Caldeirão da Bolsa

WARRANTS DAX - Grande embuste !!!!!!!!!

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por DerivativesMan » 22/6/2006 11:34

Obrigado Cem.

Eu concordo com a estratégia de shortar opções (warrants) e é uma estratégia que me agrada. Mas é preciso ter atenção, especialmente com os factores que chamamos de risco com probabilidade zero de acontecerem...tal como uma OPA ou jumps no subjacente. Citou alguns gurus de opções...tenho a certeza que já houve mais mas hoje já não existem, porque quando ganhavam em 90% dos casos eram famosos, mas de vez em quando aparece aquele cenário de probabilidade zero que estoira tudo...por exemplo o caso da Bear Stearns e um hedge fund que seguia essa estratégia. Para se ter sucesso com tal estratégia (successo durante muito tempo) é preciso tconsiderar qualquer risco possível na avaliação dos valores das opções. E aí é preciso saber o seguinte: a volatilidade implicita em opções sobre subjacentes íliquidos (falta de mercado de volatilidade, liquidez reduzida do subjacente, controle do subjacente por poucos investidores) é muito relativa. Nunca sabemos se é alta demais ou não, e nunca pudemos confiar demasiado na volatilidade histórica. Se o Cem seguir a estratégia de shortar opções sobre o DAX ou qualquer outro subjacente liquido (liquidez em todos os sentidos), acredito que poderá tirar rentabilidades superiores ao investimento directo no subjacente (especialmente se tiver cobertura do delta). Essa estratégia pode ser seguida em Portugal através de Discount Certificates emitidos pelo Commerzbank e negociaveis na Euronext. Através dos Disocunts compra-se o subjacente e shorta-se a opção, tudo em forma de um valor mobiliário. Através desse produto consegue-se um risco bem inferior ao investimento directo no subjacente e uma rentabilidade superior até a um certo nível do subjacente. São produtos utilizados por muitos seguros e gestores de patrimónios, em Portugal ainda não foi descoberto mas existe lá para toda a gente.

Caro Cem, vejo que percebe o suficiente de opções para termos uma discussão boa e educativa para muitos. Não estou a contradizer nada do que disse, só que o Cem não está a contabilizar o risco suficientemente. O risco, mesmo sendo quase improvável de acontecer, tem um valor. E esse valor tem que ser implementado em todos os produtos financeiros. O Cem tem razão em afirmar que as vols nos warrants têm um valor superior que nos mercados de opções. Mas para shortar um warrant (se fosse possível) e ficar sem risco (arbitragem de volatilidade implicita) teria que comprar uma opção equivalente com uma vol implicita mais barata e ficar com as duas posições até ao vencimento. A minha questão é a seguinte: os MM têm esse privilégio de poderem ficar com as posições até ao vencimento? Não, o investidor que compra um warrant (o MM fica curto o warrant e tenta comprar uma opção equivalente mais barata para garantir o lucro) também vai querer vender o warrant. O MM nunca sabe quantos segundos, minutos ou dias irá ficar com a posição. Quando o investidor vender o seu warrant, o MM vai ter que vender a opção equivalente. Os lucros que fez no primeiro negócio serão desfeitos e ele só ganha se conseguir um bom hedge nas acções ou através de sinergias na sua carteira de risco. Normalmente o spread nas opções é sempre bastante superior ao spread nos warrants. Portanto o MM tem uma desvantagem em relação a estratégia do Cem (por outras palavras, o comprador do warrant tem uma vantagem por poder vender o warrant com condições pré-definidas e com liquidez garantida). Essa obrigação do MM é uma vantagem para o investidor e financeiramente falado, essa diferenciação tem um valor e portanto se um warrant ter um vol implicita superior a uma opção não quer dizer, à priori, que o warrant seja logo mais caro. Só comparando todas as vertentes de cada estratéga é que realmente podemos comparar uma coisa com a outra, se não estamos a falar de produtos distintos. Nos seus argumentos frisou a importância de não ser obrigado a recomprar a posição short, então procura um privilégio em relação aos warrants, e os privilégios têm um valor. Quanto é esse valor depende do subjacente. Nos warrants sobre o DAX vai ver que a vol. implicita (bid) dos warrants fica acima da vol implicita (bid) das opções. Isto quer dizer que os warrants sao ligeiramente mais caros que as opcoes mas que o bid do warrant tb é ligeiramente superior ao bid das opcoes. A avaliação de warrants sobre o DAX é, contráriamente à opiniao majoritária, muito transparante.

O privilégio de poder andar a comprar e vender warrants sobre outros subjacentes menos liquidos já é relativamente mais cara. Sem warrants iria pagar um spread enorme nas opções (se houver mercado de opções).

Assim fica claro porquê a volatilidade implicita varia constantemente. A volatilidade implicita varia em função do mercado de opções interbancário e da posição de risco do MM. Ele pode não querer vender mais warrants sobre um subjacente sem liquidez porque ele sabe que não vai poder cobrir o seu risco de vega e gamma, mas tem a obrigação de estar no mercado. A única forma de o conseguir é subindo a volatilidade implicita para ter mais possibilidade de manobrar o risco.

Na realidade o mercado de warrants é bastante competitivo é seria impossível a um investidor particular conseguir valores melhores. O mercado português não é mais competitivo porque o modelo de negociação não é adequado para este tipo de produto. Qualquer ineficiência técnica que existe entre o MM, a bolsa, a corretora e o investidor tem um impacto na valorização dos warrants. O importante é saber que existem e cabe a cada um saber gerir esses riscos.

DM
 
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por M » 22/6/2006 11:08

Os dados fornecidos pelos simuladores não são fiáveis ou a volatilidade condiciona assim tanto o valor do warrant?

Tenho vindo a acompanhar as cotações de alguns calls sobre o dax que traduziam valorizações mais elevadas do que as registadas na realidade, fazendo variar, no simulador, o subjacente e o prazo temporal.

