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Caldeirão da Bolsa

off tópic Como ir ou vir de trás os Montes no sec XXI ?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Elias » 24/7/2010 22:00

Memórias do comboio em Viseu

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por Luis19 » 29/12/2009 12:02

Elias Escreveu:Investias o teu dinheiro num projecto desses?


Se o tivesse, podes ter a certeza que sim!

Felizmente conheço muito bem o interior norte, principalmente Trás-os-Montes e toda a região do Douro e sei que há inúmeras potencialdades que se podiam explorar e rentabilizar, desde que houvesse vontade e capacidade de trabalho.

Felizmente ainda consegui viajar na linha do Douro até ao Pocinho e foi uma das viagens que mais recordo com saudade :wink:

Tenho pena de não ter ido a tempo de fazer o troço até Barca D'Alva...mas um dia de certeza que o farei... se não for possível fazê-lo a pé pela linha, que seja de barco :wink:

Da mesma forma que gostaria de ter feito de comboio a linha do Corgo, Sabor e do Tua em toda a sua extensão (tenho pena de não ter nascido à mais tempo)... e como eu, aposto que muitas pessoas (quer portugueses, quer estrangeiros) também gostariam de as fazer e desfrutar dessas fabulosas paisagens e gentes...
 
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por Elias » 29/12/2009 11:28

Luis19 Escreveu:Elias também me lembrei precisamente dessa... não seria economicamente viável a reabilitação dessa linha juntamente com o troço Pocinho-Barca D'Alva da linha do douro (escoamento de mercadorias e turismo, principalmente)?


Investias o teu dinheiro num projecto desses?
 
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por Luis19 » 29/12/2009 11:10

Elias Escreveu:Provavelmente é mesmo este o destino, mas nota que não foi só cá que se encerraram linhas: em Espanha há inúmeras linhas onde hoje já não circulam comboios (para referir apenas alguns casos perto da nossa fronteira, temos a linha Fuente de San Esteban - Fregeneda - Barca d'Alva (...)


Elias também me lembrei precisamente dessa... não seria economicamente viável a reabilitação dessa linha juntamente com o troço Pocinho-Barca D'Alva da linha do douro (escoamento de mercadorias e turismo, principalmente)?

Desde quando é que o TGV beneficia as populações locais, nomeadamente as mais idosas que vivem em povoações pequenas e isoladas e com poucas posses, que tanto dependiam das linhas de comboio?

Acho que neste pais é "mais vantajoso economicamente" deixar de fazer a manutenção das linhas, pôr os comboios a circular a 30 km/h "por razões de segurança", trocar os horários todos, retirar pessoal das estações, ter a "sorte" de algum fenómeno climático interromper a linha durante algum tempo... e depois "ah e tal só dá prejuízo" ou "ah e tal uma barragenzinha ficava mesmo bem aqui, energias renováveis é que são o futuro"...

Enfim...
 
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por Elias » 29/12/2009 10:52

Luis19 Escreveu:Não será este o destino da linha do Douro?

Triste país...


Provavelmente é mesmo este o destino, mas nota que não foi só cá que se encerraram linhas: em Espanha há inúmeras linhas onde hoje já não circulam comboios (para referir apenas alguns casos perto da nossa fronteira, temos a linha Fuente de San Esteban - Fregeneda - Barca d'Alva, a linha Plasencia - Salamanca - Astorga e a linha Cáceres - Marvão (que apenas sobrevive graças ao Lusitânia Expresso mas que será certamente uma das próximas a fechar quando for inaugurado o TGV Lisboa - Madrid).
 
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por Luis19 » 29/12/2009 10:48

Deixo aqui 4 grandes vídeos para reflectir...

http://www.youtube.com/watch?v=zKqVyVKh3KM&NR=1

http://www.youtube.com/watch?v=H9c7ayl_ ... re=related

http://www.youtube.com/watch?v=ZzTA4-WI ... re=related

http://www.youtube.com/watch?v=3FbU6307Dmg

Impressionante...

Sempre os mesmos...
Sempre as mesmas desculpas...

Não será este o destino da linha do Douro?

Triste país...

Este vídeo é para mais tarde recordar: http://www.youtube.com/watch?v=65NYRiiP ... re=related

Edit: 2 videos acrescentados
Editado pela última vez por Luis19 em 29/12/2009 10:58, num total de 2 vezes.
 
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por mcarvalho » 28/12/2009 1:59

Link: http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Queda-de- ... ut=20&tm=8
(sent via addtoany)

Queda de pedras interrompe circulação na linha do Douro - RTP Noticias

No melhor pano, cai a nódoa... Afinal há pedras por todo o lado, e
quando há temporal, uma ou outra acaba por cair.
Achei graça à solução pragmática da CP para o fecho da linha, "não
vendemos mais bilhetes para o Pocinho, logo não foi necessário
transporte alternativo"...
Acho que descobriram um novo conceito de serviço público, "há quando
se pode, se não se pode paciência..."

do meu amigo JP
 
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por mcarvalho » 28/12/2009 1:15

se fosse em tras os montes demoraria quanto?

