Caldeirão da Bolsa

A Nova Onda de Fusões e Aquisições

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por marafado » 20/2/2006 12:05

Novas OPA são prováveis

Silvia de Oliveira



Para o ‘managing partner’ da Roland Berger, o aparecimento de novas OPA é provável devido, sobretudo, à elevada liquidez existente na economia.

Segundo António Bernardo, ‘managing partner’ da Roland Berger, a liquidez existente na economia poderá proporcionar o aparecimento de novas ofertas sobre empresas portuguesas. Na sua opinião, tal, seria positivo porque geraria ganhos de eficiência, ainda que se pudesse traduzir num enfraquecimento dos Centros de Decisão Nacionais. Os sectores financeiro, energético e de infra-estruturas são os mais expostos a eventuais OPA.

Na sequência da oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela Sonae sobre a Portugal Telecom (PT), é previsível que surjam mais operações sobre outras empresas portuguesas?
Com a liquidez existente na economia, nomeadamente, por parte de ‘private equity funds’, é provável que possam aparecer novas OPA. Vide tentativa de OPA da Ferrovial sobre a BAA.

Na sua opinião, quais são os sectores e as empresas onde tal é mais provável de acontecer?
Sector financeiro, sector de infra-estruturas e sector energético.

Considera que esse movimento seria positivo para o mercado português? Porquê?
A razão de ser das OPA é que os novos investidores consideram que conseguem criar mais valor accionista do que a actual gestão, ou por questões de sinergias com negócios já detidos, ou por reconfiguração do portfolio, ou simplesmente por melhor gestão dos mesmos activos.
Pelo acima descrito, sob o ponto de vista económico é positivo porque provocará aumento de eficiência . Penso também que é positivo na criação de uma dinâmica empresarial que leve a uma maior motivação e optimismo da classe dirigente empresarial.
Uma questão que poderá ser menos positiva é o potencial enfraquecimento dos Centros de Decisão Nacionais. Mas, por outro lado, se estes não forem eficientes não têm razão de ser.

António Bernardo, ‘Managing partner’ da Roland Berger
 
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por marafado » 20/2/2006 12:04

As empresas portuguesas mais expostas a ofertas

Silvia de Oliveira, Catarina Beato e Alexandra Noronha



BPI, BCP, EDP, Cimpor e Brisa são as empresas mais apetecíveis, embora algumas estejam mais protegidas do que outras.

BPI é das cotadas mais expostas
O BPI é, recorrentemente, apontado como um alvo apetecível para um banco estrangeiro interessado em crescer no mercado português. A sua estrutura accionista não é, na opinião dos analistas, uma garantia de estabilidade e, por outro lado, o núcleo duro não controla a maio ria do capital. Os sete accionistas sig na tá rios do contrato de preferência detêm cerca de 45% do capital social. Ape sar deste pacto de accionistas e da “blin da gem” de estatutos a 12,5% dos direitos de voto, os analistas continuam a con si derar que o BPI é das empresas mais ex pos tas a um “ataque” hóstil” da bolsa por tuguesa. Desde o início do ano, as ac ções do banco valorizaram-se mais de 12%, sendo que a especulação sobre uma OPA voltou a circular no mercado.

Nova privatização abre mais a EDP
A sétima privatização da EDP e consequente diminuição da posição do Estado na eléctrica nacional, conjugada com a dispersão da actual estrutura accionista, tornam a empresa num alvo fácil para uma oferta pública de aquisição (OPA). O facto da EDP não ter uma ‘golden-share’ do Estado, como no caso da PT, nem uma posição accionista com direitos especiais, como a Caixa Geral de Depósitos detém na Galp Energia, põe a eléctrica nacional numa posição tão vulnerável como a própria PT. Do núcleo nacional de accionistas privados da EDP fazem parte o BCP, com 2,91% mais 3,08% do fundo de pensões do grupo, e o BES, com 2,17%. Em termos de accionistas estrangeiros, a Iberdrola detém 5,70%.

A vulnerabilidade do BCP
O presidente do BCP, Paulo Teixeira Pinto, defende que a criação de valor será sempre a melhor defesa contra um ataque liderado por um concorrente estrangeiro. Esta estratégia, bem como a “blindagem” de estatutos, não parece, porém, sossegar os analistas que con tinuam a encarar o maior banco privado português como o mais vulnerável a uma OPA liderada por estrangeiros. A estru tu ra de capital do banco tem-se revelado algo instável e os seus principais ac cionistas não parecem constituir um ver dadeiro núcleo duro, pronto a responder pe rante qualquer adversidade.
O BCP, tal como o BPI, poderá tornar-se numa boa porta de entrada para um banco que queira ganhar dimensão em Portugal.

