Caldeirão da Bolsa

Ranking de escolas 2005, Mira Rio é melhor escola nacional

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Incognitus » 29/10/2005 22:22

Quando numa intervenção defendeu a classe que trabalha na saúde, pensei que fosse médico ou enfermeiro. Ainda não sei qual a profissão que exerce... Trabalha na banca? Trabalha numa correctora? Investe na bolsa por conta própria? Se é esta última, é claro que fico surpreendido...


Eu não defendi essas classes. Aliás, noutros locais já afirmei mesmo que o problema também passa por elas.

Trabalho numa corretora e também invisto por conta própria, a maior parte do meu rendimento vem do meu investimentos.

Uma coisa sobre os professores, eu não concordo com os mega concursos anuais, acho que o quadro das escolas deveria ser tão estável quanto possível. Mas, se as pessoas têm que fazer muitos kms, que façam como nos EUA: mudem-se para mais próximo do trabalho.
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Poleiro, mas só pra alguns amigos!

por BG » 29/10/2005 21:35

Isto vai estando tudo dito, ou pelo menos os pontos de vista vão estando aqui quase ou totalmente expressos, no entanto acrescento mais qualquer coisita que me vai parecendo óbvia:
Esses poleiros que o NGM fala, bom, parece-me que este governo como os outros, têm tirado uns amigos dos poleiros, com altas compensações monetárias, e colocado outros... Será por competência? Não nos tem parecido isso, não é? Vemos é pessoas a encher os bolsos do nosso dinheiro e parece que continuamos "cegos" a gabar as políticas destes srs interesseiros de discurso fácil mas falso... Quando sair do governo este sr Sócrates e amigos, acham que eles não irão também para administradores e consultores disto e daquilo e nós a pagarmos? Ah pois, parece-me que o poleiro não é para o trabalhador do dia-a-dia... E no caso dos professores, acham assim tão convidativo e fascinante tirar um curso superior e depois ir leccionar uma data de anos para diferentes escolas até (e se) efectivar ganhando uma miséria (quanto a mim e comparando com outras actividades)? A meu ver, só se for mesmo vocação e dedicação à causa. Claro que efectivando sempre há uma estabilidade pessoal diferente, nem que seja a muitos Km do local pretendido, mas a nível de desgaste é muito exigente, por isso não compreendo esta revolta toda dos políticos e comunidade em geral contra esta classe. Serve apenas para destabilizar e acabar por privatizar isto tudo, é este o meu ponto de vista.
Relativamente às reformas, a meu ver deveria ganhar-se bem mais no início da carreira, que é quando as pessoas precisam de "fazer a vida", e depois poder-se-ía ir reduzindo o salário, acho que era muito mais atraente e provavelmente sairia mais barato que o modo como funciona o sistema actualmente. Continuo no entanto a perguntar: se há tanto dinheiro no país (ao contrário do que políticos e economistas contratados por bancos dizem) e cada vez há mais bens de luxo, vivendas e carros super-caros, afinal quem os compra? São os professores ou os trabalhadores comuns da função pública? Não me parece... Vejo isso mais do lado dos privados e compadrio político.
Havia mais umas coisitas pra referir, mas é capaz de o texto já ir longo, mais uma vez...
Ponha-se o pessoal a pagar os impostos e acabem-se os tachos políticos, e vamos lá ver se há ou não muito dinheiro!
Boa noite de Sábado, exmos srs! E solidariedade com as causas que cada classe defende, pois não me parece que cada classe ande neste país apenas para mergulhar este cantinho no abismo, acho que todos gostaríamos de ver isto a andar para a frente com as medidas correctas e mais acertadas possíveis. Mas são medidas tomadas com a participação e acordo de cada classe, não com medidas unilaterais de governos que nos cantam uma canção envenenada.
BG
 
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por devastador » 29/10/2005 21:09

Percebi perfeitamente o NGM. E concordo que para que no FUTURO eu tenha reforma é necessário baixar as actuais. Mas atenção!!! O sacrifício tem que ser para TODOS, sejam funcionários públicos ou sejam do privado. Caso contrária a reforma ainda chegará só aos 70 anos (se chegar). Na passagem dos 60 para os 65, o estado vai poupar imenso dinheiro (vamos contribuir mais tempo para a Segurança Social e não gastará qualquer quantia com os que morrerem entre os 60 e os 65).
Mas claro, preferia reformar-me aos 60 e com 2500!!! Só que eu não posso ser egoista (sabem qual é a operação elementar mais difícil para um aluno? é a divisão).
Quero pedir desculpas ao Incognitus por algum excesso da minha parte. Mas como profissional, como professor dedicado que sou, não posso ficar calado quando ataca injustamente a classe em que me insiro (seria mais fácil não estar até tarde a responder a certas "farpas", só que essa não é a minha postura na vida). Não sou malandro e sei bem as horas que trabalho (temos que contabilizar as horas NÃO lectivas)...
Havia regalias injustas na educação (como há em muitas profissões). Nunca concordei que um professor com 40 anos trabalhasse 20 horas LECTIVAS em vez de das 22, sem dar contrapartidas à escola, e com 50 anos ainda trabalhasse menos, também sem dar contrapartidas. Estas regalias não existem no ensino privado e por isso agora acabaram com elas (as horas NÃo lectivas são passadas na escola, como os outros professores, em tarefas extra-curriculares).
O que está errado eu digo abertamente.
Quando numa intervenção defendeu a classe que trabalha na saúde, pensei que fosse médico ou enfermeiro. Ainda não sei qual a profissão que exerce... Trabalha na banca? Trabalha numa correctora? Investe na bolsa por conta própria? Se é esta última, é claro que fico surpreendido... :shock: :shock: :shock:
Um abraço para todos.
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Em português nos entendemos...

