Capitalismo, dinheiro e ética
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Também acho escandaloso que casos como o BPN em que parece haver desvios de dinheiros e fraudes em catadupa tenhamos de ser nós, contribuintes, a pagar a desonestidade de certos gestores que amealharam milhões enquanto puderam enquanto a maior parte dos colaboradores se calhar não ganhava um décimo.
Claro que os Bancos são essenciais para o funcionamento do sistema económico de qualquer país e por isso entendo a intervenção do estado nos Bancos. Mas isso não tem a ver com outras questões como são os casos do BPN e do BPP.
Não creio que haja casos de fraude ou de gestão danosa no BES, BPI ou da CGD embora estes bancos possam enfrentar dificuldades e solicitar apoio do estado em certos momentos.
Já não entendo como é que, como contribuinte que sou, tenho de partilhar os prejuízos que os gestores incompetentes e outros desonestos provocaram nas suas empresas. Eles foram lá colocados pelos accionistas, os accionistas que lhes peçam satisfações e que em última análise sejam eles penalizados por isso.
Já agora o estado também vai intervir numa série de PME que estejam em dificuldade? Já agora porque não?
São tão portugueses uns como outros.
Claro que os Bancos são essenciais para o funcionamento do sistema económico de qualquer país e por isso entendo a intervenção do estado nos Bancos. Mas isso não tem a ver com outras questões como são os casos do BPN e do BPP.
Não creio que haja casos de fraude ou de gestão danosa no BES, BPI ou da CGD embora estes bancos possam enfrentar dificuldades e solicitar apoio do estado em certos momentos.
Já não entendo como é que, como contribuinte que sou, tenho de partilhar os prejuízos que os gestores incompetentes e outros desonestos provocaram nas suas empresas. Eles foram lá colocados pelos accionistas, os accionistas que lhes peçam satisfações e que em última análise sejam eles penalizados por isso.
Já agora o estado também vai intervir numa série de PME que estejam em dificuldade? Já agora porque não?
São tão portugueses uns como outros.
Cumprimentos,
Cap. Nemo
Cap. Nemo
mais_um Escreveu:E sobre a crise que só afecta os pequenos, queres dizer que dos cerca de 90 milhões de € que os bancos portugueses colocaram nos fundos do Madoff é tudo de pequenos aforradores???
No caso do Pedro Caldeira, era tudo pequenos investidores???
Obviamente que não, eu não disse que "só" afectava os pequenos mas que são eles quem relmente sofre... que eu saiba não há nenhum banqueiro com dificuldades financeiras (pelo contrário, estão mas "cheios" do que alguma vez estiveram), mas estas crises trazem muitos problemas, entre os quais desemprego e a estes fazem mais falta os 500 euros mensais que ganhavam que os milhões que pederam muitos dos abastados!
Em relação ao que disseste do Oliveria e Costa nem vou responder...
abraço
artista
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artista Escreveu:Sim realmente não resolve nada, o que resolve é meter lá o dinheiro dos contribuintes...
O Estado apenas meteu dinheiro dos contibuintes no BPN e o Oliveira e Costa está preso, queres que o homem seja condenado à morte, isso já te deixa satisfeito???
artista Escreveu:Vão prender tantas pessoas como no caso "Casa Pia"... como diz o outro, o bastonário, eu se roubasse um chocolate no continente tinha mais probabilidades de ir dentro do que qualquer um dos banqueiros que, para todos os efeitos, roubaram milhões aos clientes!
Estás a referir-te ao mesmo bastonario que defende que a prisão preventiva para o Oliveira e Costa é excessiva???
Sobre os roubos que os nossos banqueiros fizeram aos clientes, que eu saiba, pelo menos na comunicação social, só vem referido providências cautelares entrepostas por cerca de 60 clientes do BPP, para impedir a utilização de um emprestimo. Ainda não vi nenhum comunicado do BPP a informar que não reconhece os produtos vendidos com o capital garantido pelo banco como tal. Aconselho-te a leres a carta que a actual administração do BPP enviou para os clientes, está no post:
http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocio ... &start=475
Parece-me ser uma carta "honesta", os clientes que se sentem lesados devem utilizar os meios que tem à sua disposição e processar o BPP, mas neste caso penso que é pior o banco falir do que ficar à espera que termine o prazo das aplicações.