Técnicos de Protecção Civil dizem que resposta da EDP foi lenta e insuficiente
Ontem às 23:11
A Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil criticou hoje a actuação da EDP face às situações climáticas extremas dos últimos dias, afirmando que a empresa tem de ter outros meios de resposta.

Para a AsproCivil, a EDP precisa «rapidamente de reflectir sobre a sua capacidade operacional para responder a situações destas ou ainda piores», referiu a associação, em comunicado.

«O que aconteceu não é de todo uma impossibilidade, pelo que a EDP deve trabalhar com probabilidades e com os devidos avisos e não só com os registos históricos, tanto mais que no passado dia 18 de Fevereiro de 2009 (...), um evento em tudo parecido afectou a zona de Cascais e Sintra e já nessa altura a resposta da EDP foi deficitária», sublinhou a AsproCivil.

A associação mencionou ainda que caso acontecesse um sismo ou tsunami no país «a mobilidade estaria irremediavelmente comprometida, e mesmo a resposta tardia (aluguer de geradores) não seria aplicável».

«Impõe à EDP a disseminação estratégica destes meios de forma a poderem garantir uma resposta com maior prontidão e qualidade», reforçou.

Segundo a última actualização da EDP Distribuição sobre a situação das avarias provocadas pelo mau tempo na Zona Oeste de Lisboa, apenas 100 clientes da empresa permaneciam às 19:00 horas de hoje sem electricidade.

No total, os ventos fortes e a chuva que caiu na madrugada de quarta-feira privaram 350 mil clientes de energia.

Os técnicos de protecção civil também lançaram críticas à actuação de alguns serviços municipais, cuja resposta revelou «uma fraca organização e planeamento».

A associação congratulou-se, no entanto, com o comportamento dos municípios de Torres Vedras e Lourinhã, que rapidamente convocarem as respectivas comissões e a consequente activação dos planos de emergência, «fazendo com que meios técnicos e humanos rapidamente fossem mobilizados para o terreno, na tentativa de minorar os danos e prestar o apoio necessário às populações afectadas».
 
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por Luis19 » 27/12/2009 22:57

Quando vi a noticia na televisão, pensei logo: Espero que não se lembrem de aproveitar esta "benesse" da natureza para fechar mais este troço...infelizmente não me surpreenderia se o fizessem e com a desculpa do costume..."ah e tal não é rentável, aquilo já só serve a meia dúzia de pessoas"...

Espero bem estar redondamente enganado...
 
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por mcarvalho » 27/12/2009 17:58

Mais um troço da linha do Douro preparado fechar

http://pensar-ansiaes.blogspot.com/2009 ... a-tua.html

é que nem imaginação t~em para alterar a técnica
 
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por Luis19 » 25/12/2009 13:02

Pikas,

Totalmente de acordo.

Uma das excepções que conheço em relação ao que disseste é no sector do kiwi :wink:

Era bom que os agricultores de outros produtos agrícolas seguissem o exemplo do que se passa no kiwi português, se agrupassem e ganhassem dimensão para serem competitivos quer no mercado nacional, quer internacional.

Julgo que no sector do vinho, já se está a trabalhar nisso...
 
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por PIKAS » 24/12/2009 17:34

Basicamente os consumidores compram o que é mais barato.
E no que toca aos produtos agrícolas, em geral o que vem de fora é mais barato.


Sim, em principio, o consumidor na altura da compra avalia a relação qualidade preço: produto de qualidade razoável / preço aceitável é certo que vai para o carro das compras, independentemente de ser nacional ou estrangeiro. Pessoalmente, também tenho em conta a proveniência, já que valorizo a qualidade, mas eu sou eu e a maioria não o faz.

Mas há aqui uma variável que não consideras.

Trata-se do que é disponibilizado ao consumidor.

O paradigma mudou.

Tempos houve em que a pequena mercearia ou pequeno supermercado disponibilizava produtos que lhe eram fornecidos por pequenos produtores, que normalmente os produziam num raio que não excedia assim tantos quilómetros, muito em especial frutas, legumes, carnes e até mesmo peixe. Era tudo pequeno, pequeno produtor e pequeno vendedor.

Agora já quase não há a pequena mercearia ou o pequeno supermercado. Estamos a falar de grandes hipermercados.

E o que acontece: o ponto de venda mudou, é hiper, mas a produção/comercialização mantém-se tal como era há 40 anos, pequena, isto é, a produção nacional é em quantidade suficiente, tem qualidade, é apreciada pelo consumidor mas está dispersa por muitos milhares de produtores que por norma não se agrupam.