Cimpor é um alvo apetecível para a realização de uma OPA
A maior cimenteira nacional tem sido fonte constante de rumores de lançamento de uma OPA, depois da desblindagem de estatutos aprovada na última assembleia-geral. A medida, proposta pela gigante Lafarge que controla 12,6% do capital da Cimpor, e aprovada com a abstenção da Teixeira Duarte, que controla a maioria da cimenteira, deu origem a rumores quanto ao futuro da Cimpor que, pela sua dimensão e expansão internacional, é um alvo apetecível. A Lafarge foi dada como uma das principais interessadas, mas não avançou. Com o tempo, o risco de uma OPA vai diminuindo, o que levou o empresário Joe Berardo a vender a sua posição.

Estrutura accionista da Brisa é vulnerável
A Brisa tem uma estrutura accionista que a torna alvo de OPA futura, dizem os analistas. A empresa é controlada a 30,9% pela família José de Mello, mas as restantes posições encontram-se espalhadas por diversos accionistas (muitos deles do sector financeiro), além dos 10% da concessionária espanhola Abertis, adquiridos com o objectivo de estabelecer uma parceria estratégica que ainda não deu grandes frutos. A concessionária liderada por Vasco de Mello, que também tinha adquirido cerca de 5,77% da Abertis, está gradualmente a vender a posição, mas a espanhola quer manter os 10%. O futuro dirá se é uma potencial candidata a uma OPA.
 
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por marafado » 20/2/2006 12:03

Recurso a dívida facilita operações de envergadura

Tiago Freire



Analistas ouvidos pelo DE acreditam que este tipo de operações pode tornar-se mais habitual no mercado português.

A compra de uma empresa através de LBO é uma operação relativamente frequente nos principais mercados mundiais, mas permanece como uma raridade no contexto nacional.
“Do ponto de vista financeiro, o nível historicamente baixo das taxas de juro abre espaço a estas operações de LBO, disse ao DE António Seladas, director de ‘research’ do Millennium bcp investimento. O responsável salienta que “nos EUA são operações que surgem de forma recorrente mas em Portugal não, há um certo estigma contra estes negócios. Com esta iniciativa da Sonaecom, o mercado vai passar a encarar com maior naturalidade estas operações, podendo levar a outras OPAS”.
Segundo analistas, com a operação PT/Sonae surge uma nova perspectiva sobre os LBO, acabando com o “mito” de que só empresas maiores podem adquirir outras companhias. Pelo contrário, uma empresa pequena pode “engolir” uma muitas vezes superior, desde que a operação seja alicerçada numa boa montagem financeira.
No caso da Sonae, o Santander é o único financiador conhecido até agora, numa operação que poderá ultrapassar os 15 mil milhões de euros.
Os anos 80 foram o período áureo deste tipo de aquisição, nem sempre com bons resultados. O maior LBO de sempre foi a compra da Nabisco pela KKR, em 1989.

O que é a compra através do ‘Leveraged Buyout’ (LBO)?
‘Leveraged Buyout’ (LBO) define a operação de aquisição de uma empresa com recurso maioritariamente a dívida. Se uma empresa quer comprar outra mas não tem capital liberto suficiente para o fazer, pode recorrer à dívida para conseguir esses meios, através de uma emissão de obrigações ou da contracção de um empréstimo, como é o caso da Sonae, na OPA sobre a PT. Nestas operações, os activos da empresa adquirida servem muitas vezes de garantia da dívida contraída pela companhia compradora .
 
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por marafado » 20/2/2006 12:02

Sectores desejados e pouco protegidos

Silvia de Oliveira



Os pactos de accionistas e as “blindagens” não são obstáculos intransponíveis.

Os sectores financeiro, energético e de infra-estruturas foram considerados, pelas fontes contactadas pelo Diário Económico, os mais expostos a uma ofensiva inesperada. BCP, BPI, EDP, Cimpor e Brisa, os alvos mais apetecíveis, tendo em conta a sua dimensão, interesse estratégico e estrutura accionista.
Segundo adiantou um banqueiro contactado pelo Diário Económico, em algumas empresas, o lançamento de uma OPA será apenas uma questão de tempo. “Existem empresas, como o BCP, ou a Cimpor onde terá de existir, necessariamente, uma clarificação da estrutura accionista”. Na sua opinião, os “pactos” de accionistas, ou as “blindagens” não são obstáculos intransponíveis. A oferta liderada pela Sonae é a prova disso mesmo.
Um analista considera, aliás, que é, no sector financeiro, que se encontram os alvos mais fáceis – BCP e BPI. “São instituições com um ‘free float’ muito grande, sobretudo o BCP”, explicou.
Por outro lado, acrescentou outra fonte, os ganhos potenciais que poderiam resultar de uma operação de concentração ainda são significativos. Apesar da estratégia de “emagrecimento” conduzida, ao longo dos últimos anos, tanto no BPI, como no BCP, as sinergias ainda poderiam ser importantes.
Fora do sector bancário, a EDP tem surgido, na sequência da OPA sobre a PT, como a “empresa que se segue”.
Neste caso, as opiniões dividem-se. É que, se por um lado, nada impede que surjam iniciativas semelhantes à da Sonae, lideradas por grupos nacionais, também é certo que a probabilidade do interesse partir doutros países é maior. E, nesse caso, a operação ganharia uma dimensão política com contornos mais complicados. Acresce que os accionistas privados da “eléctrica”, como o BCP, não estão em condições de suportar uma qualquer defesa.
Em relação à Cimpor, embora a posição da Teixeira Duarte se venha tornando mais preponderante, continua a pairar a ameaça estrangeira, nomeadamente, da Lafarge.
Quanto à Brisa, o grupo José de Mello não é maioritário, pelo que, na opinião de algumas fontes, facilmente podem surgir interessados numa empresa com um ‘cash-flow’ estável.
 
