Caldeirão da Bolsa

29,1 mil milhões de volts

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por sete77 » 22/2/2006 16:42

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29,1 mil milhões de volts

por luiz22 » 22/2/2006 15:15

22 Fevereiro 2006 14:00
Eduardo Moura
29,1 mil milhões de volts
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Como é que funciona o mercado? Assim: a Gas Natural lançou uma OPA à Endesa por um preço demasiado baixo como todos os analistas referiram. Logo era previsível que fosse lançada uma OPA alternativa. Foi o que a E.ON fez: ofereceu 29,1 mil milhões de euros por 100% do capital ou mais 6 euros por acção. Consequência: o mercado ibérico de energia é riscado do mapa.
Como é que funciona o mercado? Assim: a Gas Natural lançou uma OPA à Endesa por um preço demasiado baixo como todos os analistas referiram. Logo era previsível que fosse lançada uma OPA alternativa. Foi o que a E.ON fez: ofereceu 29,1 mil milhões de euros por 100% do capital ou mais 6 euros por acção. Consequência: o mercado ibérico de energia é riscado do mapa.

A questão central que a OPA alternativa da E.ON à Endesa levanta é só esta: o mercado ibérico acabou antes de começar porque acabaram as soluções à escala ibérica. O tempo é de operações à escala europeia e à escala mundial. O tempo é de União Europeia e não de União Ibérica. Quem não percebeu isto tem agora uma oportunidade fenomenal.

Se a OPA lançada pela E.ON à Endesa tiver sucesso será criada a líder mundial em electricidade e gás, a quinta maior companhia energética mundial, a operar em 30 países para 54 milhões de clientes, produzindo mais de 600 TWh de electricidade e 900 TWh de gás e obtendo um volume de negócios de 130 mil milhões de euros anuais a partir de uma equipa de 107 mil trabalhadores.

Mal comparadas as coisas, teremos uma empresa que vai facturar aproximadamente tanto como o PIB português.

Se olharmos para o mapa da Europa percebemos bem o significado destes números. A E.ON acrescida da Endesa cobrirá todos os países da União Europeia com excepção da Irlanda e da Bélgica e ainda alcança a Turquia e a Noruega. A isto acresce a presença nos cinco maiores países sul-americanos.

Como não podia deixar de ser, a senhora Merkel fez a delicadeza de telefonar, de véspera, ao senhor Zapatero para o avisar da OPA alternativa. Tal delicadeza não foi porém suficiente para devolver o sono ao chefe de Governo espanhol. Porque a OPA da E.ON é desde logo a liquidação do projecto catalão patrocinado pelo Governo espanhol, é a "intromissão" alemã num assunto que os espanhóis suponham ser só deles, é o toque de finados na solução iberista da energia.

O Governo disse, ecoando palavras bem conhecidas dos portugueses, que "tinha a convicção de que um sector estratégico como o da energia convém aos interesses da Espanha ter uma empresa de matriz nacional". Já a ultrapassada Gas Natural perdeu a fala: "Declinamos fazer declarações". Por seu turno, o nosso conhecido Emilio Botín do Grupo Santander afirmou que se tratava de uma boa notícia porque "mostra que estamos num país em que há mercado livre e se pode competir". E, em geral, as fortes associações de consumidores e de pequenos accionistas afirmaram que estavam satisfeitas com a nova OPA.

Obviamente que este extraordinário acontecimento tem três virtudes muito interessantes para Portugal. Primeiro, reabre o dossier EDP no espaço ibérico, expondo mais a empresa a investidas de capital externo. Por exemplo, quem sabe para onde se virará agora a Gas Natural? Segundo, demonstra que estamos mesmo a viver uma nova fase da economia em que há espaço para grandes operações que vão animar os mercados bolsistas. Terceiro, obriga-nos a olhar para a OPA da Sonae à PT e fazer duas perguntas. Será que a PT é mesmo um "grande" empresa quando observada à escala europeia? E, será que os 9,5 euros por acção prometidos pela Sonae é o preço justo ou é um preço que abre as portas a uma OPA alternativa?
As decisões fáceis podem fazer-nos parecer bons,mas tomar decisões difíceis e assumi-las faz-nos melhores.
 
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