Caldeirão da Bolsa

Os senhores da análise financeira

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por valves » 29/1/2006 21:27

Portanto, se perdes o tempo em... nessa análise, o teu foco não é o trading (em exagero, evidentemente).


Bom nesse caso em vez de analisares partes de analises de terceiros a quem pagas e depois apartir dessa analise que compras ou te é facultada gratuitamente tomas as tuas decisões. No entanto apesar de não fazeres a tua propria anaise utilizas a analise que outros fazem para os teus proprios Trades logo isso não vai contra o que defendo que a analise é o que desencadeia o trades/negocios de sucesso ...
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Análise, que tipo de análise?

por LPP » 29/1/2006 19:55

Amigo Valves,
fica apenas por esclarecer o que é "a ANÁLISE" de que falas.

Para se ser trader, penso não ser necessário ter muito trabalho a elaborar a análise fundamental, bastando consultar ou comprar essa informação. Na análise técnica é necessário programar os algorítmos (procedimentos) usados para as entradas e saídas.

O que é necessário é pegar nessa informação e atingir os objectivos.

Portanto, se perdes o tempo em... nessa análise, o teu foco não é o trading (em exagero, evidentemente).


E quais são os objectivos em bolsa?

Para os analistas (que podem não ser traders), são o ordenado (o que de si já torna difícil o caminho de ser trader!, numa instituição ou num jornal), o prestígio, o negócio (vender livros, explorar um site como o caldeirão), etc.

Para o trader (que também pode ser um analista), uma carteira, ao objectivar investimento, tem que ser acompanhada, dia-a-dia, a fim de que se façam as correcções de curto prazo ou se ajustem as estratégias de médio e longo prazo. Tem de ser acompanhada!

No trading, coexistem duas vias:
Uma, que é comprar e vender (negociar e viver disso, ainda que se tenham outros negócios), outra, bem diferente, que é comprar, manter, corrigindo pontualmente o rumo e, depois (mais tarde), realizar lucros.

Conheço investidores no mercado da bolsa e de arte, que vão acumulando património em acções e obras de arte, por vários anos (dezenas de anos) e, muitas vezes, nem chegam a realizar os seus propósitos de lucro, pelo simples facto de, como investidores, considerarem que deixando o seu dinheiro aplicado em acções ou obras de arte, estão a fazer um melhor negócio. Acabam por deixar muito felizes os seus herdeiros.

Num outro post, um interveniente falou deste assunto, mas com um certo desprezo para o trader de curto prazo, mais associado à componente especulativa.
Todos os negócios que objectivam o lucro (não considerando os não-lucrativos que Kotller tanto fala em marketing), são por natureza especulativos. No trading diário, essa componente é extremamente elevada, já que o interveniente, na posse de informação (nalguns casos previligiada) investe de forma puramente especulativa para daí extrair o lucro de imediato.

Para concluir, em teoria, um trader pode não fazer a maior parte da análise, concentrando-se apenas em aplicar determinada estratégia aos dados para atingir o objectivo do lucro. Ele faz análise, mas a sua natureza é diferente da primeira.
 
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por valves » 29/1/2006 17:44

Qd te encontrares na situação de teres a análise errada e mesmo assim teres bons resultados, serás um bom trader
.

Bom de facto isso nunca me aconteceu :roll:

Abraço
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por Jack » 29/1/2006 17:42

valves Escreveu:Bem o problema é que a analise não sendo suficiente é indespensavel e ao ponderar com 99% foi mesmo para mostrar que ela é meio caminho andado e um factor que não pode ser de maneira nenhuma contornado ...


Pois, e é por dizeres o que disseste agora que afirmo que ainda te falta um longo caminho...

Qd te encontrares na situação de teres a análise errada e mesmo assim teres bons resultados, serás um bom trader.
 
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por valves » 29/1/2006 17:37

Bem o problema é que a analise não sendo suficiente é indespensavel e ao ponderar com 99% foi mesmo para mostrar que ela é meio caminho andado e um factor que não pode ser de maneira nenhuma contornado ...
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por Jack » 29/1/2006 17:34

valves Escreveu:Bem com isso eu estou de acordo a analise é uma condição necessária mas não suficiente para se ter bons resultados no Trading mas que é importante é ...


