Banca nacional à margem das fusões e aquisições
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Ministros das Finanças pedem novo aumento da produção
Europa e Ásia temem efeito do preço do petróleo no crescimento mundial
26.06.2005 - 17h17 AFP, Reuters
Os ministros das Finanças da Europa e da Ásia manifestaram-se hoje preocupados com o actual nível do preço do petróleo, que consideram ser uma das principais ameaças do crescimento da economia mundial, e voltaram a apelar a um aumento da produção.
“O preço do petróleo, que continua alto e volátil, representa um risco para o crescimento mundial, incluindo para as economias emergentes e muito dependentes do seu consumo”, lê-se no relatório final da reunião ministerial da Asem (Meeting Ásia-Europa), realizada em Tianjin, na China.
Nesse sentido, os ministros dos 38 países representados no fórum “apelam a um aumento da produção, a uma melhoria das informações disponibilizadas sobre a produção, a procura e os ‘stocks’ e a um clima favorável aos investimentos petrolíferos em toda a cadeia de abastecimento”.
Segundo os responsáveis, é necessário reduzir a volatilidade dos mercados, mas também apostar na poupança energética e na investigação e promoção das energias alternativas, a fim de refrear a procura de crude.
Na última semana, o barril de petróleo atingiu, por duas vezes, a barreira dos 60 dólares no mercado norte-americano, um valor que a manter-se poderá refrear o tímido crescimento das economias mundiais
Europa e Ásia temem efeito do preço do petróleo no crescimento mundial
26.06.2005 - 17h17 AFP, Reuters
Os ministros das Finanças da Europa e da Ásia manifestaram-se hoje preocupados com o actual nível do preço do petróleo, que consideram ser uma das principais ameaças do crescimento da economia mundial, e voltaram a apelar a um aumento da produção.
“O preço do petróleo, que continua alto e volátil, representa um risco para o crescimento mundial, incluindo para as economias emergentes e muito dependentes do seu consumo”, lê-se no relatório final da reunião ministerial da Asem (Meeting Ásia-Europa), realizada em Tianjin, na China.
Nesse sentido, os ministros dos 38 países representados no fórum “apelam a um aumento da produção, a uma melhoria das informações disponibilizadas sobre a produção, a procura e os ‘stocks’ e a um clima favorável aos investimentos petrolíferos em toda a cadeia de abastecimento”.
Segundo os responsáveis, é necessário reduzir a volatilidade dos mercados, mas também apostar na poupança energética e na investigação e promoção das energias alternativas, a fim de refrear a procura de crude.
Na última semana, o barril de petróleo atingiu, por duas vezes, a barreira dos 60 dólares no mercado norte-americano, um valor que a manter-se poderá refrear o tímido crescimento das economias mundiais
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Ameça petrolífera
A evolução dos mercados está a ser comandada pelo petróleo, cujo preço está imparável. Nos EUA é já negociado a 60 dólares o barril e a tendência é para continuar a subir, porque a procura mundial é muito superior à oferta e os produtores assumem que pouco ou nada podem fazer, pois a sua capacidade de produção está no nível máximo. O choque energético está a deixar muitos investidores em pânico. Estes temem fortes pressões inflacionistas, quebra de resul- tados das empresas e consequentemente uma nova desaceleração das economias, em particular na Europa e nos EUA. A venda de acções atirou, na última semana, as principais bolsas mundiais para o vermelho, e Lisboa não foi excepção, que recuou em termos acumulados 0,23%, depois de na semana anterior ter registado o primeiro ganho do mês. Desde o início do ano a quebra é de 1,3%. A última semana ficou marcada pelo forte trambolhão da PT, caiu 3,3% e cota agora ao nível mais baixo dos últimos 18 meses. Em causa está a quebra de perspectivas financeiras, prevista por vários bancos de investimento internacionais e a respectiva descida de recomendações e preços-alvo. No que respeita aos "pesos-pesados", o BCP ganhou cerca de 0,5% e a EDP quase 1%. Do lado dos ganhos, o destaque foi para a Jerónimo Martins, com uma subida de 3,45%, animada pela operação na Polónia, e para a Cimpor, que ganhou 3,33%, arrastada pela expectativa de uma eventual OPA lançada por estrangeiros.