Agora o que é proposto ao produtor, por exemplo, é o fornecimento de 800 toneladas de batata no prazo de 45 dias quando ele próprio não produz mais de 2 toneladas. Mas ele com os restantes produtores vizinhos produzirão essas toneladas e até mais.

Naturalmente que um qualquer grupo de produtores espanhóis ou franceses garantirão a entrega dessas 800 toneladas no prazo, a preço semelhante mas com pior qualidade, e lá ficará a batata a apodrecer no produtor nacional.

Vai daí, basta ir ao Continente e aos outros todos para ver que os produtos expostos são estrangeiros logo o consumidor perante a ausência de alternativa mete no carrinho o que está à frente, seja maçã do Chile, uvas de Espanha, batata holandesa ou laranjas de Israel.

Os hipermercados disponibilizam poucos produtos nacionais e eu compreendo-os. Não compreendo são os produtores, tanto mais que até há ajudas à comercialização em agrupamento.

Conclusão: enquanto os produtores tiverem apenas como única preocupação a produção e não se consciencializarem que também têm que dominar os canais de venda ( agrupados, como é óbvio, já que são demasiado pequenos ) não haverá produtos nacionais de forma expressiva nos centros de venda massivos, logo vamos continuar a consumir estrangeiro e o produto nacional vai continuar a apodrecer nas árvores.

Cumprimentos e um Santo Natal para todos.
 
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por Luis19 » 24/12/2009 16:22

Elias Escreveu:
Luis19 Escreveu:parece que só gostamos de importar e consumir o que não é nosso...


Basicamente os consumidores compram o que é mais barato.
E no que toca aos produtos agrícolas, em geral o que vem de fora é mais barato.

Luis19 Escreveu:Preferimos vender terrenos aos espanhois para produzirem cá o porco preto que depois é abatido, transformado e embalado em espanha, metem-lhe o rotulo "made in Spain" e depois todo o portuga adora esse presunto... o mesmo para o azeite com os olivais super intensivos...


Mas tu achas mal que se vendam terrenos aos espanhóis?

Luis19 Escreveu:e assim é muito fácil assistirmos, nas cidades, impávidos e serenos à desertificação do interior...e claro, assim economicamente não faz sentido nenhum investir no interior...


Os espanhóis não parecem ser dessa opinião.
A diferença é que eles adoptam um modelo de desenvolvimento e exploração diferente do nosso e conseguem torná-lo economicamente viável.


Lá está Elias se eles vem para cá compram quintas no Douro, fazem grandes plantações de vinha (e olival no Alentejo) e ganham dinheiro, porque é que os portugueses não o conseguem fazer?

Acho que acima de tudo é uma questão de mentalidade e de querer...

Dou-te o exemplo do sector do kiwi em Portugal, que graças ao esforço de um conjunto de pessoas altamente competentes, que acreditam e tem vontade de vencer nos últimos 10/15 anos cresceu fortemente e hoje em dia é altamente competitivo a nível internacional :wink:
 
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por Elias » 24/12/2009 14:41

Luis19 Escreveu:parece que só gostamos de importar e consumir o que não é nosso...


Basicamente os consumidores compram o que é mais barato.
E no que toca aos produtos agrícolas, em geral o que vem de fora é mais barato.

Luis19 Escreveu:Preferimos vender terrenos aos espanhois para produzirem cá o porco preto que depois é abatido, transformado e embalado em espanha, metem-lhe o rotulo "made in Spain" e depois todo o portuga adora esse presunto... o mesmo para o azeite com os olivais super intensivos...


Mas tu achas mal que se vendam terrenos aos espanhóis?

Luis19 Escreveu:e assim é muito fácil assistirmos, nas cidades, impávidos e serenos à desertificação do interior...e claro, assim economicamente não faz sentido nenhum investir no interior...


Os espanhóis não parecem ser dessa opinião.
A diferença é que eles adoptam um modelo de desenvolvimento e exploração diferente do nosso e conseguem torná-lo economicamente viável.
 
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por Luis19 » 24/12/2009 13:49

JLMF Escreveu:
Luis19 Escreveu:Elias,


Já agora porque é que quando se fala no interior, principalmente nas aldeias mais isoladas entra sempre o factor "viabilidade financeira"?

Será que é preferível deixar essas aldeias desaparecerem para sempre só por causa de números?
Não merecerão elas algumas compensações (para além das indemnizações compensatórias no sector agrícola) por manterem habitadas e minimamente preservadas aldeias que outrora muito contribuíram para o desenvolvimento do pais (agricultura, matérias primas, etc)?


Pessolamente compreendo esta preocupação que partilho, mas vivemos num mundo global e há definitivamente alterações definitivas, como a historia de algumas profissões, que por mais voltas que se deem, desapareceram e outras vão desaparecer e não se pode pedir a quem trabalha hoje como informatico que vá financiar com parte do seu salário a continuidade de um sapateiro, o mesmo a um conselheiro em markting para uma dactilógrafa, igualmente a um engenheiro em energias renováveis para um portageiro, que é uma das proximas profissões a desaparecer.

