Caldeirão da Bolsa

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Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por mcarvalho » 13/7/2005 14:28

Para além da banda larga

13/07/2005 14:09

Para além da banda larga
Portugal tem, actualmente, cerca de um milhão de utilizadores de banda larga, revelou a ANACOM no início desta semana. O que significa uma taxa actual de penetração de 9,2%, contra 5,5% em Março de 2004. O crescimento deste indicador é uma boa novidade, até porque, mesmo internacionalmente, tem servido para medir o desenvolvimento da sociedade de informação em cada país. Esta leitura não é de todo correcta - a banda larga é apenas uma estrutura do hardware da sociedade de informação - e o que deveria ser quantificado são as transacções realizadas sobre esta rede. Ou seja, o comércio que se faz «online», as pesquisas no Google, os processos públicos que estão «webizados» (como o pagamento de impostos ou a declaração de rendimentos), as empresas que vendem via Internet, as companhias que produzem transmitindo informação e projectos via Net. É na colocação de todos os pontos do mundo, pessoal, social e empresarial, dentro da rede e na sua interligação que se constrói uma nova sociedade, a tal dita da informação. A banda larga é apenas o meio tecnológico que permite acelerar o cruzamento de tudo isto. Mas, por si, não vale de muito. O Governo até pode oferecer um computador e um acesso de banda larga a cada português, que isso por si só não revoluciona a forma como os portugueses, os seus hábitos e as suas empresas entram na dita rede.

Mas é por aí que este Executivo vai começar, estimulando um investimento de mil milhões de euros no desenvolvimento da banda larga em Portugal, num «contrato» com operadores privadas que se estenderá até 2009, quando termina a actual legislatura. Daqui sairá, provavelmente, a tripli ou quadruplicação da penetração da banda larga junto do mercado, até porque os operadores tenderão a descer preços em função da escala que os seus produtos vão ganhar junto dos consumidores. Eventualmente, o saldo deste Governo na questão não andará longe de uns três ou quatro milhões de portugueses com acesso doméstico aum qualquer formato de banda larga, pelo qual pagarão à volta de uns 9,99 euros por mês.

Mas se o Governo decidiu promover o crescimento da banda larga junto dos portugueses, é agora necessário que surjam iniciativas, pelo lado da iniciativa privada, que aproveitam das novas condições de «navegabilidade» que se estão a construir, para lançarem novos produtos e ofertas. Embora muitos destes empreendimentos só façam sentido, efectivamente, com o advento da massificação da banda larga. Por exemplo, projectos de televisão distribuídos ao público via banda larga fazem sentido - como «canais» para públicos específicos - mas precisam de uma base alargada de clientes. Outro exemplo são os sistemas de produção via Web, em indústrias como os moldes ou gabinetes de arquitectura e engenharia, que precisam de estar permanentemente «online», para receberem e expedirem continuamente os projectos dos e para os seus clientes. E mesmo coisas tão revolucionárias para o mundo das telecomunicações, como a telefonia via protocolo IP - coisas como o Skype, que permitem chamadas telefónicas a custo zero - funcionam apenas assentes na banda larga.

As opções e as possibilidades são quase infinitas e muitas delas são neste momento ainda desconhecidas. Basta lembrar que coisas agora tão corriqueiras como a Amazon, o Ebay ou o Google não têm mais de dez anos de idade. Mas à medida que as sociedades vertem para a rede todas as suas tradicionais relações físicas e materiais, o impacto da banda larga vai trazer um advento novo a humanidade. Sim, isto parece uma conversa de qualquer guru visionário de terceira linha, mas também é verdade que todas as relações humanas, tanto pessoais como empresariais, estão a ser tocadas pela facilidade com que pessoas, companhias e informações se aproximam agora uma das outras, através desta World Wide Web.

O desafio que se levanta é o dos conteúdos. Para lá de uma poderosa ferramenta de comunicação, os portugueses - através da sua inic...
 
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por mcarvalho » 13/7/2005 14:26

Estratégias calejadas

13/07/2005 14:08

Estratégias calejadas
A estratégia como a aventura não existem sem estrategos nem aventureiros. Mas, como ninguém consegue permanecer toda a vida a cavalgar o sonho da aventura, nem a acertar, sem nunca errar, na lógica aleatória de ver as coisas da Estratégia, há que admitir, de uma vez por todas, que o repouso do aventureiro ou a mudança de estratego constituem um bem em si mesmo.

Os ditadores não concordam com isto. Até porque acham que a Estratégia é a sua vontade, burocratizada pelas estruturas que comandam. Não se trata de ausência de estratégias mas de uma Estratégia que, verdadeiramente, o não é. Não há escolhas. As alternativas resumem-se às opções do «chefe». Os objectivos, porque alheados das capacidades para os alcançar, são abandonados sucessivamente. As políticas, pouco ou nada escrutinadas, não conduzem à mobilização popular no sentido do esforço para alcançar objectivos nacionais. A mudança constitui prova de incoerência, quando não de criminosa traição.