Pois... mas tu dás um peso à análise de 99%!
Ou seja, tudo o resto que digas não valerá mais que 1%!

Para mim, a análise não vale mais que 20%, para ter bons resultados.
 
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por valves » 29/1/2006 17:26

O que não significa como é óbvio que um bom analista SERÁ SEMPRE um bom trader. Ser trader é muito mais que analisar, são necessárias várias carateristicas para se ter sucesso, entre elas uma boa análise.


Bem com isso eu estou de acordo a analise é uma condição necessária mas não suficiente para se ter bons resultados no Trading mas que é importante é ...
já agora vou enumerar mais alguns requisitos para obter bons resultados no Trading :

1 - Disciplina

2 - Deixar correr os ganhos

3 - Não dar demasiada importancia aos movimentos Intra Day quando se é um Trader de posição ...

4 - Cabeça Fria ( analisar os dados de uma forma abstracta quase como que esquecendo o capital que lá temos metido )
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por pedras11 » 29/1/2006 17:18

Valves eu concordo contigo quando dizes que um bom analista pode ser um bom trader. O que não significa como é óbvio que um bom analista SERÁ SEMPRE um bom trader. Ser trader é muito mais que analisar, são necessárias várias carateristicas para se ter sucesso, entre elas uma boa análise.
"O desprezo pelo dinheiro é frequente, sobretudo naqueles que não o possuem"

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por valves » 29/1/2006 16:54

Reparem eu apenas prciso de um exemplo para ser convencido de que existem maus analistas de mercado com bons resultados no Trading ...
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por Jack » 29/1/2006 16:47

pedras11 Escreveu:Um bom analista não tem que ser bom trader. O inverso é igualmente verdade.


Eu concordo ctg. tenta explicar isso ao valves... :roll:
 
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por pedras11 » 29/1/2006 16:26

Houve aqui confronto entre AT e AF. :twisted:

Jack os textos refletem o dia-a-dia de analistas financeiros e não Traders. Um bom analista não tem que ser bom trader. O inverso é igualmente verdade.
"O desprezo pelo dinheiro é frequente, sobretudo naqueles que não o possuem"

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por valves » 29/1/2006 16:14

tu acreditas mesmo q para se ser bom trader, basta ter a análise certa?
a minha opiniao é que uma pessoa q faça esta afirmaçao, ainda lhe falta um longo caminho ate se tornar um bom trader, qt mais dos melhores..


Como não ? o que é que te faz entra saír reforçar ou reduzir num determinado titulo ? é porque analisaste ... o que acho quase impossivel é um mau analista ter bons resultados no trading porque se move em areias que não conhece que não analisou ...

No ano passado tive 200% de rentabilidade e considero -me um trader normal como seria possivel obter esses valores se não estivesse do lado certo do mercado ... mas para se estar do lado certo é porque se fez a analise certa ...

Abraço
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por Jack » 29/1/2006 16:07

valves,

tu acreditas mesmo q para se ser bom trader, basta ter a análise certa?
a minha opiniao é que uma pessoa q faça esta afirmaçao, ainda lhe falta um longo caminho ate se tornar um bom trader, qt mais dos melhores... :roll:
 
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por valves » 29/1/2006 16:03

ROTFLOL

valves, ainda te falta tanto...


:?:

nem era contigo mas para ser o melhor é capaz de já não faltar assim tanto :wink:
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por Jack » 29/1/2006 15:55

ROTFLOL

valves, ainda te falta tanto...
 
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por valves » 29/1/2006 15:46

analisar e investir são duas faces de uma mesma moeda para se ter bons resultados como investidor eis o que é preciso :

99 % analise

0,8 % não ser um terrivel trader

0,01% Sorte

0,01 % ter um bom Software de bolsa
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por valves » 29/1/2006 15:29

Isso vem provar que para se ser um bom analista não é necessário sequer ser trader. E suponho que nunca será bom trader, senão não era ainda analista.


