Caldeirão da Bolsa

Off Topic: Fogos Florestais

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Jameson » 11/11/2005 10:43

Incêndios causam perdas florestais de 500 milhões

Custo, apurado pelo Governo, equivale a três mil euros por cada hectare ardido

"Arderam povoamentos antigos e ordenados, que, se não fossem as extremas condições meteorológicas, não teriam sido atingidos."
Os incêndios florestais causaram um prejuízo avaliado em quase 500 milhões de euros. Este é o número apurado pelo Ministério da Agricultura para as espécies florestais que foram consumidas pelas chamas até 17 de Outubro. Por cada hectare de área ardida, o país perdeu mais de três mil euros. Os números não revelam toda a dimensão da tragédia, mas dão já conta dos danos causados pelas chamas, que devastaram perto de 300 mil hectares neste Verão.

Ainda que o total da área ardida deste ano seja inferior ao de 2003 (com quase 430 mil hectares e danos avaliados em 400 milhões de euros), o custo económico será superior, já que a madeira ardida era de melhor qualidade, nomeadamente a nível do pinho e da matéria-prima para as celuloses. "Arderam povoamentos antigos e ordenados, que, se não fossem as extremas condições meteorológicas, não teriam sido atingidos", explicou ao DN Maria do Loreto Monteiro, subdirectora dos Recursos Florestais. Assim, o que esteve em causa este ano foi "material novo e de maiores dimensões".

As condições excepcionais são ainda demonstradas pelo facto de ter havido aumentos exponenciais de área ardida em certas zonas, anteriormente pouco atingidas. "Temos uma relação entre as características meteorológicas e o número de ocorrências que nunca tinha sido registada em determinados distritos, nomeadamente do litoral", adianta ainda Maria do Loreto Monteiro.

Estes números avançados não são suficientes por si sós para accionar o fundo de solidariedade comunitário. Em 2003 - ano em que o Governo português recebeu perto de 49 milhões de euros - os prejuízos globais ascenderam a 1,2 mil milhões de euros. E embora as perdas florestais tenham rondado apenas os 400 milhões, esse foi o ano em que houve mais custos sociais, com a destruição de 117 primeiras habitações (e 190 desalojados) e a morte de 20 pessoas.

Para poder accionar o fundo de solidariedade, os custos finais têm que atingir o montante de três mil milhões ou 0,6% do rendimento nacional bruto. O que, nas contas que o ministro da Agricultura apresentou no Parlamento Europeu em Setembro, significa um valor próximo dos 760 milhões de euros. Mas ainda não estão apurados os prejuízos finais. Para um custo total, falta a avaliação do Ministério da Administração Interna, que diz respeito a habitações e instalações comerciais ou industriais.

De acordo com os números provisórios apurados pela Direcção- -Geral de Recursos Florestais, o distrito mais penalizado pela época de incêndios foi Coimbra, onde as perdas já determinadas ascendem a quase 80 milhões de euros. Na contabilização dos que mais sofreram, seguem-se Leiria (com mais de 40 milhões), Viana do Castelo (com 35 milhões) e Santarém (com 30 milhões). O total dos prejuízos já determinados aponta para um valor muito próximo dos 250 milhões de euros, mas só dizem respeito a perto de metade da área ardida neste Verão. A estimativa da DGRF para a situação global é assim de 482,56 milhões de euros.

Tendo em conta os cálculos da equipa técnica que realizou o Plano Nacional contra Incêndios (em 7750 milhões de euros), estes custos representam 6,5% do valor global da floresta portuguesa. E é um valor muito superior ao que tem sido a média do último quinquénio (2000-2004). Ainda de acordo com o documento técnico, a superfície florestal ardeu à taxa de 2,7% ao ano, "assumindo custos sociais anuais médios superiores a 300 milhões de euros, tendo em conta apenas as perdas directas associadas à produção primária".

Esta contabilização da área ardida efectuada pela DGRF conta já com os povoamentos tutelados pelo Ministério do Ambiente, ou seja, da Rede Natura e dos parques e áreas protegidas, onde terão ardido cerca de 58 mil hectares. As direcções dos parques deverão fazer, até final do mês, um levantamento das perdas em termos de infra-estruturas, espécies e habitats, mas poderá não haver uma contabilização monetária, já que estas são áreas sem valores comerciais atribuídos.

Quanto às espécies florestais atingidas, o pinheiro-bravo regista a maior área ardida (mais de 75 mil hectares), seguido do eucalipto (com cerca de 50 mil hectares). O tipo de terras mais atingidas foram, contudo, os terrenos incultos ou matos (com perto de cem mil hectares).

http://dn.sapo.pt/2005/11/11/sociedade/ ... ais_5.html
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por Jameson » 24/10/2005 8:19

ECONOMIA Publicado 21 Outubro 2005
Combate a incêndios

Portugal negoceia aviões russos em troca de dívida
O Governo português está a negociar com a Federação Russa a aquisição de dois aviões pesados Beriev 200 para o combate aos incêndios, bem como de 10 helicópteros, disse hoje na Rússia, o subsecretário de Estado da Administração Interna.


Sílvia de Oliveira
so@mediafin.pt

Avião pesado Beriev 200
O Governo português está a negociar com a Federação Russa a aquisição de dois aviões pesados Beriev 200 para o combate aos incêndios, bem como de 10 helicópteros, disse hoje na Rússia, o subsecretário de Estado da Administração Interna.

Fernando Rocha Andrade explicou que este investimento do Estado em meios de combate a incêndios será acordado com o Governo russo, como contrapartida de uma dívida ao Estado português no valor de 100 milhões de dólares.

Segundo este responsável, essa dívida é antiga e remonta ao período da ex-União Soviética. O objectivo destas negociações é que seja essa dívida a suportar, no todo ou em parte, o investimento do Estado português na aquisição dos B-200, bem como dos 10 helicópteros. O valor de mercado dos dois aviões é aproximadamente de 56 milhões de euros.

