anos e que a probabilidade de epidemia é de 1:1000000000000 e 200 aparelhos de medição de glicemia?


Compreendo o teu ponto de vista, mas na minha opinião não é comparável, estás a ser demasiado redutor. Imagina que fazes parte de uma organização internacional de saúde que para participares nela tens que ter essas 10 vacinas do “ coelho de páscoa”, tens que pesar os prós e contras.

moppie85 Escreveu:A questão que se está a colocar é se as FAs estão a gastar o correctamente ou estrategicamente dinheiro que têm disponível, assim como se coloca na mesma forma em relação à saúde ou à educação (e quase que tenho medo de colocar aqui esta palavra).




:lol: :lol:
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por moppie85 » 28/7/2010 8:17

Desculpem todos, mas n costumo assinar as minhas mensagens...

Quando vi que assinaram com "abraços", 2cumps", etc. achei que realmente ficava mal n saudar de volta :mrgreen:


cumprimentos & abraços :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:
 
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Re: comentário

por moppie85 » 28/7/2010 7:25

jotabilo Escreveu:Caro moppie85

Naturalmente que apenas queria argumentar algumas ideias sobre a realidade militar.
Fico surpreendido pelo ar jocoso com que teces as tuas observações sobre os aspectos que fui abordando.
Mas com esse modo apenas revelas pouca seriedade na dialética que podiamos encetar sobre este assunto das FA.
Era minha intenção esclarecer-te se soubesses dialogar com alguma honradez, mas vejo que a brancura da pantalha que tudo permite dizer, não te deixa utilizar esta oportunidade de diálogo esclarecedor.
Portanto, não te incomodo mais.
Os juizos que fiz sobre o alheamento das pessoas sobre a realidade em causa, não tinham qualquer carácter pejorativo, eram apenas uma constatação.
Citei aspectos, que tu referes estarem fora do contexto da discussão, apenas para tentar uma aproximação dos aspectos mais centrais ou mais candentes.
Aconselho-te uma leitura de Platão nos vários livros da sua obra, especialmente, o Banquete, Fedon ou talvez a Apologia de Sócrates, com o desejo que aprendas a conduzir um diálogo construtivo e esclarecedor.
Assim não, meu Caro e lamento que assim seja.
Não sabes dialogar argumentando.
Dir-te-ia mais coisas, mas creio que apenas desejas fazer prevalecer aqui, o teu ego, por galanicie.

cumps



Se há pessoa que se farta de argumentar, sou eu.
O que te passei em tom jocoso é que os teus argumentos são não-argumentos.

Ninguém pôs em causa a Instituição Militar ou o papel que esta desempenha, pelo que os teus argumentos não têm validade nenhuma.
Claro que é preciso que haja quem saiba preparar a logistica, quem saiba montar as cozinhas, quem saiba a rotina militar e, mesmo que não ponham em prática a toda a hora, têm de existir.

Aliás, se não houver uma estrutura militar minima, como é que, em caso de ser necessário activar as reservas territoriais, organizavas tudo? Não conseguias. Mas não foi isso que pus em causa - o que pus em causa são certas regalias que, em minha opinião, não deviam existir e, a organização/escolha de certos recursos... e para isso não deste qualquer argumento!

Falaste da importância, algo que, acho que aqui ninguém meteu em causa. Ninguém quer fazer um "disband" das FAs (aliás, como referi noutras mensagens neste tópico).

Resumindo os meus posts todos (e és livre de comentar ou não):


a) Achas que se justifica que haja quem passe uma vida militar a "estudar"?


b) Que quem passa a vida "militar" a fazer trabalho de secretária (igual a q outros têm sendo civis) tenha direito a reforma antecipada e todas as mordomias? Não seria melhor passar esse tipo de trabalho para a esfera civil e deixar dentro da carreira militar aquilo que realmente É militar? (e isto considerando as dimensões das nossas FAs)


c) Achas bem que se mantenham militares (de um major tenho eu a certeza absoluta) a "tomar conta" de "estâncias de férias"? Um major que a seguir vai fazer uma "missão" para Cabo Verde que ele classifica de "férias" para ser promovido?


d) Achas que a estrutura militar e o dinheiro militar está a ser bem aplicado (e nem falo em reduzir o nr de tropas, o $ em material, os ordenados, etc., como já vi por aqui escrito). Falo em alocação de homens e decisão sobre que material comprar? Achas que a organização é a melhor para o país?


Repito novamente, a minha intenção não é dizer que andam com o cú para a lua, ou que as FAs são um retiro, porque se fossem era tudo a inscrever-se nos Centros de Recrutamento.
Digo é que há situações que eu, visto de fora, acho que poderiam ser mudades e que quem está dentro poderia contribuir com ideias em vez de apenas referir que as forças armadas são importantes...
 
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por moppie85 » 28/7/2010 7:09

PairOfJacks Escreveu:moppie85, não vou poder citar o teu post (em resposta ao meu, que é resposta ao teu :wink: ) se não isto fica intragável de tão gigantesco, mas vou tentar seguir a ordem lógica pela qual falas das coisas:

1. Dizes que nas FA não são precisos doutorados em gestão nem engenharia. O que se faz mais nas forças armadas é gestão, e também se faz engenharia (nos três ramos). Volto a frisar que as FA só pagam aqueles cursos que considera úteis, se quiseres tirar por exemplo, uma pós-graduação em mercados e activos financeiros estás por tua conta. E em determinadas situações é muito mais proveitoso formar um militar com valências tão específicas como essas porque é um indivíduo que está por dentro da estrutura, capacidades e limitações da organização. Um civil não estaria tão à vontade nas áreas puramente militares e normalmente não consegues separar as duas funções. Se estiver a ser curto diz, que eu estendo-me mais neste tópico.

2. Nunca disse que era 'culpa' dos teus primos que o sistema esteja montado de maneira a que toda a sua formação seja paga pelas FA. Tu disseste que eles estudam para não trabalhar, porventura para exemplificares que nas forças armadas não se faz nenhum, e é apenas essa atitude que eu critico (a de estudar para não trabalhar, e não para vir a render mais para a organização no futuro), e que não gostaria de deixar passar como aplicável/comum à classe militar.

3. Comparas a avaliação anual de um médico interno a um doutoramento? Deve ser puxadota essa avaliação :wink: Eu não tenho dúvidas que muita gente trabalha enquanto faz licenciaturas, mestrados e doutoramentos. Nem tenho dúvidas que é possível. O que eu te quis mostrar é que se recorrentemente um militar tem uma prova ou trabalho para entregar e nessa data tem exercício ou está em missão (por estar a acumular trabalho/estudo), então vai dificultar em muito a conclusão da formação no tempo mínimo. As FA optam por dedicar o militar exclusivamente aos estudos e em troca exigir-lhe aproveitamento (em princípio nenhuma cadeira pode ser deixada para trás em ano nenhum, e o curso é sempre concluído no mínimo tempo possível).

4. Eu disse que os militares terem a idade de reforma mais baixa é facilmente justificável com o desgaste físico da profissão e com as específicidades do trabalho de militar em comparação com o geral da população. Nota, que não defendi que tal não se aplica também a outras profissões de elevado desgaste. A comparação com o médico não será provavelmente a mais feliz porque (corrige-me se estou enganado), todas essas horas 'extra' são pagas ao invés do militar que recebe o mesmo ao fim do mês. Independentemente disso o que é que fazes ao militar aos 60 anos? Vai fazer o RVCC e trabalhar para uma pastelaria os 5 anos que lhe faltam para a reforma? Os oficiais, em geral, facilmente se enquadrariam em funções de gestão, porque é a isso que estão habituados. Mas tens que ver que no quadro das praças tens indivíduos cuja função foi disparar uma arma, ou operar um radar quase a vida toda. Como é que se integram esses no mercado de trabalho?