A evolução dos mercados está a ser comandada pelo petróleo, cujo preço está imparável. Nos EUA é já negociado a 60 dólares o barril e a tendência é para continuar a subir, porque a procura mundial é muito superior à oferta e os produtores assumem que pouco ou nada podem fazer, pois a sua capacidade de produção está no nível máximo. O choque energético está a deixar muitos investidores em pânico. Estes temem fortes pressões inflacionistas, quebra de resul- tados das empresas e consequentemente uma nova desaceleração das economias, em particular na Europa e nos EUA. A venda de acções atirou, na última semana, as principais bolsas mundiais para o vermelho, e Lisboa não foi excepção, que recuou em termos acumulados 0,23%, depois de na semana anterior ter registado o primeiro ganho do mês. Desde o início do ano a quebra é de 1,3%. A última semana ficou marcada pelo forte trambolhão da PT, caiu 3,3% e cota agora ao nível mais baixo dos últimos 18 meses. Em causa está a quebra de perspectivas financeiras, prevista por vários bancos de investimento internacionais e a respectiva descida de recomendações e preços-alvo. No que respeita aos "pesos-pesados", o BCP ganhou cerca de 0,5% e a EDP quase 1%. Do lado dos ganhos, o destaque foi para a Jerónimo Martins, com uma subida de 3,45%, animada pela operação na Polónia, e para a Cimpor, que ganhou 3,33%, arrastada pela expectativa de uma eventual OPA lançada por estrangeiros.
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A Morgan Stanley apresentou os resultados do segundo trimestre, os piores dos últimos quatro anos. Os lucros líquidos foram de apenas 928 milhões de dólares, ou seja, 24% menos do que no mesmo período do ano passado. Os lucros por acção diminuíram 22% em relação a 2004, uma diminuição de 33% em relação aos resultados do primeiro trimestre deste ano.
Os negócios vão mal para todos. A Goldman Sachs, principal rival da Morgan Stanley, também viu as suas receitas reduzidas no último trimestre em 28%, devido principalmente a um certo marasmo nas transacções. Mas para além do marasmo, a Morgan Stanley está a assistir a uma fuga de corretores sem precedentes depois de ter perdido cerca de meio milhar no primeiro trimestre, viu fugirem-lhe mais de três dezenas, tendo presentemente um total de 10 438.
David Sidwell, o presidente financeiro das operações de investimento bancário, reconhece que "continuamos a perder corretores experientes a favor de concorrentes cada vez mais agressivos", mas acrescenta que "obviamente, a cobertura pela imprensa e o nível de actividade demonstrado pelos caçadores de talentos tornaram bastante difícil para nós recrutarmos pessoal".
Com as acções da Morgan Stanley a perderem 8% do seu valor desde que Philip Purcell anunciou a 13 de Junho que vai abandonar o cargo de presidente executivo (CEO), o nervosismo do conselho de administração e dos accionistas chegou a pontos insustentáveis. O consenso é de que quanto mais tempo levarem a encontrar um sucessor para Purcell mais grave o panorama se tornará.
Se há consenso quanto à necessidade de cura, não há quanto ao remédio. O conselho de administração diz não querer ninguém que tenha saído da empresa, embora não o afirme com muita convicção. Nesse cenário, o nome mais bem colocado para timoneiro da maior financeira americana é o de Zoe Cruz. Com 50 anos e 24 de Morgan Stanley, Zoe (conhecida na Wall Street como "míssil de cruzeiro") governou a divisão de rendimentos fixos, a mais proveitosa da empresa, de 2000 a 2005, até ser escolhida por Purcell para co-presidente - nomeação que levou à saída de vários quadros superiores. Desde o anúncio da retirada de Purcell, Zoe Cruz é omnipresente nos trading floors onde não era muito popular, e na Morgan Stanley todos concordam em que é de entre eles a mais forte candidata à herança do cargo de almirante de tão grande navio.