por NGM » 29/10/2005 19:20

Devastador, no início deste tópico referi essa injustiça inter-pares dos professores primários. Escolaridade ridícula, reforma antecipada. Um luxo.

Mais tarde veio à baila a história dos enfermeiros com a 4ª classe, a acabar a carreira com salários brutais, e respectivas reformas. Quando os actuais licenciados, que estudam 4 anos, são pagos como bacharéis e ficam "entalados na porta" desde 2002. Nem chegar a meter o pé na função pública (nada de ADSE, essas coisas) e vivem com contratinhos de 3 meses.

E depois faltam as fotocópias e os PC's na escola, e as luvas e os termómetros na enfermaria.

Nada me move contra nenhuma classe em particular. Penso que em altura de crise, todos temos que apertar o cinto.

NGM Escreveu:E é por isso que o Estado tem de cortar nos direitos adquiridos, uma heresia para tantos (sindicalistas sobretudo). Se não o fizer, não sobra nada para ninguém.


Já agora, quanto ao que comentou relativamente ao Incognitus... Bem, quem lhe inveja o modo de vida, está à vontade para se juntar à banda. Não o conheço, mas acredito que se dedica em exclusivo a esta actividade. Não anda à espera de reforma/subsídio/salário certo no dia 20 e tal...

São opções de vida! Um abraço Devastador e não desanime, que lá pelos seus lados a coisa há-de melhorar. Demos uma hipótese a este governo de fazer cair alguns do poleiro...
 
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por Incognitus » 29/10/2005 19:14

Incognitus continue a trabalhar.
Deve ser um trader profissional (e que é médico ou enfermeiro nos tempos livres).
Um trader profissional e que não é administrador do forum é qualquer coisa notável!!!!Não conhecia...
Quem é profissional na bolsa não anda com artigos no fórum. É mais fácil viver à custa dos pareceres que um profissional de bolsa dá do que dos seus trades.


Pode traduzir isto para português? Está a dizer o quê, exactamente?

Quanto ao tópico anterior, diz que concorda com o NGM. Bem, não deve ter compreendido o que o NGM disse. Se a sua reforma (e a dos outros professores) fosse METADE da que seria actualmente em fim de carreira concordaria? É porque foi isso que ele disse: que se as vossas reformas fossem baseadas nas vossas carreiras contributivas, seriam MUITO MENORES (Metade, ou menos, digo eu).

Tem a certeza que concorda? Ou será que prefere que fica como está hoje, em que alguém que ganha 1000 Euros por mês lhe pagará a sua imerecida reforma de 2500?
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Concordo

por devastador » 29/10/2005 19:00

NGM, concordo com tudo o que disse pois está a ser uma pessoa razoável. E concordo em tudo o que disse relativamente às reformas (porque não está SÓ a atacar as reformas de professores).
Há muitas injustiças nas reformas (isto relativamente à educação): um professor primário reformava-se aos 55 anos e um do 3º ciclo e secundário aos 60 e ambos com a mesma reforma. Agora é tudo aos 65.
Um professor primário atingia o topo da carreira mais rapidamente do que um professor do secundário, pois reformava-se mais cedo.
Um tirou a 4º classe e depois foi tirar o curso de professor primário. O outro estudou 12 anos e depois foi para a universidade. Quem é que o mandou estudar demais!!! Para professores com 50 e tal anos (não é o meu caso) esta situação é muito injusta ...
Mas isto são outras questões...
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Re: Não vale a pena

por NGM » 29/10/2005 18:37

devastador Escreveu:Não devem ter lido porque é que os alunos da Finlândia se encontram entre os melhores (leiam o artigo).


Bem, não precisei de ter lido este artigo para ter esta opinião, como aliás coloquei na primeira página deste tópico.

NGM Escreveu:Estes rankings... Francamente. Acaso é comparável o tecido social que frequenta o Mira Rio com o de Terras do Bouro, ou Chelas?


devastador Escreveu:Muito já fizeram os professores para que o Portugal de hoje seja bem diferente de há 30 anos atrás. E as outras profissões?


Já exprimi a minha opinião relativa à utilidade da classe docente.

NGM Escreveu:Em relação à carreira docente, vejo-a como uma profissão nobre, e essencial na sociedade. É um papel cada vez mais difícil, quando a educação (moral e cívica) não começa em casa.


No entanto...

NGM Escreveu:Mas muitos não a escolhem como vocação. Entram em cursos de notas baixas, que não têm grande orientação pedagógica e curricular para docência, mas que abrem portas para emprego numa escola.