Entramos na velha discussão ... como é possivel um excelente analista não ter bons resultados no Trading no limite basta estar onde tem a Boca ...
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comentário

por jotabil » 29/1/2006 11:36

Estas vidas tão bem romanceadas, tão completas, tão exactas...Deus meu!!! Como fico cheio de admiração!!!E no fim o que resta....além da secura das equações económicas....e talvez um BMW ....assim preto e que corre bem e confortavelmente.... e depois?
Os intermédios dos mandantes....fico a ver.
Se naufragares no meio do mar,toma desde logo, duas resoluções:- Uma primeira é manteres-te à tona; - Uma segunda é nadar para terra;
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por Jack » 29/1/2006 4:30

pedras11,

Isso vem provar que para se ser um bom analista não é necessário sequer ser trader. E suponho que nunca será bom trader, senão não era ainda analista.

Quem sabe, faz. Quem não sabe, fala!

Mas para se ser jornalista, tem que se saber do que se fala. Pelo menos exige-se não dar gaffes ridículas e flagrantes que expõem ignorância, e dão ar de artigo encomedado.
 
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Re: Os senhores da análise financeira

por pedras11 » 29/1/2006 4:09

Jack Escreveu:
Mais uma pessoa que nem deve nunca ter comprado uma acção, com uma "encomenda" para "propagandear" os benefícios dos price-targets, pondo-lhes uma "capa" de profissionalismo...


Bom, fique a saber que a pessoa que mais acerta em price targets na peninsula ibérica é Portuguesa e NUNCA comprou uma acção.
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Re: Os senhores da análise financeira

por ptmasters » 28/1/2006 14:37

Ertai Escreveu:
Jack Escreveu:
pedras11 Escreveu:
(...) O dia-a-dia dos responsáveis pelas equipas de análise das casas nacionais começa mais cedo que no resto da Europa. As nove horas de Madrid, Paris ou Londres correspondem às nossas oito que invariavelmente dão ordem de partida à maratona que se segue.(...)



:roll:
Londres tem a mesma hora de Lisboa.

Mais uma pessoa que nem deve nunca ter comprado uma acção, com uma "encomenda" para "propagandear" os benefícios dos price-targets, pondo-lhes uma "capa" de profissionalismo...


Ia dizer o mesmo...

Mais um excelente exemplo de pseudo jornalismo financeiro. Ao menos o resto do artigo não está mau, mas é assim que se nota, através de "pequenas falhas" que o jornalista apenas caiu de paraquedas dentro do assunto :wink:


Hehehe,

Também ia dizer que os londrinos levantam-se à mesma hora...

1 ab e bom fim de semana
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Re: Os senhores da análise financeira

por Ertai » 28/1/2006 12:47

Jack Escreveu:
pedras11 Escreveu:
(...) O dia-a-dia dos responsáveis pelas equipas de análise das casas nacionais começa mais cedo que no resto da Europa. As nove horas de Madrid, Paris ou Londres correspondem às nossas oito que invariavelmente dão ordem de partida à maratona que se segue.(...)



:roll:
Londres tem a mesma hora de Lisboa.

Mais uma pessoa que nem deve nunca ter comprado uma acção, com uma "encomenda" para "propagandear" os benefícios dos price-targets, pondo-lhes uma "capa" de profissionalismo...


Ia dizer o mesmo...

Mais um excelente exemplo de pseudo jornalismo financeiro. Ao menos o resto do artigo não está mau, mas é assim que se nota, através de "pequenas falhas" que o jornalista apenas caiu de paraquedas dentro do assunto :wink:
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Re: Os senhores da análise financeira

por Jack » 28/1/2006 1:48

pedras11 Escreveu:
(...) O dia-a-dia dos responsáveis pelas equipas de análise das casas nacionais começa mais cedo que no resto da Europa. As nove horas de Madrid, Paris ou Londres correspondem às nossas oito que invariavelmente dão ordem de partida à maratona que se segue.(...)



:roll:

Londres tem a mesma hora de Lisboa.

