Os chineses não vêm aí
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A ameaca somos nos proprios
UmPataconcio Escreveu: ...na china não há qualquer acrescimo de custo por questões ambientais, as empresas não tem qualquer problema com legislação laboral ou segurança social.
...não suportam a concorrencia dos texteis chineses havendo uma especie de dominó de encerramento de empresas, há mesmo noticias de países como imagine-se o camboja, com salários de 10 contos mês onde até aí isto acontece.
Caro UmPataconcio,
Estou na China ha 5 anos e tive a ocasiao de trabalhar em 3 cidades, colaborando na abertura de duas empresas de capital privado chines, numa abertura de uma empresa de capital estatal, e numa "reconversao" de uma empresa de capital misto estatal/privado chines em franchising de uma companhia americana.
Com a seguranca da minha experiencia, afirmo que:
Estes custos aumentaram de ano para ano desde que cheguei em 2000. No entanto, todos eles sao (ainda) menores do que em qualquer pais da UE.
Na minha modesta opiniao e com todo o respeito pelas tuas ideias, estas a comparar macas com laranjas
Quero com isto dizer que comparar a protecao ambiental da China em 2005 com a de Portugal em 2005 nao faz sentido. Portugal e um pais rico e a China (ainda) nao. Idem para a legislacao laboral e seguranca social.
Quanto a China estar a ser uma ameaca para outros paises Asiaticos, mesmo tendo um salario minimo mais alto que o Cambodja por exemplo, a razao e simples: a produtividade de um operario chines e mais alta que a de um operario da Asia do Sudeste. Ou seja, o chines faz mais depressa e melhor
Resumindo, a minha opiniao e de que a China nao compete de uma maneira desleal com a EU ou EUA. As quotas de importacao e exportacao foram negociadas aquando da entrada da China na OMC. Os industrias texteis/outros portugueses deveriam ter reagido ha 4 anos atras, pondo no mercado produtos de melhor qualidade, inovando, deslocalizando parte da producao, desenvolvendo marcas fortes, internacionalizando-se (a China esta sedenta de marcas estrangeiras) etc
Nao creio que a ameaca sejam os chineses. A ameaca somos nos proprios.
Um abraco e por favor nao veja isto como um ataque pessoal (nem o conheco
CN
PS- a maior diferenca entre um empresario chines e um empresario portugues sao a vontade natural de encontrar razoes para nao se fazer algo (o portugues) e encontrar razoes para se fazer (o chines)
Apesar de eu ser muito em favor do comércio livre, o que está a acontecer com a China é concorrencia puramente desleal, onde haveria todo o interesse em colocar barreiras firmes. Como se disse nesta noticia, na china não há qualquer acrescimo de custo por questões ambientais, as empresas não tem qualquer problema com legislação laboral ou segurança social.
Ali não há liberalismo após o comunismo, há sim anarquismo, com o qual a europa não pode competir...
Aliás o problema não é só na Europa, estive recentemente em países asiaticos e também aí onde o salário minimo é de menos de 20 contos mensais, que mesmo assim não suportam a concorrencia dos texteis chineses havendo uma especie de dominó de encerramento de empresas, há mesmo noticias de países como imagine-se o camboja, com salários de 10 contos mês onde até aí isto acontece...
Imagine-se então na europa... a UE tem de se defender...
Ali não há liberalismo após o comunismo, há sim anarquismo, com o qual a europa não pode competir...
Aliás o problema não é só na Europa, estive recentemente em países asiaticos e também aí onde o salário minimo é de menos de 20 contos mensais, que mesmo assim não suportam a concorrencia dos texteis chineses havendo uma especie de dominó de encerramento de empresas, há mesmo noticias de países como imagine-se o camboja, com salários de 10 contos mês onde até aí isto acontece...
Imagine-se então na europa... a UE tem de se defender...
Os chineses não vêm aí
Os chineses não vêm aí
Jorge A. Vasconcellos e Sá
Já cá estão. Bem cá dentro (nuns casos). À porta (noutros).
Bem cá dentro: têxteis.
Crescimento em valor entre os primeiros trimestres de 2005 e 2004 das exportações chinesas para os EUA, em termos gerais: 62%. Mas nuns segmentos muito maior: calças de homem, +380%; meias, +370%; roupa de senhora, +360%; camisolas, +310%.
Na Europa? Os valores são respectivamente: +800% (calças de homem); +660% (blusas de senhora); +600% (calças de senhora); etc.
À porta: automóveis. Damasco. A capital síria está a ser utilizada pelas empresas chinesas (Chery, Geely, Brilliance, etc.) para testarem os seus carros, antes do assalto ao ocidente.
A resposta ocidental? Um misto de erguer barreiras. Queixas. E pânico.
As barreiras são o reaparecimento das quotas: há poucas semanas os EUA impuseram as “ ’safeguard’ quotas” que limitam o crescimento das exportações chinesas em 7,5%/ano em sete segmentos têxteis. A UE chegou a um acordo com a China para limitar o crescimento das suas exportações.
Queixas: ‘dumping’ social; ‘dumping’ ambiental; pirataria de marcas; taxa de câmbio baixa; corrupção que protege o mercado chinês das empresas estrangeiras.