Eu sempre fui um apaixonado por História, desde a minha infância. Mas chegada a altura de seguir uma carreira universitária, por não ser herdeiro Rockefeller, tive de ser pragmático. O Estado não é obrigado a providenciar sustento para quem quer o canudo pelo canudo.


Mais ainda.

NGM Escreveu:Como em tantas outras profissões, os direitos adquiridos de quem lá anda dificultam a carreira a quem a inicia. A verdade é essa. Enfermeiros, professores...

E é por isso que o Estado tem de cortar nos direitos adquiridos, uma heresia para tantos (sindicalistas sobretudo). Se não o fizer, não sobra nada para ninguém.


Por isso sou contra horários 0 e cenários afins, progressões automáticas na carreira, reformas antecipadas, e defendo (como referiu o Ministro da Segurança Social na sessão parlamentar da semana passada) que a reforma é também um instrumento distributivo de riqueza. Ora se há reformas mínimas...

Tectos máximos nas reformas. Taxação mais pesada sobre reformas chorudas. Andam demasiados a receber, e poucos a pagar.

Se o ónus dos professores e educadores de infância reformados recaísse exclusivamente sobre o que eles descontaram durante 30 anos (alguns nem isso) de vida contributiva, e sobre os actuais descontos dos profissionais dessas classes, não vos sobrava um tostão, a avaliar pela actual esperança de vida.

E eu acho que vocês merecem ser bem pagos! E merecem que haja no futuro com que pagar as vossas reformas... Mas eu e os outros também.
 
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Pata

por TraderAT » 29/10/2005 18:22

Boa tarde a todos

Pata, por favor ponha a "pata" nisto...a discussão está realmente a tornar-se numa troca de palavras com alguma falta de lucidez da parte de algumas pessoas!

A essência do Post já está há muito ultrapassada não acham ? :wink:

Cumprimentos e bom fim-de-semana a todos, professores e não professores :mrgreen:
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por devastador » 29/10/2005 18:19

Sucesso do ensino no JAPÃO:
Quando um aluno falta (por doença), o seu encarregado de educação fica dispensado do emprego e vai à escola, à sala de aula para copiar os apontamentos e ainda poder explicar ao seu filho a matéria. Por cá seria impossível pois metade dos pais têm só o 6º ano.
Na escola japonesa há um risco amarelo perto do quadro. Só é ultrapassado com a aprovação do professor. Em Portugal o risco estaria sempre a ser pisado...É a nossa irreverência, é a nossa falta de disciplina, é os pais não terem tempo para dar educação aos seus filhos.
Na primária, os alunos e o professor levam, cada um, a comida de casa e comem todos na mesma sala de aula. São os alunos que limpam o chão e o lavam. Olha isso por cá.
No final do 12º ano, para entrarem para a universidade, vão-se preparar em grandes escolas para os exames. No 1º contacto o professor disse "Dormir 6 horas é chumbar e 4 é passar". è como cá.
Vi isto tudo num programa dado na televisão.
O sucesso não é dado, é conquistado. Aqui está o segredo. Há um problema. O Japão tem uma das maiores taxas de suicídio nos jovens.
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Não vale a pena

por devastador » 29/10/2005 17:51

É chover no molhado.
O melhor aluno do mundo não representa a média (GRANDE Conclusão; o rapaz não devia ser português)!!!. Mas como em Portugal TUDO é mau (maus professores e estes não trabalham), como é que este resultado apareceu?!!! :shock:
Este aluno pertencer a uma escola estatal? Resposta mais fácil:"Não representa o que se passa nas escolas estatais, foi milagre, sei lá que mais..."
No particular há alunos cujos pais são pedreiros, carpinteiros, agricultores, desempregados? Que pertencem a um grupo socialmente e economicamente desfavorecidos? Estamos a falar de diferentes realidades.
Não devem ter lido porque é que os alunos da Finlândia se encontram entre os melhores (leiam o artigo).
Retirado do artigo:
"As bases socio-económicas das famílias manifestam-se nos conhecimentos da matemática. Os alunos oriundos das classes socio-económicas mais altas obtiveram melhores resultados na área da matemática, do que os alunos oriundos das classes socio-económicas mais baixas."
Portugal a nível cultural encontra-se onde? Na cauda da Europa. Nas aldeias quem era a elite? Era o padre, o médico e a professora primária. E a nível socio-económico? Com o salário mínimo nos 400 euros...
Muito já fizeram os professores para que o Portugal de hoje seja bem diferente de há 30 anos atrás. E as outras profissões?
Incognitus continue a trabalhar. :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:
Deve ser um trader profissional (e que é médico ou enfermeiro nos tempos livres).
Um trader profissional e que não é administrador do forum é qualquer coisa notável!!!!Não conhecia... :shock: :shock: :shock:
Quem é profissional na bolsa não anda com artigos no fórum. É mais fácil viver à custa dos pareceres que um profissional de bolsa dá do que dos seus trades.
Adeus.
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por Incognitus » 29/10/2005 16:22

Não se trata de impor as 35 horas semanais, porque se contactarem com os professores, tomaram eles todos (ou quase) trabalhar apenas as 35 horas. Trata-se de os colocar a fazer tarefas menos importantes de que dar ou preparar as aulas e projectos. Estas medidas que se tomam por acaso tiveram a aprovação dos professores? Ou acham que a maioria dos professores não quer saber do ensino, não sabe analisar e não sabe propor soluções? Se toda a gente tivesse condições para trabalhar as 35 horas na escola, claro que o faria


Os professores públicos têm menos alunos por professor que os privados. Organizem-se e os que trabalham muito já podem trabalhar menos, desde que os que trabalhem menos passem a trabalhar mais.

