Caldeirão da Bolsa

Fundos de Investimento: mercados emergentes

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Fundos de Investimento: mercados emergentes

por Jameson » 31/10/2005 9:38

Haverá uma nova bolha prestes a rebentar?

Phil Davies/Financial Times

A onda de entusiasmo em torno dos fundos de investimento dos mercados emergentes encerra sérios perigos.

Os fundos que investem em ‘commodities’ ganharam novo fôlego no início do ano, contrariando as expectativas dos investidores, numa dinâmica que teve como principais impulsionadores a América Latina e outros mercados emergentes.

Segundo dados do FT, a América Latina apresentou uma rentabilidade de 29% no último trimestre e manteve um dos melhores desempenhos da região a longo prazo, obtendo retornos na ordem dos 78% no último ano e de 236% nos três últimos anos.

Os fundos de ‘commodities’ tiveram uma rentabilidade de 21% no trimestre, chegando aos 52% no ano transacto e aos 105% nos últimos três anos. Os mercados emergentes, por seu lado, alcançaram uma rentabilidade de 20% no trimestre, 49% no ano passado e 126% nos três últimos anos.

A tendência, ao que tudo indica, não é um fenómeno temporário. O que leva muitos investidores e analistas a interrogar-se sobre até que ponto os sectores em causa - directa ou indirectamente dependentes das ‘commodities’ - conseguirão manter estes elevados retornos. Abdallah Nauphal, ‘chief investment officer’ no Insight Investment Management, o negócio de fundos de investimento do banco HBOS, é daqueles que prefere navegar contra a maré. Por isso mesmo, recusa-se a lançar um novo fundo de ‘commodities’ enquanto os preços não forem alvo de uma correcção rigorosa. “As ‘commodities’ têm futuro a longo prazo, mas convém não esquecer que se trata de um segmento que cresceu muito e muito depressa. Se lançássemos um novo fundo agora, prestaríamos um mau serviço aos nossos investidores”.

Sublinha, porém, que o recurso ao ‘outsourcing’ de ‘commodities’ em mercados emergentes veio para ficar. “O Ocidente tem optado pelo ‘outsourcing’ da sua indústria transformadora e assume-se, cada vez mais, como um sector de design e de marketing”.
Mas quererá isto dizer que as economias dos mercados emergentes e a riqueza nacional irão crescer em sintonia? Nauphal não acredita que isso aconteça. “A actual tendência faz disparar o emprego nos mercados emergentes, mas também aumenta a sua volatilidade. As tendências caracterizam-se, hoje, pelo seu carácter cíclico e não tanto por uma lógica de longo prazo”.

Nauphal considera que os primeiros sinais de quebra no consumo dos EUA se traduzirão em graves problemas para as economias dos mercados emergentes. “O desenvolvimento de existências nas empresas dos mercados emergentes serão, no fundo, o prenúncio de um período de declínio. Este não é o melhor momento para entusiasmos”.

Analistas há, contudo, que se preocupam com o impacto que o abrandamento da economia chinesa pode vir a ter nos mercados cujo crescimento depende das ‘commodities’ que a sustentam.

Scott Piper, gestor do fundo de acções para a América Latina da Morgan Stanley Investment, afiança que “um período de baixa na China afectaria, seguramente, as economias latino-americanas, embora não causasse danos de maior. A não ser que fosse particularmente grave”.
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