Por exemplo no caso do 7629 do citigroup foi como que a partir do momento que venceram os calls de Junho e o volume de transacções disparou os preços simulados e os reais não batem dia após dia.

A variação do preço do warrant varia na ordem de 4% por cada 1% de variação da volatilidade. Será por aqui?
 
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por pvg80713 » 22/6/2006 10:22

Horaclito Escreveu:Caro Ulisses, como sugestão acho que este tópico (que tem inputs muito bons de participantes deste forum com alguns exemplos) deveria estar em inamovivel (para que não se perca com o tempo) uma vez que estes instrumentos financeiros entre outros, são sempre passiveis de se acrescentar algo.

> Eventualmente o titulo até pode ser alterado :wink:

Cumps


Subscrevo inteiramente.

Não percebo grande parte da conversa, mas, quero perceber ! E considero este tema de extrema importancia. Peço aos intervenientes, Derivativesman, Cem, Ovos Moles, Vanessa... que não deixem morrer este tema e contribuam para que haja luz do comum dos mortais sobre este tema.
Obrigado e continuem. sff.
 
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por Horaclito » 21/6/2006 19:54

Caro Ulisses, como sugestão acho que este tópico (que tem inputs muito bons de participantes deste forum com alguns exemplos) deveria estar em inamovivel (para que não se perca com o tempo) uma vez que estes instrumentos financeiros entre outros, são sempre passiveis de se acrescentar algo.

> Eventualmente o titulo até pode ser alterado :wink:

Cumps
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Resposta

por Cem » 21/6/2006 13:35

Caro Derivatives:
Obrigado pelo post de resposta, é sempre bom receber feedback de quem se vê que está bem embrenhado no assunto.
No entanto ir-me-á desculpar mas continuo a bater na minha tecla.
Eu percebo bem onde quer chegar e é evidente que shortar warrants ou opções implica sempre um risco que tem de ser bem medido de forma consciente.
Se consultar os grandes gurus do trading de opções, o McMillan, o Kaplan, etc, todos são unânimes em afirmar que a grande estratégia para se ganhar dinheiro nestes produtos é através da "volatility trading", em termos simplórios, vender as opções com volatilidade implícita elevada e comprar as de VI barata. Mas isso já estamos a falar em trading de comprar e vender uma data de vezes, não era esse o meu ponto de mira.
Sem querer tirar o mérito dos exemplos apresentados em que até o delta hedging está bem metido para aconselhar as pessoas a cobrir grande parte do risco, devo acrescentar que foi buscar um caso extremo e de probabilidade de ocorrência muito baixa, uma OPA!
Em cada 1000 trades do lado curto das opções seria talvez possível que isso viesse a ocorrer uma única vez e mesmo assim era preciso um grande azar para apanhar logo um strike chato em que ficava logo in-the-money, era quase como que apostar num bilhete do Euromilhões e dizer: eu ganho dinheiro neste bilhete se não tiver qualquer um dos 3 primeiros prémios e, bolas, tinha mesmo um desses prémios! :oops:
A minha teoria é generalizada e evidentemente que o caso apresentado da PTC é uma excepção que não desfaz os meus argumentos genéricos, sempre disse que em perto de 10% das situações a estratégia perdia dinheiro que era largamente compensada pelos lucros das trades vencedoras.
Caso não fosse a PT mas por exemplo uma acção americana ou um índice estrangeiro bem líquido, S&P, DAX, Nikkei ou Nasdaq, por exemplo, ou até o EURUSD, é bem evidente que quem para além de shortar os warrants em Portugal quisesse fazer um hedging de cobertura bastaria recorrer por exemplo, entre outros, ao CBOE (Chicago Board Options Exchange) onde encontraria a maioria desses produtos em opções para serem compradas com perto de metade da volatilidade implícita em relação a Portugal!
Já agora outro pequeno detalhe: no exemplo da PT o "detentor" de Calls shortadas não era obrigado a vendê-las, era preciso que fossem do tipo americano e fossem exercidas pelo comprador e mesmo assim teria de haver um sorteio entre os vendidos em Calls para saber quem era o escolhido em sorte (azar)!
A única situação que não entendi no seu exemplo foi o telefonema de um cliente que estava vendido em opções da PT. Como é isso possível, essa situação afinal não está interdita ao público? Se me disser que ele estava comprado em Puts e preocupado porque estava a perder dinheiro por esse motivo, eu compreendo, mas há-de me dizer como é possível que haja pessoas que conseguem ter acesso a ficarem shortados em Calls ou Puts, ainda por cima de um dia para o outro na altura da OPA (foi mesmo um grande galo!), eu gostava de saber como proceder para poder fazer a mesma coisa no futuro...
Para finalizar não deixaria contudo de lhe agradecer a resposta, acho que o exemplo é de todo muito instrutiva em inúmeros aspectos, para muita gente ter consciência do que está a comprar e das respectivas consequências, embora não responda ao essencial do que afirmei no post anterior.
Um abraço e obrigado.
Cem
 
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por DerivativesMan » 21/6/2006 12:32

Cem e todo o resto do pessoal da warrantada,

eu entendo o que queres dizer, só que na realidade não é bem assim, tão linear e simples como dizes. Se fosse assim tão simples qualquer banco poderia aproveitar o mercado das opções para comprar a vol "barata" e vende-la cara ao investirdor através de warrants. Já houve muitos bancos a tentarem ser MM de warrants, mas só poucos conseguiram sobreviver neste mercado muito competitivo. Se analisares bem o mercado de opções vais ver que nem sempre tens liquidez, nem sempre consegues negociar opções. Muitas vezes fazes um quote request e ninguém te dá um preço, ou às vezes consegues um preço mas à segunda vez já te abrem o spread para o dobro. Não te esqueças que o mercado de opções tb é feito por MM, só que são anonimos e nao têm obrigação de cotar...e portanto estão se lixando para a reputação. Eles fazem puro prop trading. Já tive o caso onde quis fazer um negócio num subjacente espanhol (aparentemente com boa liquidez na MEFF) e quando fiz um quote request ninguém me respondeu e um broker disse-me que o MM não queria cotar nada porque estava de mau humor. Nos warrants tens lá sempre bid/ask com um spread fixo... e o MM trabalha para uma instituição com prestigio e tem que seguir certas regras.