O Custo por aluno público neste momento é um absurdo, mas valia privatizar tudo e conceder um "cheque ensino" para cada criança deste país. Saía mais barato e o ensino era melhor.
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Apanhado já noutras conversas!

por BG » 29/10/2005 16:04

Vim fazer a continuação de ontem do TraderAT e já reparei que entretanto colocaram aqui umas conversas pelo meio!
Continuo a dizer que a leitura dos números tem-se feito como estes últimos governos têm querido que se faça, ou seja, de maneira a descridibilzar o ensino público de forma a privatizá-lo. Alguém há-de encher os bolsos, e não é o professor, parece-me.
Boa continuação então!
 
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Re: O ensino estatal

por TraderAT » 29/10/2005 16:00

Boa noite

devastador Escreveu:O incógnito já disse: professores têm 20 horas lectivas; tem 7/8 semanas de férias; existência de horários zero.
...


Desculpe, mas esta questão foi referida por mim.

Quanto ao exemplo que apresentou, do aluno que ganhou os Prémios internacionais e que estudava numa escola Pública, só posso dizer que provavelmente se trata de uma excepção que até podia acontecer na Secundária de Chelas (nem sei se existe esta escola) e isso não prova nada em relação à qualidade do Ensino nessa escola, nem muito menos generalizando para todas as escolas Públicas.

Se me viesse com os resultados Médios de determinada escola para sustentar a sua Teoria, até seria aceitável, agora UM só aluno... :?

Cumprimentos
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Então continuando...

por BG » 29/10/2005 15:55

Olá exmos colegas de fórum!
Não se trata de impor as 35 horas semanais, porque se contactarem com os professores, tomaram eles todos (ou quase) trabalhar apenas as 35 horas. Trata-se de os colocar a fazer tarefas menos importantes de que dar ou preparar as aulas e projectos. Estas medidas que se tomam por acaso tiveram a aprovação dos professores? Ou acham que a maioria dos professores não quer saber do ensino, não sabe analisar e não sabe propor soluções? Se toda a gente tivesse condições para trabalhar as 35 horas na escola, claro que o faria. Se eu tivesse impressoras e internet e PCs e local adequado para trabalhar, porque não o faria na escola? Ou vou preparar aulas para junto dos alunos? Porque razão se diminuiram os tempos totais lectivos e para compensar as diferenças do tempo não leccionado, se inventam agora apoios aos quais os alunos (grandíssima maioria) não ligam nada? (Atenção que estou a falar no ensino secundário, que é o que conheço, tendo no entanto a opinião que os apoios serão adequados para os alunos mas o mais cedo possível). Porque razão terá um professor de substituir outro, caso este falte, para estar com a turma que talvez nem lhe pertença e nem sequer poder leccionar? Porque se ao menos pudesse tentar compensar o tempo que se vai perdendo ao longo do ano com esta "esperteza" de reduzir os tempos lectivos, aí sempre seria tempo aproveitável, de resto não se aproveita nada. Agora uma pessoa estar na escola com estes apoios da treta em vez de estar a leccionar os extensos programas ou em projectos do interesse dos alunos, é que parece errado. E terá o Ministério da Educação ouvido os professores? Claro que não. E ainda por cima os sindicatos não falam muitas vezes das coisas realmente úteis, falam das horas mas "esquecem-se" de falar do resto. Isto para mim são coisas vindas dos pedagogos da treta do Ministério da Educação (que não dão ou nunca deram aulas) ou/e de interesses em descridibilzar de tal forma o ensino público de maneira a privatizá-lo, que as pessoas já se devem ter apercebido que é o que estes governos querem, privatizar tudo.
Relativamente aos privados, quanto do dinheiro público os financia? Acham que é pouco?
Relativamente a números divulgados, porque razão se faz médias com 1 aluno, ou 2 ou pouquíssimos? Ou casos em que determinada escola pública aparece com uma média muito baixa a uma disciplina que nem sequer lecciona? Ou o caso de uma escola pública que nos alunos internos foi a melhor este ano no exame de 12º ano da disciplina x, mas em virtude de a média ser feita também com alunos externos, ter esta diminuido e ninguém saber destas diferenças (pela comunicação social), excepto os professores da disciplina na escola referida, revoltados com estas estatísticas da tanga? É que estas estatísticas são trabalhadas da maneira que se quer e para os fins que se pretende. E parece claro desde há uns anos que o objectivo é descridibilar o ensino público. Agora virem dizer que os professores no público não trabalham e no privado sim, não me parece justo. Claro que há excepções, isso toda a gente sabe.
E quando eu falo em ordenados, como refere também o TraderAT, estou a comparar pessoas com licencaturas, já que as outras ganham menos, claro, Também aqui há excepções, porque conheço vendedores a ganhar mais 5000 euros por mês, mas não é regra, como se sabe.
Para concluir, defendo que se se quiser construir, as equipas dirigentes têm de ser estáveis e deixar os compadrios, e acima de tudo ouvir e definir rumos com os trabalhadores do ramo. Porque caso não façam isto, acho que se deve pedir contas é aos responsáveis, e não deitar as culpas fáceis para cima do trabalhador.
Envio então os votos de bom fim-de-semana a todos, pedindo desculpa às pessoas com questões às quais não terei respondido, não por questões pessoais mas sim por falta de tempo e/ou pachorra!
BG
 