E sobre a crise que só afecta os pequenos, queres dizer que dos cerca de 90 milhões de € que os bancos portugueses colocaram nos fundos do Madoff é tudo de pequenos aforradores???
No caso do Pedro Caldeira, era tudo pequenos investidores???
Um abraço
Alexandre Santos
mais_um Escreveu:Quem manda prender são os Juízes, quem investiga é a Procuradoria-geral da República.
Pois...
mais_um Escreveu:O Oliveira e Costa já está “dentro” e não há nenhum cliente do BPN a queixar-se.
No caso do BPP se houve abuso de confiança ou burla, deverá haver consequências, mas não me parece que o facto de prender pessoas já, resolva o que quer que seja, no caso do BPN já existia investigações a decorrer à bastante tempo.
Sim realmente não resolve nada, o que resolve é meter lá o dinheiro dos contribuintes...
Vão prender tantas pessoas como no caso "Casa Pia"... como diz o outro, o bastonário, eu se roubasse um chocolate no continente tinha mais probabilidades de ir dentro do que qualquer um dos banqueiros que, para todos os efeitos, roubaram milhões aos clientes! obviamente isso resolve-se... com o dinheiro dos contribuintes!
abraço
artista
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artista Escreveu:
O problema é que parece que grande parte das pessoas que lá tinha o dinheiro pensava que estava em aplicações a prazo...
Não me parece que seja a grande parte já que aparentemente são só cerca de 60 clientes num universo de 3000, a avançar com a providência cautelar.
artista Escreveu:eu espanta-me que ainda ninguém tenha sido apontado como responsável, que ninguém ainda tenha sido detido... Parece que há uma primiscuidade qualquer entre os políticos e a banca, uma classe elitista que será sempre protegida, como diz o bastonário!
Quem manda prender são os Juízes, quem investiga é a Procuradoria-geral da República.
O Oliveira e Costa já está “dentro” e não há nenhum cliente do BPN a queixar-se.
No caso do BPP se houve abuso de confiança ou burla, deverá haver consequências, mas não me parece que o facto de prender pessoas já, resolva o que quer que seja, no caso do BPN já existia investigações a decorrer à bastante tempo.
No caso do Lehman Brothers, também ninguém foi preso, por isso aguardemos pelo desenrolar dos acontecimentos.
Um abraço
Alexandre Santos
Atomez Escreveu:A vida é assim mesmo. Em qualquer actividade há vigaristas a tirar partir da ganância dos incautos.
Ainda bem que há crises de vez em quando. É como depois de uma grande tempestade, o ar volta a ficar mais limpo e claro.
"Quando a maré baixa é que se vê quem nadava nu"
O problema é que quem paga as crises nunca são os mais ricos nem os "gananciosos principais", sobra sempre é para a raia miúda...
mais_um Escreveu:Pois, essa é a parte que o MST se esqueceu de referir, a ganância de quem apostou nesses produtos. No caso da D. Branca, que nem era uma insituição financeira, houve muita gente a entregar-lhe dinheiro, acreditando no milagre da multiplicação....
O problema é que parece que grande parte das pessoas que lá tinha o dinheiro pensava que estava em aplicações a prazo... eu não sei qual era o rendimento prometido, mas seja ele qual for, se eram aplicações de capital garantido, não gostaria de estar na pele de quem lá colocou o dinheiro! Mal do nosso país se não podemos confiar na instituição bancária onde colocamos o nosso dinheiro, queres ver que ainda voltamos a colocar o dinheiro de baixo do colhão?!

Obviamente que agora temos aqui um problema grave, o estado não poderá garantir estas aplicações mas eu espanta-me que ainda ninguém tenha sido apontado como responsável, que ninguém ainda tenha sido detido... Parece que há uma primiscuidade qualquer entre os políticos e a banca, uma classe elitista que será sempre protegida, como diz o bastonário!
Felizmente não conheço ninguém que tenha dinheiro nesses bancos!
abraços
artista
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Atomez Escreveu:A vida é assim mesmo. Em qualquer actividade há vigaristas a tirar partir da ganância dos incautos.