Que tem de haver solidariedade e igualdade de oportunidades, de acordo. É preciso que cheguem estradas, comunicações, saúde educação, mas se na pratica se subsidiasse a continuidade das aldeias de forma a que ninguem emigrasse e elas não desaparecessem, estaria em causa a sobrevivencia de todo o País. É uma questão de custo de oportunidade, de escala de custos, e se os privados não investem não é o estado que vai conseguir dar a volta.

É assim por todo o lado e ainda mais em zonas onde o não se insistiu em continuar em termos económicos como há 50 anos, apesar de haver bons exemplos por esse País fora e que espero se multipliquem se um dia tivermos uma regionalização identica ás melhores que fizeram por essa Europa.


JLMF,

Concordo inteiramente com isso.

O que mais me revolta neste país é que pelo menos no sector agrícola, há tantas oportunidades para sermos competitivos a nível internacional mesmo sem a subsidiodependência...mas parece que só gostamos de importar e consumir o que não é nosso...

Preferimos vender terrenos aos espanhois para produzirem cá o porco preto que depois é abatido, transformado e embalado em espanha, metem-lhe o rotulo "made in Spain" e depois todo o portuga adora esse presunto... o mesmo para o azeite com os olivais super intensivos... e assim é muito fácil assistirmos, nas cidades, impávidos e serenos à desertificação do interior...e claro, assim economicamente não faz sentido nenhum investir no interior...
 
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por Luis19 » 24/12/2009 13:40

Elias Escreveu:As aldeias desaparecem porque os mais novos migram para o litoral, na expectativa de obterem maiores rendimento (ou "números", se preferires).


Elias Escreveu:Sim, mas esses apoios irão contribuir para evitar o êxodo das populações mais jovens? Consegues convencer algum jovem que tem mais oportunidades de obter rendimento se ficar na aldeia a dedicar-se à agricultura em vez de se mudar para uma grande cidade?

Convém lembrar que um dos factores que mais contribuiu para a falta de competividade dos pequenos agricultores foi a entrada de Portugal para o mercado comum, em que passámos a consumir mais produtos importados.


Elias, quando trabalhei no Douro conheci casos de jovens agricultores que se instalaram através de projectos agrícolas, investiram esse capital nos seus terrenos, na compra de mais terreno, em maquinaria, em contactos e em conhecimento (em vez de os gastarem em jipes, como muitos outros o fizeram) e mesmo depois de acabar o subsidio, já tinham nome no mercado e conseguiram desenvolver a sua actividade agrícola e ganhar dinheiro.

Também conheci muitos que apanharam esse dinheiro, instalaram as culturas, compraram o jipezito da moda e deixaram aquilo rolar enquanto choveu o dinheiro do subsidio...depois disso pura e simplesmente abandonaram os terrenos porque diziam que já não valia a pena...

E também conheci alguns que pura e simplesmente vieram para o litoral porque preferiram receber o subsidio de desemprego e andar nos shoppings, pois não estavam para andar a dar cabo do corpo na vinha (por conta própria ou por conta do patrão) o ano todo...e alguns até tinham boas heranças em termos de terrenos e de vinhas já instaladas e a produzir...

E os agricultores que precisavam de mão de obra não a tinham. Quando havia ou vinham de longe ou faziam-se pagar bem caro...

Acho que é tudo uma questão de mentalidade, força de vontade e querer descobrir oportunidades...

Elias Escreveu:Certo, mas em que medida é que isso beneficia as populações locais?


Acho que nessa reportagem que te indiquei falam de um caso de uma senhora que investiu fortemente na hotelaria de qualidade antevendo o uso da linha do tua para turismo e esperando a reabilitação das termas (salvo erro) da aldeia e ao fecharem a linha, está nas lonas...

Ou seja as populações também têm de saber aproveitar as potencialidades e lutar para que as coisas aconteçam como elas querem e não como os centros de decisão querem, tal como dizia o Lion_Hearth...
 
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por jlmf » 24/12/2009 13:03

Luis19 Escreveu:Elias,


Já agora porque é que quando se fala no interior, principalmente nas aldeias mais isoladas entra sempre o factor "viabilidade financeira"?

Será que é preferível deixar essas aldeias desaparecerem para sempre só por causa de números?
Não merecerão elas algumas compensações (para além das indemnizações compensatórias no sector agrícola) por manterem habitadas e minimamente preservadas aldeias que outrora muito contribuíram para o desenvolvimento do pais (agricultura, matérias primas, etc)?


Pessolamente compreendo esta preocupação que partilho, mas vivemos num mundo global e há definitivamente alterações definitivas, como a historia de algumas profissões, que por mais voltas que se deem, desapareceram e outras vão desaparecer e não se pode pedir a quem trabalha hoje como informatico que vá financiar com parte do seu salário a continuidade de um sapateiro, o mesmo a um conselheiro em markting para uma dactilógrafa, igualmente a um engenheiro em energias renováveis para um portageiro, que é uma das proximas profissões a desaparecer.