E dizeres que o risco do MM é nulo é falso, muito falso. O risco de estares short opções é muito elevado. E esse risco nada tem a ver com a opção ser do tipo americana ou europeia. Se tu tens o direito de shortar uma opção é porque alguém a comprou, esse alguém tb tem o direito de a vender (não estou a falar de exercer)...e se te comparares a um MM vais ter que comprar com um spread fixo. E é aí que reside o grande risco de apanhares um pau valente quando o subjacente apresenta num dia uma volatilidade superior à implicita. Só para teres uma ideia, uma vol implicita de 30% corresponde a uma variação diária de 1,88%...não é assim tanto. Para não apanhares pau neste caso tens que ter o teu risco de gama sempre coberto. E como é que vais fazer? Comprando opções exactamente iguais às que vendestes. E vais encontrar sempre opções iguais? Nem sempre. E vais poder cobrir sempre o teu risco de gama? Não! E vou dizer porquê: se o fizeres, ficas sem risco, se ficares sem risco nunca vais ganhar nada. Vais perder pelo spread que pagas na cobertura do deu delta hedge (comprando as acções quando se vende calls) e na compra da opção correspondente vais ter que pagar na média mais que conseguistes através da venda de warrants, especialmente se é um subjacente sem liquidez. No caso de subjacentes americanos existe uma certa liquidez, no DAX também, mas em subjacentes portugueses não existe nada. Então pergunto: qual seria a volatilidade justa nos warrants sobre a PT antes do anúncio da OPA? Vamos fazer um exemplo simples para ilustrar o risco de estar short warrants:

Em fevereiro a PTC tinha uma vol histórica (30 dias) de 16,8%. O subjacente cota a 8,18€. Existe um warrant call no mercado com strike 9€, maturidade em junho e tem um bid de 0,23€ (vol implicita de 30%). Este warrant parece muito caro, então vamos shorta-lo. O warrant tem tb as seguintes características de risco:
Delta: 0,31
Gamma: 0,28
Vega: 0,016
Theta: 0,0022

Primeiro exemplo: shortar 1.000.000 warrants sem fazer qualquer cobertura de risco:

A) Ingressos: 230.000 € (o tal negócio da China porque o warrant vai valer 0 na maturidade).
B) Após fecho do mercado sai a notícia da OPA sobre a PTC. Isto não é um exemplo teórico, aconteceu mesmo e recebi um telefonema de alguém muito preocupado porque estava bastante short em opções!!!) A PT abre no próximo dia em gap a 9,69€

Quanto valerá o warrant no próximo dia? Se a vol implicita for fixa (30%), o warrant valerá 1,13€. Como houve uma OPA quer dizer que já não há tantas incertezas sobre a evolução do subjacente, existe um cap que é a oferta feita e a volatilidade implicita vai cair. Mesmo que caisse para 15% o warrant valeria 0,82€.

Como neste exemple não houve nenhuma cobertura e o comprador do warrant vai querer vender (a 0,82€), a entidade que shortou a 0,23€ vai perder 590.000€.

E o que aconteceria se tivesse feito o delta hedge, como mandam os livros?

Teria comprado 310.000 PT a 8,18€ (delta de 0,31 * 1.000.000 warrants vendidos).

No próximo dia a carteira do delta hedge vale 310.000 * 9,69 = 3.003.900. Teria um ganho de 468.100€ (3003900-2535800).

Mesmo com um delta hedge perfeito terias perdido 121,900€. Esse é o risco do gamma, que só consegues cobrir comprando opções idênticas. No caso da PT não houve vendedor de opções no mercado para quantidades grandes. Mesmo conseguindo, o potencial do teu ganho máximo de 230.000€ iria ficar quase 0, e ainda terias o risco de pagar um spread superior nas opções e nos subjacente do que tens nos warrants.

Portanto, shortar warrants não é negócio da China, nem é sem risco e para quem faz MM de warrants tem que analisar muito bem o mercado total para ponderar a volatilidade correcta consoante o risco que tem na sua carteira. Neste exemplo fica bem ilustrado porquê a volatilidade implicita não é nem pode ser fixa. Especialmente quando se trata de subjacentes sem mercado de volatilidade (sem opções).

O Cem tb disse que o mercado de opções americano tem muita liquidez. É verdade, mas nem sempre. Lembro-me quando sairam os resultados da Google...ninguém cotava nada, não havia indicação de vols antes dos resultados, e após terem sido comunicado a vols no mercado das opções cairam drásticamente. Agora quem leu este thread e prestou atenção já sabe porquê os MM tb têm que baixar as vols implicitas nos warrants quando o mercado de opções as baixa. Não seria justo vender-se um warrant com uma vol de 40% se o mercado já não espera grandes oscilações no subjacente após resultados menos bons. O MM tb não é nenhum imbecil a comprar warrants a 40% de vol se o mercado de opções só lhe paga 20%. Quando o BCP fala em vols fixas é quase só referido ao DAX (não há risco de OPAs nem tantos gaps como em acções). Por isso que tb não têm muitos warrants sobre single stocks. Imaginem o nosso exemplo da PT....algum MM iria vender 10.000.000 ou mais warrants à mesma volatilidade sem a alterar? O que ele iria explicar ao seu chefe após a OPA? Iria perder muito e podia fechar logo o negócio todo. É claro que não pode funcionar assim. E o risco de algo improvável como uma OPA não é tão pequeno assim. Se há risco tem que estar implicito na avaliação do produto...se não não seria um produto financeiro, seria qualquer coisa que iria existir por pouquissimo tempo.