Pois, essa é a parte que o MST se esqueceu de referir, a ganância de quem apostou nesses produtos. No caso da D. Branca, que nem era uma insituição financeira, houve muita gente a entregar-lhe dinheiro, acreditando no milagre da multiplicação....
A vida é assim mesmo. Em qualquer actividade há vigaristas a tirar partir da ganância dos incautos.
Ainda bem que há crises de vez em quando. É como depois de uma grande tempestade, o ar volta a ficar mais limpo e claro.
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Ainda bem que há crises de vez em quando. É como depois de uma grande tempestade, o ar volta a ficar mais limpo e claro.
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As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
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Eu até conseguia perceber o dinheiro empatado nos bancos se entretanto já estivessem detidos meia dúzia de culpados de cada uma das instituições em causa...
abraços
artista
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RandomWalk Escreveu:Corroboro praticamente na integra o texto de MST.
A crueza das suas linhas faz-me lembrar um belo repasto de rosbife regado por um bom vinho tinto.... o sangue corre a rodos sem que consigamos estancar o instinto de o consumir...
uau... bela frase e excelente metáfora.
Abraço,
Dwer
There is a difference between knowing the path and walking the path
Dwer
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Capitalismo, dinheiro e ética
Artigo de opinião de Miguel Sousa Tavares no Expresso desta semana.
Link http://clix.expresso.pt/capitalismo,_di ... __=f485349
Há milhares de empresas, grandes, pequenas e gigantes, espalhadas por esse mundo fora, onde a gestão é bem feita, o trabalho é sério, a produção é de qualidade e a comercialização é adequada. E, todavia, estão à beira da falência, suspendendo a produção, fechando para férias não desejadas nem previstas ou suplicando a ajuda dos governos. E, porquê? Porque o mercado não quer os seus produtos, porque não são concorrenciais? Não, porque o mercado não tem dinheiro para comprar o que produzem. E não tem, porque as poupanças médias foram sorvidas, melhor dizendo, roubadas, pelo sector financeiro especulativo. Não há dinheiro na mão dos consumidores porque os Oliveira Costa, os Rendeiros, os Madoff deste mundo agarraram nas poupanças que lhes confiaram e desbarataram-nas de duas maneiras: ou aplicando-as em pura especulação, sem qualquer critério de prudência e boa gestão; ou, pura e simplesmente, roubando-as, em benefício próprio.
Bernard Madoff representa o ponto extremo do capitalismo de sarjeta tão caro ao espírito "laissez faire, laissez passer" que os liberais dos tempos modernos nos venderam como cartilha tão infalível quanto a do marxismo-leninismo. Ambas têm em comum a capacidade notável de conduzir as nações à ruína, em benefício de uma restrita elite: a da casta dos "play-makers" da alta finança ou a dos quadros do Partido. Nicolae Ceausescu, que chefiava uma nação comunista e miserável, vivia rodeado de mordomias só comparáveis às dos marajás da Índia imperial: mas era tido e louvado como um 'revolucionário socialista'. Bernard Madoff, que simbolizava exemplarmente o sonho americano de vir do nada até ao infinito, era cativante, 'moderno', filantropo, sócio do Palm Beach Country Club, garantia de seriedade e profissionalismo: um génio da finança, que se dava ao luxo de não aceitar qualquer cliente para a sua 'grande mentira'. Com uma diferença: Ceausescu só enganava quem se queria deixar enganar; Madoff enganou todos, ao longo de trinta anos, e, entre eles, os melhores bancos do planeta, a fina flor dos analistas financeiros e as autoridades de suposta vigilância dos mercados americanos. Ah, e outra diferença: Ceausescu acabou preso e executado; Madoff está em casa, de pulseira electrónica e rodeado de luxo. Dir-me-ão que Ceausescu foi responsável pela morte de milhares de pessoas e Madoff não. Até certo ponto: Madoff levou e levará milhares de pessoas ao desemprego, milhares de famílias à miséria, dezenas de organizações de beneficência ao fim, alguns, mais desesperados, ao suicídio. Estou como o dr. Mário Soares: terá de haver sangue. Mas, forçosamente, suor e, desejavelmente, lágrimas.
