Caldeirão da Bolsa

Escala indica crash nos selos !

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Incognitus » 29/11/2005 22:55

É assim, resina.

Ninguém no seu perfeito juízo se lembraria de o fazer, mas é possível uma pessoa chegar e dizer que tendo ganho 100 milhões no Euromilhões, e tendo investido apenas 10 Euros, que a rendibilidade do Euromilhões é de 100000000/10.

O que obviamente é falso. Porque para ser verdadeiro, terias que conseguir saber ANTES de sairem os números, quais os números que ganhariam. E obviamente se isso fosse possível, então o bilhete já não custaria 10 Euros ...

O mesmo se passa com os selos. Ou seja, não se pode pegar arbitrariamente numa emissão, ou em meia dúzia de emissões e dizer "vejam, subiram 200000% desde o valor facial". E porque é que isso não se pode fazer? Porque aquando da emissão não era possível saber QUAIS as emissões que valorizariam dessa forma. Porquê?

Porque se fosse por um lado essas emissões já não estariam disponíveis ao valor facial (logo a rendibilidade era menor), e por outro, já não valorizariam nada parecido com o esperado porque muito mais pessoas as conservariam.

Ou seja, para se saber qual a rendibilidade real dos selos, no mínimo é preciso pegar num leque alargado de emissões de selos, e seguir a rendibilidade da totalidade dessas emissões. Foi o que eu fiz com a emissão mais antiga da Inglaterra, e rapidamente se chega à conclusão, mesmo com erros estatísticos (Survivorship bias) que só essa emissão, se tivesse valorizado 2% ao ano, valeria provavelmente tanto quanto a totalidade das emissões filatélicas as quais hoje se atribui valor.

A conclusão é óbvia: a taxa de valorização da totalidade das emissões filatélicas que hoje existem é BASTANTE mais baixa do que fazem supor.

Obviamente, é sempre possível "à posteriori" escolher um conjunto de emissões que bateu em muito essa taxa, mas esse conjunto NÃO será representativo da classe de activos em discussão.

Também é, diga-se, possível escolher um conjunto de acções, à posteriori, que bate os retornos de qualquer investidor. Mas, lá está ... ninguém o escolheu à priori.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por Resina » 29/11/2005 22:45

Incognitus Escreveu:Isso é o equivalente a fazer o mesmo com bilhetes de lotaria.

Não percebo esta parte!
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 5769
Registado: 9/11/2005 17:56
Localização: Lisboa

por Incognitus » 29/11/2005 22:45

"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por Incognitus » 29/11/2005 22:37

Já agora, e como tema de curiosidade, se assumirmos que a emissão mais antiga de selos "com goma", os Penny Black da Grã-Bretanha valem hoje na sua totalidade 4.3 Bilhões de Libras (ou seja, provavelmente mais do que valem realmente todos os selos de colecção britânicos), eles terão valorizado cerca de 2% ao ano desde que foram emitidos em 1840 até hoje. Isto já só considerando os exemplares que se julga ainda existirem hoje, e não os que foram emitidos na altura (portanto, incorrendo em "survivorship bias").

Isto para ilustrar o problema de se pegar em selos "caso a caso", após valorizarem, e apresenta-los como exemplo do que são valorizações "médias" de selos.

Isso é o equivalente a fazer o mesmo com bilhetes de lotaria.

O que importa é se na sua origem eles seriam identificáveis como potenciais valorizações, e obviamente não seriam ou então não estariam disponíveis ao seu valor facial. E se estivessem disponíveis a esse valor e fosse previsível a sua valorização, então já não valorizariam porque demasiadas pessoas os manteriam.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por Incognitus » 29/11/2005 22:22

Isso introduz um conceito engraçado. Entre duas peças fungíveis, vale mais a que aparecer primeiro, desde que a que apareça primeiro desapareça! ehehe

(porque repara, se a segunda tivesse aparecido sem a primeira desaparecer, ambas desvalorizariam, e ambas valeriam o mesmo)
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por nunofaustino » 29/11/2005 22:20

exactamente Incog... no segundo caso ja n podes dizer que tens uma peca unica, mas apenas a unica peca inteira... pode ser mais raro, mas (para mim) tera menos valor.

Um abraco
Nuno
Pluricanal... não obrigado. Serviço péssimo e enganador!!!
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 5157
Registado: 5/11/2002 5:10
Localização: Portugal

por Incognitus » 29/11/2005 22:15

Se soubesses que existiam no máximo 100 potes Ming XPTO (suposição credível, existe um número máximo de "Panes" emitidos), e sabendo-se que uns quantos já estavam feitos em cacos ainda assim coleccionáveis.

Mas só um inteiro era conhecido. E após comprarem o dito, esborracharam-no partindo-o também em cacos.