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Os senhores da análise financeira

por pedras11 » 28/1/2006 0:54

Todas as manhãs, entre as sete e as oito em ponto, os gabinetes de research da banca nacional dão início à sua rotina diária. Uma rotina sem horário de fim, bem à medida do ritmo dos mercados financeiros onde as novidades se sucedem. Eis o desafio para quem se move nestes meadros de mudança: versatilidade, capacidade de gerir rios de informação e ainda um enorme talento para antecipar tendências.

27-01-2006, Maria Corrêa da Silva

O ambiente de agitação ordeira que se sente nos gabinetes de research, com televisões ao fundo, terminais de acesso às principais fontes internacionais de notícia e monitores pejados de gráficos indecifráveis para o comum dos mortais é bem reflexo dos principais desafios para quem trabalha na pesquisa de mercados financeiros. Acesso imediato à informação, capacidade de a gerir, seleccionar, interpretar e depois de a projectar em cenários que sirvam de referencia às decisões de investimento do mercado.
A tudo isto um head of research vem acrescentar o seu engenho para orientar e mobilizar equipas de trabalho e ainda, imagine-se, alguma criatividade e intuição. O dia-a-dia dos responsáveis pelas equipas de análise das casas nacionais começa mais cedo que no resto da Europa. As nove horas de Madrid, Paris ou Londres correspondem às nossas oito que invariavelmente dão ordem de partida à maratona que se segue.
Uma rotina de reuniões, visitas a clientes, preparação de roadshows, acompanhamento permanente daquilo que cada analista vai fazendo, cuidados dobrados na uniformização dos contextos de análise e no cumprimento de prazos são algumas das incumbências base de quem chefia estes gabinetes. O retrato robot para quem quiser aspirar ao desempenho da profissão pode bem assustar pela sobrecarga de talentos.
Nervos de aço para lidar com o rigor, o ritmo e a exigência, personalidade e charme para saber comunicar com os investidores e transmitir-lhes boas histórias de investimento, sofisticação técnica de um Nobel da matemática e ainda sensibilidade e tacto de Aladino, para antecipar tendências e fazer a interpretação mais acertada. Um leque de sinuosos equilíbrios onde se joga aquilo que alguns analistas referem ser “sensibilidade para as coisas” mas também alta preparação académica e técnica.
Entender este delicado compromisso de talentos é também entender o delicado compromisso de factores que podem influenciar o movimento dos mercados e é esta análise, objectiva e independente, que se espera de um gabinete de research. De modo muito simples, entre as empresas e os investidores que as fazem mexer, cabe aos analistas traçar a curva de evolução das empresas, antecipando a sua cotação em bolsa, os famosos preços-alvo, lançando recomendações aos investidores - sempre partindo de determinados pressupostos, cenários mas também expectativas, mais ou menos positivas, sobre os efeitos de determinadas notícias nas empresas.
A gestão destas expectativas nem sempre se consegue apenas com modelos de análise ou recurso às metodologias mais racionais, a experiência e o tacto que se ganha pela análise de casos anteriores são fundamentais para que a edição de um report não seja um foco de stress para o analista que o apadrinha. Sendo trabalho de determinado analista, ainda que, eventualmente apoiado pelo debate de todo um grupo de trabalho, cabe sempre ao seu responsável assumir qualquer espécie de desvio ou erro.
E se os erros técnicos raramente ocorrem, já o mesmo pode não se passar com o grau de aproximação das recomendações ao que vem efectivamente a acontecer nos mercados. Cabe, por isso, ao head of research relativizar o impacte destas “imprecisões”. Por muito que sinta na pele o peso da responsabilidade de estar a lançar ideias de investimento, existem pelo menos dois factores que, se não o ilibam dessa carga, tornam-na bastante mais leve. Por um lado, o mercado é livre e autónomo, tem nuances que podem não estar incluídas na análise prévia da sua equipa; por outro lado, as análises não devem ser encaradas como verdades absolutas mas “como instrumentos de trabalho”. São apenas “leituras e interpretações de uma realidade” que se confrontam com várias outras perspectivas e pontos de vista. Tantas quantas as casas de research a operar. Eis o relato das experiências, expectativas e angústias dos head of research de algumas das casas de funcionamento que funcionam em Portugal.
Portugal ao lado dos grandes
A opinião é unânime: Portugal “não deve nada ao que de melhor se faz no research internacional”. Em termos de qualidade técnica estamos bastante bem posicionados relativamente às grandes casas de research. A grande diferença passa pela dimensão do mercado e pela noção de escala que isso implica. As consequências são óbvias. Por um lado, o facto de as grandes casas terem um universo mais vasto de empresas sob análise traz-lhes um maior grau de conhecimento sectorial e maior capacidade de mobilizar o mercado. Por outro lado, as casas nacionais, tem uma ligação mais estreita à sua realidade, colocam maior detalhe no conhecimento das empresas e por isso antecipam-se nas ideias e nas recomendações. Do lado das empresas, existe cada vez mais uma cultura de mercado que as torna mais à vontade com as necessidades de informação dos analistas.