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Re: O ensino estatal

por NGM » 29/10/2005 15:40

devastador Escreveu:Eduardo Manuel Dias tem 18 anos, é aluno da Secundária Domingos Sequeira, em Leiria, (ESTATAL :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: )e cometeu a proeza de trazer este ano para Portugal duas menções honrosas das Olimpíadas Internacionais da Física e da Matemática, disputadas em Espanha e no México, respectivamente. Não há qualidade em Portugal? O prémio atribuído a este aluno resultou dos seu trabalho e do trabalho dos professores.


O 19,6 que teve no exame nacional de Matemática nem tem grande significado, com o facilitismo que tende a instalar-se na exigência dos exames face às notas.

O que o destaca é de facto o figurão que o miúdo fez nas Olimpíadas. Há-de ir longe, e merece. Mais um português que se distingue sem medo de comparações.

O problema é a envolvência. A mentalidade deste miúdo, provavelmente a da sua família, a dos professores que o acompanharam... São infelizmente a excepção na sociedade portuguesa.
 
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por Incognitus » 29/10/2005 15:36

Venho aqui responder a certas pessoas que dizem que trabalham 40 e 50 horas e que estão sempre presentes neste forum ao longo do dia:


Exacto. O meu trabalho começa antes da abertura da Europa às 8:00, e termina depois do fecho dos EUA às 21:00, sendo que costumo seguir o mercado "AFter Hours" até às 23:00, e pelo meio faço bastantes coisas. Por exemplo, agora ao mesmo tempo que estamos aqui a discutir, terminei um programa que classifica todos os títulos existentes nos EUA por sector/indústria, e está a coligir informação da net sobre todos eles, 11500. Ou seja, estou a trabalhar hoje tb.



Sempre me disseram que "quem não se sente, não é filho de boa gente". Quanto ao horário do trabalho de um professor, já falei sobre esta questão em intervenções anteriores. Se contabilizarmos horas lectivas, horas de reuniões, horas em actividades extra-curriculares, horas na preparação das aulas, horas na preparação de fichas de trabalho, horas na correcção de testes, dá bem mais horas do que as 35 horas semanais (se for um bom profissional).
Reformas: de enfermeiro-chefe 2800 euros (e médico???; de coronel 3000 euros; de juiz 5000


Como já disse, o problema não se limita aos professores. Mas o problema é MAIOR nos professores, apenas porque são MUITOS. Já aqui foram deixadas estatísticas que mostravam esse problema (julgo que pelo "joãocosta").

O incógnito já disse: professores têm 20 horas lectivas; tem 7/8 semanas de férias; existência de horários zero. Agora diz que os professores dos colégios ganham mais (é mentira)!!!!Depois vai a blogues não credíveis para dizer o que lhe apetece.


Bem, eu não disse nada sobre as horas lectivas ou sobre as férias. E sobre os privados, o que eu disse é que provavelmente GANHAM MENOS. Sobre o "Blog não credível", tente atacar os números e não o Blog. Os números do blog parecem BEM credíveis.

Mas vamos falar de números. Em Madrid (ESPANHA, , país 5 vezes maior que Portugal) o Ministério da Educação é um pequeno edifício (1/6 ou ainda menos do que o nosso na Avenida 24 de Julho. Ainda temos Direcções Regionais de Educação (os professores com conhecimentos partidários andam por lá aos atropelos). Este ano acabaram com as CAIS (e o ministério continua a funcionar). UM país pequena e o que gasta em burocracia...Para o ENSINO vai o resto (não esses 5600 euros por aluno no 3º ciclo e secundário). Depois ainda gastamos imenso dinheiro com os alunos com atrasos mentais. Eu dou 6 horas semanais a dois alunos com esse problema (um sofre de DAMP e outro tem um baixo QI). Neste último estou a dar coisas que se aprendem na primária (2ª ano). Conclusão: estes alunos vão sair caros ao estado, mas os conhecimentos que acabarão por adquirir serão bem básicos. São os custos da integração destes alunos, só que poderiam ser menores e os resultados melhores se fosse adoptadas outras estratégias.


Bem, sabe o que me levou a investigar os professores? Foi o caso de uma professora que ia num programa qq de troca de professores, para Espanha. E em conversa, uma pessoa supôs que ela iria então optar pelo salário Espanhol (ela podia optar por receber o de cá ou o de lá). Surpresa. Optou pelo de cá! (Obviamente, porque era maior). Foi isso que me fez investigar melhor o que se passava, e chegar a esta vergonheira.


