Zara
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Para melhor compreenderem a realidade:
2006-05-29 - 13:00:00
Pobreza - Família de Felgueiras recebe extra de 100 euros
625 euros a dividir por sete
José Maria Gonçalves ladeado pelos filhos e mulher, gere a casa com cerca de 625 euros mensais
José Maria Gonçalves e a mulher, Cidália, trabalham de sol a sol para garantir o sustento da família. Vivem em Jugueiros, no concelho de Felgueiras, com os pais – dois idosos dependentes que necessitam até de fraldas – e três filhos de dois, onze e 14 anos.
Depois de lhes terem sido cortados todos os apoios da Segurança Social, vão sobrevivendo com um total de 525 euros das reformas dos idosos e um extra: cerca de 100 euros mensais pela cosedura de sapatos, sejam da Zara ou de qualquer outra marca.
Como os rendimentos são escassos, levam “uma vida bem poupadinha”, como sublinha José Maria, que paga 100 euros pela casa (sem grandes condições de salubridade) e trabalha dois campos do senhorio de onde lhe vem parte da comida que leva para casa.
Os vizinhos dizem que é “uma vida desgraçada de trabalho”, mas frisam que são “honrados e respeitadores”. Ainda assim, Cidália lamenta não poder dar mais luxos aos filhos, de quem se mostra orgulhosa, lembrando que são eles – os dois mais velhos, Micael e Cristiano – que “às vezes pegam em alguns sapatos e fazem as costuras”.
Sindicatos e associações não-governamentais alertam para o facto de ser este tipo de casos de pobreza que é explorado por empresas, num circuito de economia paralela que pode retroceder toda a acção desenvolvida nas últimas décadas e que levou ao quase desaparecimento do trabalho infantil em Portugal. “Não se pode entrar nas casas das pessoas”, explica Teresa Costa, da Confederação Nacional de Acção Sobre o Trabalho Infantil. De resto, este é um fenómeno que não está erradicado.
Em Jugueiros, a população recusa a ideia de que se esteja perante novos casos de trabalho infantil. A acusação revolta mesmo a família de José Maria, no que é apoiada pelos vizinhos.
“É muito raro trabalharem. Em primeiro lugar está a escola”, garante Cidália. Micael – aluno do 5.º ano, na EB 2, 3 de Lagares – e Cristiano – a completar o 1.º Ciclo – afirmam que nunca perdem oportunidade para jogar à bola, brincar, ir à escola ou cumprir os deveres por causa dos sapatos.
“Vejo sempre as crianças a brincar com as outras e não faltam à escola nem à catequese”, garante a vizinha Emília Lua, no que é confirmada por Carlos Lima, funcionário da escola. Frisando “não perceber o problema das crianças ajudarem os pais, ainda para mais sendo uma família carenciada, com um idoso sem pernas e outro que nem fala”.
De lamentar, diz Emília, “é que a Segurança Social tenha retirado os apoios a esta família por falta de documentos.
Conceição Lemos reforça ainda que a filha “não sabe coser um sapato e acabou o 6.º ano com 16 anos”.
DE 25 A 40 CÊNTIMOS
Por cada sapato cosido, a família de José Maria Gonçalves recebe entre 25 a 40 cêntimos. Os sapatos chegam através de uma mulher em Jugueiros que serve de posto de recolha e distribuição, sendo a única pessoa que contacta com o agente da fábrica produtora dos sapatos – sejam ou não da Zara.
Uma família pode receber um a dois sacos (cada um tem dez pares). Mas nem sempre há trabalho. “Às vezes, passam-se dias sem receber sapatos”, refere José Maria que, juntamente com a mulher, cose entre 200 a 300 pares por mês.
O dirigente sindical Adão Mendes diz que este é um esquema muito usual e que está entre as prioridades da luta a desenvolver nesta fase marcada pelo desemprego, independentemente de haver ou não trabalho infantil – fenómeno que acredita ser esporádico, apesar de reconhecer o perigo de crescer face à grave crise social.
NÚMEROS
- 50 mil crianças trabalhavam em Portugal em 2003. Dessas 14 mil exerciam actividades consideradas perigosas.
- 218 milhões. Número de crianças que no ano de 2004 trabalhavam em todo o Mundo. Em 2000 eram 246 milhões.
- 10 anos é o tempo que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima ser preciso para acabar com o trabalho infantil.
- 126 milhões de crianças entre os cinco e os 17 anos são forçadas a trabalhar em todo o Mundo e a maior parte sem remuneração.
- 41 por cento é a taxa de abandono escolar precoce em Portugal. Este é o principal factor que conduz ao trabalho infantil.
- 7 em cada dez crianças que vivem em meios rurais trabalham no sector agrícola, segundo a Organização Internacional de Trabalho.
- 61 por cento. Taxa de quebra no número de crianças trabalhadoras entre 1992 e 2004 no Brasil, país apontado como exemplo.