Mas as ligações fortes a Purcell estão contra ela, e receia-se que possa ser uma segunda edição dele, com resultados semelhantes. Não esquecem que foi nos cinco anos de consulado do presidente executivo que a empresa perdeu 40% do seu valor. Há sempre a solução de alguém de fora, e aí Louis Gerstner, ex-CEO da IBM, conhecido por "Mr. Fix-it", é o mais cobiçado. Como presidente executivo da IBM entre 1993 e 2002, transformou uma das mais disfuncionais empresas da América num caso de sucesso. Tem ainda mais um ponto a seu favor a comissão de selecção da Morgan Stanley é chefiada por Charles Knight, que não se esquece certamente de que foi Gerstner quem o contratou para a IBM.
Para alguns analistas é preciso mudar o modelo de negócio da sociedade. Mas também há os que não acreditam, como o analista Richard Bove, da Punk Zeigel & Company "A única razão que me levaria a manter as acções da Morgan Stanley seria se eles vendessem a empresa", afirma.
Os negócios vão mal para todos. A Goldman Sachs, principal rival da Morgan Stanley, também viu as suas receitas reduzidas no último trimestre em 28%, devido principalmente a um certo marasmo nas transacções. Mas para além do marasmo, a Morgan Stanley está a assistir a uma fuga de corretores sem precedentes depois de ter perdido cerca de meio milhar no primeiro trimestre, viu fugirem-lhe mais de três dezenas, tendo presentemente um total de 10 438.
David Sidwell, o presidente financeiro das operações de investimento bancário, reconhece que "continuamos a perder corretores experientes a favor de concorrentes cada vez mais agressivos", mas acrescenta que "obviamente, a cobertura pela imprensa e o nível de actividade demonstrado pelos caçadores de talentos tornaram bastante difícil para nós recrutarmos pessoal".
Com as acções da Morgan Stanley a perderem 8% do seu valor desde que Philip Purcell anunciou a 13 de Junho que vai abandonar o cargo de presidente executivo (CEO), o nervosismo do conselho de administração e dos accionistas chegou a pontos insustentáveis. O consenso é de que quanto mais tempo levarem a encontrar um sucessor para Purcell mais grave o panorama se tornará.
Se há consenso quanto à necessidade de cura, não há quanto ao remédio. O conselho de administração diz não querer ninguém que tenha saído da empresa, embora não o afirme com muita convicção. Nesse cenário, o nome mais bem colocado para timoneiro da maior financeira americana é o de Zoe Cruz. Com 50 anos e 24 de Morgan Stanley, Zoe (conhecida na Wall Street como "míssil de cruzeiro") governou a divisão de rendimentos fixos, a mais proveitosa da empresa, de 2000 a 2005, até ser escolhida por Purcell para co-presidente - nomeação que levou à saída de vários quadros superiores. Desde o anúncio da retirada de Purcell, Zoe Cruz é omnipresente nos trading floors onde não era muito popular, e na Morgan Stanley todos concordam em que é de entre eles a mais forte candidata à herança do cargo de almirante de tão grande navio.
Mas as ligações fortes a Purcell estão contra ela, e receia-se que possa ser uma segunda edição dele, com resultados semelhantes. Não esquecem que foi nos cinco anos de consulado do presidente executivo que a empresa perdeu 40% do seu valor. Há sempre a solução de alguém de fora, e aí Louis Gerstner, ex-CEO da IBM, conhecido por "Mr. Fix-it", é o mais cobiçado. Como presidente executivo da IBM entre 1993 e 2002, transformou uma das mais disfuncionais empresas da América num caso de sucesso. Tem ainda mais um ponto a seu favor a comissão de selecção da Morgan Stanley é chefiada por Charles Knight, que não se esquece certamente de que foi Gerstner quem o contratou para a IBM.
Para alguns analistas é preciso mudar o modelo de negócio da sociedade. Mas também há os que não acreditam, como o analista Richard Bove, da Punk Zeigel & Company "A única razão que me levaria a manter as acções da Morgan Stanley seria se eles vendessem a empresa", afirma.
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Aquisição à vista na América
Além da aposta nos mercados do Magrebe, a Efacec pretende também reforçar a sua posição no mercado americano. Assim, os contactos para a instalação de uma nova unidade industrial no continente americano, através de uma aquisição ou de uma joint-venture, ainda estão a decorrer, embora a empresa preveja que o processo possa estar concluído até final de 2005.