5. Concordo que existem outras profissões em que as pessoas têm que manter elevados graus de prontidão, e que fazem 12horas por dia ou até mais. Nunca disse o contrário. Compreende que tu passaste a imagem que nas forças armadas não se fazia um charuto e se vivia uma vida inteira a estudar à conta do pai Estado, e foi só isso que eu tentei utilizar argumentos para contrariar. Não disse que os outros são piores e que não há melhores profissionais em parte nenhuma (até porque estou longe de pensar isso). Só acho que os teus primos não devem ser tomados como exemplo/imagem das FA por quem lê este fórum. Há bons profissionais e maus profissionais, como em todo o lado. Não tens colegas médicos que não cumprem as suas funções tão bem como deveriam? Eu conheço alguns (médicos) que sei que não devem ser tomados como exemplo e por isso não abro aqui um tópico a dizer que todos os médicos só coçam a barriga (até porque é frequente aparecerem tópicos desses aqui no fórum :wink: ). Como te disse não acho que seja justo apontar defeitos a uma profissão inteira considerando uma amostra de 2 indivíduos (ou 10, ou 100).

6. Não falaste de ordenados :?: - " Têm ordenados superiores, reforma antecipada, serviço médico gratuito, estudos pagos, ordenados superiores à média dos empregados no privado, etc. etc. etc.

Até falaste duas vezes :!: Não sei quanto devias receber, não tenho capacidade para avaliar quanto 'vales' para a sociedade :wink: Tu é que disseste que os ordenados eram superiores e mais uma vês eu só quis demonstrar que não eram superiores, estão mais ou menos em linha com restante sector público e claramente abaixo do privado.

7. Não disse que ficavam anos à espera de uma consulta, não disse que os hospitais eram mal equipados. Tu disseste que o serviço médico era gratuito e eu disse que não, só isso. O meu post foi só uma resposta aos teus argumentos, que considerei em geral fracos e altamente generalistas. Nunca disse que ser militar era bom, mau ou assim-assim :wink:

Agora como aparte, tiveste sorte com o hospital do estágio, provavelmente era o mais bem equipado que podias encontrar. Mas não tomes a parte pelo todo, pelo hospital da força aérea não podes concluir que todos os hospitais das FA são bons :wink:

Abraço



1 - Sim e não. É verdade que há muita gestão nas Forças Armadas, assim como há muita gestão nos hospitais. Isso não faz premissa para que a dirigir um hospital esteja um Prof. Doutor (um doutorado) e que, ao mesmo tempo que tivesse a fazer esse doutoramento, pagassem para que ele o fizesse e estivesse ao mesmo tempo com "isenção" de horário? (eu sei que não é isenção total, mas é quase). Ao mesmo tempo, ficaria na mesma, com direito à reforma "antecipada" militar, independentemente de, de facto, estar a desempenhar funções de "gabinete", que até entrar em funções, não desempenhou?


Atenção, a minha ideia não é acabar com "reformas antecipadas", mas dá-las a quem realmente as "merece". Quem vai para cenários de guerra, que está sujeito ao stress de guerra, que arrisca a sua vida pela pátria, quem realmente (e desculpem-me os demais militares) é Militar no terreno. Quanto aos restantes, que desempenham funções necessárias, mas que não são dependentes da idade, não vejo o motivo para que se reformem mais cedo.

2 - Como é lógico, e repito, na FA claro que se trabalha. O que não quer dizer que também não se faça "ronha". Tal como me apontam casos nos médicos em que há ronha (começando por colegas que deviam começar a trabalhar às 9h e entram às 11h), também me sinto no direito de apontar o que vejo nos outros e o que acho que deve ser mudado.

3 - Comparo. Aliás, a duração de um internato é de 5 anos e é avaliado todos os anos (tirando o primeiro que é o ano de "férias" em termo de avaliação). Quando sais do curso sais com uma base, base essa que tem de ser aprofundada à grande e à francesa antes de conseguires ser "Oftalmologista", "Ortopedista", "Neurocirurgião", etc. Eu diria que cada especialidade médica corresponde a um "doutoramento" em termos de trabalho.

As FA optam por dedicar o militar exclusivamente aos estudos e em troca exigir-lhe aproveitamento (em princípio nenhuma cadeira pode ser deixada para trás em ano nenhum, e o curso é sempre concluído no mínimo tempo possível).

Sim e não. A verdade é que é permitido alguma folga e não tenho nada contra essa folga.

Quanto aos estudos, tal como os médicos que escolhem fazer os seus internatos em determinado sitio para que ninguém quer ir recebem "bolsas", também defendo o mesmo para a FA e não meto isso em questão, em relação a pagarem a pessoas para tirarem cursos em que estão carenciados. O que meto em questão é que se ponha em formação um individuo por tantos anos para depois ir desempenhar uma função que poderia desempenhar na mesma com menor formação por meia dúzia de anos (porque continua com o direito à reforma antecipada). Não me verás em algum sitio a dizer que para todos os militares é "papa-doce" e que estão todos na ronha.

4 - Acho que a comparação com os médicos foi feliz. O pagamento é irrelevante quando és obrigado a fazê-las. Penso que ambos concordamos que a grande maioria dos médicos trocava de bom grado a meia "dúzia de patacos" por não ter bancos (porque o que está em causa não é o banco em si e o pagamento, mas o número de horas que são e às horas que são e o saberes quando os tens de fazer apenas no mês anterior e não o que é pago pelos bancos que faz). É algo que desgasta e é por isso que deixam de ser obrigatórios a partir de certa idade. Os banco só são "pagos" assim, porque podem ser feitos de dia, de noite, aos fins-de-semana, etc. Por mim podiam fazer um preço fixo e incluí-lo no meu ordenado ao fim do mês. Isso do ser "fixo" ou "variável" é indiferente. O que interessa é o desgaste que produz.

5 - Não, não são todos os que fazem ronha, tal como não são todos os impecáveis (como alguém quis fazer parecer que sim). Aliás, mais do que a "ronha" ou não, o que queria por em causa é o estar a fazer "especializações" que não interessam. Imagina que eles tiravam o curso, começavam a desempenhar funções e a FA decidia que até precisavam de um gajo permanente que soubesse a especialização X (imagina o funcionamento e reparação do motor a jacto). Epá! Óptimo! Era o 1º a concordar que lhe dessem isenção de horário e se fosse preciso que lhe pagassem a ouro para fazer a especialização que necessitam. Agora, sem ter "trabalhado", decidir tirar o mestrado num tema escolhido por ele e depois ir para o doutoramento... epá! Isso não! Isso recorda-me aqueles filhos que vão saltando de curso em curso e os paizinhos a pagarem e, depois quando os paizinhos precisam de apoio, põem-se na alheta (mais ou menos como o escandalo que rebentou há uns anos com a saída dos Pilotos Aviadores para o privado, mas em vez de ser por "candidatura politica" é por "candidatura académica até à reforma". (quanto aos meus primos fazerem isso, acho bem! Eu se tivesse no mesmo lugar que eles e me fosse dado a oportunidade, era capaz de fazer o mesmo. O erro não está neles, o erro está em permitirem que façam isso).