Fernando Rocha Andrade explicou que caso não seja possível chegar a um acordo com a Federação Russa, será lançado um concurso público internacional para a compra deste material, tal como aliás tinha anunciado o ministro da Administração Interna, António Costa. Nesse caso, a empresa russa irá concorrer em iguais circunstâncias com os outros fornecedores, um dos quais é a Canadair.
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por Pedrinho » 19/9/2005 13:30

Jameson, são "simples" artigos como este, que demonstram que o País continua a saque.
Que nos interessa a nós normais contribuintes trabalhar mais e produzir mais, para depois do outro lado da "balança" exista quem o "saque"?
Parabéns e contínua com estes posts, pois é preciso dar a conhecer a "verdade" que muitas vezes as pessoas desconhecem ou que os média que não informam ou não lhes interessa isso, pois neste momento estão "controlados" por grupos cheios de interesses.
Este governo (os mesmos ratos que saltaram do navio há uns ano atrás e que voltaram) e muitos outros só demonstram que estão ao serviço dos "mafiosos".
Olha já agora, meteram tudo no mesmo saco, com a medida dos trabalhadores de recibos verdes (só categoria B), tenho alguns recém licenciados a trabalhar numa das minhas empresas (formação) que já me disseram que vão descoletarem-se, pois dizem eles que com esta dos 150 euros mensais para a segurança social mais os 20% de irs, não sobra nada, nem para a gasolina dá. A verdade é que a maior parte recebe uma média de 495 euros mensais, fiz as contas e têm razão, trabalham para aquecer. Isto que escrevi vem a propósito de que não conseguem (governos) combater a invasão fiscal e metem tudo no mesmo saco, quer aqueles que ganham aos milhares de euros mensais e aqueles que tinham uma pequena porta aberta e iam ganhando "algum", como estes formadores recém licenciados de que falei. E agora?
Pedrinho
 
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por Jameson » 19/9/2005 11:11

No primeiro post deste tópico afirmei:

"questiono a competência (e a honestidade ?) dos responsáveis pelo aluguer/aquisição dos meios aereos"

Depois de ler esta noticia, reintero o que disse:

ou seja, a transferência dos PUMA da FAP (aparelhos com 34 anos de serviço) para o combate a incêndios vai custar 10,5 milhões de euros por unidade!

O Erickson Aircrane S-64 recentemente adquirido pelos Italianos custou 12,5 milhões de euros/unidade Tem capacidade 9 500 litros vs os 1 500 litros do Puma reconvertido !

De referir ainda os heli russo MI 8/17 e os KA 32( equiparáveis aos PUMA, em termos de capacidade carga, água + sapadores) que poderão ser adquiridos por valores inferiores aos da reconversão.
Já vi referências ao preços destes aparelhos na ordem dos 5 milhoes ( metade!).

Dos 10 Pumas apenas 4 estão disponiveis já no próximo Verão (além de não parecer ser a melhor solução, nem sequer vão estar disponiveis na sua totalidade)

Não se vão verificar sinergias com a FAP: eles já disseram claramente que não tem capcidade, nem Pilotos, para operar os EH 101 e os Puma em simultâneo.

A contratação de pilotos civis irá ficar por 4000 euros mês

De referir neste ponto outra noticia interessantissima:


«... o Grupo de Aviação Ligeira do Exército (GALE), uma unidade criada em Tancos, há cinco anos, para operar helicópteros, com uma orgânica de cerca de 120 homens e um comando de coronel, mas que na prática nunca cumpriu a missão para a qual foi criada: o voo táctico. É que não há, nem nunca houve, helicópteros, embora seja mantida há cinco anos toda a estrutura de comando, como se de uma unidade operacional se tratasse.
Os gastos anuais atingem mais de um milhão de euros, além do investimento, há três anos, em infra-estruturas aeronáuticas que importaram em outro tanto. Quanto aos homens, a única coisa que fazem é preencher papéis do serviço normal de escalas e refeições e assinar formulários, além de cartas para Estado-Maior do Exército, por um lado, e para as associações de militares depois, perante o silêncio da chefia.
Mas os gastos nesta "unidade-fantasma" não se ficam por aqui, é que os 22 pilotos que compõem o quadro do GALE já perderam todas as qualificações, o que significa que o Estado - Ministério da Defesa e Exército - perdeu mais de 200 mil euros por militar, o custo de um curso de pilotagem. E o mesmo acontece com os mecânicos, dezenas de homens que foram também tirar cursos de qualificação de manutenção de helicópteros, não só em Portugal, mas também em Espanha e França, tal como os pilotos.»

http://jn.sapo.pt/2005/09/17/politica/m ... uicas.html


Noticias dos PUMAS

Ministério quer comprar dez Puma
Helicópteros para combater fogos sem manutenção assegurada
19.09.2005 - 07h43 José Bento AmaroPÚBLICO

Dos dez helicópteros Puma da Força Aérea Portuguesa (FAP) que o Ministério da Administração Interna (MAI) pretende comprar para combater os incêndios florestais do próximo ano, apenas quatro estarão em condições de operar a partir de Junho/Julho. Os restantes só serão transaccionados quando os militares tiverem na sua posse novos aparelhos.

De acordo com o relatório final da Comissão Especial para o Estudo dos Meios Aéreos de Combate aos Incêndios Florestais, já entregue ao MAI, só a recuperação dos quatro SA330 Puma que a FAP pode disponibilizar até ao início da época dos fogos do próximo ano ascende a 10 milhões de euros. A este montante há que somar mais oito milhões de euros por cada aparelho relativos à sua reconversão.

O relatório da comissão, citando um ofício do Ministério da Defesa Nacional de 25 de Agosto deste ano, salienta ainda que a FAP já fez saber que a manutenção dos Puma - com cerca de 34 anos de serviço activo - poderá vir a tornar-se mais dispendiosa do que o previsto, uma vez que havendo ainda em stock "algum material rotável/reparável, não dispõe de reservas dos componentes mais críticos (motores, caixas de transmissão e blocos hidráulicos) em quantidade suficiente".

"Para a completa regeneração e sustentação da frota teria de ser considerada a necessidade de um investimento adicional", refere o documento.

Puma não serão pilotados pela Força Aérea

O conteúdo do relatório é fundamentado com os pareceres de um outro, elaborado pela empresa de consultadoria Roland Berger, que, em Novembro do ano passado, num estudo entregue ao MAI, sugeriu que a reconversão dos Puma da FAP é a melhor opção em termos financeiros.

Nesse documento, a empresa diz que a aquisição de um helicóptero novo com a mesma capacidade de transporte de água do Puma (1600 litros) pode ascender aos 13,8 milhões de euros, contra os cerca de oito milhões por unidade atribuídos aos aparelhos da FAP. Neste relatório não se incluem, no entanto, as estimativas relativas às reparações avançadas pelos próprios militares (dez milhões de euros só para recuperar os quatro aparelhos que podem ser cedidos até ao início do próximo Verão).

A FAP também já informou o MAI que a entrega dos restantes seis aparelhos só poderá ser efectuada quando receber os helicópteros de substituição, os EH101, destinados a operações de busca e salvamento.

A hipótese dos Puma, (já na posse do ministério) virem a ser tripulados por pessoal da Força Aérea já foi descartada pelos militares, que, através do Ofício 5848 enviado pelo Ministério da Defesa, afirmam que não têm capacidade para operar as duas frotas (Puma e EH101) em simultâneo. Assim, o Estado vê-se ainda na obrigação de vir a contratar pilotos para operarem os aparelhos que pretende comprar (o custo mensal por piloto, estimado em 2004 pela Roland Berger, era de 4000 euros).