Aprendemos o seguinte:

1) O MM não anda às apostas contra o cliente. Nem seria permitido ter um negócio assim...a compliance do banco e a supervisão iriam cortar logo um negócio assim. Não pode haver conflictos de interesse no negócio. Também não faria sentido faze-lo, como vimos nos exemplos, porque o risco seria muito elevado, não seria nenhum negócio que funcionasse, e podia-se fazer de uma forma muita simples sem que o emitente tivesse que suportar os custos de montar um negócio de MM de warrants (informática, custos de emissão, os próprios MM etc).

2) A volatilidade histórica não diz muito. Se for um subjacente tipo DAX com um mercado de opções bastante liquido, a vol histórica e a vol implícita de warrants ATM tem uma correlação muito mais elevada. Caso contrário, a vol implicita tem a ver com o risco da carteira do MM, da possibilidade de fazer hedging e do perigo de OPAs e frequencia de jumps no subjacente, como tb a liquidez no próprio subjacente.

3) Os warrants são produtos de alto risco. Sim, para quem investe neles como se tratassem de acções são realmente produtos de alto risco. Mas tb podem ser utilizados para diminuir os riscos. Muitos investores investem em fundos e produtos de capital garantidos e quase todos utilizam opções para alterar o perfil de risco. Por exemplo os Discount Certificates utiliza opções para diminuir o risco em relação ao investimento directo em acções.

4) Os warrants não são para todos. Primeiro é preciso entender o que se escreveu aqui. Quem não compreendeu tudo é porque ainda não está pronto para investir demasiado nestes produtos (e depois vai haver sempre comentários de manipulação)

5) Sim, os emitentes querem que os investores ganhem, mas óbviamente não ao custo dos próprios MM. Os MM estão a possibilitar ao investidor de retalho um acesso ao mercado de opções. Através de warrants há mais strikes, maturidades e melhores condições para o investidor de retalho que directamente através do mercado de opções.

6) O subjacente sobe e os calls não: é claro que isso pode acontecer, especialmente nos warrants OTM. A única coisa prometida nos warrants é o valor intrinseco, nada mais. Se a vol cai, é mau para os que já os tinham em carteira...bad luck, mas como os MM ajustam a vol no bid e no ask dos warrants, uma vol baixa é então bom para quem quer entrar a seguir: paga menos.

Já estou cansado de escrever....e já só penso no próximo jogo de Portugal. E parabéns para quem consigou ler tudo até aqui...que paciencia!

Um abraço,

DM
 
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Resposta

por Cem » 20/6/2006 18:29

Caro Derivatives:
Tem razão em afirmar que os warrants do tipo americano podem ser exercidos antes da maturidade, é um risco para quem possuísse em teoria posições curtas em warrants.
Só que por curiosidade perguntei a duas corretoras nacionais que comercializam esses produtos desde o seu início qual a percentagem de warrants exercidos antes do seu prazo de validade até hoje. Resposta: zero, no caso dessas corretoras!
Porconseguinte esse risco na prática é como se não existisse, daí a razão de continuar a afirmar que o melhor negócio que existe em Portugal, se tal fosse permitido, seria shortar no primeiro dia e deixarmo-nos ficar sossegados até à sua maturidade e aí fazer as contas finais de acerto dos ganhos e perdas, nada de tradings complicados com compras e vendas pelo meio.
É pena não ter aqui comigo uma base de dados dos warrants porque na altura em que tive acesso a esses dados era fácil constatar que o lucro dessa simples estratégia era deveras espantoso! :shock:
Quem tiver esses dados disponíveis convido-o a apresentá-los aqui e vai ver que o grande negócio do nosso mercado era esse!
Infelizmente não podemos shortar e os emitentes são naturalmente inteligentes e aproveitam-se desse buraco e da impossibilidade de haver produtos de hedging alternativos no lado curto do mercado...
Porque razão tal estratégia é uma mina de lucros potencial permanente? A resposta é óbvia: porque os seus preços de venda ao público nos primeiros dias de mercado eram altamente especulativos em função da volatilidade implícita exagerada que "encarecia" demasiado o seu preço de lançamento.
O risco dos emitentes é nulo e os warrants neste ambiente são um verdadeiro negócio da China, basta vendê-los ao público em Portugal por valores elevados e comprar o mesmo produto bastante mais barato em mercados de opções muito líquidos, nos States por exemplo, para garantir o respectivo hedging sem risco e com lucro chorudo garantido.
Do lado do comprador de warrants infelizmente só pode comprar "caro" e não pode fazer hedging lá fora porque obviamente a volatilidade implícita de mercado é muito mais baixa e portanto é a parte fraca do elo do negócio que normalmente desconhece que podia comprar muito mais barato nesses mercados muito líquidos! Adiante...
É óbvio que a partir da data de lançamento para a frente a volatilidade implícita vai baixando em relação à volatilidade implícita comparável em mercados desenvolvidos na proporção da quantidade de venda da emissão que vai saindo do portfolio do emitente para o público em geral, até que na data de maturidade o seu valor é quase idêntico à volatilidade real histórica de curto prazo. O emitente a partir da altura em que despachou todo o volume de warrants emitidos limita-se então apenas às operações de arbitragem como market maker.
Afinal o lucro do emitente está na conjunção de 2 factores: na actividade de market making e na quantidade de venda da sua emissão de warrants.
São duas vertentes de negócio nas quais não tenho dúvidas que a segunda componente é a sua parte de lucro de "leão" mais significativa enquanto que a primeira parte tem mais um aspecto "convidativo" de chupa-chupa para fornecer a liquidez de atractividade para aliciar o especulador a comprar o seu produto. Quanto menor a percentagem do diferencial bid/ask mais liquidez aparece, mais especuladores aparecem para provar o "mel" e comprar os warrants, havendo infelizmente pouca gente que sabe que o busílis está precisamente no preço de lançamento do produto altamente "exagerado" em relação à probabilidade estatística de evolução do mercado em qualquer direcção relativamente ao seu histórico.
Cada um que tire as suas conclusões porque no meu caso felizmente já as tirei há muito tempo!
Abraço.
Cem
 