Que tem de haver solidariedade e igualdade de oportunidades, de acordo. É preciso que cheguem estradas, comunicações, saúde educação, mas se na pratica se subsidiasse a continuidade das aldeias de forma a que ninguem emigrasse e elas não desaparecessem, estaria em causa a sobrevivencia de todo o País. É uma questão de custo de oportunidade, de escala de custos, e se os privados não investem não é o estado que vai conseguir dar a volta.

É assim por todo o lado e ainda mais em zonas onde o não se insistiu em continuar em termos económicos como há 50 anos, apesar de haver bons exemplos por esse País fora e que espero se multipliquem se um dia tivermos uma regionalização identica ás melhores que fizeram por essa Europa.
 
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por Elias » 24/12/2009 12:29

Luis19 Escreveu:Já agora porque é que quando se fala no interior, principalmente nas aldeias mais isoladas entra sempre o factor "viabilidade financeira"?


Basicamente porque andamos todos ao mesmo.
A "viabilidade financeira", como lhe chamas, condiciona todas as nossas decisões de investimento, tanto empresariais como pessoais.

Luis19 Escreveu:Será que é preferível deixar essas aldeias desaparecerem para sempre só por causa de números?


As aldeias desaparecem porque os mais novos migram para o litoral, na expectativa de obterem maiores rendimento (ou "números", se preferires).

Luis19 Escreveu:Não merecerão elas algumas compensações (para além das indemnizações compensatórias no sector agrícola) por manterem habitadas e minimamente preservadas aldeias que outrora muito contribuíram para o desenvolvimento do pais (agricultura, matérias primas, etc)?


Sim, mas esses apoios irão contribuir para evitar o êxodo das populações mais jovens? Consegues convencer algum jovem que tem mais oportunidades de obter rendimento se ficar na aldeia a dedicar-se à agricultura em vez de se mudar para uma grande cidade?

Convém lembrar que um dos factores que mais contribuiu para a falta de competividade dos pequenos agricultores foi a entrada de Portugal para o mercado comum, em que passámos a consumir mais produtos importados.

Luis19 Escreveu:No entanto sei que houve um protocolo da DouroAzul com a REFER (não sei se ainda existe) para o uso do comboio histórico na linha do Douro e aquilo estava sempre cheio com bastante antecedência.


Certo, mas em que medida é que isso beneficia as populações locais?

Luis19 Escreveu:Lembro de ler inclusive que essa empresa queria reabilitar o troço Pocinho-Barca D'Alva e que segundo eles era perfeitamente viável


Convém ter em conta que esses estudos de viabilidade partem sempre de determinados pressuspostos quanto ao número de visitantes, pressupostos esses que podem ser realistas ou não...

Luis19 Escreveu:Em relação aos dados demográficos acho que era mais exacto perceber a diferença nessas cidades transmontanas antes de haver comboios, durante os tempos dos comboios, antes e após o IP4 (Mirandela, Bragança, Macedo Cavaleiros, Murça, Vila Real), mas sempre numa relação percentual em função da população residente portuguesa...


Até 1960 houve aumento demográfico em praticamente todos os concelhos do país. A partir de 1960 é que se dá a quebra populacional em diversos concelhos (nomeadamente na maioria dos que continuam a ter comboio).
 
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por Luis19 » 24/12/2009 12:04

Elias,

Não sei se viste esta reportagem à meio ano atrás na Sic?

http://sic.sapo.pt/online/video/informa ... -linha.htm

Achas que um projecto destes não era viável?

Já agora porque é que quando se fala no interior, principalmente nas aldeias mais isoladas entra sempre o factor "viabilidade financeira"?

Será que é preferível deixar essas aldeias desaparecerem para sempre só por causa de números?
Não merecerão elas algumas compensações (para além das indemnizações compensatórias no sector agrícola) por manterem habitadas e minimamente preservadas aldeias que outrora muito contribuíram para o desenvolvimento do pais (agricultura, matérias primas, etc)?

A centralidade que actualmente vejo no nosso país choca-me cada vez mais... é só TGV's (de lisboa e para lisboa), aeroporto (de lisboa), 3ª auto-estrada (de lisboa para...)... será que o país é só lisboa, lisboa, lisboa, lisboa, porto e mais 3 ou 4 cidades no litoral?

Em relação ao Douro, todos os barcos passam em frente à minha casa e pelo que vejo todos ou quase todos vão cheios... no entanto quando passo pela Régua e nos tempos em que trabalhei no Alto Douro apercebia-me que os turistas se limitavam a passar dos barcos para os autocarros para visitar os miradouros, algumas quintas e pouco mais...