Pânico: devido à imensa capacidade dos chineses de melhorarem (no futuro) a sua qualidade, para além de terem (já) preço: nas fábricas chinesas da Daimler-Chrysler um operário ganha 1,95 dólares/hora contra 36,5 nos EUA e 49,5 numa fábrica alemã.
O pânico é acrescido pelo receio de os chineses poderem cometer menos erros que os japoneses e coreanos, tendo aprendido com eles (p.e. só o 4º modelo da Toyota foi um sucesso nos EUA –o Corona –, tendo os primeiros 3 sido fracassos: o Toyopet, o Land Cruiser e o Pick Up Stout). Donde há o receio de com a China vir a acontecer tudo mais rápido que com os japoneses e coreanos.
Não há limitações ao sucesso chinês?
Há. Eis alguns exemplos. Na distribuição (especializando-se as empresas europeias em entregar para... ontem) e em tudo que tenha serviço. Na qualidade, não só intrínseca (fiabilidade, durabilidade, etc.) mas também percepcionada (’brand equity’). E mesmo nos bens de preço em que o peso dos salários nos custos não seja grande (mas sim a maquinaria, matérias primas, energia, etc.). Nos serviços: do turismo à saúde. E atacando o mercado chinês, que é apesar de tudo muito menos fechado do que o japonês e coreano quando estes países começaram a internacionalizar.
No balanço, contudo, as empresas ocidentais podem ter por certo duas coisas. Primeiro, esta guerra (China + Índia, etc. versus o Ocidente) só se vai intensificar: a China tem 21% da população mundial e apenas 13% do PIB a PPP e 6% das exportações mundiais. Segundo: “Aquele que defende tudo não defende nada” (M. Foch). Pelo que há que aplicar dois tipos de soluções. Activa: para os problemas que se podem resolver. E passiva para os insolúveis. O que não tem solução... solucionado está. Ou como diria o marquês de Pombal: para cuidar dos vivos, há que enterrar os mortos.
Jorge A. Vasconcellos e Sá
Já cá estão. Bem cá dentro (nuns casos). À porta (noutros).
Bem cá dentro: têxteis.
Crescimento em valor entre os primeiros trimestres de 2005 e 2004 das exportações chinesas para os EUA, em termos gerais: 62%. Mas nuns segmentos muito maior: calças de homem, +380%; meias, +370%; roupa de senhora, +360%; camisolas, +310%.
Na Europa? Os valores são respectivamente: +800% (calças de homem); +660% (blusas de senhora); +600% (calças de senhora); etc.
À porta: automóveis. Damasco. A capital síria está a ser utilizada pelas empresas chinesas (Chery, Geely, Brilliance, etc.) para testarem os seus carros, antes do assalto ao ocidente.
A resposta ocidental? Um misto de erguer barreiras. Queixas. E pânico.
As barreiras são o reaparecimento das quotas: há poucas semanas os EUA impuseram as “ ’safeguard’ quotas” que limitam o crescimento das exportações chinesas em 7,5%/ano em sete segmentos têxteis. A UE chegou a um acordo com a China para limitar o crescimento das suas exportações.
Queixas: ‘dumping’ social; ‘dumping’ ambiental; pirataria de marcas; taxa de câmbio baixa; corrupção que protege o mercado chinês das empresas estrangeiras.
Pânico: devido à imensa capacidade dos chineses de melhorarem (no futuro) a sua qualidade, para além de terem (já) preço: nas fábricas chinesas da Daimler-Chrysler um operário ganha 1,95 dólares/hora contra 36,5 nos EUA e 49,5 numa fábrica alemã.
O pânico é acrescido pelo receio de os chineses poderem cometer menos erros que os japoneses e coreanos, tendo aprendido com eles (p.e. só o 4º modelo da Toyota foi um sucesso nos EUA –o Corona –, tendo os primeiros 3 sido fracassos: o Toyopet, o Land Cruiser e o Pick Up Stout). Donde há o receio de com a China vir a acontecer tudo mais rápido que com os japoneses e coreanos.
Não há limitações ao sucesso chinês?
Há. Eis alguns exemplos. Na distribuição (especializando-se as empresas europeias em entregar para... ontem) e em tudo que tenha serviço. Na qualidade, não só intrínseca (fiabilidade, durabilidade, etc.) mas também percepcionada (’brand equity’). E mesmo nos bens de preço em que o peso dos salários nos custos não seja grande (mas sim a maquinaria, matérias primas, energia, etc.). Nos serviços: do turismo à saúde. E atacando o mercado chinês, que é apesar de tudo muito menos fechado do que o japonês e coreano quando estes países começaram a internacionalizar.
No balanço, contudo, as empresas ocidentais podem ter por certo duas coisas. Primeiro, esta guerra (China + Índia, etc. versus o Ocidente) só se vai intensificar: a China tem 21% da população mundial e apenas 13% do PIB a PPP e 6% das exportações mundiais. Segundo: “Aquele que defende tudo não defende nada” (M. Foch). Pelo que há que aplicar dois tipos de soluções. Activa: para os problemas que se podem resolver. E passiva para os insolúveis. O que não tem solução... solucionado está. Ou como diria o marquês de Pombal: para cuidar dos vivos, há que enterrar os mortos.
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- Registado: 5/10/2004 16:59
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