O objectivo deste investimento é diminuir os prazos de entrega das encomendas para os seus principais clientes naquela zona do globo, ou seja, os norte-americanos. Com as exportações do grupo Efacec a atingirem em 2004 cerca de 50% da produção, a aposta numa maior aproximação ao mercado norte-americano é justificada pelo facto de este representar cerca de 23% do seu volume total de exportações.
Além da aposta nos mercados do Magrebe, a Efacec pretende também reforçar a sua posição no mercado americano. Assim, os contactos para a instalação de uma nova unidade industrial no continente americano, através de uma aquisição ou de uma joint-venture, ainda estão a decorrer, embora a empresa preveja que o processo possa estar concluído até final de 2005.
O objectivo deste investimento é diminuir os prazos de entrega das encomendas para os seus principais clientes naquela zona do globo, ou seja, os norte-americanos. Com as exportações do grupo Efacec a atingirem em 2004 cerca de 50% da produção, a aposta numa maior aproximação ao mercado norte-americano é justificada pelo facto de este representar cerca de 23% do seu volume total de exportações.
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A Efacec acabou de ganhar um contrato de seis milhões de euros para a extensão do Bureaux Central de Conduite (BCC) de Argel. Um projecto adjudicado pela Sonelgaz, a empresa pública da Argélia responsável pela distribuição de energia eléctrica, que representa apenas uma parte do que a Efacec espera obter daquele mercado, onde prevê, a curto prazo, ganhar contratos no valor total de cerca de 20 milhões de euros.
O grupo está ainda a estudar a possibilidade de desenvolver novos negócios noutras áreas, para além do sector energético, nomeadamente ao nível dos transportes e telecomunicações.
A presença na Argélia serve também de porta de entrada para outros mercados do Magrebe. Uma região em que empresa quer apostar. Assim como no continente americano (ver caixa) e em alguns países africanos.
O projecto do BCC que a Efacec acabou de ganhar na Argélia irá implicar o desenvolvimento do sistema de comando e controlo da rede eléctrica daquele país, a instalação de novas subestações média tensão/baixa tensão e ainda o fornecimento de centenas de postos de postos de transformação.
O sistema de comando e controlo havia já sido fornecido pela Efacec a esta mesma empresa argelina.
Na assinatura do contrato, que se celebrou no sábado em Arger, marcaram presença os responsáveis das duas empresas, o ministro da Energia e das Minas daquele país, além do embaixador de Portugal na Argélia e do conselheiro económico da Embaixada de Argel.
Presente neste país do Magrebe há cerca de oito anos, a empresa tem vindo a desenvolver a sua actividade no sector da energia. Nos últimos anos, sobretudo entre 2003 e 2004, os fornecimentos de produtos e serviços para aquele mercado cresceram de forma significativa, totalizando mais de 90 milhões de euros de facturação. Entre os projectos desenvolvidos pela empresa portuguesa naquele mercado destaca-se a entrega de 15 subestações, 41 transformadores de potência e mais de mil transformadores de distribuição. Os negócios concretizam-se através da Efacec Argélia, empresa de direito argelino.
O grupo está ainda a estudar a possibilidade de desenvolver novos negócios noutras áreas, para além do sector energético, nomeadamente ao nível dos transportes e telecomunicações.
A presença na Argélia serve também de porta de entrada para outros mercados do Magrebe. Uma região em que empresa quer apostar. Assim como no continente americano (ver caixa) e em alguns países africanos.
O projecto do BCC que a Efacec acabou de ganhar na Argélia irá implicar o desenvolvimento do sistema de comando e controlo da rede eléctrica daquele país, a instalação de novas subestações média tensão/baixa tensão e ainda o fornecimento de centenas de postos de postos de transformação.
O sistema de comando e controlo havia já sido fornecido pela Efacec a esta mesma empresa argelina.
Na assinatura do contrato, que se celebrou no sábado em Arger, marcaram presença os responsáveis das duas empresas, o ministro da Energia e das Minas daquele país, além do embaixador de Portugal na Argélia e do conselheiro económico da Embaixada de Argel.