No entanto sei que houve um protocolo da DouroAzul com a REFER (não sei se ainda existe) para o uso do comboio histórico na linha do Douro e aquilo estava sempre cheio com bastante antecedência. Lembro de ler inclusive que essa empresa queria reabilitar o troço Pocinho-Barca D'Alva e que segundo eles era perfeitamente viável, só não sei se isso ainda vai para a frente ou não...

Em relação aos dados demográficos acho que era mais exacto perceber a diferença nessas cidades transmontanas antes de haver comboios, durante os tempos dos comboios, antes e após o IP4 (Mirandela, Bragança, Macedo Cavaleiros, Murça, Vila Real), mas sempre numa relação percentual em função da população residente portuguesa...
Eu leio estes casos todos e estes relatórios e so penso numa coisa : de quem é a culpa ? como sempre a resposta é : os politicos .

Não é não , a culpa é das populações dessas localidades que não fizeram , não fazem e não farão nada para mudar as coisas .

E como não fazem nada os politicos de Lisboa tomam as decisões que lhes apetecem.

Imaginem num País civilizado só existirem dois ou tres limpa neves numa regiao onde neva todos os anos, ia ser bonito ia .

Defendam os seus direitos!


Lion_Heart, infelizmente as populações dessas aldeias ainda vai muito no paleio dos políticos e depois é o que se vê...
 
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por mcarvalho » 24/12/2009 10:39

bom dia a todos

Caro Elias

estou de saída
Agradeço a tua resposta e as tuas informações

Gostaria de te responder mais documentado mas não me é possível neste momento

Portanto , pedia-te o favor de analizares ao contrário ou seja
quantas pessoas viviam nas zonas que foram servidas pelo combóio antes e depois

Porque funcionavam bem os combóios no tempo da Companhia Nacional?

Porque precisamente a partir de 1960 se começou a descurar o serviço ferróviário.. despedindo ou deslocalizando pessoal como chefes, carregadores factores etc .. recordo que com eles ia normalmente toda a família (mulher e mais 5 ou 6 filhos), terminaram com o correio, despachos, e muitos deles com transportes de mercadorias e isso implicou o desparecimento do pequeno comércio local (Na pequena estação onde passei parte da minha infancia vivima cerca de 100 pessoas a grande maioria delas dependente da linha hoje estamos lá 2 e nem sempre )
O ano de 1960 /61 foi o inicio da guerra do Ultramar
e o dinheiro foi para defender Angola e como é costume lá foram a tras os montes buscar a matéria prima... soldados ( o ferro e volframio, batatas e vinho já tinham)... Muitos fugiram e foram com as famílias a salto para o estrangeiro onde foram muito melhor tratados do que eram cá pelos senhores das terras..Entretanto após o 25 Abril a sangria continuou.. veio o FMI e resolveram encerrar as linhas de via estreita justificando a não rentabilidade e descurando os mais elementares princípios de um serviço público.. a preocupação com as pessoas.. que eramtransportadas quasi como animais
os hórários não eram ajustados e demorava-se mais tempo do Porto a Bragança do que em 1887 .. e o Santos filho de um chefe de Estação ia aproveitando

Enfim.. até que acabou porque houve 4 mortes num ano
apesar, de o IMTT, a CP, a Refer, o LNEC e o Lino e secretária terem garantido que uma linha com travessas podres, parafusos soltos e carris empenados
e depois de 4 milhões de Euros gastos , que a linha era segura e que não fechava..
Agora arrancam os carris e só esperam que os milhares de pessoas que nela circulavam todos os anos continuem a circular nas águas da barragem que a vai afundar ...
Quanto às outras questões que colocas

Se não criares condições para que as pessoas se fixem
os combóios rápidos e as AE só servem para que as poucas pessoas que ainda resistem fujam .. porque não te estou a ver a ti nem a ninguém ir viver para um local onde não tem trabalho, não tem escola, não tem médico nem hospital não tem telefone se um passaro pusa no fio, fica sem electricidade se chove um pouco e não pode sair de casa se neva...

Para terminar .. imagina Lisboa dentro de alguns anos

As empresas passam a ter a sede em Luanda os Ministérios Portugueses vão para Luanda O Presidente da Républica vai para assessor do Eduardo quem quer ficar em Lisboa... vai ficar desertificada e com tanto cimento nem para plantar couves serve :wink:

grande abraço a todos e a ti em particular

e um bom natal.. em que se sintam felizes com aqueles que estão

mcarvalho

ps desculpem mas foi escrito a correr.. tenho de ir senão não me "deixam" passar o Marão
 
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por Lion_Heart » 24/12/2009 6:05

Eu leio estes casos todos e estes relatórios e so penso numa coisa : de quem é a culpa ? como sempre a resposta é : os politicos .

Não é não , a culpa é das populações dessas localidades que não fizeram , não fazem e não farão nada para mudar as coisas .

E como não fazem nada os politicos de Lisboa tomam as decisões que lhes apetecem.