6 - O falar em "ordenados superiores" e "ordenados superior aos do privado" é de facto uma repetição e errada. Era "superior ao sector público" - é o que dá o cansaço. Mas não me verás a escrever que acho 1200 muito para um tenente ou 5000 para um general. Tal como tu não sabes avaliar o meu eu não sei avaliar o teu. Agora, se te disser que um gestor na FA ganha em média mais do que um no público (e este é capaz mesmo de receber mais do que num privado... porque gestores a receber milhões não há muitos!), é verdade. E isso acho mal quando as tarefas desempenhadas são as mesmas, ou seja, quando as mesmas tarefas podem ser desempenhadas por civis (como é o caso da gestão). Acho muito mais correcto abrirem um concurso para entrada de civis para desempenharem as funções de "gestor" de determinada coisa militar (p.e. para fazerem a gestão dos pagamentos dos RH) do que andarem a formar "militares" para desempenhar essas funções a preços superiores. Parece-me uma proposta razoável... pelo menos aos meus olhos (se for descabida, tu de certeza contra-argumentarás!)

7 - Foi um contra argumento a comprar a saúde militar ao ADSE... Olha que os meus colegas no hospital da marinha também não se queixaram! :P (aliás, na altura só havia 2 câmaras de tratamento hiperbárico no país e uma delas encontra-se no hospital da marinha).
 
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Re: Comentário

por moppie85 » 28/7/2010 6:12

Sr_SNiper Escreveu:Fala o períto que, pelos vistos, nem conhece os cursos da Academia da Força Aérea, da Academia da Marinha e da Academia Militar.

Estou a ver que aqui é só peritos...


Ridiculo pegar por aí.

Assim como eu não pego por alguém trocar um nome qualquer e chamar "Faculdade de Medicina de Lisboa" em vez de "Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa" ou "Hospital Distrital de Faro" em vez de "Hospital Central de Faro" ou "Hospitais de Lisboa centro" em vez de "Centro Hospital de Lisboa centro" que de facto são a mesma coisa. Aliás, eu sabia que uma delas tinha nome diferente (até pensei que fosse a do exército), mas nem fui pesquisar porque era irrelevante... No entanto fiquei triste. Estava à espera que fosse o Hommer Simpson a colocar o comentário.


Eu não me identifiquei como "perito" porque não o sou.

Nem disse que alguém estava a dizer "patranhas" e "mal dicencia" por dizer coisas do seu conhecimento (ou que lhe foram transmitidas por familiares que estão nas FAs). Aliás, eles até podem estar a enganar-me, embora não veja o que os meus primos ganham nisso...

EDIT: typo: cento ---> centro
Editado pela última vez por moppie85 em 28/7/2010 7:43, num total de 1 vez.
 
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por moppie85 » 28/7/2010 6:03

Sr_SNiper Escreveu:Quem diria, afinal o exército não é só para nos defendermos de Espanha...


27 Julho 2010


Exército mobilizou seis pelotões para ajudar no combate aos incêndios
11h52m
JN
Exército mobilizou seis pelotões para auxiliar o combate aos fogos. Às 11.50 horas de hoje, terça-feira, havia 12 incêndios activos nos distritos de Aveiro, Viana do Castelo, Braga, Viseu e Vila Real.

O tenente-coronel Hélder Perdigão, porta-voz do Estado Maior do Exército, precisou que "dois pelotões estão em Caminha, dois em Alcácer do Sal e os restantes em Viana do Castelo, em operações de rescaldo e apoio à Protecção Civil".

Os primeiros homens foram mobilizados para a zona entre Alcácer do Sal e Tróia, "ao fim da noite passada", para um incêndio que deflagrou ao início da tarde de segunda-feira, e que se "encontra em fase de rescaldo", afirmou o oficial.

Os militares mobilizados pertencem aos "Depósitos Gerais de Material do Exército, Escola Prática de Artilharia, Regimento de Transmissões do Porto, Regimento de Cavalaria de Braga, Unidades que estão mobilizadas em apoio da Protecção Civil", detalhou o porta-voz.

"Os primeiros homens foram chamados ao fim da noite de ontem (segunda-feira)", tendo a Protecção Civil "solicitado mais quatro pelotões" durante a madrugada, referiu.

O Exército participa nos incêndios ao "abrigo do plano Lira", que visam sobretudo "operações de rescaldo", concluiu Hélder Perdigão.

Mais meios mobilizados em Aveiro

Segundo informa a Autoridade Nacional da Protecção Civil, os incêndios de Ermida (Sever do Vouga) e Rebordelo (Santa Maria da Feira) em Aveiro, são os que mobilizam mais meios, nomeadamente, 110 e 111 efectivos.

Ainda no distrito de Aveiro, as chamas lavram em Serem (Águeda), Covais e Lugar das Ribeiras (Oliveira de Azeméis) e Fontão (Albergaria-a-Velha).

Em Penafiel, Porto, pelas 10.45 horas, 129 bombeiros, apoiados por 40 viaturas e um helicóptero pesado, tinham já conseguido dominar três das quatro frentes de fogo activas, na Serra de Luzim.

De acordo com fonte da Protecção Civil Municipal de Penafiel, naquela serra resta apenas por dominar uma frente do fogo, que consumiu um total de 125 hectares. A área ardida corresponde a uma zona de floresta, não havendo habitações em perigo.

Durante a noite, dois grandes incêndios consumiram mato em Valpedre e S. Mamede de Recesinhos. Ambos os fogos estão extintos.

Em Braga há três focos que preocupam os bombeiros: em Sobradelo da Goma (Póvoa de Lanhoso), S. Miguel (Vieira do Minho) e Três Hortas (Vila Verde).

Em Vila Real, continua uma frente activa em S. Gonçalo, concelho de Mesão Frio.

Em Viana do Castelo, as chamas continuam a lavrar na localidade de Cima, em Caminha.


Põe exactamente em evidência o ponto que coloquei.
 
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por moppie85 » 28/7/2010 6:02

mais_um Escreveu:
moppie85 Escreveu:Onde é que os nossos tanques (com isto refiro-me aos tanques e não a veículos blindados como os usados pela GNR) foram para algum sitio no ambito da OTAN? E até que ponto foram utilizados em guerras no interesse dos outros Estados?


Tanques? Só conheço os de rega e os de lavar roupa. Estás a referir-te aos carros de combate? Um carro de combate (tanque para os leigos) é um veículo blindado, como o M113 também é um veículo blindado mas este não é um carro de combate mas sim um veículo blindado transporte pessoal, assim dentro da designação de veículos blindados existe vários tipos, o exército português tem os seguintes veículos blindados, carros de combate (M60 e Leopard II), transporte de pessoal (M113 e Pandur II) e artilharia auto propulsada (M109 A5), para referir os mais importantes.
E respondendo à tua pergunta, não, nunca foram, felizmente que os carros de combate nunca foram para fora de Portugal nem no âmbito da Nato nem fora do âmbito da NATO. Significa que os países da NATO nunca foram invadidos, especificamente a França (até à saída da estrutura militar da NATO em 1966) Portugal tinha a obrigação de enviar uma divisão do exército para defender o sul da França. Após a saída da França da estrutura militar da NATO, Portugal tem (ou tinha) a obrigação de enviar as mesmas forças para o norte de Itália em caso de invasão, é por isso que sempre que as nossas forças terrestres participam em missões da NATO ficam normalmente dependentes das forças italianas.