Quando surgisse outro pote inteiro, esse pote seria mais raro ainda que o anterior, pois agora existia confirmadamente menos um inteiro, e em troca só existiam mais uns quantos cacos fungíveis.

Não terias portanto dificuldade em ver que a segunda situação configura um estado de maior raridade.

Os selos neste caso seguem a mesma lógica.

Excepto talvez no tal valor "psicológico" de se ter a primeira virgem ... quer dizer a primeira "Pane" inteira conhecida, embora desde então ela tenha deixado de ser virgem e agora continue a existir apenas uma única virgem, mas já não a primeira ...
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por Incognitus » 29/11/2005 22:11

Nuno, o post estava indicado logo no início como sendo uma piada, uma ironia face ao ditado de que os selos de colecção não caem.

Quanto a preferires uma situação à outra, tal como disse eu compreendo-te, é um mercado "psicológico" (da primeira vez escrevi mal de propósito). Nota no entanto que essa atitude é irracional na avaliação da raridade da peça em questão.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por nunofaustino » 29/11/2005 22:09

Eu, como coleccionador, preferia ter o primeiro caso (em que eh unico) do que o segundo...

Qto a falacia de fazer as contas que eu fiz, eh obvio que nao podem ser feitas as contas desse modo... tal como tb n podes pegar num conjunto de selos e dizer que a "Escala indica crash nos selos !"... ;)

Um abraco e acho que ja chega de falar sobre selos (pelo menos para mim)...
Nuno
Pluricanal... não obrigado. Serviço péssimo e enganador!!!
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 5157
Registado: 5/11/2002 5:10
Localização: Portugal

por Incognitus » 29/11/2005 22:01

Outra coisa importante e falaciosa sobre a valorização destes selos a partir do seu valor facial, é que na altura em que foram emitidos ou não estavam disponíveis ao valor facial, ou não era possível prever que seriam estes os que se valorizariam dessa forma face ao seu valor facial (até porque se isso fosse previsível, não estariam disponíveis a esse valor, ou não se tornariam tão raros).

No fundo, é o mesmo tipo de erro que comete quem olha para um bilhete de lotaria após ele ter sido premiado, e pensa que podia ter escolhido esse bilhete ANTES de ter sido premiado, ou então que o usa como exemplo da rendibilidade dos bilhetes de lotaria.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por Incognitus » 29/11/2005 21:57

Nuno, o primeiro conjunto ao ser separado perdeu (parte) da raridade porque presumivelmente já existiam outros selos separados. Logo o conjunto inteiro que sobreviveu, ficou mais raro. Logo, B é mais raro que A, porque a comparação não é entre

A - Um conjunto de selos únicos com defeito
B - Um conjunto de selos unico apenas porque um conjunto anteriormente identificado foi separado (ou seja, eh o segundo conjunto identificado)


E sim
A - Um conjunto de selos únicos com defeito, sendo o único conjunto inteiro e existindo selos com defeito separados.
B - Um conjunto de selos unico apenas porque um conjunto anteriormente identificado foi separado e existindo portanto ainda mais selos com defeito separados, e menor a possibilidade de existirem mais conjuntos inteiros.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por nunofaustino » 29/11/2005 21:51

eu sei que disseste como piada... ja agora tb podias dizer que os selos subiram 3.200.000% (40 selos de 0.29dolares=11.6USD que valem hoje 373.000USD) em 13 anos (de 1992 a 2005). ;)

Um abraco
Nuno
Pluricanal... não obrigado. Serviço péssimo e enganador!!!
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 5157
Registado: 5/11/2002 5:10
Localização: Portugal

por nunofaustino » 29/11/2005 21:45

Incog, o que eh que eh mais raro:

A - Um conjunto de selos unico com um defeito
B - Um conjunto de selos unico apenas porque um conjunto anteriormente identificado foi separado (ou seja, eh o segundo conjunto identificado)

Penso que concordas comigo que o A eh mais raro do que o B, nao?

Um abraco
Nuno
Pluricanal... não obrigado. Serviço péssimo e enganador!!!
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 5157
Registado: 5/11/2002 5:10
Localização: Portugal

por Incognitus » 29/11/2005 21:42

Mas claro, é um mercado "piscológico" ehehe ... eu compreendo o que queres dizer, ainda que seja falso.

Nota que logo quando coloquei o primeiro post disse que era uma piada.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por Incognitus » 29/11/2005 21:41

Ou seja, quando o primeiro foi à venda, existia um e (n - 1) desconhecidos.

Quando o segundo foi à venda, existia UM e (n - 2) < (n - 1) desconhecidos ...
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por Incognitus » 29/11/2005 21:38

Nuno, existindo n conjuntos desses (n limitado), a probabilidade de surgir mais um depois de terem surgido 2 é inferior à probabilidade de surgir surgir mais um quando surgiram 0 ou 1.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por nunofaustino » 29/11/2005 21:34

Penso que tu eh que tens de ler o artigo outra vez...