Eduardo Dias, o aluno português detentor de duas menções honrosas nas Olimpíadas Internacionais da Física e da Matemática, revelou-se ao EDUCARE.PT.
Eduardo Manuel Dias tem 18 anos, é aluno da Secundária Domingos Sequeira, em Leiria, (ESTATAL )e cometeu a proeza de trazer este ano para Portugal duas menções honrosas das Olimpíadas Internacionais da Física e da Matemática, disputadas em Espanha e no México, respectivamente. Não há qualidade em Portugal? O prémio atribuído a este aluno resultou dos seu trabalho e do trabalho dos professores.


Espero que não seja professor de matemática ou estatística. Senão compreenderia a diferença entre a média e UM caso extremo. A nossa média é HORRÍVEL mas esse caso extremo que apresentou é bastante bom. Obviamente, para a média ser horrível, significa que esse caso extremo é de uma raridade incrível.

Quando alguém defende a qualidade do privado fala no colégio Mira Rio (5 alunas; os pais são da Opus Dei, ou sejam, devem ser pedreiros)e nunca falam do Externato Flor do Campo em Loures.
Já agora leiam "


Média e caso extremo novamente. Já agora, para ter a filha no Mira Rio não é necessário ser da Opus Dei, a menos que diga que eu - agnóstico - sou da Opus Dei.
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O ensino estatal

por devastador » 29/10/2005 15:23

Venho aqui responder a certas pessoas que dizem que trabalham 40 e 50 horas e que estão sempre presentes neste forum ao longo do dia: :mrgreen:
Sempre me disseram que "quem não se sente, não é filho de boa gente". Quanto ao horário do trabalho de um professor, já falei sobre esta questão em intervenções anteriores. Se contabilizarmos horas lectivas, horas de reuniões, horas em actividades extra-curriculares, horas na preparação das aulas, horas na preparação de fichas de trabalho, horas na correcção de testes, dá bem mais horas do que as 35 horas semanais (se for um bom profissional).
Reformas: de enfermeiro-chefe 2800 euros (e médico???; de coronel 3000 euros; de juiz 5000 euros; de professor 2500 :cry: . Incognitos, vê bem estes números. O escândalo não está nesse famoso número de 2500 repetido diversas vezes nas tuas intervenções.
O incógnito já disse: professores têm 20 horas lectivas; tem 7/8 semanas de férias; existência de horários zero. Agora diz que os professores dos colégios ganham mais (é mentira)!!!!Depois vai a blogues não credíveis para dizer o que lhe apetece.
Mas vamos falar de números. Em Madrid (ESPANHA, , país 5 vezes maior que Portugal) o Ministério da Educação é um pequeno edifício (1/6 ou ainda menos do que o nosso na Avenida 24 de Julho. Ainda temos Direcções Regionais de Educação (os professores com conhecimentos partidários andam por lá aos atropelos). Este ano acabaram com as CAIS (e o ministério continua a funcionar). UM país pequena e o que gasta em burocracia...Para o ENSINO vai o resto (não esses 5600 euros por aluno no 3º ciclo e secundário). Depois ainda gastamos imenso dinheiro com os alunos com atrasos mentais. Eu dou 6 horas semanais a dois alunos com esse problema (um sofre de DAMP e outro tem um baixo QI). Neste último estou a dar coisas que se aprendem na primária (2ª ano). Conclusão: estes alunos vão sair caros ao estado, mas os conhecimentos que acabarão por adquirir serão bem básicos. São os custos da integração destes alunos, só que poderiam ser menores e os resultados melhores se fosse adoptadas outras estratégias.
Em "http://www.educare.pt/noticia_novo.asp?fich=NOT_20050722_4202" (não é de um blogue):
Eduardo Dias, o aluno português detentor de duas menções honrosas nas Olimpíadas Internacionais da Física e da Matemática, revelou-se ao EDUCARE.PT.
Eduardo Manuel Dias tem 18 anos, é aluno da Secundária Domingos Sequeira, em Leiria, (ESTATAL :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: )e cometeu a proeza de trazer este ano para Portugal duas menções honrosas das Olimpíadas Internacionais da Física e da Matemática, disputadas em Espanha e no México, respectivamente. Não há qualidade em Portugal? O prémio atribuído a este aluno resultou dos seu trabalho e do trabalho dos professores.
Eu já dei aulas no privado (colégio religioso)e o salário é o mesmo que no estado. Só ganham mais porque têm mais horas lectivas (chamadas horas extraordinárias).
Quando alguém defende a qualidade do privado fala no colégio Mira Rio (5 alunas; os pais são da Opus Dei, ou sejam, devem ser pedreiros)e nunca falam do Externato Flor do Campo em Loures.
Já agora leiam "
http://www.finlandia.org.pt/doc/pt/info ... _pisa.html" e pensem primeiro antes de falar...
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Re

por TraderAT » 28/10/2005 20:33

Boa noite

Comparando com a generalidade dos trabalhadores deste País não ganharam assim tão mal, referia-me a uma comparação com pessoas Licenciadas e que trabalham noutras áreas que não no Ensino...