Um pequeno resumo:

A actual Brigada Mecanizada tem origem na Divisão Nun'Álvares criada em 1953 para responder aos compromissos assumidos por Portugal em relação à NATO. Essa divisão era a componente inicial do Corpo Expedicionário Português que tinha como missão participar na defesa do sul da França em caso de invasão da Europa Ocidental pelas forças do Pacto de Varsóvia. A divisão tinha o seu Quartel-General no Campo Militar de Santa Margarida local onde eram concentradas as suas unidades operacionais (normalmente aquarteladas em diversas unidades territoriais espalhadas pelo país) por ocasião de manobras. A divisão, sofreu diversas reorganizações ao longo da sua história, até dar origem à Brigada Mecanizada:
1953 - Activação da 1ª Divisão do Corpo Expedicionário Português (Divisão Nun'Álvares), que, nesse ano, realiza grandes manobras militares em Santa Margarida;
1954 - Em virtude da maioria das unidades operacionais da divisão pertencerem à 2ª Região Militar, a grande unidade passa a ser designada 2ª Divisão (Divisão Nun´Álvares);
1955 - A unidade passa a designar-se 3ª Divisão (Divisão Nun'Álvares) por motivo da maior responsabilidade em termos de mobilização das suas unidades operacionais passar a ser da 3ª Região Militar;
1960 - A organização da divisão deixa de ser baseada em 3 agrupamentos táticos, com base em regimentos de infantaria e passa a basear-se em 3 brigadas de infantaria do tipo LANDCENT;
1961 - A 3ª Divisão organiza as últimas manobras de grande dimensão. A partir deste ano, o esforço do Exército Português passa a incidir prioritariamente na Guerra do Ultramar, entrando a divisão em declínio;
1968-1976 - São realizados estudos com vista a actualizar a contribuição terrestre de Portugal para a NATO para uma força de características diferentes da 3ª Divisão;
1976 - É activada a 1ª Brigada Mista Independente (1ªBMI) que substitui a 3ª Divisão na contribuição de Portugal para a NATO. A 1ª BMI é uma unidade mista mecanizada e motorizada, organizada com base num Grupo de Carros de Combate, num Batalhão de Infantaria Mecanizada e em dois Batalhões de Infantaria Motorizada. No âmbito da NATO, a sua missão principal era a projecção para Itália actuando na defesa do flanco sul da Europa;
1993 - A brigada é totalmente mecanizada, sendo os batalhões motorizados substituídos por um segundo batalhão mecanizado, passando a denominar-se Brigada Mecanizada Independente (BMI);
2006 - A BMI passa a denominar-se simplesmente Brigada Mecanizada.

http://www.enciclopedia.com.pt/articles ... le_id=1064


moppie85 Escreveu:Quanto à esquadra de F-16, é tudo identica aos americanos, pois vêm exactamente dos EUA.


Mais uma vez estás equivocado, o facto de virem dos EUA não quer dizer nada, os aviões são como os automóveis, tens o motor e a chassi igual mas depois tens uma série de opcionais que no caso dos aviões tem um impacto muito grande nas suas capacidades, nomeadamente os sistemas de armas, etc… Os EUA quando vendem determinadas armas, como por exemplo aviões não vendem com os sistemas idênticos aos seus, excepto em algumas situações. Os A-7 que tinhas antes dos F-16 não tinham os mesmos sistemas que os dos EUA e no entanto também vieram dos EUA.

moppie85 Escreveu:Qual a sua função? Quando foram, de facto, utilizados em qualquer guerra? Quais os beneficios que retirámos dos mesmos? Achas realmente que notariam alguma coisa se não participássemos com os mesmos em um qualquer exercicio da OTAN?


Os F-16 portugueses têm como função proteger o nosso espaço aéreo por exemplo, por exemplo em caso de desvio de um avião de passageiros e já participaram na guerra da ex-Jugoslávia (Kosovo).

moppie85 Escreveu: Não seria muito mais util uma esquadra de helicópetros em vez dos F-16?


Parece-me que não tens a noção do que escreveste, seria o mesmo que alguém afirmar que em vez de ter cardiologistas, não era melhor ter ortopedistas……?


moppie85 Escreveu:Em que local do Tratado da OTAN diz que temos compromissos de participar com meios em exercicios, e onde estipula o tipo de meios a participar? É que fala-se em compromissos, mas eu realmente não leio em nenhum lado que tenhas de participar com F-16s ou outro tipo de meios. Aliás, como já foi referido por outro participante, podes participar com comandos (unidades de elite), com unidades de busca e salvação, com unidades médicas ou outro tipo de unidades que realmente podem ser úteis quer na participação nas missões internacionais para as quais nos OFERECEMOS, quer para as missoes nacionais.

"A nivel naval temos as 3 fragatas da classe Meko, também bem equipadas e que permitem cumprir todas as missões no ambito da NATO, mesmo quando temos que comandar as forças aliadas, como foi o caso bem recente na Somalia."

Quando temos, não! Quando nos oferecemos para comandar. É diferente, substâncialmente diferente. Ninguém nos impôs o comando. E com isto não estou contra a existência das fragatas. Aliás, referi que é um sitio em que vejo ganhos no investimento e referi exactamente o combate à pirataria.


Não és obrigado a saber tudo, mas devias ter a humildade suficiente para perceber que há temas que não sabes praticamente nada, como é o caso das forças armadas, a NATO e como funciona os comandos da mesma.
Portugal faz parte de uma força naval permanente da NATO, em que o comando da mesma roda entre os países que a compõem, assim Portugal (nem nenhum país) não se oferece nem se ofereceu para comandar mas é obrigado a faze-lo de x em x tempo, para exemplificar deixo aqui uma noticia de 2001:
Fragata "Corte Real" integra a STANAVFORLANT
No próximo dia 27 de Julho, pelas 10H00, larga da Base Naval de Lisboa, no Alfeite, a fragata “Corte Real” para integrar, por um período de 4 meses, a Esquadra Permanente do Atlântico (STANAVFORLANT), Força de Reacção Imediata da NATO.
A integração da fragata “Corte Real” ocorrerá no dia 4 de Agosto no porto de Den Helder, na Holanda, rendendo, nas funções de navio-chefe daquela força, a fragata “Álvares Cabral”.
A “Corte Real” é comandada pelo Capitão-de-fragata José Alfredo Monteiro Montenegro e possui uma guarnição de 192 militares, constituída por 22 oficiais, 45 sargentos e 125 praças.
A STANAVFORLANT, que integra normalmente navios do tipo “fragata” ou “destroyer” e um navio reabastecedor, é uma Força estabelecida com carácter permanente em 1968, demonstrativa do espírito de solidariedade da NATO. Possui capacidade para responder rapidamente a situações de crise e às exigências dos novos cenários de operações militares que não de guerra, incluídas nestas as missões humanitárias. Portugal vem atribuindo todos os anos, numa base regular e por períodos normalmente de 6 meses, um navio a esta força aliada.
A STANAVFORLANT é comandada, desde o passado dia 30 de Março e por um período de um ano, pelo Comodoro da Marinha Portuguesa Fernando Melo Gomes, constituindo a segunda vez que Portugal assume este importante cargo operacional da NATO.
A chegada a Lisboa da fragata “Álvares Cabral”, após cinco meses de integração na STANAVFORLANT, está prevista para o próximo dia 7 de Agosto


moppie85 Escreveu:
mais_um Escreveu:"O papel das forças armadas não é só garantir a soberania e defesa de Portugal, mas também honrar os compromissos assumidos no âmbito da NATO."


Concordo. Mas os compromissos ASSUMIDOS (e não impostos), devem ser assumidos em relação aos meios que se dispõem que por sua vez devem ser adaptados aos MEIOS que mais mais-valias trazem ao país.