Ana Matos - Banco Português de Investimento - Research com
pronúncia do norte
Ana Matos admite que a sua carreira pode ter sido planeada até agora. Mas quando começou o seu estágio (ainda estava na faculdade) na área da gestão de activos, no mesmo banco onde hoje trabalha, não adivinhava que cerca de dez anos passados, estaria a chefiar o gabinete de research de onde recebia os estudos necessários à sua actividade de então.
O Porto, que lhe vinca a dicção ao contar-nos o seu interesse e percurso pelo mundo dos mercados e da gestão, foi o seu pouso profissional sempre no BPI até 2000. Nessa altura, com sete anos de ligação ao banco nacional, opta por experimentar aquilo que se fazia no estrangeiro. A vontade de aprender “cada vez mais” sobre o métier foi suficiente para se meter no avião até Madrid, onde testemunhou a superioridade do mercado espanhol em número de empresas e analistas. Foi trabalhar para a gestão de activos da Morgan Stanley, com responsabilidades sectoriais para os mercados europeu, norte-americano e América Latina. Recorda que a grande vantagem dessa experiência foi “abrir horizontes” e dar-lhe a conhecer “novas maneira de abordar os mesmos problemas”. E ainda hoje refere ter muito que estudar e descobrir. Até ao dia, por enquanto remoto e improvável, em que pode até criar um projecto próprio. Agora tenciona permanecer como está, no Porto onde refere as equipas de research perecem mudar menos que em Lisboa.
Zelo constante pelos mercados
Quando lhe perguntamos o que mais a alicia na profissão, fala com entusiasmo no “processo de formação de ideias, procura de histórias e soluções de investimento”, uma atitude diante do trabalho que a fez aceitar de imediato o convite para regressar ao seu Porto, mais uma vez ao BPI. Em 2002 recebe o convite para liderar a equipa de vendas internacionais. Aqui pôde tirar pleno partido do seu percurso anterior e abrir caminho para a etapa seguinte, a actual chefia do research do banco. Uma transição pacífica até porque já conhecia todos os elementos da sua equipa de trabalho: “Isto foi uma vantagem para mim”.
Este mesmo zelo, com que cuida e olha pelos mercados, é aplicado todos os fins-de-semana em casa quando leva cabo as suas sessões de jardinagem. Estes momentos de tranquilidade e descontracção são complementados pelo exercício físico que cumpre no ginásio e pelos livros que lê ao longo da semana. Sobretudo quando chove e não pode tirar partido dos passeios a beira do mar, um hábito de que não prescinde nos meses de Verão. Nas férias é que não perdoa uma escapadela ao estrangeiro.
Aos picos de trabalho, que em muitas ocasiões surgem sem se prever, Ana Matos procura dar uma resposta imediata, prefere “trabalhar mais horas no gabinete a sair mais cedo para os resolver em casa”. Não sente grande incompatibilidade entre as responsabilidades no banco e a gestão do seu tempo com a família e os amigos, pelo que separa estas duas dimensões de maneira perfeita com a ajuda de muita disciplina e coordenação.