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por DerivativesMan » 20/6/2006 17:31

Dwer...para fazer esse exercício não chega utilizar só a primeira cotação e o valor na maturidade. Na maturidade, o warrant vale 0 ou qualquer coisa, e isso só depende do subjacente. É fácil calcular o valor que o subjacente tem que ter na maturidade para o warrant valer mais que no primeiro dia de negociação. Se existem investidores é porque acreditam que seja possível. Mas também posso dizer que se analisarmos todas as cotações de todos os warrants durante todos os dias, tenho a certeza que se poderia ter ganho com quase todos os warrants. è preciso saber entrar e sair no momento correcto.

DM
 
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Re: Resposta

por Dwer » 20/6/2006 16:07

Cem Escreveu:Caro Derivatives:
Para provar que tenho razão basta colocar aqui a lista dos warrants lançados em Portugal, tanto faz estarem in ou out-of-the-money.
Depois é só colocar os preços da primeira cotação e comparar com o preço de exercício.
É fácil tirar em seguida as conclusões, diga-me depois em quantos ganhava e quantos perdia, pelas minhas contas os ganhos são superiores às perdas em mais de 90% dos casos!
Abraço.
Cem


Seja como for, acho que valia a pena fazer este exercício.

PS: Nunca toquei nestes instrumentos, nem sequer os compreendo. Já acho uma tarefa gigantesca calcular o sentido do próximo movimento do mercado, quanto mais calcular o 'quanto' e o 'quando'.
Abraço,
Dwer

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por Vanessa » 20/6/2006 16:01

Boa tarde,

Confesso que me surpreende que constantemente apareçam tópicos com titulos semelhantes a este!

Os warrants e a actividade dos Market Makers não são um embuste. Os investidores não devem culpar o instrumento financeiro ou market makers da sua falta de conhecimento ou pelo facto da tendência que esperavam para determinado activo não se ter verificado.

Como investimento estes istrumentos representam uma alternativa, utiliza quem quer. É como conduzir um automovel a 180km/hora num local onde a velocidade máxima permitida é de 120km/h. Se formos apanhados (ou tivermos um acidente) sofremos as consequências se não, chegamos mais depressa.

Os warrants funcionam desta forma, o risco é acrescido para um rendibilidade mais elevada e quanto maior a rendibilidade maior o risco! Parece obvio!

Neste momento estão disponiveis warrants emitidos por diversos emitentes com diferentes padrões de actuação (e nem me vou alongar sobre o que penso de cada um deles, sendo que os acompanho a todos há bastante tempo), aos investidores cabe avaliar o que melhor corresponde às suas expectativas. Não faz sentido criticar o Commerz e o Citi durante anos e continuar a transaccionar os seus warrants (e a continuar a criticar), ou procuram outros warrants ou outros instrumentos financeiros.

A tendência europeia para estes instrumentos é de crescimento constante nos últimos anos e eles podem ser utilizados de outras formas que não a simples especulação intradiária.

Nota: Excelentes explicações técnicas do Derivatives Man, um enorme bem-haja para si.

cumprimentos,
Vanessa
 
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por ptmasters » 20/6/2006 15:23

No mínimo estranho, os mercados americanos invertem, e por exemplo, o TW Put sobre o NASDQ com ko nos 1625 a julho, que "ainda" só movimentou +40000 títulos hoje, mas estando todo o dia (desde manhã) como 100000 na oferta e na procura, e o MM.... desapareceu...

Enfim...

1 ab
O que é um cínico? É aquele que sabe o preço de tudo, mas que não sabe o valor de nada.
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por DerivativesMan » 20/6/2006 14:51

Cem, não preciso de provas, sei bem como funciona este negócio. Como exemplo, se shortares um warrant no ínicio da emissão quando está mais caro, como o dissestes, imaginemos que o warrant vale 0,30€ e na maturidade está out of the money e vale 0€. Na teoria terias ganho 0,30€...mas só na teoria. O que acontece se houver uma OPA sobre o subjacente onde estás curto, imagina que o warrant iria valer 1,20€ (ficando in the money). A entidade que detem esse warrant tem o direito de exercer o warrant, não é? O direito da entidade que está longo é a obrigação do option writer. Se no inicio achastes que o warrant estava caro demais, digamos que o valor teórico justo seria 0,20€ (através da observação das vols históricas...então para conseguires esses 0,10€ estarias exposto a um risco de perder muito mais que investistes. Não acho que essa estratégia é muito viável. Então para não estares exposto a esse risco tens que fazer a cobertura correcta dos riscos que tens. Se shortares warrants/opções vais ter que comprar/vender o delta (através de acções) e tb o teu risco de gama (através de outras opções). Se não conseguires cobrir teu risco de gama vais sempre perder quando há movimentos muito fortes no subjacente, porque a tua cobertura do delta vai ficar sempre longa demais quando o subjacente cai ou curta demais quando o subjacente sobe (entao vais sempre comprar caro e vender barato o subjacente). Portanto, mesmo que o warrant na maturidade valer 0€, durante a vida ele vai sempre ter fluctuações que podem levar-te a falência, especialmente se teres as mesmas obrigações dos market makers: bid/ask continuo no mercado. Quem vende tb tem que comprar.

Por isso que só no final do warrant é que se sabe se a volatilidade implicita foi alta ou baixa. No inicio não se sabe. A única coisa que se sabe é que a concorrencia entre os emitentes faz com que eles cotam as vols implicitas o mais baixo possivel. E quando o subjacente não tem mercado de opções, como a maioria dos subjacentes portugueses, então a vol implicita nem tem muito a ver com a volatilidade histórica do subjacente, é mais como o valor de uma matéria prima com falta de liquidez...quanto mais procura existir, mais cara fica. Neste cenário os primeiros a comprarem conseguem quase sempre um preço melhor.