Isto não é apenas uma crise económica, nem o resultado das aventuras criminosas de algumas ovelhas tresmalhadas do rebanho. Isto é, sobretudo, o resultado de uma crise de valores - políticos, sim, mas também éticos. É o resultado de o Estado se ter demitido do seu papel de vigilância e controlo dos poderosos e de a sociedade se ter dispensado de questionar a origem dessas súbitas e espantosas fortunas que cresceram debaixo dos nossos pés. O dinheiro deixou de ser um ponto de chegada para passar a ser um ponto de partida. Dantes, era necessário justificar socialmente a origem do dinheiro e nem mesmo os novos-ricos legítimos eram bem aceites; hoje, é o dinheiro que, por si só, justifica tudo. Lembro-me de o meu pai me contar que, num julgamento onde participava, apareceu para testemunhar um senhor com um ar importantíssimo e cheio de si que, perguntado pela profissão, respondeu:
- Capitalista!
A sala rebentou numa gargalhada e o juiz interpelou-o:
- Isso não é profissão...
- Pode crer que é, sr. dr. Juiz! - volveu o tipo, sempre seguro de si e da sua importância. Sem o saber, estava, contudo, apenas a antecipar o que viria a ser a regra banal dos tempos de hoje.
Nesses tempos de então, o homem mais rico de Portugal, António Champalimaud, detestava que alguém se atrevesse a tratá-lo por 'capitalista' e definia-se sempre como um 'industrial' - palavra que, a seus olhos, tinha quase uma conotação marxista, de quem se impunha pelo seu trabalho, pelo seu talento, pela obra feita e pela riqueza criada. Hoje, um dos homens que integra a lista dos dez mais ricos de Portugal, entrevistado neste mesmo jornal há tempos, revelava com orgulho que não dava trabalho a mais do que meia dúzia de 'colaboradores'. Era e é um mero especulador bolsista, aplicando a velha máxima marxista de que o dinheiro gera dinheiro e convencido de que é um génio da finança e da 'gestão'. Espero que esteja agora afogado nos fundos Madoff ou em barris de petróleo comprados a 147 dólares o barril, enquanto nós e o país sofríamos com os preços inflacionados por estes abutres do sistema...
A crença de que a sociedade e o poder político se tinham desinteressado de questionar a origem das fortunas e a legitimidade dos negócios puramente especulativos levou a uma espécie de embriaguez moral, que corrompeu sem remissão excelentes quadros financeiros, extremosos chefes de família e devotos cristãos sem mácula. Quando leio que as administrações do BCP - esse "case study" da excelência bancária - criaram dezassete "off-shores", que, entre outras coisas pouco recomendáveis, poderão ter servido também para comprar anonimamente acções do próprio branco e assim fazer subir artificialmente as suas cotações (e, logo, fazer empolar os resultados do exercício e os prémios de gestão dos próprios administradores), realizo que isto, a confirmar-se, é a completa falta de vergonha. Eram os gestores a usarem o dinheiro do banco para, indirectamente, se enriquecerem a si próprios. Ou seja, roubarem o próprio banco que geriam. E ainda querem a prisão preventiva para quem assalta carros?
Vi há dias uma manifestação de desempregados do Norte, gente que viu ir à falência uma série de empresas que nem sequer lhes pagaram os salários até ao encerramento. Eram umas duas centenas de trabalhadores, em representação de cerca de 6000 que estão nestas condições e que reclamavam uma coisa muito simples: se há dinheiro do Estado para pagar os buracos dos bancos, por que não há dinheiro para lhes pagar a eles e depois ir executar as empresas? De facto, eles têm toda, absolutamente toda, a razão. Trata-se de 90 milhões de euros que lhes são devidos - em comparação com os mil milhões já injectados nessa vergonha do BPN ou os 450 milhões de aval (obviamente perdidos) nessa brincadeira do BPP. É indispensável que haja um mínimo de moralidade em toda esta escandaleira. É preciso que não sejam os contribuintes e os trabalhadores sem culpa alguma a pagar a factura dos crimes alheios, para que eles fiquem apenas menos ricos e impunes e possam, mais adiante, retomar o "business as usual" e voltar a reclamar os mesmos privilégios, atenções e louvores do costume. Por muito menos do que isto fizeram-se revoluções.
Link http://clix.expresso.pt/capitalismo,_di ... __=f485349
Cumprimentos,
Cap. Nemo
Cap. Nemo
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