Numa comparação com a média dos salários em Portugal, onde note-se, se ganha, não diria mal, mas muito mal até não se podem queixar. Especialmente se levarmos em conta o facto das horas efectivas de trabalho e ao tempo que tem de Férias por ano (não vou expor aqui de novo este assunto para não ferir susceptibilidades!)...

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por Incognitus » 28/10/2005 20:21

não está em causa que ganham mal, note-se


TraderAT, estás completamente equivocado quanto ao eles ganharem mal, pelo menos de meio da carreira para a frente. Ganham melhor do que a forte maioria dos Portugueses, e ganham (provavelmente) melhor do que os profissionais do ensino privado que fazem melhor trabalho do que os do público ...
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Re: Obrigado pela continuação!

por TraderAT » 28/10/2005 20:21

BG Escreveu:Caros foristas:
Só agora tive oportunidade de vir ao fórum ler a continuação deste tema, só que parece-me não estar já muito lúcido para debatê-lo...
Pode ser que amanhã à noite argumente.

No entanto continuo a defender que não se deve atacar a classe dos professores como se tem feito,

... Sabem o que se passa agora por causa desta imposição das horas obrigatórias nas escolas? A maioria dos projectos até então existentes (matemática, leitura, e muitos outros) estão a acabar porque os professores dizem que já que estas medidas são à "má fila", então não trabalham mais das 35 horas na escola. É que continuo a dizer e todos os professores que conheço, que mais vale trabalhar apenas as 35 horas por semana e não fazer mais nada.

Porque se fossem os professores a ditar o funcionamento da organização escolar a longo prazo, acredito que isto não estaria assim tão mal e desmotivante como está.
Obrigado a todos pela possível atenção, e votos de bons negócios!
BG


Boa noite a todos

Quanto ao primeiro ponto estamos de acordo, como já disse atrás, este Post está a ser levado para um luta entre classes profissionais!

Quanto ao 2º, permita-me a questão: Atacar a classe significa impor um horário de 35H por semana???! Então e os restantes profissionais que na sua maioria dos casos são obrigados a cumprir as habituais 40H semanais?
Penso que talvez se esteja, isso sim, a terminar com certas facilidades que a classe tinha (não está em causa que ganham mal, note-se!) e isso é que vos custa certamente...

Quanto a sua ultima ideia também estou de acordo, talvez com uma gestão mais próxima directamente executada por professores o Ensino estivesse um pouco melhor...cada um sabe do seu ofício.

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Re: Obrigado pela continuação!

por TraderAT » 28/10/2005 20:19

BG Escreveu:Caros foristas:
Só agora tive oportunidade de vir ao fórum ler a continuação deste tema, só que parece-me não estar já muito lúcido para debatê-lo...
Pode ser que amanhã à noite argumente.

No entanto continuo a defender que não se deve atacar a classe dos professores como se tem feito,

... Sabem o que se passa agora por causa desta imposição das horas obrigatórias nas escolas? A maioria dos projectos até então existentes (matemática, leitura, e muitos outros) estão a acabar porque os professores dizem que já que estas medidas são à "má fila", então não trabalham mais das 35 horas na escola. É que continuo a dizer e todos os professores que conheço, que mais vale trabalhar apenas as 35 horas por semana e não fazer mais nada.

Porque se fossem os professores a ditar o funcionamento da organização escolar a longo prazo, acredito que isto não estaria assim tão mal e desmotivante como está.
Obrigado a todos pela possível atenção, e votos de bons negócios!
BG


Boa noite a todos

Quanto ao primeiro ponto estamos de acordo, como já disse atrás, este Post está a ser levado para um luta entre classes profissionais!

Quanto ao 2º, permita-me a questão: Atacar a classe significa impor um horário de 35H por semana???! Então e os restantes profissionais que na sua maioria dos casos são obrigados a cumprir as habituais 40H semanais?
Penso que talvez se esteja, isso sim, a terminar com certas facilidades que a classe tinha (não está em causa que ganham mal, note-se!) e isso é que vos custa certamente...

Quanto a sua ultima ideia também estou de acordo, talvez com uma gestão mais próxima directamente executada por professores o Ensino estivesse um pouco melhor...cada um sabe do seu ofício.

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por Incognitus » 28/10/2005 9:12

Mas repito a pergunta, acha que os professores públicos, que fazem objectivamente um trabalho pior que os professores do Privado - ou pelo menos obtêm objectivamente piores resultados - aceitariam ser remunerados a 60-80% do que ganham esses professores do ensino Privado?