Imaginem num País civilizado só existirem dois ou tres limpa neves numa regiao onde neva todos os anos, ia ser bonito ia .

Defendam os seus direitos!
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Re: caroElias

por Elias » 24/12/2009 3:30

mcarvalho Escreveu:Estou banzado com a tua argumentação sobre os combóios :(

a destruição premeditada e programada dos combóios é que levou à desertificação..


mcarvalho,

Gostava de acreditar nisso, mas tenho as minhas dúvidas se é possível estabelecer semelhante relação de causalidade. Analisando os dados demográficos, fico exactamente com a sensação oposta.

Aqui ficam alguns exemplos de três cidades de Trás-os-Montes e também de sete outras cidades do interior do país (dados demográficos retirados da Wikipedia Portugal), comparando a existência de comboio e a evolução populacional.

Bragança - o comboio deixou de circular em 1992. Nos 30 anos anteriores a essa data a população do concelho vinha em queda e de então para cá começou a aumentar.

Mirandela - teve sempre comboio até 2009 e no entanto a população do concelho caiu desde 1960 até 1990, após o que se tem mantido estável.

Chaves - teve comboio até 1990. Desde 1960 até 1991 (enquanto havia comboio) a população do concelho caiu abruptamente de 57 mil para 40 mil habitantes, mas a partir de 1991 a tendência inverteu e já recuperou para 44 mil.

Viseu - deixou de ter comboio há uns 20 anos (ou mais) e no entanto a população do concelho não pára de crescer e já vai nos 100 mil habitantes (eram 83 mil há vinte anos).

Covilhã - teve sempre comboio até 2009 e actualmente até é servida por intercidades, no entanto a população do concelho caiu fortemente desde 1960 até 1990, e depois disso continuou a cair, estando agora quase a valores de 1930.

Castelo Branco - situação muito semelhante à da Covilhã: teve sempre comboio até 2009 e actualmente até é servida por intercidades, no entanto a população do concelho caiu fortemente desde 1960 até 1990, e depois disso continuou a cair, estando agora quase a valores de 1930.

Portalegre - nunca deixou ter comboio e no entanto a população do concelho tem vindo a diminuir consistentemente desde 1960.

Elvas - nunca deixou ter comboio e no entanto a população do concelho tem vindo a diminuir consistentemente desde 1960.

Beja - nunca deixou ter comboio (actualmente é servida mesmo por comboios directos a partir de Lisboa) e no entanto a população do concelho tem vindo a diminuir consistentemente desde 1960, sem nunca ter havido qualquer sinal de recuperação.

Reguengos de Monsaraz - teve comboio até 1990. Desde 1960 até 1991 (enquanto havia comboio) a população do concelho caiu mais de 20% (de 15 mil para 11400 habitantes, mas a partir de 1991 a tendência inverteu e houve um forte crescimento, tendo já voltado aos valores de 1960.

Caro mcarvalho, pode parecer estranho ou mesmo inesperado, mas os dados demográficos mostram que em 4 concelhos que deixaram de ter comboio há 20 anos houve um aumento populacional significativo de então para cá, ao passo que em 6 outros concelhos que tiveram comboio até 2009 a população nunca deixou de cair. Haverá obviamente excepções a esta regra, mas parece-me ser uma tendência generalizada: a desertificação do interior parece ser mais acentuada nos concelhos que são servidos por via férrea e tem vindo a inverter-se nos concelhos que deixaram de ter comboio... :shock:

1 abraço,
Elias
 
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caroElias

por mcarvalho » 24/12/2009 2:56

Estou banzado com a tua argumentação sobre os combóios :(

a destruição premeditada e programada dos combóios é que levou à desertificação..

Diminuiram o número de combóios, desarticularam os horários, terminaram com os correios, terminaram com os despachos, terminaram com as mercadorias, tratavam as pessoas como animais e muitos responsáveis por combóios tinham interesses na camionagem e portanto que acabassem os combóios como
o SANTOS de Freixo.. e hoje nem combóio nem as camionetes .. que se lixem as pessoas

abraço

mcarvalho
 
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Re: Esquecido e ostracizado

por Elias » 24/12/2009 0:05

Luis19 Escreveu:
Elias Escreveu:Claro que sim, mas os comboios não permitiam socorrer as aldeias isoladas, certo?


Elias, conheço tantas aldeias isoladas no interior transmontano, com uma estação (ou o que resta dela) ao lado...


Sim, mas eu estava a referir-me às aldeias que ficam isoladas pela neve (quando há nevões). Ora a via férrea segue geralmente pelos vales (menos sujeitos a nevadas), ao passo que as aldeias que mais frequentemente ficam isoladas estão a cotas mais elevadas...