Bilhete de Identidade
34 anos, solteira
Licenciatura em Gestão pela Universidade do Porto
Diploma Chartered Financial Analyst
Número de acções acompanhadas: 80
Dimensão da equipa chefiada: 15 elementos
Conselhos de investimento: A visão ibérica com que o research do BPI se posiciona no mercado permite-lhe aferir o bom momento dos sectores da banca e dos media, com posição de “underweight” para as utilities, ficando a construção, infra-estruturas e telecomunicações em posição neutral. O BPI continua à procura de boas histórias de investimento entre as small e midcaps, onde têm forte componente de especialização.



João Miguel Lourenço - Caixa Banco Investimento - O rigor e empenho da academia
João Miguel Lourenço mantém-se ligado à universidade como professor de uma cadeira de Finanças do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e isso dá-lhe uma visão muito clara sobre a importância da experiência profissional na formação académica dos alunos. Mas não só. Estamos diante de alguém que reflecte as preocupações de acompanhamento e formação do seu gabinete de research, onde existem alguns jovens analistas a concluir formação pós-graduada.
Quase quinze anos após a conclusão dos estudos, recorda a importância da sua estreia no mercado de trabalho, ainda a escassos meses de concluir a licenciatura. Refere que foram momentos de grande trabalho mas também de enorme desafio, que ultrapassou com êxito ou não tivesse ligado à empresa que o acolheu, a Siemca - Sociedade Mediadora de Capitais, durante os dez anos seguintes. Durante esse tempo, na área de assessoria financeira de empresas, pode explorar com grande à vontade o seu interesse quase inato pelo cintilante universo dos mercados financeiros.
Um interesse que não passou ao lado de um dos responsáveis máximos do projecto Caixa Banco de Investimento (BI) que em 2002 convida JML para o seu actual cargo, já este estava ligado à área de venda de acções da Caixa valores (participada da Caixa BI) há dois anos. Hoje os seus momentos de pausa passam inevitavelmente pelas aulas e pelas leituras que não fogem muito à natureza técnica que compõe a profissão. O lazer é passado com a família, em casa ou então em pleno Alentejo a meio caminho do Algarve onde sempre que pode também vai de visita. O estrangeiro fica como terceira opção.
João Miguel Lourenço é a mais séria testemunha de que uma organização disciplinada, mesmo que “relativamente pequena”, pode produzir grandes resultados. Com o trabalho dividido entre as equipas de acções e obrigações, as sinergias beneficiam ambas. A teoria deste head of research é que a “à análise de acções não deixa de estar subjacente uma reflexão sobre aquilo que é a estrutura de capital e endividamento da empresa”.
Com um algum orgulho na equipa que lidera, este responsável recorda a analista da Caixa BI, cujo trabalho foi reconhecido tal a aproximação aos resultados efectivos de mercado. E isto, sempre que acontece, dá-lhe “um gosto especial”, assim como o risco de não acertar é assumido com um factor de angústia - até porque cada trabalho editado deve ser revisto por ele próprio. É exactamente neste esforço de acesso a informação relevante para as melhores ideias de investimento que a Caixa BI integra uma rede de parcerias, a European Security Network (ESN) no âmbito da qual responde a uma carteira de investidores estrangeiros assim como tem acesso ao enorme volume de informação sectorial, assegurada por uma base de dados comum. João Miguel Lourenço é a mais séria testemunha dos méritos da sua estrutura local com dimensão global.

Bilhete de Identidade
37 anos, casado, um filho
Licenciatura em Gestão de Empresas no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica.
Número de acções acompanhadas: 34
Dimensão da equipa chefiada: 5 elementos para as acções nacionais e 3 para a cobertura de dívida
Conselhos de investimento:
Ao contrário da tendência da economia nacional que tem vindo a desacelerar, o mercado de capitais pode manter bons níveis desempenho em 2006, à semelhança do que já vinha a acontecer no ano passado. Este optimismo é ainda apoiado em operações de privatização que deverão dar forte dinamismo ao mercado. Caso venham a concretizar-se, exemplos como o da Galp são muito positivos para o panorama da bolsa nacional. Relativamente à dívida, a tendência de subidas das taxas de referência condicionará a evolução das taxas de juro ao longo da curva.