Ninguém nos obrigou a entrar para a NATO, foi opção nossa, tal como entrar para a UE, mas ao decidirmos entrar não ficamos só com as regalias, também temos as obrigações. Já agora, sei que é de desconhecimento geral, mas a NATO tem contribuído ao longo dos anos financeiramente para as forças armadas portuguesas ( e não só), não só em equipamento como em infra-estruturas e formação.


Mais_um,
Agradeço desde já as explicações.


Vou comentar uma a uma os pontos que referiste, de forma séria.


1 - Quando referi "Tanques" e não "os carros blindados da GNR", penso que terá sido mais do que perceptivel ao que me quis referir. Aliás, foi tão perceptivel que tu entendeste. Sim, não sei nada sobre se são blindados X ou blindados Y, o que não me impede ter uma ideia (certa ou errada, como em tudo, são opiniões que podem ser debatidas sobre o que são as reais necessidades do país).

2 - À BM que referes (obrigado pelo esclarecimento de história), qual a sua real representação nas Forças que iriam defender essa área estratégica? Seriam os "tanques portugueses" a fazer a diferença? Qual a sua REAL utilidade de facto para o país? Não seria muito melhor desempenhar outros papéis que não estes?

Senão vejamos, como dizes, "Portugal tinha a obrigação de enviar uma divisão do exército para defender o sul da França. Após a saída da França da estrutura militar da NATO, Portugal tem (ou tinha) a obrigação de enviar as mesmas forças para o norte de Itália em caso de invasão". Honestamente, não conheço em qualquer local do Tratado da OTAN essa obrigação que referes. Se disseres que existe acordos paralelos ao Tratado, acredito. Mas como tu próprio admites (ao referires não saberes se esse "compromisso" ainda existe e cito ("Portugal tem (ou tinha)"), esses Tratados são mutáveis. Assim, como disse anteriormente, não estou contra as FAs. Sou é a favor é de que sejam adaptadas à realidade do país a sua contribuição. Se a Portugal os ditos "tanques" não são necessários, substitua-se nesses acordos a participação na área de exército, por uma área de por ex. maritíma e deixe-se alguém assumir a área de defesa terrestre. Acho mil vezes mais importante para Portugal ter a capacidade de "mover" uma esquadra composta por 10 fragatas (que quando individualmente podem patrulhar, em tempos de paz as nossas águas com melhor eficiência do que ter 5 fragatas e ter 5 tanques, em que, em tempos de paz, ficam 5 fragatas a trabalhar e os 5 tanques a apanhar pó. Agora adequa as palavras fragatas e tanques às palavras e material militar que quiseres. Penso que é indiferente em termos do meu raciocinio.

3 - Quanto aos F-16, ambos sabemos (ou enganaram-me muito bem nas noticias) que eles são made in America e são, em parte, contrapartida do "arrendamento" base das Lages. Não meto em questão, a sua importância na defesa do espaço aéreo, nem é minha intenção dizer que não são úteis na defesa do espaço aéreo. Mas não precisas de 20 ou 30 ou 10000 F16 e outros aviões de combate para proteger possiveis "desvios", especialmente se estiverem todos situados no mesmo "local" (se não me engano, os F16 estão todos na base de Monte Real (eu costumava passar ferias nas termas, e o que diziam é que os F16 de Portugal estavam todos lá). Chega para cobrirem todo o país? Chega para num caso de desvios ter aviões para cobrir o território nacional? Se chegam e sobram, temos aviões a mais. Se não chegam para isso, temos a menos. Pelo pouco que sei, chegam e sobram para as possiveis missões de terrorismo que possam existir no espaço aéreo de Portugal Continental (considerando que estão todos localizados na base de Monte Real). Tenho a certeza que com 20 aviões F16 + os outros aviões mais que chega para as encomendas... e sobra! Qual a necessidade de ter tantos?! Podes sempre dizer que o Espaço Aereo Português é vasto (temos sempre os Açores e a Madeira), mas a realidade é que os aviões F16 estão (e ressalvo que é no meu parco conhecimento) localizados todos no mesmo sitio e, que portanto, não é por aí que necessitamos de ter mais aviões para uma reacção rápida. Não seria melhor a próxima "vinda" de aviões, em vez de serem aviões, serem helis para missões mais frequentes de busca e salvamento (p.e.), ou pura e simplesmente em vez de "aviões" essa "renda americana" ser feita em manutenção de material que já possuimos?


"Parece-me que não tens a noção do que escreveste, seria o mesmo que alguém afirmar que em vez de ter cardiologistas, não era melhor ter ortopedistas……?"

Não. Não foi isso que quis dizer. O que eu quis dizer é que se tens 10000 casos de ortopedia e 10 de cardiologia, precisas de 1000 ortopedistas e 1 cardiologista e não 10 ortopedistas e 10 cardiologistas ou de 10000 ortopedistas e 10000 cardiologistas que não têm sala de operações e estétoscópios. Se tu já tens aviões suficientes para garantir esse tipo de situações RARISSIMAS em Portugal (tão raras que até hoje, do meu conhecimento, zero), para quê mais aviões? Não seria mais útil outro tipo de meios ou, até contratos de
manutenção (transformados em "salas de operações" e "estetoscópios")? (e estou a repetir-me, mas não quis deixar de aproveitar a tua comparação para esclarecer o meu ponto).


3 - Como disse anteriormente, e parece que estamos a falar de coisas diferentes, nós não fomos obrigados a nada. Nós assumimos esses compromissos. É diferente. Tu estás a referir a compromissos que ASSUMIMOS que nos OBRIGAM a tomar o comando (eu, na minha ignorancia, pensava que se tratava de um compromisso em que havia não uma obrigatoriedade de assumir (ou seja uma rotatividade obrigatória) mas sim um compromisso de participar e uma rotatividade de comando que ocorria naturalmente, por acordo dos países.

4 - Resumindo, eu nem falo em redução de custos por redução de ordenado ou por redução de $$ alocado às FAs.
Falo, de sinergias e adaptação a algo que poderá ser útil ao país quer agora quer em caso de participação no ambito de uma guerra. Será mais importante participar com 1 aviao, 1 comando, 1 médico e 1 fragata e um tanque em todas as missões (que para os nossos aliados tanto lhes faz fez como se lhes fez faz - sendo para eles uma participação simbólica) ou participar com, por exemplo, 10 fragatas em 1/10 das missões? Não seria melhor não ter esses "tanques" a apanhar pó e a envelhecer, ter 0 "tanques" e ter 10 fragatas? É isto que estou a por em causa.

Passando para a área da medicina, não será melhor investir em 1000 aparelhos de medição de glicemia (para os diabéticos) do que investir na compra de 10 vacinas do "coelho da páscoa" em que houve um caso em 50 anos e que a probabilidade de epidemia é de 1:1000000000000 e 200 aparelhos de medição de glicemia?