Acha lógico que o ensino público custe mais ao contribuinte do que o Ensino Privado (que infelizmente, quem queira usar tem que pagar em duplicado)?
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por Incognitus » 28/10/2005 9:04

BG, se não utilizar parágrafos, é totalmente impossível de ler e seguir o que quer dizer.
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Obrigado pela continuação!

por BG » 28/10/2005 3:03

Caros foristas:
Só agora tive oportunidade de vir ao fórum ler a continuação deste tema, só que parece-me não estar já muito lúcido para debatê-lo... Pode ser que amanhã à noite argumente. No entanto continuo a defender que não se deve atacar a classe dos professores como se tem feito, até porque quase toda a gente saberá que muitas das medidas que se tomam não têm sequer o aval da maioria destes, e os muitos sindicatos que existem a meu ver muitas vezes nem sequer nos defendem, defendem os interesses ou princípios deles. Porque será que as "negociações" costumam ser unilaterais apesar de se dizer o contrário? Porque será que não existe uma ordem (ou algo de género) dos professores, em vez de tanto sindicato? Porque será que com as mudanças de governo se anda constantemente a tirar e colocar pessoas em cargos de direcção? Não deveria haver estabilidade com uma linha orientadora séria com a participação de todos? Acham que os professores não sabem quais são as medidas certas a tomar nas escolas? O que não se deixa fazer é implementá-las localmente por causa da palhaçada destes ministérios da educação que fazem as leis e ditam as regras como bem entendem. Agora reduziram-se os tempos lectivos para dar mais matéria só que mais superficialmente. Acham que os professores concordam com isto? E se fazem greve, caem-lhes logo em cima porque são preguiçosos! Sabem o que se passa agora por causa desta imposição das horas obrigatórias nas escolas? A maioria dos projectos até então existentes (matemática, leitura, e muitos outros) estão a acabar porque os professores dizem que já que estas medidas são à "má fila", então não trabalham mais das 35 horas na escola. É que continuo a dizer e todos os professores que conheço, que mais vale trabalhar apenas as 35 horas por semana e não fazer mais nada. O que vale é que pessoas (que infelizmente são rotuladas de interesseiras e mandrionas pelas pessoas alheias ao funcionamento interno duma escola) se fartam de fazer imensas horas extras para as coisas irem funcionando, e infelizmente sem serem sequer have um gesto de apreço por responsáveis políticos. Assim é frustrante trabalhar. Porque será que se uma determinada classe contesta ou propõe algo, vem logo o povo contestar? Afinal quem é que está mais a par dos problemas e possíveis soluções para estas? É o "bota abaixo" que contrói? Será muito difícil ouvir uma classe? Faça-se um sistema on-line como o da Direcção Geral dos Impostos com senhas para os professores ou/e outras classes e categorias, e estude-se e dialogue-se com as pessoas que vivem e mais sabem das situações. E para acabar, já que nem sequer queria responder a esta hora, mas apenas deixar uma palavra de agradecimento às pessoas que continuaram a debater o assunto, também dei um ano de aulas numa instituição privada, apenas algumas horas, e nós professores de uma turma tivémos de levantar a voz perante os responsáveis pois a máxima deles era passar toda a gente, e faziam pressão nas reuniões mensais. Por isso... Claro que bons e maus profissionais há em todo o lado. E o que me revolta é o caso de políticos e compadrios que nos metem a mão aos bolsos e roubam sem vergonha, os bancos com lucros imensos, esses economistas que dizem que isto está mal mas devem estar cheios "dele", o caso de profissões liberais onde se declara que se ganha uma miséria, e amigos meus no privado com melhor vida que eu (que sou professor), com ordenados muito superiores, com regalias que não tenho, e que ainda gozam, como muito do povo goza. Isto é que me parece mal. E já agora, falem em ordenados líquidos, ok? É que assim as pessoas talvez percebam melhor de que valores se está a tratar.
E claro que nobres são as profissões todas, menos aquelas onde nos roubam descaradamente, ou aquelas onde os patrões das empresas estão cheios de dinheiro e despedem pessoas e até são capazes de ir explorar a escravidão barata para países asiáticos ou algo do género. Falta muita humildade e humanismo, parece-me.
Peço desculpa pelo texto que já deve ir longo, isto é o desabafo de alguém "magoado" que já deu muitíssimo à Escola (alunos e funcionamento do estabelecimento) e que em troca ouve um ataque tão cerrado a esta classe, que a meu ver não merece. Porque se fossem os professores a ditar o funcionamento da organização escolar a longo prazo, acredito que isto não estaria assim tão mal e desmotivante como está.
Obrigado a todos pela possível atenção, e votos de bons negócios!
Não respondi a questões que me terão sido colocadas apenas porque nem estava a pensar desabafar aqui um pouco, não é nada pessoal.
E não sei se terei dado erros, é que estou sem pachorra para ler tudo outra vez, tenho de ir descansar. Espero ter escrito bem e em Português!
Bom dia solidário a todos!
BG
 
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por Incognitus » 27/10/2005 23:31

QQuer uma delas apresenta valores bem inferiores aos obtidos para o ensino publico...


Exactamente como eu desconfiava. De resto, já tinha mais razóes sólidas para acreditar nisso ... os sindicatos querem que o privado obtenha as regalias do público! Só faltaria que exigissem também que fique tão mau como o público nos resultados!

Espero que começem a entender porque é que eu digo que isto é uma guerra sem tiros.

O ensino público ao pagar mais que o privado, e ao produzir menos, contitui um ROUBO claro, presente e indesmentível que é repetido mês após mês sobre o contribuinte.
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