Luis19 Escreveu:Elias concordo plenamente contigo mas será que é só por isso?
As estradas (construção e manutenção) não darão mais rendimento às construtoras? :mrgreen:


Certamente que sim, mas não podemos esquecer que a linha do Sabor foi encerrada em 1978 - nessa altura ainda nem se falava em auto-estradas (a A1 ia então de Lisboa ao Carregado!)

Luis19 Escreveu:E uma linha do tua, sabor ou corgo (e o troço pocinho-barca d'alva da linha do douro) bem preservadas, não seria economicamente viável para o turismo e para as populações que elas atravessam, desde que houvesse vontade e um bom plano de marketing?


Viável para o turismo? Talvez.
Viável para as populações que elas atravessam? Provavelmente não. Diz-me um grande projecto de turismo ferroviário que tenha sido realmente benéfico para as populações locais. O mesmo se aplica a outros grandes projectos no interior.
Olha para o Alqueva - quem beneficia com ele? Serão os habitantes da quase deserta aldeia da Luz? Ou serão os grupos imobiliários que se estão lá a instalar?
Olha para o rio Douro e para os cruzeiros que diariamente sobem e descem o rio - quem ganha com eles? Até as velhotas que vendem rebuçados na Régua se queixam de que ficam a ver os barcos passar...

Quanto aos eventuais projectos turísticos para as linhas do nordeste, quem deles irá beneficiar são as concessionárias; as populações, essas, ficam igualmente a ver o comboio passar.

Luis19 Escreveu:Quando passo por Mirandela tenho saudades de ver o comboio (comboio, não o metro) a sair da estação em direcção ao Romeu, Macedo, Bragança...


Também eu, meu caro.
Mas fará sentido manter as linhas em funcionamento só para eu ou tu podermos ver o comboio apitar em Mirandela quando por lá passamos?

Deixa-me fazer-te a pergunta de outra maneira: se fosses um grande investidor com fundos virtualmente ilimitados, quanto estavas disposto a apostar num projecto de recuperação turística dessa linha e qual o número de passageiros que acreditas que irias ter?

Luis19 Escreveu:(apesar de ser da geração de finais de 70, recordo-me bem do dia em que demorei mais de 8 horas a chegar ao Mogadouro atravessando o marão, pela estrada nacional, atrás de camionetas e camiões...)


Sim, eu sei bem o que isso era (nasci em 1968). E tenho um familiar de provecta idade que já me relatou as suas viagens de comboio de Lisboa a Chaves (demorava 24 horas).

Nota que eu gosto muito - mesmo muito - de comboios (já fiz as linhas do Tua, do Tâmega, do Vouga, da Beira Baixa até à Guarda, de Coimbra a Figueira da Foz, o Ramal de Cáceres, e até os defuntos ramais de Reguengos e de Moura). Infelizmente a maioria das pessoas não aprecia especialmente esse meio de transporte. E isto é como as acções: quando não há compradores... puff :cry:
 
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Re: Esquecido e ostracizado

por Luis19 » 23/12/2009 23:46

Elias Escreveu:Claro que sim, mas os comboios não permitiam socorrer as aldeias isoladas, certo?


Elias, conheço tantas aldeias isoladas no interior transmontano, com uma estação (ou o que resta dela) ao lado...

Só para dar um exemplo, o pessoal mais idoso e com menos posses de Abreiro (Mirandela) está actualmente menos isolado que antigamente, quando a linha do tua ainda funcionava?

Luis19 Escreveu:Quando vou a trás-os-montes dá-me pena ver estas linhas completamente abandonadas em grande parte do seu percurso...


Elias Escreveu:A mim também (eu sempre gostei muito de comboios). Infelizmente as pessoas preferem o automóvel ao comboio e por isso a utilização do comboio vai caindo cada vez mais - mesmo nas linhas que ainda funcionam a utilização é cada vez mais baixa. Em certas linhas do interior o número de passageiros é tão baixo que alguns comboios vão quase vazios.

Pode dizer-se que o problema é dos maus horários, mas eu penso que isso só explica uma parte - o automóvel dá mais flexibilidade horária e permite o transporte porta-a-porta e a maioria das pessoas não prescinde disso.

http://static.publico.clix.pt/docs/port ... hadosabor/


Elias concordo plenamente contigo mas será que é só por isso?
As estradas (construção e manutenção) não darão mais rendimento às construtoras e ao estado? :mrgreen:

E uma linha do tua, sabor ou corgo (e o troço pocinho-barca d'alva da linha do douro) bem preservadas, não seria economicamente viável para o turismo e para as populações que elas atravessam, desde que houvesse vontade e um bom plano de marketing?

Quando passo por Mirandela tenho saudades de ver o comboio (comboio, não o metro) a sair da estação em direcção ao Romeu, Macedo, Bragança...

(apesar de ser da geração de finais de 70, recordo-me bem do dia em que demorei mais de 8 horas a chegar ao Mogadouro atravessando o marão, pela estrada nacional, atrás de camionetas e camiões, ainda o IP4 era uma miragem...)
 
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