Presente neste país do Magrebe há cerca de oito anos, a empresa tem vindo a desenvolver a sua actividade no sector da energia. Nos últimos anos, sobretudo entre 2003 e 2004, os fornecimentos de produtos e serviços para aquele mercado cresceram de forma significativa, totalizando mais de 90 milhões de euros de facturação. Entre os projectos desenvolvidos pela empresa portuguesa naquele mercado destaca-se a entrega de 15 subestações, 41 transformadores de potência e mais de mil transformadores de distribuição. Os negócios concretizam-se através da Efacec Argélia, empresa de direito argelino.
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Economia desfavorável no segundo trimestre
Investimento continuou a cair em Abril/Maio, consumo privado abrandou
Os indicadores económicos disponíveis para o segundo trimestre de 2005 apontam para uma queda homóloga do produto em Abril/Maio, com o indicador coincidente de actividade económica do Banco de Portugal a apresentar taxas de variação homólogas negativas entre Março e Maio.
Nos Indicadores de Conjuntura, o banco central assinala que a maior parte dos que são relativos ao consumo privado continuam a apontar para um abrandamento do crescimento desta componente da despesa durante aquele trimestre.
A formação bruta de capital fixo (FBCF) em material de transporte manteve um andamento desfavorável e as vendas de cimento nacional caíram 5,6% no trimestre terminado em Maio, evidenciando um comportamento negativo do investimento em construção.
A Síntese Económica do INE assinala que o indicador de actividade económica recuou em Abril, pelo segundo mês consecutivo, e que o consumo privado desacelerou, fruto de comportamentos negativos de todas as suas componentes.
Quanto ao investimento, o indicador de FBCF intensificou em Maio a tendência de queda dos dois meses anteriores e atingiu o valor mais baixo desde o início de 2004. As vendas de veículos comerciais acentuaram até Maio a tendência de queda e a FBCF em construção deteriorou-se. As vendas de máquinas e equipamentos pelo comércio grossista registaram no mesmo mês uma tendência mais negativa, indiciando uma queda do investimento neste tipo de bens.
A informação relativa ao mercado de trabalho aponta para um ligeiro agravamento da situação, de acordo com o INE. No mês de Maio estavam inscritos nos centros de emprego do IEFP mais de 470 mil de-sempregados, um agravamento homólogo de 4,0%. Só nos primeiros cinco meses do ano em curso dirigiram-se aos centros de emprego mais de 236 mil novos desempregados.
A indústria de couro e produtos de couro (20,5%), indústria do vestuário (16,3%), as indústrias da madeira e cortiça (8,2%) e a fabricação de têxteis (7,3%) foram os sectores onde se verificaram maiores acréscimos de desempregados inscritos.
O emprego nos serviços caiu 0,9% em Abril, prolongando a tendência negativa. E na construção agravou a queda em Abril, com uma redução de 4,3%, com 33 meses consecutivos a recuar.
Investimento continuou a cair em Abril/Maio, consumo privado abrandou
Os indicadores económicos disponíveis para o segundo trimestre de 2005 apontam para uma queda homóloga do produto em Abril/Maio, com o indicador coincidente de actividade económica do Banco de Portugal a apresentar taxas de variação homólogas negativas entre Março e Maio.
Nos Indicadores de Conjuntura, o banco central assinala que a maior parte dos que são relativos ao consumo privado continuam a apontar para um abrandamento do crescimento desta componente da despesa durante aquele trimestre.
A formação bruta de capital fixo (FBCF) em material de transporte manteve um andamento desfavorável e as vendas de cimento nacional caíram 5,6% no trimestre terminado em Maio, evidenciando um comportamento negativo do investimento em construção.
A Síntese Económica do INE assinala que o indicador de actividade económica recuou em Abril, pelo segundo mês consecutivo, e que o consumo privado desacelerou, fruto de comportamentos negativos de todas as suas componentes.
Quanto ao investimento, o indicador de FBCF intensificou em Maio a tendência de queda dos dois meses anteriores e atingiu o valor mais baixo desde o início de 2004. As vendas de veículos comerciais acentuaram até Maio a tendência de queda e a FBCF em construção deteriorou-se. As vendas de máquinas e equipamentos pelo comércio grossista registaram no mesmo mês uma tendência mais negativa, indiciando uma queda do investimento neste tipo de bens.
