Caldeirão da Bolsa

BCP+BPI: Ganhar poder de mercado para enfrentar a globalizaç

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

BCP+BPI: Ganhar poder de mercado para enfrentar a globalizaç

por pedras11 » 30/4/2006 18:36

BCP+BPI: Ganhar poder de mercado para enfrentar a globalização pan-europeia

“A consolidação bancária na Europa é o caminho a seguir”, defende um estudo da Deloitte (“A New Playing Field, Creating Global Champions”, Dezembro 2005).


28-04-2006, Nuno Cintra Torres

“A consolidação bancária na Europa é o caminho a seguir”, defende um estudo da Deloitte (“A New Playing Field, Creating Global Champions”, Dezembro 2005). O estudo conclui que “se a história continuar a ser o nosso guia, acreditamos que o caminho da Europa para a consolidação espelhe em termos gerais o que ocorreu nos EUA”. Diz ainda que “estamos perante a criação de verdadeiros bancos de retalho pan-europeus; de facto, estamos a testemunhar a salva de partida de um processo de consolidação transfronteiriça da banca de retalho e de crédito ao consumo que irá decorrer nos próximos 5 a 10 anos”.
Nos EUA, o movimento de fusões e aquisições começou em 1995, quando a legislação aboliu as limitações trans-estaduais. A primeira megafusão foi a do Corestates com o First Union. Em 1998, foi o casamento do Citicorp com o Travelers e no mesmo mês a fusão NationsBank/Bank of América.
Na Europa, o actual movimento arrancou em 2004 com a compra do Abbey do Reino Unido pelo Grupo Santander. No ano seguinte, o italiano Unicrédito fez uma oferta ao HVB, da Alemanha. Depois, o ABN Amro da Holanda e o BBVA de Espanha fizeram, respectivamente, uma oferta ao Antonveneta e à Banca Nazionale del Lavoro, de Itália. Certamente, estes são apenas os primeiros capítulos da criação de bancos com verdadeira dimensão europeia. A OPA do BCP sobre o BPI só pode ser entendida neste contexto.
Segundo o “Diário Económico”, os quatro principais bancos portugueses ascenderiam ao terceiro lugar do 'ranking' ibérico se juntassem os seus activos. A concretizar-se a fusão entre o BCP e o BPI será a criado o quinto maior grupo ibérico, em termos de activos, resultados e recursos de clientes. Já no crédito, o novo grupo ultrapassaria a Caja Madrid (€75 mil milhões contra 73 mil milhões). Os 10 maiores bancos da península geriam, no final de 2005, mais de 1,9 mil milhões de euros em activos e o valor dos activos totais é 13 vezes superior aos 144 mil milhões de euros do PIB.
A oferta de compra do BCP é um episódio doméstico do actual movimento de liberalização, consolidação e integração económica a que a assinatura do Acto Único Europeu (1985) e as medidas do Mercado Único Europeu (ESM), sete anos mais tarde, vieram dar um forte impulso. A Segunda Directiva Bancária, em vigor desde 1993, estabeleceu os princípios do controle do país de origem e o reconhecimento mútuo do exercício das actividades bancárias, constituindo a moldura reguladora para um verdadeiro mercado europeu bancário.
Segundo a investigação “Economic Integration and Banking Mergers Strategies, de José García Solanes e Diego Peñarrubia (Asociación Española de Economía y Finanzas Internacionales, 2001), “o mercado alargado e as novas possibilidades de prestar serviços transfronteiriços intensificou o ambiente de competição em cada país. A entrada potencial de bancos estrangeiros e de outros intermediários financeiros tem sido importante elemento neste processo. Os bancos domésticos têm respondido prontamente a estas modificações institucionais e ambientais através da adopção de medidas operacionais e estratégicas, que vão desde a redução das taxas de juro, ao aumento do preço dos serviços e comissões, maiores investimentos em tecnologia de informação, e, finalmente, à fusão e à aquisição.
Muitos autores estão de acordo em que a principal consequência das aquisições e fusões é o aumento de poder de mercado e a criação de mais barreiras de entrada, o que todavia poderá ter custos sociais para os clientes. Mas outros afirmam que as fusões domésticas são respostas racionais, pela criação de barreiras, dos bancos domésticos aos dois processos que os bancos estrangeiros tradicionalmente adoptam para entrarem: a abertura de balcões e a compra de bancos domésticos estabelecidos.
