Caldeirão da Bolsa

O que nos diz a Análise Técnica?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

O que nos diz a Análise Técnica?

por luiz22 » 19/7/2006 16:58

Análise Económica
Análise BPI 17:24
O que nos diz a Análise Técnica?
Com a entrada na segunda metade do ano e após alguns movimentos com alguma expressão ocorridos nos últimos meses, num contexto de grande volatilidade, interessa fixar a fotografia do actual momento em diversos mercados financeiros e traçar as tendências e os caminhos futuros com a ajuda da Análise Técnica (AT).

Agostinho Leal Alves, do Departamento de Estudos Económicos e Financeiros do BPI




Iniciando a análise pelo mercado cambial, pode-se dizer, genericamente, que 2006 não tem sido um ano de construção de tendências vincadas. A maioria dos preços tem mostrado, ao longo dos meses, evoluções que se corrigem e que são antagónicas, mostrando a volatilidade dos sentimentos e das convicções dos principais intervenientes. No caso do preço âncora, euro/dólar, a dinâmica de subida, que trouxe o câmbio do patamar dos 1,18 para os 1,30, permitiu imprimir um bullish trend de médio prazo e concorre para a expectativa de que a tendência mais longa poderá aspirar à conquista de novos máximos de sempre. Mas a dúvida está exactamente aqui – o surgimento de interesse comprador de euros adicional que permita a aproximação ao actual máximo, 1,3667, e possibilite o teste e ultrapassagem desse nível. Depois da aproximação dos 1,30, o mercado privilegiou, nas últimas semanas, a formação de um movimento de correcção e consolidou um intervalo compreendido entre 1,25 e 1,30 (valores arredondados). Futuramente, estes níveis vão ser cruciais na definição de uma tendência de curto/médio prazo e confirmar, ou não, o bullish trend de longo prazo. No caso do patamar dos 1,30 ser posto em causa, o objectivo será alcançar os 1,37, havendo dúvidas no surgimento de convergência de interesses que possa levar ao teste e ultrapassagem deste nível e possibilite níveis de 1,40 e 1,45, defendidos por algumas casas financeiras. Acredita-se que, com a ultrapassagem dos 1,30, o mercado irá ensaiar novos máximos mas terá de haver um conjunto de factores ainda não ponderados que leve os operadores a acentuar a apreciação do euro e a testar dois importantes pontos de resistência, nos 1,35 e 1,37. Inversamente, um movimento de quebra dos 1,25, fragilizará a dinâmica de subida de médio prazo e imprimirá um cunho mais lateral à evolução do preço. Hesitações desta ordem complicam a defesa da continuação da construção do bullish trend de longo prazo. Relativamente ao dólar/iene, tem sido difícil continuar com tendências antigas ou formar novas tendências de prazo alargado. De 2002 a 2004 foi construído um bearish trend, contrariado por um forte movimento de correcção ocorrido ao longo de 2005. Nestes últimos meses uma tendência central tem estado mais esbatida, devido em parte à grande volatilidade deste preço. No entando, há sinais que concorrem para a defesa da formação de um bearish trend – nos últimos tempos têm-se formado valores mínimos e máximos sucessivamente inferiores. A confirmação futura passa pelo teste e quebra de importantes referências de suporte nos 113,30, 111,30 e 109,00. A anulação deste cenário virá com o teste e ultrapassagem dos seguintes pontos de resistência: 116,70 e 119,40. O euro/libra esterlina e o euro/franco suíço têm mostrado tendências longas muito laterais, apesar de ser visível uma ligeira inclinação bullish. Estes câmbios formaram e consolidaram importantes intervalos de variação, que poderão manter-se por mais algum tempo.


Nos mercados bolsistas, 2006 tem sido um ano de ganhos e de formação de tendências acentuadamente bullish. Os principais índices bolsistas norte-americanos e europeus conquistaram sucessivos valores máximos do ano, no entanto, nos últimos tempos verificaram importantes movimentos de correcção que, nalguns casos, anularam por completo os referidos ganhos. Mas, pode-se dizer, que os bullish trends não estão ainda “feridos de morte”. O DJI esteve muito próximo do valor máximo de sempre, 11 750 pontos (Janeiro de 2000), e falhou o seu teste. Desde então, verificou um movimento de correcção e mostra dificuldade na continuação da construção do bullish trend. A tendência de alta será mantida se o mercado tiver interesse na aproximação aos níveis máximos e realizar testes à sua resistência. Situação de maior debilidade passa pelo índice cair para a proximidade de valores de suporte nos 10 700 e 10 660 pontos. No NASDAQ Composite, há sinais de maior fragilidade do bullish trend, apesar de não terem ainda surgido sinais de inversão de tendência. Isso só se verificará se forem postos em causa importantes pontos de suporte nos 2025 e 1890 pontos. Um cenário mais risonho acontecerá se voltar o interesse comprador com força necessária que leve o mercado a aproximar-se do valor máximo, nos 2375 pontos. Relativamente ao PSI 20, também o bullish trend verifica uma importante paragem, fruto de um movimento de correcção com significado, verificado após o registo de novos valores máximos, e de uma posterior evolução mais lateral. A retoma da tendência de alta passa pelo índice testar um patamar de resistência nos 9590 pontos e aproximar-se do valor máximo nos 10 356 pontos. Um primeiro sinal de inversão ocorrerá com o teste e quebra de um ponto de suporte nos 9168 pontos.


Na taxa fixa, mercado de futuros, as tendências são globalmente de queda dos preços e de subida das yields. No caso do preço do Bund a 10 anos (contrato de Setembro 2006), o bearish trend acentuou-se e levou ao registo de um valor mínimo nos 114,65 (meados de Maio). A partir daí, tem vindo a ser construída uma evolução mais sideways, apesar do intervalo ser bastante largo, compreendido entre 114,65 e 117,26. É previsível que, ao longo dos próximos tempos, o mercado evolua confinado a estas balizas. O desenho de uma tendência mais expressiva passará pelo seu teste e quebra desses valores.


Em termos de commodities, as principais tendências de longo prazo são de alta, na maioria dos casos de alta acentuada, levando à conquista sucessiva de novos máximos de sempre. O preço do petróleo desenha mesmo um perfeito bullish trend, de máximo sucessivo em máximo sucessivo, ao longo dos últimos anos. No seguimento da tendência, prevê-se que o preço esteja suportado nos $80, no final do ano. O preço do ouro também seguiu um acentuado bullish trend, mas somente até Maio, quando verificou o preço máximo de $730 onça troy. A partir de então registou um importante movimento de correcção (o preço veio para o patamar do $540) que faz prever a dificuldade do mercado voltar à casa dos $700, mesmo que esteja a ocorrer uma evolução bullish de curto prazo. Assim, mesmo que haja uma aproximação do patamar máximo, prevêem-se dificuldades na sua ultrapassagem, acreditando-se mais numa evolução lateral entre os $540 e os $730.
As decisões fáceis podem fazer-nos parecer bons,mas tomar decisões difíceis e assumi-las faz-nos melhores.
 
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