Cumprimentos,

DM
 
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por lagosta » 20/6/2006 14:32

Deixo aqui uma resposta a uma reclamaçãao que enviei á CMVM Gabinete de Apoio ao Investidor e Mediação de
Conflitos acerca das ausências dos MM em períodos chave do dia.

Resposta politicamente correcta, e standard.


"Exm.º Senhor,

Em resposta à mensagem que V. Ex.ª teve a amabilidade de enviar, cumpre esclarecer que os contratos de criação de mercado, são contratos bilaterais celebrados entre a Euronext Lisboa – Sociedade Gestora de Mercados Regulamentados, S.A e o criador de mercado (market maker), sendo que as cláusulas desse contrato são as que forem estipuladas entre as entidades intervenientes – nomeadamente por exemplo a cláusula atinente ao tempo de permanência em mercado, do maket maker.

Assim, relativamente à actuação dos market maker Commerzbank na negociação de warrants no mercado de Cotações Oficiais da Euronext Lisbon, cumpre informar que a formação do preço dos warrants não pode ser aferida apenas por via da observação directa da evolução dos preços do activo subjacente. Uma variável muito importante na formação do preço dos warrants é a volatilidade esperada do preço do activo subjacente (enquanto medida das oscilações do preço do subjacente) a qual reflecte expectativas que podem divergir entre mercados e investidores.

Mais se informa, V. Ex.ª que o market maker tem que cumprir com o estabelecido no contrato de criador de mercado que celebra com a Euronext Lisbon, bem como em toda a regulamentação relativa a negociação, nomeadamente as Regras Harmonizadas e não Harmonizadas da Euronext Lisboa – Sociedade Gestora de Mercados Regulamentados, S.A., disponíveis em: http://www.euronext.pt/bvlp/start.jsp?lang=pt&op=geral .


Todavia, quando for notada por V. Ex.ª alguma situação que repute como anómala ou potencialmente violadora das disposições contratuais do contrato de criação de mercado, e sofrendo prejuízos concretos decorrentes da actuação do market maker, em primeiro lugar deverá apresentar a reclamação ao Intermediário Financeiro prestador de serviços de intermediação financeira, em segundo à Entidade Emitente dos warrants. Após realização das diligências referidas anteriormente e caso não fique satisfeito com a resposta obtida, poderá ainda, querendo, no caso dos Warrants admitidos à negociação em Mercado Regulamentado de bolsa apresentar a reclamação à CMVM, e no caso de emissões de warrants adnitidos à negociação em Mercados não Regulamentados, mas geridos pela Euronext Lisboa – Sociedade Gestora de Mercados Regulamentados, S.A. directamente a esta entidade.

Tomamos a liberdade de juntar em anexo o Contrato de Criação de Mercado celebrado entre o Commerzbank e a Euronext, e que foi publicado no Boletim de Mercado da Euronext no dia 16 de Julho de 2002."
 
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por Ovos Moles » 20/6/2006 14:13

Cem, que muitos colocassem esse tipo de questões eu já podia esperar, agora vindo de ti??? O objectivo do Market Maker é que os clientes ganhem para que continuem a negociar os produtos deles. No entanto, a responsabilidade da maior parte dos clientes de warrants perderem tanto dinheiro é culpa da disciplina e "carneirada" dos investidores. Procuram sempre os warrants com maior alavancagem ("os mais baratinhos"), implicitamente, deep out-the-money no caso dos vanilla ou muito proximo dos knock-out no caso dos turbo e geralmente o factor de escolha tem a ver com o volume de warrants negociados, julgam que por todos andarem nesse warrant, o mesmo tem mais liquidez, "fullish guys". Sendo assim, esta corrida a produtos com este perfil de risco motiva tambem os Market-Makers a lançarem Warrants de acordo com o pretendido pelo mercado, contribuindo implicitamente para os mais ingenuos nestes produtos acreditarem que pelo warrant ter estado por ex. nos 0.60€ e agora estar a 0.02€ acreditam que não pode cair mais e que vai subir (como se fosse uma acção). Conselhos:
- O dinheiro que investem nos warrants equivale a um prémio tal e qual como um seguro de vida, tem de ser algo que estão disposotos a colocar e a sujeitarem-se a perder tudo;
- o prazo é um factor importante, no caso dos vanilla à medida que o tempo passa o warrant vai perdendendo valor, não se esqueçam que o warrant=VI+VT, quanto mais dilatado o prazo mais "seguro" será investir nesse warrant
- Procurem emitentes com gestões de volatilidade mais passivas, pagam por uma vol mais cara mas têm a certeza de não ter de andar a alterar esta variavel quando fazem os cálculos dos warrants
- Procurem um st5rike razoavel no momento de escolha do warrant, ex. se o DAX está a 5400 e o warrant tem um strike a 6400 para daqui a 1 mês a tendencia deste warrant é caminhar para Zero pois é praticamente impossivel a opção vir a ter VI (Valor Intrinseco).
Um abraço e boas escolhas
Ovos
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Resposta

por Cem » 20/6/2006 12:28

Caro Derivatives:
Para provar que tenho razão basta colocar aqui a lista dos warrants lançados em Portugal, tanto faz estarem in ou out-of-the-money.
Depois é só colocar os preços da primeira cotação e comparar com o preço de exercício.
É fácil tirar em seguida as conclusões, diga-me depois em quantos ganhava e quantos perdia, pelas minhas contas os ganhos são superiores às perdas em mais de 90% dos casos!
Abraço.
Cem
 
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por DerivativesMan » 20/6/2006 12:02

Não se esqueçam que a volatilidade histórica é sómente um valor estatístico e pode-se analisar de várias formas.