A compra dos helicópteros para combater incêndios florestais foi, de resto, confirmada pelo próprio ministro da Administração Interna, António Costa, que, no sábado, em Évora, anunciou que o Estado pretende ter à sua disposição, já no próximo ano, 48 meios aéreos (30 helicópteros, dos quais 20 serão alugados e 18 aviões, sendo 14 alugados).

Ministério estuda "melhores opções"

O ministro não confirmou ainda a aquisição dos Puma à FAP, mas, segundo fonte ministerial contactada pelo PÚBLICO, essa "é a hipótese mais viável". Esta tendência não deve ser abandonada mesmo tendo em conta os avisos dos militares relativamente à falta de peças essenciais para a manutenção dos helicópteros e ao período de entrega dos mesmos (apenas quatro dos dez previstos estarão à disposição do MAI quando se iniciar a próxima época de incêndios florestais).

"De momento nada de concreto se pode afiançar, a não ser relativamente ao número de meios aéreos que se pretende ter. O ministério está a estudar as melhores opções, quer em termos de preço, quer em termos de operacionalidade", adiantou a mesma fonte.

Em Évora, António Costa informou que "qualquer aquisição será feita mediante concurso público".

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp ... idCanal=90
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por Jameson » 6/9/2005 18:21

Estado deverá comprar quatro aviões e dez helicópteros

2005/09/06 | 16:24 || Cláudia Lima da Costa

1ªMÃO: Relatório final sobre os meios áereos já está concluído. Comissão aconselha a compra de aeronaves, mas também o aluguer. No total, em cada ano, devem combater os incêndios florestais 30 helicópteros e 18 aviões

O relatório final do estudo pedido pelo ministro da Administração Interna, António Costa, sobre a aquisição ou aluguer de meios aéreos para o combate eficaz aos incêndios florestais é conhecido esta terça-feira. A comissão criada para a elaboração do documento estudou as várias hipóteses e apresenta como solução a compra de quatro aviões pesados e de dez helicópteros. O aluguer de meios aéreos não é posto de parte e os autores do estudo sugerem o aluguer de 20 helicópteros e 14 aviões.

A Comissão Especial para o Estudo dos Meios Aéreos de Combate aos Incêndios Florestais (CEEMACIF) justifica a opção da compra de meios aéreos com vários pontos.

Primeiro porque a «realidade tem vindo a demonstrar que as necessidades existem para além dos três meses de duração normal dos contratos sazonais». Entre estas necessidades estão não só os incêndios florestais que têm ocorrido fora dos meses mais perigosos, mas também as necessidades que vêm das outras utilidades que os meios deverão vir a ter. Desde operações de busca e salvamento, segurança rodoviária, vigilância costeira a operações de apoio às forças de segurança.

O Estado deve comprar meios próprios também porque «os custos com aluguer têm vindo a subir anualmente tornando economicamente irracional por contraponto à aquisição, a sua manutenção», lê-se no documento que continua explicando que «a inexistência de meios próprios torna o Estado totalmente dependente de terceiros, das contingências do mercado e do jogo dos concorrentes». Existe também uma dificuldade de aluguer de meios, uma vez que existem poucos no mercado.

As justificações da CEEMACIF explicam que estas opções serão o melhor investimento para a situação portuguesa. Assim, a compra de quatro aviões pesados, cada um com capacidade para mais de cinco mil litros de água, é justificada pelo facto de poderem realizar «vigilância armada» e de ataque imediato a fogos nascentes. Isto porque são mais rápidos e conseguem estar mais tempo no ar que os helicópteros. Nos incêndios já desenvolvidos, isto é, de grandes proporções, os aviões de grande porte conseguem fazer grandes descargas de água e proteger com grande eficácia bens e populações.

A comissão explica ainda que apenas propõe a compra de quatro aviões pesados em «função do seu elevado custo» em comparação com os aviões ligeiros/médios. Ainda assim, a compra de quatro aparelhos significa uma duplicação da frota de aviões pesados que têm sido utilizados nos últimos anos.

A opção pelo aluguer de 14 aviões em detrimento da compra também é justificado. Portugal não tem uma «estrutura logística e operacional que permita a sustentação anual do número de aeronaves indicado», por outro lado as necessidades operacionais que existem não justificam a manutenção de uma frota tão grande a tempo inteiro e além disso os aviões não poderiam ser postos ao serviço de outras necessidades. Assim, o conselho dado pela comissão é um aluguer plurianual de três anos.

Os helicópteros são, regra geral, melhores instrumentos de combate. São de melhor mobilidade e permitem o transporte de equipas de bombeiros de primeira intervenção, o que se afigura fundamental para a diminuição de aérea ardida. Assim, a opção vai na compra de quatro helicópteros ligeiros e seis médios. No aluguer, a opção é de 16 aparelhos ligeiros e quatro médios. A CEEMACIF justifica a utilização de 30 aparelhos já que este número assegura uma adequada cobertura do território nacional. Os helicópteros devem estar espalhados por todo o país.

A comissão conclui que existe maior necessidade de permanência destes meios, no entanto, os elevados custos de manutenção não justificam a opção de compra da totalidade da frota referida. Além disso, a comissão refere que a liquidez do mercado permite a obtenção de melhores contratos por parte do Estado, mas que devem ser plurianuais.
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por luiz22 » 1/9/2005 7:34

Portugal pior do que a Amazónia

Floresta portuguesa desaparece a ritmo devastador. Balanço de um ano trágico

rita carvalho * Lusa-Paulo Cunha


Explicações são diversas mas têm um denominador comum nada foi feito e a lição não foi aprendida
A floresta portuguesa está a desaparecer a um ritmo mais devastador do que a floresta amazónica. Os números assim o provam em 10 anos foram queimados 800 mil dos 2,5 milhões de hectares de floresta pura. No total, e se a contagem abranger os últimos 20 anos e todo o território, contabilizam-se 2,8 milhões de hectares consumidos.

"Estamos a perder a guerra mas continuamos a cultivar heróis e a fechar os olhos à dimensão real do problema", afirmou ao DN Pedro Almeida Vieira, um investigador na área dos incêndios florestais. "Ainda temos floresta, mas com este ritmo não vamos ter por muito mais tempo", acrescenta.

O cenário é desolador, e a prevenção um fracasso este ano, 80% da área ardida situa-se nas zonas já assinaladas como de risco alto e muito alto. A cartografia foi traçada em Maio mas pouco se fez para evitar o pior. O Governo recusa críticas à falta de meios e coordenação e diz que o sistema funciona. Mas 240 mil hectares já foram reduzidos a cinzas, perspectivam-se mais dias trágicos e caminhamos a passos largos para os registos de 2003. Para os especialistas ouvidos pelo DN o balanço é simples: "Correu tudo mal. Como nos últimos anos." E alertam: a floresta não suporta mais dois ou três anos assim.

carta de risco. O risco avaliado pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA) foi traçado para todo o País através da relação entre o historial de área ardida e a topografia, a ocupação do solo, a população e o clima. "Avaliamos o grau de verdura e o quanto uma região está susceptível para arder", explica João Carreiras, da equipa de investigação liderada por José Miguel Cardoso Pereira. Em Maio a informação seguiu para as estruturas de prevenção e combate. A avaliação feita demonstra que 80% das áreas ardidas ocorrem em zonas de risco alto e muito alto; 18% em zonas de risco médio; e 2% na área de baixo e muito baixo risco.