Mário Fernandes
2006-05-29 - 13:00:00
Pobreza - Família de Felgueiras recebe extra de 100 euros
625 euros a dividir por sete
José Maria Gonçalves ladeado pelos filhos e mulher, gere a casa com cerca de 625 euros mensais
José Maria Gonçalves e a mulher, Cidália, trabalham de sol a sol para garantir o sustento da família. Vivem em Jugueiros, no concelho de Felgueiras, com os pais – dois idosos dependentes que necessitam até de fraldas – e três filhos de dois, onze e 14 anos.
Depois de lhes terem sido cortados todos os apoios da Segurança Social, vão sobrevivendo com um total de 525 euros das reformas dos idosos e um extra: cerca de 100 euros mensais pela cosedura de sapatos, sejam da Zara ou de qualquer outra marca.
Como os rendimentos são escassos, levam “uma vida bem poupadinha”, como sublinha José Maria, que paga 100 euros pela casa (sem grandes condições de salubridade) e trabalha dois campos do senhorio de onde lhe vem parte da comida que leva para casa.
Os vizinhos dizem que é “uma vida desgraçada de trabalho”, mas frisam que são “honrados e respeitadores”. Ainda assim, Cidália lamenta não poder dar mais luxos aos filhos, de quem se mostra orgulhosa, lembrando que são eles – os dois mais velhos, Micael e Cristiano – que “às vezes pegam em alguns sapatos e fazem as costuras”.
Sindicatos e associações não-governamentais alertam para o facto de ser este tipo de casos de pobreza que é explorado por empresas, num circuito de economia paralela que pode retroceder toda a acção desenvolvida nas últimas décadas e que levou ao quase desaparecimento do trabalho infantil em Portugal. “Não se pode entrar nas casas das pessoas”, explica Teresa Costa, da Confederação Nacional de Acção Sobre o Trabalho Infantil. De resto, este é um fenómeno que não está erradicado.
Em Jugueiros, a população recusa a ideia de que se esteja perante novos casos de trabalho infantil. A acusação revolta mesmo a família de José Maria, no que é apoiada pelos vizinhos.
“É muito raro trabalharem. Em primeiro lugar está a escola”, garante Cidália. Micael – aluno do 5.º ano, na EB 2, 3 de Lagares – e Cristiano – a completar o 1.º Ciclo – afirmam que nunca perdem oportunidade para jogar à bola, brincar, ir à escola ou cumprir os deveres por causa dos sapatos.
“Vejo sempre as crianças a brincar com as outras e não faltam à escola nem à catequese”, garante a vizinha Emília Lua, no que é confirmada por Carlos Lima, funcionário da escola. Frisando “não perceber o problema das crianças ajudarem os pais, ainda para mais sendo uma família carenciada, com um idoso sem pernas e outro que nem fala”.
De lamentar, diz Emília, “é que a Segurança Social tenha retirado os apoios a esta família por falta de documentos.
Conceição Lemos reforça ainda que a filha “não sabe coser um sapato e acabou o 6.º ano com 16 anos”.
DE 25 A 40 CÊNTIMOS
Por cada sapato cosido, a família de José Maria Gonçalves recebe entre 25 a 40 cêntimos. Os sapatos chegam através de uma mulher em Jugueiros que serve de posto de recolha e distribuição, sendo a única pessoa que contacta com o agente da fábrica produtora dos sapatos – sejam ou não da Zara.
Uma família pode receber um a dois sacos (cada um tem dez pares). Mas nem sempre há trabalho. “Às vezes, passam-se dias sem receber sapatos”, refere José Maria que, juntamente com a mulher, cose entre 200 a 300 pares por mês.
O dirigente sindical Adão Mendes diz que este é um esquema muito usual e que está entre as prioridades da luta a desenvolver nesta fase marcada pelo desemprego, independentemente de haver ou não trabalho infantil – fenómeno que acredita ser esporádico, apesar de reconhecer o perigo de crescer face à grave crise social.
NÚMEROS
- 50 mil crianças trabalhavam em Portugal em 2003. Dessas 14 mil exerciam actividades consideradas perigosas.
- 218 milhões. Número de crianças que no ano de 2004 trabalhavam em todo o Mundo. Em 2000 eram 246 milhões.
- 10 anos é o tempo que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima ser preciso para acabar com o trabalho infantil.
- 126 milhões de crianças entre os cinco e os 17 anos são forçadas a trabalhar em todo o Mundo e a maior parte sem remuneração.
- 41 por cento é a taxa de abandono escolar precoce em Portugal. Este é o principal factor que conduz ao trabalho infantil.
- 7 em cada dez crianças que vivem em meios rurais trabalham no sector agrícola, segundo a Organização Internacional de Trabalho.
- 61 por cento. Taxa de quebra no número de crianças trabalhadoras entre 1992 e 2004 no Brasil, país apontado como exemplo.
