Caldeirão da Bolsa

O sonho tecnológico

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Que fizemos nós para merecer isto?

por Emanuel Santos » 22/11/2005 15:40

Acho que limitámo-nos a ter o azar de nascer do lado errado da fronteira... :mrgreen:
Emanuel Santos

* Ai de mim, senão sou eu... :)

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plano? mais um , p`ra que?

por wuzzu » 22/11/2005 14:37

Eu nunca acreditei na possibilidade de concretizacao de um tal plano.
Nao temos ministros para isso. Nao temos gente no topo que saiba de inovacao.
Nem o Mariano Gago, que fala e pensa sem duvida alguma muito bem, e' pessoa para o conceber, defender e executar.
Na pratica olhe-se para tras: o que temos e' um pais que nunca soube inovar (salvo raras execepcoes, claro) e soube sempre aproveitar. Coisas diferentes, claro.

O Mariano Gago e' um academico com vocacao mais intelectual que engenheiral. Uma area que se desenvolveu bem em Portugal foi a associada ao grupo dele (particulas). Pergunto: que implicacoes tecnologicas importantes teve isso para portugal?!?!

Nos o que presisavamos e' de um Duarte Pacheco pos obras publicas. Isso ele nao e'.
O Mariano Gago promove ideias bonitas para daqui a dez anos. Temos avaliacoes internacionais umas atras de outras, porque na realidade nao conseguimos faze-las nos. Nao conseguimos ter capacidade autocritica que venca os lobbies e os amigos. E era disso que precisavamos. Ou seja, tudo bem que o principio e' louvavel, mas nao e' isso que vai fazer melhor ciencia. Aquilo que os peritos internacionais fazem e' dizer: "ali faz-se melhor trabalho", mas nao dizem: "aqueles fazem melhor trabalho porque teem os meios, mas aqueles sem meios e' que teem a capacidade, porque fizeram comparativamente melhor".
Ou seja, a questao que temos e': Vamos dar mais aos que ja controlam, ou vamos fazer opcoes estrategicas, elas sim, inovadoras.

Por outras palavras: temos gente culta a frente,
mas sempre os tivemos (pensar Roberto Carneiro e as suas provas de entrada na universidade... e muitos outros...). E deles pouco resta...


Por outras palavras, ficaria surpreendido se conseguissemos ter mais que um plano.
Planos sabemos fazer, saber inovar mesmo e' que e'
mais dificil....



wuzzu
 
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segundo li no DN de hoje

por TraderAT » 22/11/2005 0:31

Vem hoje no DN (caderno de Negócios):

"8 meses e uma demissão tecnológica - ...o problema é que neste 8 meses de governação do tal Plano Tecnológico só se produziu...uma demissão, a do coordenador do próprio Plano...."
Pensa como pensam os sábios, mas fala como falam as pessoas simples.(Aristóteles)
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O sonho tecnológico

por luiz22 » 22/11/2005 0:17

Publicado 21 Novembro 2005 13:59
Luísa Bessa
O sonho tecnológico
lbessa@mediafin.pt
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Sócrates começou por prometer o choque tecnológico. Até agora, o único choque foi o dele próprio. O choque transformou-se em plano, nome mais condizente com a responsabilidade governativa, mas, ao fim de seis meses, antes de as medidas verem a luz do dia, vão ficando mortos pelo caminho.
À demissão de José Tavares de coordenador da Unidade de Coordenação do Plano Tecnológico, o Governo respondeu prontamente com a nomeação do economista Lebre de Freitas, figura da casa do Ministério da Economia.

Prosseguindo na estratégia de «damage control», o Governo deixou vir a público o documento síntese elaborado pelo coordenador demissionário e anunciou que o plano vai a Conselho de Ministros esta semana. Mas já nada poderá apagar a imagem destes seis meses de gestação do plano, cujo anúncio chegou a ser prometido para o final de Setembro, sem que os agentes a quem se dirigia tenham sido envolvidos nos trabalhos. Mais uma prova de que mesmo quando prega a inovação e a flexibilidade, o Estado fica refém dos piores vícios centralistas.

Embora não esteja clarificado se o que vai a Conselho de Ministros é o de José Tavares, ou a versão corrigida a partir dos vários contributos ministeriais, cujas críticas desencadearam a saída do coordenador, o que se destaca no documento é o número elevado de medidas - 166, ainda mais do que as 125 da estratégia de Lisboa, em todo o caso números bastante indigestos - e o seu carácter avulso, para não falar de que se trata em grande parte de um novo embrulho para acções já em andamento.

Se alguém alguma vez acreditou que o plano tecnológico pudesse ser mais do que um «sound bite», qualquer efeito mobilizador acabou de se desfazer.

A última questão remete para a liderança do plano e a solução bicéfala adoptada, entre a tutela da Economia, com Manuel Pinho, e as dotações financeiras do orçamento da Ciência e Ensino Superior, de Mariano Gago. A principal virtualidade do Plano Tecnológico, tal como foi enunciado no programa de Governo, era colocar a ID ao serviço da inovação e do reforço da competitividade da economia. Deixar de olhar o crescimento da despesa em ID como um fim em si, das universidades e dos laboratórios do Estado, mas antes para a necessidade de a tornar reprodutiva, contribuindo para o crescimento da riqueza nacional. Ora essa não é missão para Mariano Gago e se Pinho não está à altura do desafio, só resta a Sócrates fazer o que devia ter feito desde o princípio e assumir a liderança do Plano Tecnológico.

Sendo certo que fazê-lo agora será sempre uma solução de recurso porque a bandeira eleitoral do PS já não está a brilhar de nova, como na campanha eleitoral. Esta até bastante desbotada e esfarrapada.

E eis-nos chegados à triste situação de o Governo que fez bandeira do Plano Tecnológico não ter para apresentar como projectos mobilizadores senão o regresso ao betão. Desfeito o sonho tecnológico, resta a Ota e a receita segura das obras públicas. Que fizemos nós para merecer isto?
As decisões fáceis podem fazer-nos parecer bons,mas tomar decisões difíceis e assumi-las faz-nos melhores.
 
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