António Seladas - Millennium bcp Investimento - Corredor de fundo dos mercados
António Seladas não dá grande margem para subjetividade sobre o seu trabalho à frente do gabinete de análise e research de acções do Millennium bcp Investimento, que lidera desde 2004. À pergunta sobre o papel de alguma intuição no trabalho de análise, a resposta é peremptória: “Com intuição não se vai lá!”. Para este profissional, que começou nos mercados em 1988 no sector cambial do extinto Banco Pinto e Sotto Mayor, o trabalho depende muito de factos. “Há que montar cenários nas folhas de cálculo, pôr os números e as margens a evoluir de determinada maneira, e os resultados darão X ou Y.”
A interpretação, estritamente racional e sistemática, do trabalho de análise coloca-lhe muito desafios do ponto de vista da exigência técnica mas retira-lhe qualquer tipo de angústia. É com grande serenidade que encara o risco de eventualmente os resultados das análises estarem longe dos do mercado e esforça-se por transmitir essa calma aos seus analistas. Defende que “mais importante do que aquilo que a empresa vale, que a recomendação que damos, é o trabalho que está por trás e que abre muito o conhecimento da empresa”. Esta é a grande mais-valia de um gabinete de research: “divulgar as empresas e torná-las conhecidas”.
E para quem “falar com o management das empresas, pegar numa folha de cálculo, montar os números, perceber margens, apontar um modelo e chegar a um resultado” é o que mais agrada da rotina diária, um erro técnico ou uma gralha que resiste às múltiplas revisões é o mais secreto e terrível dos receios. Na sua própria experiência como analista, que mantém ao acompanhar as acções da Mota Engil, interessa-lhe trabalhar sobre cenários sim, mas não extremados (com grau de probabilidade reduzida). Uma tese que aplica quando aprecia a perspectiva mais ou menos optimista dos seus analistas.
Antes do research, António Seladas fez um consistente percurso como portfolio manager, ao longo de 14 anos. Primeiro no Millennium bcp Investimento e depois na empresa com sede em Londres, a F&C, que assumiu a gestão de activos do banco português. O curriculum ter-lhe-á dado tempo para perceber o remédio mais eficiente para combater o stress face ao imprevisto. Percebe que no mundo onde se movimenta nada se repete e isso obriga-o a um exercício de antecipação permanente dos problemas. O principal nem sequer é o timing que muitas vezes pode ser foco de tensão. Mais uma vez, com toda a segurança responde: “Claro que o chefe pressiona, as vendas pressionam - mas cabe-me a mim estar a gerir o barco!”.
Com tempos livres sempre contados, a leitura de John le Carré e dos enigmas do Codex 632 de Rodrigues dos Santos retemperam-lhe as forças, que põe à prova no seu desporto preferido, a corrida. Nos mercados é a imagem tranquila de um corredor de fundo, que não obstante as intempéries e os obstáculos do caminho, mantém-se firme na rota traçada e no ritmo com que a quer percorrer. O importante é o resultado final e a qualidade do trabalho que executa “em nome do banco que representa”.

Bilhete Identidade
42 anos, casado, duas filhas
Habilitações académicas: Licenciatura em Economia pela Universidade Nova de Lisboa, pós-graduação em Corporate Finance no Cemaf/ISCTE, Diploma Chartered Financial Analyst
Numero de acções seguidas: 19
Dimensão da equipa chefiada: 8 elementos
Conselhos de investimento: Apesar de algumas empresas americanas estarem a divulgar resultados abaixo das expectativas, não há motivos para alarme exagerado. Os mercados norte-americano e da Zona Euro mantém um retorno de 7% a 10% para os próximos 12 meses, enquanto o Japão é um mercado a evitar. Para o mercado nacional, muito dependente do comportamento de apenas cinco títulos (EDP, BCP, PT; Brisa e BPI) não arriscam previsões. Acreditam que a envolvente macroeconomica continuará a condicionar o desempenho do nosso mercado, com um retorno a doze meses inferior ao mercado da Zona Euro.