PS: Sim, eu chamei academia mas é escola; uma falha que em termos de raciocinio pouco importa; para somar ao óbvio: que a mensagem que coloquei servia apenas para mostrar que a mensagem colocada pelo jotabilo (espero n me andar a enganar no nick) de nada contribui à discussão. Ninguém põem em causa a importância das FAs, tal como ninguém põe em causa a importância de um hospital. A questão que se está a colocar é se as FAs estão a gastar o correctamente ou estrategicamente dinheiro que têm disponível, assim como se coloca na mesma forma em relação à saúde ou à educação (e quase que tenho medo de colocar aqui esta palavra). Será que não é possível adaptar os diferentes programas militares de forma a ter menos gastos e maiores sinergias (de que serviu ter 4 "tanques panzer" parados quando se houver necessidade real pouca diferença fazem, quando se pode ter mais 3 ou 4 fragatas (eu sei q os números das fragatas n estão proporcionais) a patrulhar as águas todos os dias e a impedir, p.e. a entrada de droga, a "pescaria" ilegal, a entrada de "contrafacção"? Assim como podemos adaptar a conversa do "material" aos recursos humanos e às regras da sua aposentação/promoção, tal como faço o mesmo em relação ao número de "professores do 10º escalão" e das diversas carreiras existentes da responsabilidade do Estado.

EDIT: tirei um comentário ao jotabilo que achei que em vez de jocoso pudesse ser interpretado já como provocativo; de qq das formas para nao ser interpretado como "este provoca e apaga" (embora ache q o jotabilo n chegou a ler) fica aqui no fundo a frase apagada: "(bem diferentes da do jotabilo que a única coisa que fez foi disparar balas para o ar tipo "cowboy")."
Editado pela última vez por moppie85 em 28/7/2010 7:42, num total de 1 vez.
 
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comentário

por jotabilo » 27/7/2010 17:18

Caro moppie85

Naturalmente que apenas queria argumentar algumas ideias sobre a realidade militar.
Fico surpreendido pelo ar jocoso com que teces as tuas observações sobre os aspectos que fui abordando.
Mas com esse modo apenas revelas pouca seriedade na dialética que podiamos encetar sobre este assunto das FA.
Era minha intenção esclarecer-te se soubesses dialogar com alguma honradez, mas vejo que a brancura da pantalha que tudo permite dizer, não te deixa utilizar esta oportunidade de diálogo esclarecedor.
Portanto, não te incomodo mais.
Os juizos que fiz sobre o alheamento das pessoas sobre a realidade em causa, não tinham qualquer carácter pejorativo, eram apenas uma constatação.
Citei aspectos, que tu referes estarem fora do contexto da discussão, apenas para tentar uma aproximação dos aspectos mais centrais ou mais candentes.
Aconselho-te uma leitura de Platão nos vários livros da sua obra, especialmente, o Banquete, Fedon ou talvez a Apologia de Sócrates, com o desejo de que aprendas a conduzir um diálogo construtivo e esclarecedor.
Assim não, meu Caro e lamento que assim seja.
Não sabes dialogar argumentando.
Dir-te-ia mais coisas, mas creio que apenas desejas fazer prevalecer aqui, o teu ego, por galanicie.

cumps
Editado pela última vez por jotabilo em 29/7/2010 2:31, num total de 1 vez.
 
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por PairOfJacks » 27/7/2010 12:13

moppie85, não vou poder citar o teu post (em resposta ao meu, que é resposta ao teu :wink: ) se não isto fica intragável de tão gigantesco, mas vou tentar seguir a ordem lógica pela qual falas das coisas:

1. Dizes que nas FA não são precisos doutorados em gestão nem engenharia. O que se faz mais nas forças armadas é gestão, e também se faz engenharia (nos três ramos). Volto a frisar que as FA só pagam aqueles cursos que considera úteis, se quiseres tirar por exemplo, uma pós-graduação em mercados e activos financeiros estás por tua conta. E em determinadas situações é muito mais proveitoso formar um militar com valências tão específicas como essas porque é um indivíduo que está por dentro da estrutura, capacidades e limitações da organização. Um civil não estaria tão à vontade nas áreas puramente militares e normalmente não consegues separar as duas funções. Se estiver a ser curto diz, que eu estendo-me mais neste tópico.

2. Nunca disse que era 'culpa' dos teus primos que o sistema esteja montado de maneira a que toda a sua formação seja paga pelas FA. Tu disseste que eles estudam para não trabalhar, porventura para exemplificares que nas forças armadas não se faz nenhum, e é apenas essa atitude que eu critico (a de estudar para não trabalhar, e não para vir a render mais para a organização no futuro), e que não gostaria de deixar passar como aplicável/comum à classe militar.

3. Comparas a avaliação anual de um médico interno a um doutoramento? Deve ser puxadota essa avaliação :wink: Eu não tenho dúvidas que muita gente trabalha enquanto faz licenciaturas, mestrados e doutoramentos. Nem tenho dúvidas que é possível. O que eu te quis mostrar é que se recorrentemente um militar tem uma prova ou trabalho para entregar e nessa data tem exercício ou está em missão (por estar a acumular trabalho/estudo), então vai dificultar em muito a conclusão da formação no tempo mínimo. As FA optam por dedicar o militar exclusivamente aos estudos e em troca exigir-lhe aproveitamento (em princípio nenhuma cadeira pode ser deixada para trás em ano nenhum, e o curso é sempre concluído no mínimo tempo possível).

4. Eu disse que os militares terem a idade de reforma mais baixa é facilmente justificável com o desgaste físico da profissão e com as específicidades do trabalho de militar em comparação com o geral da população. Nota, que não defendi que tal não se aplica também a outras profissões de elevado desgaste. A comparação com o médico não será provavelmente a mais feliz porque (corrige-me se estou enganado), todas essas horas 'extra' são pagas ao invés do militar que recebe o mesmo ao fim do mês. Independentemente disso o que é que fazes ao militar aos 60 anos? Vai fazer o RVCC e trabalhar para uma pastelaria os 5 anos que lhe faltam para a reforma? Os oficiais, em geral, facilmente se enquadrariam em funções de gestão, porque é a isso que estão habituados. Mas tens que ver que no quadro das praças tens indivíduos cuja função foi disparar uma arma, ou operar um radar quase a vida toda. Como é que se integram esses no mercado de trabalho?

5. Concordo que existem outras profissões em que as pessoas têm que manter elevados graus de prontidão, e que fazem 12horas por dia ou até mais. Nunca disse o contrário. Compreende que tu passaste a imagem que nas forças armadas não se fazia um charuto e se vivia uma vida inteira a estudar à conta do pai Estado, e foi só isso que eu tentei utilizar argumentos para contrariar. Não disse que os outros são piores e que não há melhores profissionais em parte nenhuma (até porque estou longe de pensar isso). Só acho que os teus primos não devem ser tomados como exemplo/imagem das FA por quem lê este fórum. Há bons profissionais e maus profissionais, como em todo o lado. Não tens colegas médicos que não cumprem as suas funções tão bem como deveriam? Eu conheço alguns (médicos) que sei que não devem ser tomados como exemplo e por isso não abro aqui um tópico a dizer que todos os médicos só coçam a barriga (até porque é frequente aparecerem tópicos desses aqui no fórum :wink: ). Como te disse não acho que seja justo apontar defeitos a uma profissão inteira considerando uma amostra de 2 indivíduos (ou 10, ou 100).

6. Não falaste de ordenados :?: - " Têm ordenados superiores, reforma antecipada, serviço médico gratuito, estudos pagos, ordenados superiores à média dos empregados no privado, etc. etc. etc.

Até falaste duas vezes :!: Não sei quanto devias receber, não tenho capacidade para avaliar quanto 'vales' para a sociedade :wink: Tu é que disseste que os ordenados eram superiores e mais uma vês eu só quis demonstrar que não eram superiores, estão mais ou menos em linha com restante sector público e claramente abaixo do privado.