Li neste forum que se fosse possível shortar os warrants, que o fazia com todos porque os warrants estão demasiado caros. Seria mesmo assim? Vamos lá ver o caso do BCP. Volatilidade histórica, bem temos uma vol de 25% nos últimos 10 dias, ou uma média de 20% nos últimos 50 dias ou 24% nos últimos 100 dias. Interessante. E se houvesse um warrant sobre a BCP no mercado com uma vol a 30%? Esse comentador disse que shortava tudo, ou de outra forma, se ele fosse MM iria vender tudo a 30%! Bem, grande profissional e entendedor deste negócio. Agora pergunto, se ele realmente vendesse tudo a 30%, o que iria fazer nos dias onde o BCP varia mais que os 30% (anualizados)? Por exemplo em março o BCP apresentou volatilidades de 60%. Se ele fosse um MM iria perder seu trabalho bem rápido. Se vendesse tudo a 30%, iria ficar muito curto em vega e gama (isto quer dizer que nos dias de grande volatilidade do subjacente ele ficaria sem cobertura: fica curto quando o BCP sobe e longo quando o BCP cai). Portanto os MM têm que gerir sua carteira consoante o risco e o subjacente. O grande risco dos warrants é a variação do delta (gama) e obviamente o risco de volatilidade.

Como não existe mercado de opções sobre o BCP (e muitos outros subjacentes), ele iria enfrentar um spread muito acima de aqueles implicitos nos warrants (o spread de vol nos warrants é muito mais apertado que os spread de vols nas opções) - e nunca iria ter a certeza de encontrar opções equivalentes para fazer a cobertura do risco que detem em carteira. Não se pode esquecer um simples factor: estar longo em warrants tem um risco bem menor que estar curto: os investidores têm um risco de perda limitado ao valor investido no warrant. Os MM ou aqueles que estão short tem um risco ilimitado.

Isto tudo para dizer que a vol histórica é interessante para se saber se estamos a olhar para um subjacente que mexeu muito ou pouco no passado. A vol implicita é um valor, um produto, algo concreto que se pode negociar. A vol implicita em subjacentes iliquidos e manipuláveis não tem nada a ver com a vol histórica apresentada. Um bom MM tem que saber antecipar "jumps" no subjacente (por exemplo quando saiem resultados, perigo de OPAs etc).

Já tinha dito uma vez, quem acha que os MM manipulam os warrants não devia andar a brincar com estes produtos porque aparentemente ainda não sabem como funciona este negócio. Ainda há comentários tipo "eu ganho e o MM perde...nós contra o MM"...não tem lógica nenhuma. Se fosse assim, para quê é que os bancos iriam fazer estas "apostas" de uma forma tão complicada? Seria muito mais fácil e muito mais barato andarem a especular com os futuros em vez de montar um negócio tão complexo como o MM de warrants.

Bem, o melhor é fazerem mais perguntas e comentários, depois respondo. Explicar tudo de uma vez é demasiado complicado e tb já estou sem paciencia.

Um abraco,

DM
 
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por Barra » 19/6/2006 21:21

Criança em warrants,

Existem Turbo Warrants sobre acções.
Só que os MM apenas as disponibilizam quando têm interesse.

Negociei TW sobre a PTC através do citi que bom lucro me deu, um pouco antes da OPA.

Lembro-me que a carteira do JAS também tinha. Em boa hora.
 
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Re: O Objectivo a nunca poder esquecer na compra de um warra

por daviddias » 19/6/2006 20:52

aforro Escreveu:O Objectivo na compra de um warrant é a possibilidade de tu poderes comprar e vender no mesmo dia, ou se possivel dentro da mesma semana, e tenta fazer uma analise aperfundada do warrants para saber se o warrant está no seu valor "real" antes de o comprares(com os seus valores historicos, o que é bem dificil, pq poucos bancos o fazem Ex: Millennium BCP(mas este tem Muitos contras))pq as entidades emitentes n têm historicos, o que é bem negativo...

Cump.
Aforro


eu acho k mais do k perceber como têm variado historicamente é entender o k cada parametro influencia a cotação da opção, seja a volatilidade, tempo ou preco do subjacente.. dps tens de ir ganhando uma certa pratica e comeca com valores mt pekenos ou entao com uma carteira virtual que vais acompanhado no excel.. bye
umas postas de pescada e tal.. http://aminhacarteira.blogspot.com/
 
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O Objectivo a nunca poder esquecer na compra de um warrant

por aforro » 19/6/2006 20:34

O Objectivo na compra de um warrant é a possibilidade de tu poderes comprar e vender no mesmo dia, ou se possivel dentro da mesma semana, e tenta fazer uma analise aperfundada do warrants para saber se o warrant está no seu valor "real" antes de o comprares(com os seus valores historicos, o que é bem dificil, pq poucos bancos o fazem Ex: Millennium BCP(mas este tem Muitos contras))pq as entidades emitentes n têm historicos, o que é bem negativo...

Cump.
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Re: Opinião

por daviddias » 19/6/2006 20:19

Cem Escreveu:É pena que a maioria das pessoas que compra este produto não ligue minimamente à volatilidade, há que pôr a fórmula de Black-Scholes a trabalhar, claro, já que é este factor implícito comparado com o seu valor histórico que nos pode dizer se o preço do warrant é um roubo ou não...
Cumprimentos.
Cem

eu kando negociava mais em warrants normais, ia a um PUT com um K semelhante ao do call e usando a formula de B&S sacava a volatilidade k dps usava no call.. a partir desse valor, os valores do direito nunca diferiam mt do usado pelo MM. A unica diferenca e k me apercebi passado uns tempos, é k ele usava os futuros e nao o proprio indice para quotar o instrumento. As opções sao uns instrumento mt interessante, mas tambem de dificil valorização e portatno obriga a um estudo intensivo dos modos de valorização, nem k seja pela intuicao ultra trivial do modelo binomial. Como é natural, depois de se estudar isto, pode-se generalizar aos turbos, mas a sua valorização ja nao é tao simples pois sao truncadas num dos lados.. bye
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por charles » 19/6/2006 20:17

sem duvida esses de valor baixo são muito atractivos mas pelo que tenho vindo a observar de alguns que segui so por curiosidade , são proibitivos, pois se estão baratos difilmente recuperam ou nunca recuperam

pelo que li aqui em varios posts deu para perceber melhor o seu funcionamento e mais acho que este produto é realmente um suicidio , percebo o ponto de vista do elias um mais caro acaba por ser mais seguro
Cumpt