A carta de risco conjuntural é produzida há dois anos pelo Departamento de Engenharia Florestal do ISA, em colaboração com a Direcção-Geral dos Recursos Florestais e financiada pela COTEC Portugal - Associação Empresarial para a Inovação no âmbito da Iniciativa sobre Incêndios.

Outra característica dos fogos deste ano é a deslocação do risco das zonas de mato para a floresta. "Esta constatação é grave e mostra que o combustível acumulado nas áreas florestais é enorme", considera Pedro Almeida Vieira. As consequências desta alteração estão à vista incêndios maiores, de difícil e às vezes impossível combate, mais devastadores e violentos. No fatídico ano de 2003, dos 425 mil hectares queimados, 212 mil eram zona florestal.

retrato. "Actualmente temos mais área ardida, não porque tenhamos mais incêndios, mas porque estes são mais violentos", explica o investigador, lembrando que a existência de fogos com vários dias é um fenómeno recente. Há uns anos, um fogo que devastava 5000 hectares era considerado catastrófico. Hoje os números estão relativizados. Este ano, apenas um dos muitos fogos do distrito de Leiria consumiu 8000 hectares.

A Liga dos Bombeiros Portugueses avança outros dados que sustentam esta realidade apenas 5% dos incêndios que ocorreram este ano consumiram cerca de 80% da área ardida. "São fogos excepcionais, que ganham dimensões explosivas e que são responsáveis por grandes manchas de área ardida", explica Duarte Caldeira, presidente da Liga.

O Centro do País é sempre o mais devastado, como demonstraram os fogos deste ano na Pampilhosa da Serra, Coimbra, Leiria ou Abrantes. É aqui que se concentram as grandes manchas de pinheiro e eucalipto, espécies altamente inflamáveis. Contudo, e contrariando a tendência mais comum, nos últimos anos o fogo também causou grandes estragos no Alentejo e no Algarve. Se eram raros na década de 80 e 90, os incêndios no Sul do País são agora mais comuns. Em apenas três anos ardeu 30% da região algarvia, diz Pedro Almeida Vieira.

avaliação. As estatísticas de 2005 ainda não atingiram os números de 2003, quando o País foi obrigado a acordar para o problema. Mas para lá caminham a passos largos. Até 22 de Agosto, mais de 220 mil hectares terão sido consumidos apenas por grandes incêndios. A estimativa do Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS) retrata um cenário bem pior do que o traçado pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais. Até dia 28, a entidade portuguesa refere apenas 166 mil hectares ardidos - uma diferença de 33% em relação aos dados europeus.

O último relatório do EFFIS - da responsabilidade do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia- refere que arderam, em incêndios superiores a 100 hectares, 221 062 hectares. A escala atingiu o pico na semana de 15 a 22 , a mais dramática do ano, e na qual foram transformados em cinzas mais de 73 mil hectares, um valor quase equivalente ao total da área ardida no País até 31 de Julho.

O EFFIS utiliza o sistema MODIS, um instrumento que viaja a bordo dos satélites TERRA e ACQUA e que produz imagens com uma resolução espacial de 250 metros. E, mesmo que alguns fogos fiquem assim de fora do valor apurado (a contabilidade global dos incêndios irá ultrapassar, desta forma, os 221 mil hectares) , a maioria da área ardida resulta dos grandes incêndios. A diferença relativamente ao sistema oficial está nas diferentes metodologias de medição em Portugal, a avaliação é feita sobretudo com pessoal no terreno, o que leva mais tempo a apurar os reais valores da área ardida.

A discrepância dos números não é, na opinião de Xavier Viegas, explicada apenas pela diferença de tecnologia. Para o presidente da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial, o "Estado não transmite a verdade dos números, não percebendo que ao escondê-los não gera confiança nos portugueses".

O especialista em fogos florestais alerta para o que pode ainda estar para vir "Se não chover em breve, este ano ainda vamos assistir a situações como as que se viveram em Coimbra, com o fogo às portas da cidade." O prognóstico de um cenário tranquilo também foi afastado pelo Governo, que já admitiu prolongar a época de incêndios até 15 de Outubro.

balanço. As explicações para a repetição trágica do pesadelo de 2003 são diversas mas assentam num denominador comum nada foi feito e a lição não foi aprendida pelo poder político nem pela população. "O tema dos fogos é um retrato da Nação", considera Xavier Viegas, lembrando que não há percepção nem sensibilização para o problema, e que quem não cumpre a lei sai sempre impune. A actuação do Governo é, na sua opinião, "uma aberração", pois nega constantemente a dimensão do problema. "Estamos num estado calamitoso e o Governo tem uma atitude autista, minimizando as coisas."

Para Duarte Caldeira, este ano "não houve alteração nas vulnerabilidades que a floresta tem para podermos encarar o combate com optimismo". Ou seja, mantêm-se as florestas desordenadas, sujas e à mercê da vontade do fogo. Ao nível do dispositivo, foram reforçados os meios e mantido o planeamento feito pelo anterior executivo.

Xavier Viegas relembra que as condições meteorológicas, climáticas e hidrológicas são excepcionais devido à seca e às altas temperaturas mas não justificam um País reduzido a cinzas a cada dia que passa. "Estas condições apenas trouxeram a lume tudo o que já estava mal", acrescenta o presidente da Liga dos Bombeiros Voluntários.

"As pessoas têm de olhar para si próprias, interiorizar a ideia de que a responsabilidade também é sua e não clamar apenas pela ajuda do Estado", afirma ainda Xavier Viegas. E reclama soluções excepcionais para situações excepcionais. "Temos de reconhecer que as condições naturais são diferentes e temos de nos adaptar a elas", diz.

O investimento na prevenção também merece duras críticas do especialista em incêndios, que acusa o Estado de atribuir subsídios e fundos comunitários sem critério e sem exigir responsabilidades.

futuro. Pedro Almeida Vieira considera que a destruição dos incêndios não é "um fado lusitano" nem uma fatalidade. Mas, acrescenta Duarte Caldeira, "exige uma mobilização e preparação geral, como se de uma guerra se tratasse". Para isso, não bastam mais meios no terreno nem aviões de combate, consideram os especialistas. É preciso repensar toda a estrutura.

"Os bombeiros são bons para apagar pequenos incêndios, mas para grandes fogos não estão preparados", afirma Pedro Almeida Vieira. Mas, acrescenta, "não é moralmente aceitável nem sensato pedir ou exigir responsabilidades a um grupo de voluntários". Duarte Caldeira vai mais longe e afirma que o dispositivo assente no voluntariado já não tem capacidade de resposta à dimensão e grandeza dos incêndios de hoje.