Líderes políticos que defenderam - durante muito tempo -- a ditadura como forma de impor ideias, como Salazar, Estaline e Mao Zedong e outros que invocaram uma forma democrática de o fazer mas que permaneceram muito tempo no poder ou na oposição, com ou sem resistência armada, como Arafat, Savimbi e muitos outros líderes africanos, acabaram irmanados na condição de adoptarem uma estratégia calejada, sem a flexibilidade para atender às alterações da situação, da realidade mutável.

O nosso país apresenta, na sua história, eloquentes exemplos de defesa de estratégias calejadas. Algumas transportadas directamente do livro de leituras da antiga quarta classe para os mais elevados gabinetes do poder. «Portugal do Minho a Timor» era uma delas, como se provou logo a seguir ao 25 de Abril e a oposição anti-salazarista proclamara muito antes. Até sobre o espaço físico, que constitui um dos factores estratégicos menos subjectivo, se construiu um engano estratégico que custou trezeanos de guerra ao país! Cuidado, portugueses! O erro estratégico acontece-nos!

Agora, outro exemplo do mais flagrante calejamento estratégico nacional pode ver-se nos chamados «direitos adquiridos», relativamente aos benefícios e vantagens sócio-profissionais de certos portugueses. A sociedade transforma-se, a vida muda e a longevidade aumenta mas, em nome dos direitos adquiridos, defendem os sindicatos e alguns partidos políticos que tudo se deve manter na mesma, dando guarida às injustiças relativas entre várias profissões e sectores de actividade. Todavia, graças à contestação efectuada em nome da cidadania contra os egoísmos corporativos e profissionais, começa a verificar-se um facto novo na nossa comunidade. Facto próprio da democracia, mas novo. Um sentimento de urgência na gestão, derivado da consciência da gravidade da situação económica e financeira em que Portugal se encontra, que conduz à racionalização das funções públicas e do trabalho dos funcionários do Estado. Uma percepção, cada vez mais generalizada de que, se o poder político, com a estabilidade de uma maioria absoluta, recuar no cumprimento dos seus objectivos, por pusilanimidade ou incapacidade, então, pode concluir-se que a República não se sabe gerir bem, em Democracia, correndo-se o risco de populismos ultraconservadores.

Os trinta anos de democracia em que temos vivido caracterizam-se por uma relativa instabilidade governativa. Aqui, as estratégias não tiveram tempo de se afirmar, quanto mais de calejar? Mas a instabilidade e o poder têm sinais opostos no -jogo das relações de poder-, pelo que, em democracia, em Portugal, o poder político nunca foi forte. Ao contrário, as estruturas sindicais apresentam, desde o 25 de Abril, uma estabilidade de lideranças que lhes granjearam um poder relativo superior. O resultado deste diálogo foi desequilibrado, traduziu-se em estatutos profissionais e acordos colectivos de trabalho que contemplam benefícios sociais e cláusulas remu...




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por pedras11 » 13/7/2005 14:26

Só para fazer uma chamada de atenção a quem escreveu o texto anterior. Não é correcto associar a BURROS os alunos reprovados a matemática, até porque a inteligência não deriva só dos números. Infeliz afirmação de alguém que poderá não ser inteligente, até porque só fez contas. :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:
"O desprezo pelo dinheiro é frequente, sobretudo naqueles que não o possuem"

Fonte: "La Philosophie de G. C."
Autor: Courteline , Georges

Site porreiro para jogar (carregar em Arcade) : www.gamespt.net
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por mcarvalho » 13/7/2005 14:23

A lição de Andringa

13/07/2005 14:09

A lição de Andringa
Consiste simplesmente num grupo, mais ou menos vasto, de jovens que correm a praia lançando a confusão e no exercício roubam tudo o que podem. Ou seja, sacos de praia, telemóveis e vestimentas com logotipo. Nada de realmente sério portanto numa sociedade que gera milhões de esfomeados e milhares de mortos todos os dias. Mas, mesmo assim, há que reconhecer que para a habitual pacatez lusitana tais acontecimentos provocam medo e instabilidade no comum do cidadão. Em particular naqueles que não vão à praia e ainda mais nos que nada de realmente significativo têm para roubar.

Acontece que no caso português, sempre excêntrico, a coisa começou, não com um facto concreto, mas com uma pura invenção policial e mediática. Como hoje se sabe o arrastão nunca existiu e não houve sequer, na ocasião, um único roubo declarado na praia de Carcavelos.