7. Não disse que ficavam anos à espera de uma consulta, não disse que os hospitais eram mal equipados. Tu disseste que o serviço médico era gratuito e eu disse que não, só isso. O meu post foi só uma resposta aos teus argumentos, que considerei em geral fracos e altamente generalistas. Nunca disse que ser militar era bom, mau ou assim-assim :wink:

Agora como aparte, tiveste sorte com o hospital do estágio, provavelmente era o mais bem equipado que podias encontrar. Mas não tomes a parte pelo todo, pelo hospital da força aérea não podes concluir que todos os hospitais das FA são bons :wink:

Abraço
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por Sr_SNiper » 27/7/2010 12:13

Quem diria, afinal o exército não é só para nos defendermos de Espanha...


27 Julho 2010


Exército mobilizou seis pelotões para ajudar no combate aos incêndios
11h52m
JN
Exército mobilizou seis pelotões para auxiliar o combate aos fogos. Às 11.50 horas de hoje, terça-feira, havia 12 incêndios activos nos distritos de Aveiro, Viana do Castelo, Braga, Viseu e Vila Real.

O tenente-coronel Hélder Perdigão, porta-voz do Estado Maior do Exército, precisou que "dois pelotões estão em Caminha, dois em Alcácer do Sal e os restantes em Viana do Castelo, em operações de rescaldo e apoio à Protecção Civil".

Os primeiros homens foram mobilizados para a zona entre Alcácer do Sal e Tróia, "ao fim da noite passada", para um incêndio que deflagrou ao início da tarde de segunda-feira, e que se "encontra em fase de rescaldo", afirmou o oficial.

Os militares mobilizados pertencem aos "Depósitos Gerais de Material do Exército, Escola Prática de Artilharia, Regimento de Transmissões do Porto, Regimento de Cavalaria de Braga, Unidades que estão mobilizadas em apoio da Protecção Civil", detalhou o porta-voz.

"Os primeiros homens foram chamados ao fim da noite de ontem (segunda-feira)", tendo a Protecção Civil "solicitado mais quatro pelotões" durante a madrugada, referiu.

O Exército participa nos incêndios ao "abrigo do plano Lira", que visam sobretudo "operações de rescaldo", concluiu Hélder Perdigão.

Mais meios mobilizados em Aveiro

Segundo informa a Autoridade Nacional da Protecção Civil, os incêndios de Ermida (Sever do Vouga) e Rebordelo (Santa Maria da Feira) em Aveiro, são os que mobilizam mais meios, nomeadamente, 110 e 111 efectivos.

Ainda no distrito de Aveiro, as chamas lavram em Serem (Águeda), Covais e Lugar das Ribeiras (Oliveira de Azeméis) e Fontão (Albergaria-a-Velha).

Em Penafiel, Porto, pelas 10.45 horas, 129 bombeiros, apoiados por 40 viaturas e um helicóptero pesado, tinham já conseguido dominar três das quatro frentes de fogo activas, na Serra de Luzim.

De acordo com fonte da Protecção Civil Municipal de Penafiel, naquela serra resta apenas por dominar uma frente do fogo, que consumiu um total de 125 hectares. A área ardida corresponde a uma zona de floresta, não havendo habitações em perigo.

Durante a noite, dois grandes incêndios consumiram mato em Valpedre e S. Mamede de Recesinhos. Ambos os fogos estão extintos.

Em Braga há três focos que preocupam os bombeiros: em Sobradelo da Goma (Póvoa de Lanhoso), S. Miguel (Vieira do Minho) e Três Hortas (Vila Verde).

Em Vila Real, continua uma frente activa em S. Gonçalo, concelho de Mesão Frio.

Em Viana do Castelo, as chamas continuam a lavrar na localidade de Cima, em Caminha.
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por mais_um » 27/7/2010 11:40

moppie85 Escreveu:Onde é que os nossos tanques (com isto refiro-me aos tanques e não a veículos blindados como os usados pela GNR) foram para algum sitio no ambito da OTAN? E até que ponto foram utilizados em guerras no interesse dos outros Estados?


Tanques? Só conheço os de rega e os de lavar roupa. Estás a referir-te aos carros de combate? Um carro de combate (tanque para os leigos) é um veículo blindado, como o M113 também é um veículo blindado mas este não é um carro de combate mas sim um veículo blindado transporte pessoal, assim dentro da designação de veículos blindados existe vários tipos, o exército português tem os seguintes veículos blindados, carros de combate (M60 e Leopard II), transporte de pessoal (M113 e Pandur II) e artilharia auto propulsada (M109 A5), para referir os mais importantes.
E respondendo à tua pergunta, não, nunca foram, felizmente que os carros de combate nunca foram para fora de Portugal nem no âmbito da Nato nem fora do âmbito da NATO. Significa que os países da NATO nunca foram invadidos, especificamente a França (até à saída da estrutura militar da NATO em 1966) Portugal tinha a obrigação de enviar uma divisão do exército para defender o sul da França. Após a saída da França da estrutura militar da NATO, Portugal tem (ou tinha) a obrigação de enviar as mesmas forças para o norte de Itália em caso de invasão, é por isso que sempre que as nossas forças terrestres participam em missões da NATO ficam normalmente dependentes das forças italianas.

Um pequeno resumo:

A actual Brigada Mecanizada tem origem na Divisão Nun'Álvares criada em 1953 para responder aos compromissos assumidos por Portugal em relação à NATO. Essa divisão era a componente inicial do Corpo Expedicionário Português que tinha como missão participar na defesa do sul da França em caso de invasão da Europa Ocidental pelas forças do Pacto de Varsóvia. A divisão tinha o seu Quartel-General no Campo Militar de Santa Margarida local onde eram concentradas as suas unidades operacionais (normalmente aquarteladas em diversas unidades territoriais espalhadas pelo país) por ocasião de manobras. A divisão, sofreu diversas reorganizações ao longo da sua história, até dar origem à Brigada Mecanizada:
1953 - Activação da 1ª Divisão do Corpo Expedicionário Português (Divisão Nun'Álvares), que, nesse ano, realiza grandes manobras militares em Santa Margarida;
1954 - Em virtude da maioria das unidades operacionais da divisão pertencerem à 2ª Região Militar, a grande unidade passa a ser designada 2ª Divisão (Divisão Nun´Álvares);
1955 - A unidade passa a designar-se 3ª Divisão (Divisão Nun'Álvares) por motivo da maior responsabilidade em termos de mobilização das suas unidades operacionais passar a ser da 3ª Região Militar;
1960 - A organização da divisão deixa de ser baseada em 3 agrupamentos táticos, com base em regimentos de infantaria e passa a basear-se em 3 brigadas de infantaria do tipo LANDCENT;
1961 - A 3ª Divisão organiza as últimas manobras de grande dimensão. A partir deste ano, o esforço do Exército Português passa a incidir prioritariamente na Guerra do Ultramar, entrando a divisão em declínio;
1968-1976 - São realizados estudos com vista a actualizar a contribuição terrestre de Portugal para a NATO para uma força de características diferentes da 3ª Divisão;
1976 - É activada a 1ª Brigada Mista Independente (1ªBMI) que substitui a 3ª Divisão na contribuição de Portugal para a NATO. A 1ª BMI é uma unidade mista mecanizada e motorizada, organizada com base num Grupo de Carros de Combate, num Batalhão de Infantaria Mecanizada e em dois Batalhões de Infantaria Motorizada. No âmbito da NATO, a sua missão principal era a projecção para Itália actuando na defesa do flanco sul da Europa;
1993 - A brigada é totalmente mecanizada, sendo os batalhões motorizados substituídos por um segundo batalhão mecanizado, passando a denominar-se Brigada Mecanizada Independente (BMI);
2006 - A BMI passa a denominar-se simplesmente Brigada Mecanizada.

http://www.enciclopedia.com.pt/articles ... le_id=1064


moppie85 Escreveu:Quanto à esquadra de F-16, é tudo identica aos americanos, pois vêm exactamente dos EUA.