Por isso, e na sequência da avaliação feita aos incêndios deste ano, a Liga vai propor ao Governo a criação de brigadas especiais helitransportadas, dependentes do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil que deverão ser colocados nas zonas de maior risco e com formação específica. A Liga também já vem defendendo a criação de alguns grupos de intervenção permanente que possam actuar durante todo o ano, na prevenção e no combate.

* Com Elsa Costa e Silva

e Joana Pinheiro
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por MarcoAntonio » 30/8/2005 17:25

Também achei essas declarações (refiro-me à resposta ao Relatório dos Bombeiros Sapadores Chilenos) no mínimo... caricata.
:shock:
Imagem

FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Jameson » 30/8/2005 17:20

2005-08-30 - 14:17:00

Incêndios - Há meios, mas gasta-se muita água e usa-se pouco as ferramentas

Bombeiros chilenos apontam erros

Os sapadores chilenos que durante os últimos dois meses acompanharam bombeiros portugueses em múltiplas operações de combate a incêndios florestais apresentaram esta terça-feira conclusões críticas, durante a cerimónia de ratificação de um protocolo de colaboração com as autoridades nacionais.

"A conclusão básica é que há abundância de meios (de combate a incêndios florestais) em Portugal, mas seria necessária uma melhor combinação", comentou Carlos Weber Bonte, director da 'Corporación Nacional Forestal' do Chile.

O responsável pelos bombeiros sapadores chilenos comentou, em síntese, que os bombeiros portugueses recorrem a uma estratégia deproporcionada para combater os incêndios florestais, isto é; utilizam muita água e poucas ferramentas. Por uso de ferramentas, os sapadores chilenos referem-se a enxadas, ancinhos, pás e motoserras, que devem ser utilizadas num primeiro ataque aos focos de incêndio, por forma a circunscrevê-los com linhas de terrenos desbravado.

A ideia é conseguir uma melhor combinação entre o ataque com água e o ataque com ferramentas de desbravamento de terreno florestal. Como comentou Weber Bonte: "A infantaria é que vence as batalhas".

LIGA COMENTA

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses afirmou à Rádio TSF estar "completamente em desacordo" com a conclusão dos sapadores chilenos de que há abundância de meios em Portugal. Duarte Caldeira contrapôs que, nalguns locais, existe mesmo carência de meios, ou meios desadequados à disposição dos bombeiros.

Este responsável concordou, no entanto, com um recurso maior a técnicas de desbravamento de terrenos (para retirar material combustível ao avanço das chamas), mas sublinhou que para isso é necessário definir pré-requisitos de admissão aos corpos de bombeiros, por forma a garantir que os 'soldados da paz' tenham a condição física necessária à execução desse tipo de tarefas. Por outras palavras, Duarte Caldeira admitiu que os bombeiros não têm agora essa preparação física. :shock:

O responsável pela Corporação Nacional Florestal do Chile referiu ainda que os fogos no Chile e em Portugal são de características semelhantes, muito embora em Portugal tenham um potencial de avanço inicial mais forte. Por isso, sublinhou: "O Chile quer mostrar como se faz".

PROTOCOLO DE COLABORAÇÃO

Ao apresentar o relatório deste acompanhamento de dois meses ao presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), Manuel João Ribeiro, e ao ministro da Administração Interna, António Costa, as partes ratificaram um documento intitulado "Protocolo de Colaboração em Matérias de Extinção de Incêndios Florestais".

O referido protocolo, válido até 1 de Setembro de 2006 - renovável automaticamente por períodos de um ano - pretende estabelecer as bases de uma colaboração efectiva entre os dois países em matéria de combate a incêndios florestais. No âmbito do documento serão estabelecidos programas de trabalho e uma Comissão Técnica de acompanhamento (com quatro elementos, dois de cada uma das partes signatárias).

Presente na cerimónia, António Costa revelou que equipas helitransportadas de bombeiros portugueses - modelo que está a ser ensaiado este ano - vão deslocar-se ao Chile em Novembro próximo, para acompanhar a abertura da época de fogos naquele país.

O ministro da Administração Interna deu a entender que o Plano Nacional de Combate aos Fogos Florestais, que deverá ser apresentado no próximo mês, já incluirá matérias respeitantes à formação necessária a dar aos bombeiros para uma melhor eficácia no combate aos incêndios.

AUTARQUIAS NA MIRA

António Costa aceitou prontamente a crítica feita por Weber Bonte sobre o facto de em Portugal as habitações estarem demasiado próximas de áreas florestais.

O ministro da Administração Interna prometeu, a este propósito, revelar uma lista das autarquias que não cumpram a lei que as obriga a limpar áreas florestais. E relembrou: "A lei obriga a que as Câmaras Municipais procedam a uma limpeza numa faixa de 100 metros à volta de cada povoado e a que cada proprietário proceda a uma limpeza numa faixa de 50 metros à volta de cada casa".

António Costa admitiu que "há sítios onde (esta lei) não tem sido cumprida de todo" e prometeu revelar uma lista das autarquias 'em falta'. No entanto, o ministro salientou à partida que essa lista não será revelada antes das eleições autárquicas (9 de Outubro) por considerar não ser "próprio" fazer essa revelação quando o País se encontra já em processo eleitoral autárquico. :evil:
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Que inferno...

por Col » 16/8/2005 2:41

È a imagem que nos è mostrada pelas TV's de hà alguns dias a esta parte, uns lamentam-se já me ardeu isto e aquilo, outros choram fiquei sem casa, sem nada, outros gritam para que chamem rápidamenre os bombeiros, os helicóptros e tudo o que possa travar as chamas, perante esta calamidade só me apetece dizer: Não gritem, não façam barulho, porque o nosso Primeiro Ministro está a descançar!
 
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por Jameson » 11/8/2005 9:09

Touro Escreveu:Quando falo em inimputáveis estou a referir-me ao sentido mais lato do termo, e não ao seu sentido estritamente jurídico. O facto de não ter havido condenações prova a 'inimputabilidade', se se quiser, dos acusados.

Não. Eu referi que não foram condenados a pena de prisão, Vários até acabam por ser condenados, mas a multas, o que atendendo á situação económica de mt deles, nem meios devem ter para pagar e para o ano repetem a brincadeira.
Independentemente das "misérias pessoais" de cada um, isso não é desculpa, nem deve servir de desculpa, para os incêndiários: criança ou deficente internado; alcoólico, baixa instrução prisão.

Relembro que a incapacidade do Estado em fazer Justiça, pode conduzir a que os populares procurem fazê-la pelas próprias mãos, o que é preocupante


(....)