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por Elias » 19/6/2006 19:51

Viva,

Gostaria de frisar que este tipo de problemas acontecem principalmente (para não dizer quase exclusivamente) aos warrants que estão muito "out of money", pois esses apenas têm valor temporal, que é mais sensível a variações de volatilidade e à passagem dos dias. Já os warrants que estão "in the money" têm uma parcela de valor intrínseco e essa é intocável, ou seja, por muito que o MM mexa na volatilidade, estas mexidas afectam menos o valor do warrant. E tem mais: quando o warrant está "deep in the money", o valor temporal é muito baixo ou inexistente e então o valor do warrant segue rigorosamente a variação do índice.

Acontece que o pessoal, seduzido pelo preço aparentemente barato, e ofuscado pela perspectiva de lucros rápidos, gosta mais de ir para os warrants "out-of-money". E quanto mais out-of-money, mais atractivos parecem. É um pouco como as penny-stocks (tipo PAD e afins), que atraem muitos compradores devido ao seu baixo valor, mas acabam por se tornar numa verdadeira dor de cabeça para os investidores, muitas vezes resultando em menos-valias elevadas.

Pessoalmente, prefiro os warrants "deep in the money", quando os há disponíveis. O retorno é mais moderado, mas o risco é controlado.

Saudações,
Elias
 
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por charles » 19/6/2006 19:50

[u]queria dizer tempo que falta para a maturidade e distancia do strike[/u]
Cumpt

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por charles » 19/6/2006 19:44

Vieira Escreveu:
charles Escreveu:eu tenho estado a seguir um do ct o 6200 para setembro e é uma perfeita aberração, quando o dax estava abaixo dos 5300 ele cotava nos 0.17 0.18 com o dax hoje a chegar perto dos 5500 ele fechou a 0.16 0.17 :wall:

digam lá se as regras estão bem ou mal feitas, e que com este tipo de regras um warrant nunca sobe a nao ser que haja uma variaçao extra extraordinaria do subjacente mas cuidado se for a uma sexta feira pode ser que na segunda ja tenho perdido valor, acho eu.
warrants nem pensar a nao ser que se saiba para onde vai o mercado
.


Caro amigo, não é uma aberração porque esse warrant está tão out of the money, que simplesmente vale zero. Os unicos centimos que lhe dão a cotação diz respeito unicamente ao valor temporal. Ora como os dias passam e o DAX não se aproxima dos 6200, vai perdendo valor temporal.


vieira este produto não é aberração para ti mas para mim é eu quando faço essa afirmaçao, ela não está dependente de estar bem ou mal cotado , não depende se o citi ou outro mm esta a cumprir o que esta regulamentado ou não eu achoq ue é um produto altamente enganoso assim como a forma como o publicitam

mas isso não é razão para nao continuar a achar que estes produtos são um roubo, pura e simplesmente deviam ser retirados do mercado

tecnicamente nao sei explicar com precisão todos os factores intrinsecos que fazem variar os warrants, sei que tem haver com a volatilidade o tempo que falta para o strike etc

por tudo isto nunca comprei warrants e penso que dificilmente comprarei agora cada um é que sabe não critico quem compra mas critico o produto em si
Cumpt

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Opinião

por Cem » 19/6/2006 19:17

Lembro-me de ter alertado desde a data em que os primeiros warrants autónomos foram lançados em Portugal que estávamos perante uma grande marosca, para não lhe chamar vigarice, por parte das entidades emitentes.
Porquê?
Simplesmente pela simples razão de que a volatilidade implícita destes produtos, nos primeiros dias de venda ao público, ser muito exagerada. Na maior parte dos casos, na altura em que fiz essa pesquisa porque já antes negociava opções nos mercados norte-americanos, a volatilidade implícita variava de 1,8 a 3,3 vezes em relação à volatilidade real ou histórica do produto subjacente! Proibitivo.
Isto só é possível ocorrer em Portugal pelo simples motivo de não ser possível shortar estes produtos. As pessoas compram os warrants sem saber que há um pressuposto desconhecido pela maioria dos seus compradores: é que a volatilidade terá de duplicar ou triplicar dali para a frente até à maturidade para pelo menos não perderem dinheiro, isto é, sairem empatados ou com um capital na altura da data de exercício igual ao da compra.
Se isto fosse um verdadeiro mercado de opções haveria a possibilidade não só de logo no início podermos comprar como também vender, sim, shortar Calls e Puts logo no início de uma carteira e nesse caso é evidente que os market makers teriam de usar a volatidade muito mais próxima da histórica para conseguirem sobreviver no mercado. Os preços de entrada vinham logo muito por aí abaixo!
Em Portugal e nas condições actuais estou farto de dizer que, se fosse possível, shortava imediatamente todos os warrants no seu primeiro dia de venda ao público mesmo sem saber o que representam, era negócio em caixa, aos preços a que são vendidos nas condições actuais, está bom de ver!
É pena que a maioria das pessoas que compra este produto não ligue minimamente à volatilidade, há que pôr a fórmula de Black-Scholes a trabalhar, claro, já que é este factor implícito comparado com o seu valor histórico que nos pode dizer se o preço do warrant é um roubo ou não...
Cumprimentos.
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