Mário Fernandes
- Mensagens: 319
- Registado: 7/5/2006 15:58
sendo eu da zona, a situação relatada não me espanta, e é do conhecimento geral que continua a existir trabalho infantil ( deixou de ser nas fábricas e passou para as casa onde é praticamente impossivel de fiscalizar)
de quem é culpa ?
da Zara ? não creio, dúvido que eles soubessem, e como referiram, mal detectem uma situação dessas terminam o contrato
da empresa ? dos pais ? do Estado, por não fiscalizar convenientemente ?
de quem é culpa ?
da Zara ? não creio, dúvido que eles soubessem, e como referiram, mal detectem uma situação dessas terminam o contrato
da empresa ? dos pais ? do Estado, por não fiscalizar convenientemente ?
Zara
Zara usa trabalho infantil português
Empresa alega desconhecer a situação mas vai investigar
Crianças portuguesas da zona de Felgueiras cosem sapatos à mão em casa para uma fábrica sub-contratada pela cadeia de lojas Zara, da multinacional galega Inditex, revela hoje o semanário Expresso. O semanário diz que o trabalho manual é feito por toda a família, "em condições desumanas", em várias freguesias rurais de Felgueiras, muito afectadas pelo desemprego.
SIC
O semanário Expresso apresenta o caso de dois irmãos de 11 e 14 anos que costuram com a restante família dezenas de sapatos de Verão para a Zara, recebendo 40 cêntimos por cada par cosido à mão, completando entre 100 a 160 sapatos por dia.
Contactado pelo jornal, o gabinete de comunicação do grupo Inditex, a que pertence a Zara, considera o caso como "gravíssimo", lembrando que a empresa tem "um código de conduta muito rígido, que proíbe o trabalho infantil" nas empresas que contrata.
O número de série dos sapatos que as duas crianças cosiam, fotografados pelo Expresso, permitiu identificar que tinham sido produzidos por uma fábrica de Felgueiras, que no ano passado sofreu uma auditoria por parte da multinacional, que não revelou nada de errado.
"A ser verdade, a Inditex será implacável. Essa fábrica deixará de trabalhar para o nosso grupo", afirmou o chefe do gabinete de comunicação do grupo, salientando que só no último ano "quatro mil empresas deixaram de trabalhar para o grupo por violarem o código de conduta da empresa".
A mesma fonte acrescentou que algumas das empresas encerradas são portuguesas, escusando-se a identificar quais.
O Expresso explica que o encerramento de calçado e têxteis do Norte do país têm obrigado muitas famílias a receber em casa lotes de calçado para coser, distribuído pela região por carrinhas de fábricas situadas entre Guimarães e Felgueiras, que depois volta para recolher sapatos já cosidos, entregando novo lote.
"Ganham miseravelmente, mas aquele, muitas vezes, é o único sustento", refere ao jornal José Guimarães, dirigente do Sindicato de Calçado em Guimarães.
O Expresso salienta que "não há dados oficiais sobre a quantidade de crianças envolvidas nesta tarefa" porque se torna "quase impossível fiscalizar quem trabalha na sua própria habitação".
O secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, Fernando Medina, disse à Lusa a 11 de Maio que o trabalho infantil, flagelo que atinge milhões de crianças, está ultrapassado em Portugal, cujo desafio é agora elevar a escolaridade obrigatória para 12 anos.
Fernando Medina falava à Agência Lusa a propósito da conferência internacional sobre o combate à exploração do trabalho infantil no mundo da Língua Portuguesa, que decorreu em Lisboa, no qual foi apresentado o relatório da Organização Internacional de Trabalho, no qual não foi feita qualquer referência a Portugal.
De acordo com declarações de então do Secretário de Estado, Portugal já não se confronta com problemas de trabalho infantil no sentido clássico do termo, sendo este quase diminuto, limitando-se a casos pontuais no sector da agricultura numa perspectiva de ajuda à família depois da escola.
Inspecção detecta poucos casos
Segundo dados recentes da Inspecção-Geral de Trabalho (IGT), em 2005 foram detectados oito casos de menores em situação laboral ilegal, metade dos sinalizados em 2004. Em 2004, na sequência de 11.755 visitas de fiscalização foram sinalizados 16 casos.
Só no último trimestre de 2005, a IGT sinalizou seis empresas que infringiram a lei laboral ao ter ao seu serviço menores de 16 anos e sem a escolaridade obrigatória.
Em 2003, adiantou, houve uma declaração positiva do Conselho da Europa sobre a evolução da situação portuguesa, tendo o país sido referenciado como um caso de sucesso na resolução do problema.
Um relatório da Organização Internacional do Trabalho apresentado em Maio revela que o trabalho infantil no mundo diminuiu 11 por cento, uma tendência que acontece pela primeira vez, embora na África subsaariana o número de crianças que trabalham continue a subir.
Segundo o documento, a Ásia é o continente com mais crianças trabalhadoras e a evolução mais positiva deu-se na América Latina e Caraíbas.
Com Lusa
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