Quanto à punição julgo que ela também não será solução para o perfil de incendiário traçado, e incluo aqui os chamados actos negligentes. Para haver negligência é preciso que o autor do acto tenha a perfeita consciência dos danos que tal atitude possa causar, pois de outro modo não há negligência, estaremos a falar de qualquer coisa involuntária.

A mudança de metalidades demora 1, 2 gerações e isto investindo fortemente na educação das crianças e jovens, que serão os adultos do amanhã.
No imediato, para alterar os comportamentos, tem que ser com mão pesada. E na verdade, está-se a pedir apenas que se faça cumprir a Lei já existente, nada mais.


Gostaria ainda de referir que é perfeitamente plausível haver indivíduos que preferem estar presos, a ter a vida de miséria, pobreza e isolamento que têm em 'liberdade'.

E isso serve de desculpa !? lembre-se que os pricipais prejudicados destas acções acabam por ser os vizinhos dos incêndiários que provavelmente sofrem dos mesmos problemas..."vida de miséria, pobreza e isolamento"



Deixo 2 artigos que sairam hoje de manhã:


Correio da Manhã

A área total ardida, 2,708 milhões de hectares, corresponde a 27,9 por cento do território nacional, que tem 9,214 milhões de hectares. Os números deixam a descoberto a verdadeira dimensão da tragédia que devasta as zonas rurais.

O despovoamento daquelas áreas, o desordenamento e falta de limpeza das florestas e a ineficácia das medidas de prevenção – as promovidas pelo Estado e aquelas que deveriam ser implementadas pelos cidadãos – são as principais razões apontadas pelos especialistas para justificar que os incêndios atinjam dimensões tão significativas em Portugal.

Aliás, a Polícia Judiciária considera que “metade dos incêndios florestais deflagrados em cada ano têm origem humana negligente e de 25 a 30 por cento revestem origem criminosa voluntária”. Ou seja, a esmagadora maioria tem origem em comportamentos errados das pessoas.

Segundo as estatísticas da DGRF, desde 1980 que o número de incêndios tem vindo a aumentar, tendo passado de 2349 naquele ano para 21 870 em 2004.

Nos primeiros 16 anos a tendência foi sempre de crescimento, verificando-se depois um período de estabilização em alta até 2004.

Exceptuando 2003, que foi o ano mais fatídico de sempre – com um total de 42 5716 hectares ardidos e 400 milhões de euros de prejuízos –, o pior em ocorrências e matos destruídos foi o de 1998 (34 676 fogos e 100 975 hectares) e 1991 foi aquele em que arderam mais povoamentos (125 488 hectares).

Os dados da DGRF indicam ainda que em 11 anos a área total ardida ultrapassou os cem mil hectares, sendo de salientar que isso aconteceu sempre nos últimos cinco anos e deverá repetir-se na presente época de fogos florestais, que, sem contabilizar os deste mês, já vai quase em 70 mil hectares destruídos pelas chamas.

A floresta, que ocupa 38 por cento do território nacional, é constituída, sobretudo, por pinheiro-bravo (31 por cento), eucalipto (21) e sobreiro (23 por cento), naturalmente as espécies mais devastadas pelos incêndios, com destaque para as duas primeiras




Portugal Diário

A Policia Judiciária tem em mãos um processo de alegado fogo posto em que existem suspeitas de interesses económicos na origem das laberedas. Apesar de não concretizar pormenores do processo, ainda em investigação e como tal em segredo de justiça, Pedro Carmo, director adjunto da PJ avança outra ideia ao PortugalDiário: Apesar deste caso isolado, é preciso desmistificar a ideia de que são os interesses económicos que estão na origem dos grandes fogos florestais.

«Os elementos que temos disponíveis não apontam para essa realidade. Apontam sim para uma diversidade de factores, dolosos e não só. São pontuais os casos em que surgem indícios de que existiram mandantes para o fogo posto. Na maior parte dos crimes de incêndio estamos perante suspeitos que agem isoladamente», afirma o director adjunto da Directoria de Coimbra, um dos principais distritos onde têm sido detidos mais incendiários.

Também a ideia de que são indivíduos com perturbações mentais os principais responsáveis pelo fogo posto deve ser posta em causa. «Nem sempre são pessoas perturbadas. Muitas vezes a distância entre a intenção do criminoso e o resultado das chamas são muito díspares», alega o responsável. Isto é, em algumas localidades, as vinganças entre vizinhos ou entre amantes são levadas a cabo através das chamas. O resultado de um fogo na propriedade de um vizinho é por vezes um grande incêndio florestal.

Pedro Carmo garante ainda que não só não existem elementos que permitam identificar a existência de redes criminosas como também não há factos que sustentem as acusações de que o fogo vem do ar. Ou seja, segundo a PJ, os meios aéreos nunca foram até hoje a origem de fogos.

Das populações surgem relatos de objectos atirados dos aviões Canadair e de helicópteros. «Nunca encontramos artefactos pirotécnicos que possam ter sido enviados pelos meios aéreos e que daí tenha resultado um incêndio», defende Pedro Carmo. Uma outra fonte policial explicou ao PortugalDiário que os objectos atirados dos aviões são muitas vezes bombas de água com um rastilho que ao ser atingido pelas chamas provoca uma explosão de água, o que combate eficazmente o aumento das labaredas.

Apesar de a PJ não ter indícios que apontem a existência de fogo posto com motivações económicas, a suspeita existe. O número elevado de ignições, por vezes durante a noite, ou os locais estratégicos que ardem é para muitos duvidosa. Segundo o que o PortugalDiário apurou, existiram durante a década de 90 incêndios provocados tendo como objectivo o lucro da industria madeireira. Um relatório confidencial da PJ na época dava conta dessa realidade. Uma fonte contactada pelo nosso jornal garante que essa é uma situação que hoje já não se verifica.

O mesmo não se poderá dizer dos interesses urbanísticos. A construção de empreendimentos em zonas florestais e estrategicamente localizadas é atraente a muitos investidores e poderá estar na origem das últimas vagas de incêndios. A PJ, mais uma vez, não confirma, mas deixa no ar a existência de casos pontuais.

As suspeitas vão manter-se até que a PJ encontre indícios de algo mais. Pedro Carmo esclarece ainda que não existem provas, mas que também não existem suspeitas por investigar. «A PJ chega sempre a um fogo de mente aberta. Todas as hipóteses são postas em cima da mesa, mas com o decorrer das investigações constactamos que na realidade a grande maioria dos fogos começam isoladamente».

As causas dos incêndios passam por vários factores que levam Portugal a ser responsável por 37 por cento da área ardida da Europa do Sul, como revela na edição desta quarta-feira, o Diário de Notícias. No entanto, para alguns responsáveis, o problema é português e está centrado na dificuldade de articulação entre todos.