Ate agora ha dois conjuntos documentados, pois foram os unicos encontrados ate agora. O inicio do texto que o JAS deixou no outro topico (http://biz.yahoo.com/prnews/051129/nytu043a.html?.v=2) diz "This auction was immediately preceded by the auction of the second of two known panes of the 1992 New York Stock Exchange issue with inverted vignettes."
... eh obvio que podem haver outros que ainda n estao documentados.

Qdo o primeiro foi a venda apenas existia 1. Dado que apareceu um segundo, a possibilidade de surgir um terceiro eh real (enquanto o surgimento do 2 era meramente teorica)...

Um abraco
Nuno
Pluricanal... não obrigado. Serviço péssimo e enganador!!!
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 5157
Registado: 5/11/2002 5:10
Localização: Portugal

por Pata-Hari » 29/11/2005 21:27

(Deve ter sido a anacart a separar os selos para oferecer o tal selo ao incognitus :mrgreen: )
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por Incognitus » 29/11/2005 21:23

Nuno, essa possibilidade sempre existiu, lê o texto de novo.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por nunofaustino » 29/11/2005 21:22

So depois de teres indicado eh que li que o primeiro tinha sido separado (nabos).

Mas mesmo assim nao sao a mesma coisa... basta pensares q o primeiro foi vendido na permissa que era unico enquanto para o segundo ja n tens essa garantia, pois ha a possibilidade que aparecam outros exemplares...

Um abraco
Nuno
Pluricanal... não obrigado. Serviço péssimo e enganador!!!
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 5157
Registado: 5/11/2002 5:10
Localização: Portugal

por Incognitus » 29/11/2005 21:17

Embora o post original fosse uma piada (porque extraído de algo que o JAS postou) ...

Não, nuno. Lê de novo ...

O segundo conjunto TAMBÉM é único, porque o primeiro foi desfeito.

Sobre o primeiro

It has been broken up into smaller units.


E portanto, sobre o segundo

After the story broke, she was contacted by various interested parties and selected H.R. Harmer, Inc. of New York to auction the pane, which is the only reported intact pane.


Ou seja, os leilões foram ambos feitos sobre a a mesma coisa, com o mesmo nível de raridade.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27

por nunofaustino » 29/11/2005 21:13

Como eh obvio Incognitus... qdo foi comprado o primeiro conjunto apenas era conhecido 1 exemplar. Qdo o segundo foi vendido ja n era exemplar unico...

No fundo eh a mesma coisa do que comprares um Da Vinci num dia e no dia a seguir descobrires que ha outro exactamente igual... eh obvio que iria valer menos do que pagaste...

Um abraco
Nuno
Pluricanal... não obrigado. Serviço péssimo e enganador!!!
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 5157
Registado: 5/11/2002 5:10
Localização: Portugal

Escala indica crash nos selos !

por Incognitus » 29/11/2005 20:17

eheheh Isto é mais piada que outra coisa, mas afinal os selos tambêm caem, até os extremamente raros, como este conjunto que desvalorizou cerca de 23.5% de 2002 para 2005.


The first pane was purchased at a post office in a small West Texas town in 1992. The buyer immediately recognized the central vignettes were absent on twelve stamps and opted to conceal it from the public and waited to see if others appeared in the marketplace. He then stored it away and forgot about it until a family gathering in December 2001, at which time his wife also noted that the central vignettes were inverted on the other 28 stamps. They decided to publicize the existence of the pane by consigning it to Greg Manning Auctions, who sold it intact in the June 16, 2002 Rarities auction for $488,750. It has been broken up into smaller units.

Meanwhile, as documented in the September 5, 2005 edition of Linn's Stamp News, Naomi Felblinger, an employee of Miami University of Ohio, discovered the second pane. Mrs. Felblinger purchased the pane at the university's contract postal station that employed her. She stored her pane in a sock drawer at home and also forgot about it until she rediscovered it earlier this year while preparing for a move. As soon as she found the pane, she contacted a trusted friend, Ernest White, and the pair visited Linn's offices. After the story broke, she was contacted by various interested parties and selected H.R. Harmer, Inc. of New York to auction the pane, which is the only reported intact pane. A special one-lot auction catalogue was prepared and shown at the New York City Mega Show in October to many interested parties. The pane was estimated to sell between $300,000 and $400,000 and it sold to a floor bidder for $373,750.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.******.com
 
Mensagens: 3255
Registado: 6/11/2002 19:27


Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Bing [Bot], Burbano, jprgodinho, PAULOJOAO, PMP69, trend=friend e 791 visitantes