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A Nova Onda de Fusões e Aquisições

por marafado » 20/2/2006 12:00

Empresas mais vulneráveis depois da OPA sobre a PT

Sílvia de Oliveira



Os bancos BCP e BPI, a Cimpor, a EDP e a Brisa são, na opinião de investidores, analistas e gestores, as empresas mais sujeitas a OPA. Depois da oferta da Sonaecom, nada será como dantes.

Belmiro de Azevedo ainda não sabe se conseguirá concretizar o negócio da sua vi da, mas já conseguiu mostrar que, afinal, as ofertas públicas de aquisição (OPA) sobre as grandes empresas portuguesas acontecem mesmo e surgem de onde menos se esperava: de um grupo nacional e de menor dimensão.
Esta alteração na escala do pensamento dos empresários e dos investidores poderá a par de outros factores, desencadear novas ofensivas no mercado português.
As fontes contactadas pelo Diário Económico são unânimes ao referir que, depois da OPA da Sonae, é provável que surjam mais ofertas públicas. “Poderá funcionar como uma espécie de detonador. A liquidez no mercado financeiro é tal!”, adiantou o administrador de um banco de investimento.
Por sua vez, o administrador de um dos cinco maiores bancos, contactado pelo Diário Económico, considera que a operação liderada por Belmiro de Azevedo pode aguçar o apetite de outros empresários. O mercado português foi posto em evidência, tendo despertado a curiosidade dos investidores, não só nacionais, mas também internacionais. “Afinal, as coisas que parecem impossíveis podem não o ser. O número de pessoas que pensam no assunto aumentou”, defendeu.
Até porque, conforme Belmiro de Azevedo mostrou, o recurso ao endividamento é uma bom caminho alavancar as aquisições. “É perfeitamente possível uma pessoa colocar esse ‘jogo’ financeiro novamente a mexer”, sublinhou outro banqueiro.

Banca, energia e infra-estruturas
Os potenciais alvos referidos com maior frequência foram o BCP e o BPI, no sector financeiro, a Cimpor, a EDP e a Bri sa.
“[Na sequência da OPA sobre a PT], As atenções viraram-se para uma coisa que estava esquecida. As expectativas sobre Portugal melhoraram e quando isso acontece, as perspectivas de valorização dos activos também melhoram”, adiantou outro banqueiro. Na sua opinião, algo terá que acontecer, sobretudo, no caso de empresas cuja estruturas accionistas se encontras mais vulneráveis, ou que estão cotadas abaixo do respectivo “valor justo”.
O caso da OPA sobre a PT mostra, aliás, que nem as empresas com estatutos “blindados” estão a salvo de um “ataque” hóstil.

Entre a “fossa” e a euforia
Apesar deste sentimento generalizado, as fontes contactadas são mais cautelosas perante uma tentativa de concretizar. “É verdade que a OPA mudou a forma como se olha para Portugal e a escala com que olha para as coisas, mas podemos estar perante uma espécie de febre e nada acontecer”, defendeu uma das fontes contactadas.
No caso do sector financeiro, relembraram a tentativa frustrada do espanhol BBVA. Afinal, as dúvidas sobre se uma operação hóstil seria bem sucedida não desapareceram e até são maiores se lideradas por investidores estrangeiros.

A favor
- O “abanão” dado por Belmiro de Azevedo poderá despertar o interesse de outros empresários. Afinal o que parece impossível pode não ser.
- A existência de uma forte liquidez nos mercados financeiros pode justificar novas investidas sobre empresas portuguesas.
- O recurso ao endividamento é uma ferramenta para sustentar aquisições de grande monta, conforme provou a Sonae no âmbito da OPA lançada sobre a PT.
 
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