O exemplo mais concreto espelha os contactos e esforços existentes entre o Ministério Público e a PJ no sentido de «afinar» as detenções feitas e as medidas de coação impostas.
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por Touro » 10/8/2005 23:28

Quando falo em inimputáveis estou a referir-me ao sentido mais lato do termo, e não ao seu sentido estritamente jurídico. O facto de não ter havido condenações prova a 'inimputabilidade', se se quiser, dos acusados.

Queria ainda esclarecer que defendo a existência de meios aéreos do Estado. Parece-me até que estes meios poderiam ser criados em conjugação com outros países da Europa, nomeadamente Espanha.

Defendo ainda o ordenamento e limpeza da floresta. E não só, defendo também a intervenção ao nível dos campos abandonados. Em outras épocas estes constituíam aquilo que se chama faixas de descontinuidade, permitindo assim controlar melhor os incêndios.

Quanto aos campos, sugiro, por exemplo que se faça o mesmo que se quer fazer com a floresta. Isto é, criar um fundo onde eram integradas as várias propriedades, sendo depois estas geridas de forma profissional, e cada proprietário receberia a sua quota parte do rendimento.

Com isto resolveríamos muitos problemas de uma vez só. Diminuíamos o desemprego, a dependência económica do exterior (melhorávamos o desequilíbrio da balança de transacções), contribuíamos para o aumento do PIB, diminuíamos os beneficiários do rendimento de inserção, acabávamos com o estado de morte social de várias comunidades do interior, etc.

Naturalmente que não é possível explorar os campos com a mesma metolologia usada há décadas atrás, mas com a intervenção do Governo e privados com formação técnica, acredito ser perfeitamente possível extrair riqueza dos nossos campos. A título de exemplo, refiro o que se tem passado na transformação de quintas com 40 ou 50 pequenos campos, em uma ou duas plataformas para plantação de vinha, com sucesso. Se não tivesse havido tal iniciativa, esses pequenos campos estariam a fazer companhia aos seus congéneres abandonados.

Agora, como disse inicialmente, não me parece que só a aquisição de meios, e ordenação e vigilância da floresta, sejam eficazes.

Quanto à punição julgo que ela também não será solução para o perfil de incendiário traçado, e incluo aqui os chamados actos negligentes. Para haver negligência é preciso que o autor do acto tenha a perfeita consciência dos danos que tal atitude possa causar, pois de outro modo não há negligência, estaremos a falar de qualquer coisa involuntária.

Gostaria ainda de referir que é perfeitamente plausível haver indivíduos que preferem estar presos, a ter a vida de miséria, pobreza e isolamento que têm em 'liberdade'.
Cumprimentos,
Touro
 
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por Jameson » 10/8/2005 22:13

Touro Escreveu:Tendo em conta aquilo que a Polícia Judiciária diz, corroborado pela Liga da Protecção da Natureza, parece cada vez mais ganhar consistência a hipótese dos incendiários serem inimputáveis. Poderia-se, mesmo assim, pensar que estes podessem estar a ser usados por redes de interesses, mas a evidência parece mostrar que isto também não é verdade.

Ao que se sabe, a PJ já entrevistou centenas de indivíduos, tendo sido detidos várias dezenas por suspeita de fogo posto. Segundo a Polícia há vários perfis de incendiários, caracterizando-se por indivíduos tendencialmente jovens, com dependências (álcool ou outras),limitações mentais, pouca instrução e desempregados.

Segundo a PJ, os incendiários são a origem de cerca de 25% dos fogos.
O perfil apresentado corresponde á realidade.
Mas para mim ( e segundo creio, para a lei portuguesa) apenas individuos com limitações mentais e crianças podem ser considerados inimputáveis, e estes podem ser colocados em hospitais psiquiátricos e casas de correcção.
Acho absurdo que não se metam na prisão incendiários, por serem desempregados, sem instrução ou alcoólicos (recordo que a grande maioria dos detidos nas prisões portuguesas, são toxicodependentes - pela mesma lógica vamos considerá-los inimputáveis ? )


Admitindo que este retrato é verdadeiro, embora eu julgue que esta questão das causas deva ser mais aprofundada, não se estará a desviar do problema quando se discute a limpeza de matas, compra de meios aéreos , etc?

como referi os meios aéreos são mais um instrumento no combate, não a solução milagrosa, o post inicial refere-se uma maneira talvez melhor/mais eficaz de gastar o dinheiro usado nos os meios aéreos

mas que não existe ordenamento florestar, houve introdução de especies estrangeiras que modificaram o ecossistema, não há corta fogos, muitas vezes não há acessos, isto é uma realidade, e não sendo necessariamente cauasas dos fogos, contribuem para o seu alastramento e dificultam um eficaz combate


Parece-me que a resolução do problema dos incêndios está mais no Ministério da Segurança Social do que nos ministérios da Administração Interna ou Florestas.

Passa pela aplicação das leis! Fiscalização.
citando novamente a PJ, a maioria dos fogos deve-se a negligência da população: queimadas no verão, lançamento de foguetes nas festas populares, piqueniques, prisca atirada do carro etc...
que haja fiscalização e que se multe exemplarmente os prevaricadores. A mentalidade dos portugueses não muda com campanhas publicitárias ( nisto e em muitas outtas coisas).



Estes inimputáveis de que se fala são excluídos da sociedade, por vários motivos, e é necessário fazer um esforço urgente para os reintegrar. Devo dizer que a exclusão Social em meio rural é muito mais dolorosa do que em meio urbano, dado o nível médio de instrução da população ser muito reduzido. Eu diria que em meio urbano há tendência para a indiferença para com os excluídos e em meio rural há profunda discriminação negativa.

como já referi no inicio, inimputável não é desculpa.
é ridiculo que, segundo o Ministério da Jutiça, entre 1998 e 2003, nenhum acusado de incêndio florestal tenha sido condenado a uma pena de prisão


A causa dos incêndios está no sistemático abandono do meio rural, tanto pelo Governo central como pelas Autarquias, no fundo pelo Povo português. O Povo português tem o complexo da ruralidade, sendo este muito mais exacerbado junto do poder local e das populações rurais.

Não é possivel continuarmos a ter zonas rurais onde moram pessoas, e existem autarcas, que têm vergonha de ser rurais, não dando assim qualquer valor às actividades agrícolas e à floresta.

Talvez a explicação para tudo isto esteja numa frase dita pelo Secretário de Estado da Administração Interna esta semana: 'nós não sabemos o que fazer com o meio rural...'

O êxodo rural e o abandono das actividades agricolas/florestais conduziu ao abandono da floresta, que difculta o combate e é propicia ao rápido evolução dos incêndios, como referido no inicio. Se conseguirmos encarar a floresta como um recurso economico importante talvez seja meio caminho andado (nas florestas da Portucel praticamente não há incêndios), isso implica medidas politicas: reordenamento do território, emparcelamento, menos burocracia e incentivos para quem se dedicassem e estivesse interessado em investir nesta actividade

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por Touro » 10/8/2005 20:16

Tendo em conta aquilo que a Polícia Judiciária diz, corroborado pela Liga da Protecção da Natureza, parece cada vez mais ganhar consistência a hipótese dos incendiários serem inimputáveis. Poderia-se, mesmo assim, pensar que estes podessem estar a ser usados por redes de interesses, mas a evidência parece mostrar que isto também não é verdade.