Mais uma vez estás equivocado, o facto de virem dos EUA não quer dizer nada, os aviões são como os automóveis, tens o motor e a chassi igual mas depois tens uma série de opcionais que no caso dos aviões tem um impacto muito grande nas suas capacidades, nomeadamente os sistemas de armas, etc… Os EUA quando vendem determinadas armas, como por exemplo aviões não vendem com os sistemas idênticos aos seus, excepto em algumas situações. Os A-7 que tinhas antes dos F-16 não tinham os mesmos sistemas que os dos EUA e no entanto também vieram dos EUA.

moppie85 Escreveu:Qual a sua função? Quando foram, de facto, utilizados em qualquer guerra? Quais os beneficios que retirámos dos mesmos? Achas realmente que notariam alguma coisa se não participássemos com os mesmos em um qualquer exercicio da OTAN?


Os F-16 portugueses têm como função proteger o nosso espaço aéreo por exemplo, por exemplo em caso de desvio de um avião de passageiros e já participaram na guerra da ex-Jugoslávia (Kosovo).

moppie85 Escreveu: Não seria muito mais util uma esquadra de helicópetros em vez dos F-16?


Parece-me que não tens a noção do que escreveste, seria o mesmo que alguém afirmar que em vez de ter cardiologistas, não era melhor ter ortopedistas……?


moppie85 Escreveu:Em que local do Tratado da OTAN diz que temos compromissos de participar com meios em exercicios, e onde estipula o tipo de meios a participar? É que fala-se em compromissos, mas eu realmente não leio em nenhum lado que tenhas de participar com F-16s ou outro tipo de meios. Aliás, como já foi referido por outro participante, podes participar com comandos (unidades de elite), com unidades de busca e salvação, com unidades médicas ou outro tipo de unidades que realmente podem ser úteis quer na participação nas missões internacionais para as quais nos OFERECEMOS, quer para as missoes nacionais.

"A nivel naval temos as 3 fragatas da classe Meko, também bem equipadas e que permitem cumprir todas as missões no ambito da NATO, mesmo quando temos que comandar as forças aliadas, como foi o caso bem recente na Somalia."

Quando temos, não! Quando nos oferecemos para comandar. É diferente, substâncialmente diferente. Ninguém nos impôs o comando. E com isto não estou contra a existência das fragatas. Aliás, referi que é um sitio em que vejo ganhos no investimento e referi exactamente o combate à pirataria.


Não és obrigado a saber tudo, mas devias ter a humildade suficiente para perceber que há temas que não sabes praticamente nada, como é o caso das forças armadas, a NATO e como funciona os comandos da mesma.
Portugal faz parte de uma força naval permanente da NATO, em que o comando da mesma roda entre os países que a compõem, assim Portugal (nem nenhum país) não se oferece nem se ofereceu para comandar mas é obrigado a faze-lo de x em x tempo, para exemplificar deixo aqui uma noticia de 2001:
Fragata "Corte Real" integra a STANAVFORLANT
No próximo dia 27 de Julho, pelas 10H00, larga da Base Naval de Lisboa, no Alfeite, a fragata “Corte Real” para integrar, por um período de 4 meses, a Esquadra Permanente do Atlântico (STANAVFORLANT), Força de Reacção Imediata da NATO.
A integração da fragata “Corte Real” ocorrerá no dia 4 de Agosto no porto de Den Helder, na Holanda, rendendo, nas funções de navio-chefe daquela força, a fragata “Álvares Cabral”.
A “Corte Real” é comandada pelo Capitão-de-fragata José Alfredo Monteiro Montenegro e possui uma guarnição de 192 militares, constituída por 22 oficiais, 45 sargentos e 125 praças.
A STANAVFORLANT, que integra normalmente navios do tipo “fragata” ou “destroyer” e um navio reabastecedor, é uma Força estabelecida com carácter permanente em 1968, demonstrativa do espírito de solidariedade da NATO. Possui capacidade para responder rapidamente a situações de crise e às exigências dos novos cenários de operações militares que não de guerra, incluídas nestas as missões humanitárias. Portugal vem atribuindo todos os anos, numa base regular e por períodos normalmente de 6 meses, um navio a esta força aliada.
A STANAVFORLANT é comandada, desde o passado dia 30 de Março e por um período de um ano, pelo Comodoro da Marinha Portuguesa Fernando Melo Gomes, constituindo a segunda vez que Portugal assume este importante cargo operacional da NATO.
A chegada a Lisboa da fragata “Álvares Cabral”, após cinco meses de integração na STANAVFORLANT, está prevista para o próximo dia 7 de Agosto


moppie85 Escreveu:
mais_um Escreveu:"O papel das forças armadas não é só garantir a soberania e defesa de Portugal, mas também honrar os compromissos assumidos no âmbito da NATO."


Concordo. Mas os compromissos ASSUMIDOS (e não impostos), devem ser assumidos em relação aos meios que se dispõem que por sua vez devem ser adaptados aos MEIOS que mais mais-valias trazem ao país.


Ninguém nos obrigou a entrar para a NATO, foi opção nossa, tal como entrar para a UE, mas ao decidirmos entrar não ficamos só com as regalias, também temos as obrigações. Já agora, sei que é de desconhecimento geral, mas a NATO tem contribuído ao longo dos anos financeiramente para as forças armadas portuguesas ( e não só), não só em equipamento como em infra-estruturas e formação.
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Re: Comentário

por mais_um » 27/7/2010 9:27

moppie85 Escreveu:Fala o períto que, pelos vistos, nem conhece os cursos da Academia da Força Aérea, da Academia da Marinha e da Academia Militar.


Pois, no que diz respeito à Academia da Marinha e dificil conhecer os cursos que não existem, já que a Academia da Marinha não é uma escola, estás a confundir com a Escola Naval.

Órgão de natureza cultural da Marinha, com autonomia científica, ao qual incumbe promover e desenvolver os estudos e divulgar os conhecimentos relacionados com a história, as ciências, as letras e as artes e tudo o mais que diga respeito ao mar e às actividades marítimas.

Funciona na dependência directa do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada.

É culturalmente herdeira do Grupo de Estudos de História Marítima – criado em 1969 sob a orientação e impulso do Vice-almirante Sarmento Rodrigues –, designado Centro de Estudos de Marinha a partir de 1970.

Dada a projecção cultural entretanto alcançada, em Dezembro de 1978 o Centro de Estudos de Marinha deu lugar à Academia de Marinha (Portaria nº 769).

http://www.marinha.pt/pt/amarinha/activ ... rinha.aspx




A Escola Naval é um Estabelecimento de Ensino Superior Público Militar que tem por missão principal formar os alunos que a frequentam para o exercício das funções de Oficiais da Armada.
Para tal, são ministrados os cursos conferentes do Grau Académico de Mestre nas especialidades de Marinha, Engenheiros Navais - ramos de Mecânica e de Armas e Electrónica -, Administração Naval e Fuzileiros.


http://escolanaval.marinha.pt/PT/escola ... scola.aspx

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Re: Comentário

por Sr_SNiper » 27/7/2010 8:48

Fala o períto que, pelos vistos, nem conhece os cursos da Academia da Força Aérea, da Academia da Marinha e da Academia Militar.

Estou a ver que aqui é só peritos...
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