Teoricamente, os principais potenciais motores de consolidação bancária são a criação de mais valor para o accionista, na expectativa de que as sinergias operacionais resultem em maiores receitas ou em redução de custos, enquanto as sinergias financeiras terão origem em menor custo de capital. No contexto da potencial entrada de concorrentes, a criação de valor resultante de maior poder de mercado doméstico tem origem na obtenção de uma posição dominante, o que pode contribuir para influenciar os custos da oferta. Este facto tanto pode prevenir a entrada de novos concorrentes, como, pelo contrário, na ausência de concorrência eficaz, potenciar o seu aparecimento. Mas, em consequência da maior dimensão resultante da fusão ou aquisição, da ampliada reputação ou da diversificação assim obtida, também os custos da procura de meios de financiamento podem ser reduzidos.
Também poderá haver maior eficiência a nível de custos e proveitos. Quanto aos custos, pelas economias de escala (integração de IT ou de back-office) e economias de âmbito (racionalização das redes domésticas ou internacionais). A nível dos proveitos, por exemplo, no que respeita às comissões na realização de operações de financiamento de maior dimensão ou de maior âmbito. A generalização de “best-practices”, como a “eficência-X” (o máximo de resultados obtidos com os recursos existentes, sem aumento de custos), poderá ser outra consequência da consolidação, que também poderá produzir economias de âmbito pela diversificação de produtos ou permitir o acesso a diferentes grupos de clientes.Estas são algumas das vantagens que Andrew Lynch, gestor de fundos da Schroders, aprecia na OPA do BCP, pela consolidação da quota de mercado e corte de custos que potencialmente proporciona. No entanto, não há unanimidade de que uma consolidação resulte necessariamente em benefícios. Um estudo europeu concluiu que fusões domésticas de bancos de dimensão idêntica melhora a eficiência-X, mas estudos americanos não revelam qualquer melhoria nos EUA. No entanto, algumas análises revelam que as fusões transfronteiriças resultam em efectivas economias de escala.
O European Savings Bank Group (2004) afirma que nem todos os motivos para consolidação terão como principal motor os melhores interesses da indústria, dos mercados ou dos “stakeholders” e que não há garantia de que mais consolidação resulte necessariamente numa indústria bancária mais competitiva e eficiente. No entanto, admite que a consolidação bancária pode melhorar a eficiência a longo prazo através da eliminação de sobrecapacidade, logo, melhorando a concorrência, a rentabilidade e a estabilidade do sector.
Um estudo de Ayadi e Pujals, no “Journal of Banking and Finance” (2004), afirma que, em geral, as fusões bancárias na Europa indicam haver “ganhos significativos que resultam em melhores condições para os consumidores”. Além disso, a corrente vaga de fusões pode conduzir à extensão da regra “demasiado grande para falhar” e à consequente possibilidade de intervenção do governo para salvar um megabanco em situação de insolvência. Logo, o risco é menor.
Mas, o mesmo autor alerta para o facto de a grande maioria das fusões nos EUA e na Europa ainda não terem provado a sua eficácia em termos de criação de valor no curto prazo. Esta constatação é corroborada por um artigo no “Financial Times” (2004) que refere dois estudos (PriceWaterhouseCoopers e AT Kearney) comparando o resultado de grandes fusões com o “peer” da indústria: entre 50 e 80 por cento não igualam o desempenho anterior à fusão. Isto deve-se, de acordo com o FT, à incapacidade dos gestores em entenderem a dimensão da tarefa de integração a todos os níveis de operação. Esta constatação é consistente com a tese de que a obtenção de poder de mercado é a principal explicação para as fusões e aquisições domésticas.


In SE
"O desprezo pelo dinheiro é frequente, sobretudo naqueles que não o possuem"

Fonte: "La Philosophie de G. C."
Autor: Courteline , Georges

Site porreiro para jogar (carregar em Arcade) : www.gamespt.net
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2337
Registado: 31/10/2004 1:09
Localização: gemunda

Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Bing [Bot], Burbano, Carrancho_, cftomas, Google [Bot], Google Adsense [Bot], iniciado1, IX Hispana, Lisboa_Casino, m-m, malakas, marijon2, mjcsreis, MR32, nunorpsilva, OCTAMA, PMP69, SerCyc, Simplório, Zecadiabo, zulu404 e 974 visitantes