Ao que se sabe, a PJ já entrevistou centenas de indivíduos, tendo sido detidos várias dezenas por suspeita de fogo posto. Segundo a Polícia há vários perfis de incendiários, caracterizando-se por indivíduos tendencialmente jovens, com dependências (álcool ou outras),limitações mentais, pouca instrução e desempregados.

Admitindo que este retrato é verdadeiro, embora eu julgue que esta questão das causas deva ser mais aprofundada, não se estará a desviar do problema quando se discute a limpeza de matas, compra de meios aéreos , etc?

Parece-me que a resolução do problema dos incêndios está mais no Ministério da Segurança Social do que nos ministérios da Administração Interna ou Florestas.

Estes inimputáveis de que se fala são excluídos da sociedade, por vários motivos, e é necessário fazer um esforço urgente para os reintegrar. Devo dizer que a exclusão Social em meio rural é muito mais dolorosa do que em meio urbano, dado o nível médio de instrução da população ser muito reduzido. Eu diria que em meio urbano há tendência para a indiferença para com os excluídos e em meio rural há profunda discriminação negativa.

A causa dos incêndios está no sistemático abandono do meio rural, tanto pelo Governo central como pelas Autarquias, no fundo pelo Povo português. O Povo português tem o complexo da ruralidade, sendo este muito mais exacerbado junto do poder local e das populações rurais.

Não é possivel continuarmos a ter zonas rurais onde moram pessoas, e existem autarcas, que têm vergonha de ser rurais, não dando assim qualquer valor às actividades agrícolas e à floresta.

Talvez a explicação para tudo isto esteja numa frase dita pelo Secretário de Estado da Administração Interna esta semana: 'nós não sabemos o que fazer com o meio rural...'
Cumprimentos,
Touro
 
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Off Topic: Fogos Florestais

por Jameson » 10/8/2005 18:02

Considero que o combate aos fogos florestais passa pela tomada de várias medidas, preventivas na sua maior parte (reordenamento do território, criação de sapadores florestais, responsabilidades a nivel local por acessos e limpeza etc....) e os Meios Aereos, embora essenciais, serão sempre o último recurso e nunca a solução para o combate aos fogos.


Dito isto, questiono a competência (e a honestidade ?) dos responsáveis pelo aluguer/aquisição dos meios aereos:

NOTA:

AVIÕES
Beriev 200 (capacidade 12 000 litros, preço cerca de 25 milhões euros)
Canadair CL-415 ( capacidade 6 137 litros, preço cerca de 25 milhões de euros )

HELICOPTERO
Erickson Aircrane S-64 ( capacidade 10 000 litros, preço cerca de 12,5 milhões de euros )

http//www.ericksonaircrane.com/


Diario de Noticias
Quinta-feira, 9 de Junho de 2005

'Aircrane', pau para toda a obra

J. B. C.

Além do combate a incêndios, o Erickson Aircrane S-64 pode transportar e instalar com precisão cargas de grandes dimensões ou desempenhar missões de salvamento de grupos de pessoas encur- raladas em locais de difícil acesso. Pode, em poucos minutos, largar o tanque de 10 000 litros de água e transportar em suspensão um ERV (Emergency Rescue Vehicle - Veículo de Salvamento de Emergência) com capacidade para mais de 60 pessoas que estejam à mercê de uma inundação ou refugiadas no topo de um arranha-céus em chamas.

Como "guindaste voador" (aircrane), foi usado na colocação de mais de 13 mil quilómetros de postes para linhas de alta tensão nos EUA e Canadá. Uma versatilidade que pode rentabilizá-lo fora da época de fogos florestais (veja http//www.ericksonaircrane.com/, clique em "Videos" e "esvoace" à vontade).

Além do método tradicional de combate a incêndios de um helicóptero, dispõe de um sistema invulgar em meios aéreos um canhão de água que dispara a 60 metros. Depois de despejar o depósito sobre um fogo, o S-64 não precisa de mais do que uma "poça" com 45 cm de profundidade para, em 40 segundos, "ch****" quase 10 000 litros de água através de um tubo especial, uma espécie de "palhinha", e reencher o tanque.

O dr. Guido Bertolaso, subsecretário de Estado e director-geral do Departamento de Protecção Civil da Itália, considerou-o recentemente como "a ponta de diamante da frota aérea de combate a incêndios italiana". A Itália comprou quatro, com opção para mais dois.

Na Austrália são tratados como heróis nacionais e cada um deles tem uma alcunha Elvis, Gipsy Lady, Isabella, Incredible Hulk e Georgia Peach.

No Verão de 2003, o DN perguntou ao Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) se, dada a sua aparente eficácia, havia sido equacionada a compra ou aluguer destes aparelhos. A resposta de Pedro Lopes, então vice-presidente do SNBPC, foi a seguinte "Não interessam porque têm reduzidíssima autonomia e um consumo tão elevado que teríamos de andar com um comboio de combustível atrás deles." Segundo Pedro Lopes, essa reduzida autonomia seria de "uma hora".

O DN contactou Gian Franco Blower, presidente da European Air-Crane, delegação da Erickson Air-Crane para a Europa. De acordo com o que nos disse, a autonomia do S-64 é de duas horas e 25 minutos (para o modelo mais antigo) ou duas horas e dez minutos (para o mais moderno). Blower lembrou que um helicóptero ligeiro tem de fazer dez viagens para transportar a mesma quantidade de água que um Erickson S-64, o que relativiza o consumo de combustível. A maioria dos hélis alugados por Portugal tem capacidades entre 800 e 1000 litros. O maior (Mi-8 russo, seis exemplares alugados em 2004) leva 3000 litros. Por último, o presidente da European Air-Crane disse ao DN que em Outubro de 2001, na conferência sobre fogos florestais que decorreu em Hyères (França), os helicópteros Erickson Aircrane S-64 fizeram algumas demonstrações a que assistiu "uma delegação de alto nível" portuguesa, representando aquilo a que chamou "Defesa Civil". De acordo com Gian Franco Blower, "tivemos também um encontro com esses distintos cavalheiros, mas nunca mais ouvimos falar deles".

O Aircrane S-64 é usado em Itália, Grécia, França, Austrália, Estados Unidos, México, Peru, Equador, Coreia do Sul, Bornéu, Malásia, Indonésia e Nova Guiné, sem que se conheçam reclamações em relação à "reduzida autonomia" ou ao "comboio de combustível" necessário para o manter no ar.
Anexos
Erickson Aircrane S-64.jpg
Erickson Aircrane S-64.jpg (91.07 KiB) Visualizado 1598 vezes
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