Mesmo assim nos dias seguintes o simulacro foi mantido vivo (e ainda que de forma mitigada continua). Pelas televisões acima de tudo, mostrando fotografias e depoimentos inconcludentes e recorrendo sobretudo à artilharia pesada. As declarações de políticos e comentadores da praxe. Uns e outros cumprindo o triste papel de perorar em cima de um não-acontecimento, lançando o pânico, estimulando o racismo e a xenofobia e, pior que tudo, prejudicando bastante a imagem do país no estrangeiro e o turismo, de momento uma das principais receitas deste Portugal em crise.

Não fosse uma mulher, uma verdadeira jornalista e a Internet e a coisa teria passado sem mais incómodo. Acontece que Diana Andringa pegou nos relatos das próprias televisões, em dois ou três depoimentos mais lúcidos, nas patéticas declarações de um mui incompetente comandante da polícia e montou um singelo vídeo que, há falta de melhor lugar, fez correr pela Net. Deu com isso uma grande lição. Aos colegas, cada vez mais preguiçosos e subservientes; ao jornalismo no seu todo que vai perdendo a autonomia crítica, tão fundamental para uma verdadeira sociedade pluralista e democrática; às empresas de comunicação por óbvia e crescente perda de credibilidade.

Diana Andringa mostrou a irresponsabilidade de um tipo de informação, hoje dominante nas televisões, que ao privilegiar o espectáculo e a manipulação mais não faz do que ampliar os problemas, quando devia contribuir para os esclarecer. E mostrou igualmente o quanto a generalidade dos políticos e comentadores se prestam a cumprir os mais tristes papéis só para poder estar na televisão. A imagem de políticos e comentadores a dissertar sobre o nada, diz muito sobre a decadência moral e a falta de seriedade da nossa classe política. Como pode um chefe da polícia emitir um comunicado alarmista com base no ouvir dizer? Como pode o Presidente da Câmara de Cascais fazer um discurso racista sem procurar certificar-se do que realmente aconteceu? Como pode um Ministro da Administração Interna vir de imediato para as televisões anunciar medidas securitárias sem ter procedido a um estudo sério e responsável de assunto tão delicado? Tanta incompetência só para aparecer nos telejornais. E a provar a ausência de qualquer resíduo de ética, ninguém se demitiu ou foi demitido e as televisões nem sequer perderam tempo a pedir desculpa aos telespectadores.

Mas Diana Andringa fez ainda mais. Mostrou um caminho.

A Internet transformou-se no meio de informação por excelência do século XXI. Por defeito de uma informação que despreza sistematicamente a verdade dos factos. Mas também por mérito próprio. A Internet é mais veloz do que as televisões e mais extensiva do que os jornais. É bastante mais pluralista do que qualquer outro meio de comunicação e funciona em rede, recolhendo quase em simultâneo múltiplos contributos e pontos de vista. E tem ainda um mecanismo inexistente no jornalismo convencional. A interactividade.

Hoje é por aí que passa o essencial da informação livre e plural.

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por mcarvalho » 13/7/2005 14:20

Um negócio de burros

13/07/2005 14:08

Um negócio de burros
Para quê sofrer a tentar fazer coisas inteligentes, se é muito mais inteligente ser burro?

Em números redondos, vejamos as coisas como elas são e não como gostaríamos que fossem. Das 117 mil crianças que deviam ter frequentado o 9º ano neste ano lectivo, apenas 95 mil o fizeram.

Para os que chegaram ao 9ºano, o Estado investiu qualquer coisa como 30 mil euros (6 mil contos) por cada um ao longo de nove anos. Destes 95 mil inscritos iniciais, 10 mil não tiveram aproveitamento para ir a exame. Dos 85 mil que foram realizar a prova de Matemática, 60 mil chumbaram.

Ou seja, a Fábrica Portugal SA precisou de gastar 3 mil milhões de euros para fabricar 25 mil alunos com nota positiva a Matemática e, neste processo, desperdiçou matéria-prima que dava para fabricar pelo menos mais 90 mil.

Se em Portugal a burrice fosse legitimada, estaríamos diante de um caso de sucesso. Os nossos governantes poderiam dizer que tinham conseguido formar 90 mil burros e que, doravante, fariam todos os possíveis para reduzir o número de aprovados.

Mas como faz parte deste país não assumir as evidências, os nossos governantes preferem continuar a dizer que a Fábrica Portugal SA não teve assim tantos produtos rejeitados. Para isso corrigem os maus resultados dos exames através de uma segunda fórmula de controlo de qualidade, menos exigente, e transformam 25 mil aprovados em 63 mil aprovados. Maravilha. Afinal o sistema só desperdiçou 54 mil crianças.

E depois ainda, como pelos lados do Ministério da Educação também não se sabe aritmética, escrevem-se comunicados assim: «Os resultados finais dos exames nacionais do 9º ano de escolaridade, que se realizaram este ano lectivo nas disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática, registaram, de uma forma geral, taxas de aprovação em consonância com as classificações de frequência.» Como se 79% de aprovados na frequência escolar de Matemática fosse consonante com 29% de aprovados no exame.

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