Carla Rebelo - Banif Banco de Investimento - Gosto pelo
trabalho de equipa
Embora admita que o papel de um analista tem uma componente muito solitária, “é ele que assina o ‘report’”, Carla Rebelo, head of research do Banif há cerca de dois anos, considera que é nos momentos de maior esforço colectivo que mais gosto sente pela profissão de análise. E conforme nos explica esta licenciada em Economia, já com onze anos de experiência profissional, o esforço pelo trabalho de equipa é uma faceta que muito privilegia nas rotinas que mantém com os colegas.
Recorda-se de algumas “directas” a que o trabalho já a obrigou, nomeadamente na última privatização da EDP em que se envolveram cinco pessoas da sua equipa de trabalho, entre as quais ela própria, nos últimos momentos do processo. Esta head of research é acérrima adepta do debate interno e defende as vantagens de uma boa discussão. Mais, além das reuniões diárias, logo nas primeiras horas da manhã, que juntam as equipas de vendas à sua própria equipa de research, antes de lançar qualquer nota de research para o mercado, fá-la passar por um “brainstorming que envolve analista, o head of research e outros elementos da equipa, pelo que as coisas são muito discutidas”.
Experiência e criatividade
A experiência adquirida ao longo dos anos que já acumula em carteira dá-lhe noção clara de que “a questão da criatividade é sempre muito importante numa área como esta porque a construção de cenários também passa por aí”. “Um analista com mais anos de trabalho consegue assim ter mais sensibilidade para os intangíveis de mercado. Nesta actividade a curva da experiência é longa, mas traz frutos”, afirma Carla Rebelo.
Antes de assumir o cargo que ocupa no Banif, Carla Rebelo passou por uma multiplicidade de áreas no banco Finantia, onde esteve durante onze anos. Começou pelo research, de Macro-Economia a que se seguiu uma passagem pelo sector de Corporate Funds na avaliação de empresas e negócios. Depois regressou aos mercados de capitais e durante um ano integra a equipa de venda de acções em Londres.
Embarca então rumo a Lisboa, onde após escassos seis meses na mesma área, assume a chefia de Equity Research do Finantia. Em 1999 passou a coordenar o trabalho de dez pessoas. Até ter sido convidada para o Banif, ainda teve tempo para trabalhar na gestão de activos do banco (Buy Side ou sector que gere as carteiras dos investidores) e na reestruturação de operações no mercado de capitais na área da dívida.
Hoje, quando tem a seu cargo o segmento de obrigações e acções tem noção de que a carga horária a que se submete é longa mas nem por isso difícil de ultrapassar. Considera que “os mercados de capitais são bastante viciantes, porque as pessoas habituam-se a lidar sempre com coisas novas”. Este vício pelo ritmo não lhe tira tranquilidade quando chega a casa, onde vive sozinha, sem televisão.
Além do desporto que pratica com assiduidade, gosta de cinema e “lê imenso”. A faceta financeira é ainda complementada pela sua vocação solidária. Carla Rebelo é católica praticante e faz parte de um movimento onde tem responsabilidades de coordenação de grupos. “Isto consome-me algum tempo e coloca-me numa esfera completamente diferente, faz-me desligar das coisas”, conclui a analista.

Bilhete de Identidade
33 anos, solteira
Habilitações académicas: Licenciatura em Economia pela Universidade Nova de Lisboa
Número de acções acompanhadas: 20
Dimensão da equipa chefiada: 6 elementos
Conselhos de investimento: A subida exponencial do mercado na recta final de 2005, pode tirar algum potencial de crescimento no decorrer de 2006. Seja como for o conselho é tirar partido da onda especulativa do ano passado, ligada a alterações nos núcleos accionistas de empresa estáveis. Por outro lado, empresas como o BCP e EDP já mostraram um desempenho positivo e constituem histórias de investimento a seguir.


http://www.semanarioeconomico.com/dinhe ... rollo.html
"O desprezo pelo dinheiro é frequente, sobretudo naqueles que não o possuem"

Fonte: "La Philosophie de G. C."
Autor: Courteline , Georges

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