A informação relativa ao mercado de trabalho aponta para um ligeiro agravamento da situação, de acordo com o INE. No mês de Maio estavam inscritos nos centros de emprego do IEFP mais de 470 mil de-sempregados, um agravamento homólogo de 4,0%. Só nos primeiros cinco meses do ano em curso dirigiram-se aos centros de emprego mais de 236 mil novos desempregados.
A indústria de couro e produtos de couro (20,5%), indústria do vestuário (16,3%), as indústrias da madeira e cortiça (8,2%) e a fabricação de têxteis (7,3%) foram os sectores onde se verificaram maiores acréscimos de desempregados inscritos.
O emprego nos serviços caiu 0,9% em Abril, prolongando a tendência negativa. E na construção agravou a queda em Abril, com uma redução de 4,3%, com 33 meses consecutivos a recuar.
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- Registado: 5/10/2004 16:59
O Orçamento Rectificativo, apresentado na passada sexta-feira pelo Governo, mantém o cenário para o preço médio do petróleo já apresentado no Programa de Estabilidade e Crescimento 2005- -2009, recentemente apresentado em Bruxelas. Em ambos os textos, o Governo aponta para os 50,1 USD médios, durante o ano de 2005, como preço provável do barril de crude. Manuel Ferreira de Oliveira, ex-presidente da Petrogal, está de acordo com este cenário mas à distância de uma década. Em declarações ao DN, este especialista referiu que os 60 USD a que neste momento tem estado a comercializar-se o petróleo "não é para manter". "Num cenário a uma década de distância os investidores vão passar a olhar com mais interesse para reservas que até agora não tinham viabilidade económica, mas que passam automaticamente a ter por via da alta de preços", explica. Assim, o barril poderá cotar-se nos 40 USD.
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Energia custará 6 mil milhões em 2005
Aumento de eficiência energética de 20% poupa 840 milhões de dólares/ano petróleo.
A alta dos preços e o aumento da procura podem levar os investidores a olhar para reservas no Canadá e na Venezuela que até agora eram consideradas não rentáveis
Em apenas três anos a factura energética nacional poderá triplicar. Em 2002, segundo dados da Direcção-Geral da Energia (DGE) , Portugal gastou cerca de 2000 milhões de euros em energia. Aos preços actuais do petróleo e restantes combustíveis, o total pode chegar este ano aos 6 mil milhões. A extrapolação foi feita ao DN por Nuno Ribeiro da Silva, ex-secretário de Estado da Energia. Na passada semana, o ministro da Economia tinha alertado por cada 10 dólares (USD) de aumento do barril do petróleo, Portugal paga mais 1000 milhões de USD. Com os stocks de combustíveis fósseis, segundo alguns estudos, perto da exaustão, e com a procura a avançar para níveis recorde, os especialistas não acreditam numa inversão da tendência de preços nos próximos tempos. E por isso aconselham a questão fulcral vai passar a ser a eficiência com que gastamos a energia disponível. Um dado de facto: por cada euro de riqueza criada na Dinamarca 7 cêntimos são gastos com energia; em Portugal gastam-se 15 cêntimos.
"O maior perigo não são os preços do petróleo, mas sim a quantidade de energia que desperdiçamos", refere Nuno Ribeiro da Silva. "Se reduzirmos 20% do consumo de energia, o que é plausível, poupamos por ano 2 milhões de toneladas em equivalente petróleo", afirma a mesma fonte. Sabe-se que uma tonelada de petróleo é igual a um pouco menos de 7 barris. Com o barril em torno dos 60 dólares norte-americanos (USD), a poupança conseguida por essa via poderia atingir os 840 milhões USD/ano. "Este objectivo, que na União Europeia está apontado para 2020, pode ser atingido em Portugal em 5 anos, dado o nosso maior índice de desperdício", afirma Nuno Ribeiro da Silva.
Em termos rigorosos, não existem estudos para determinar qual o impacto da alta do petróleo (que desde Maio de 2004 já subiu entre 25 e 30 USD). Mas um estudo da Associação Internacional de Energia (AIE) para a OCDE revela que um aumento de 10 USD por barril provoca uma retracção no produto dos países membros de 0,5%. Ou seja, com a actual alta, as previsões mais optimistas, que atiram o crescimento do produto interno bruto (PIB) português para os 1,7%, seriam em boa parte "comidos" só por acção do factor energético. Mas, segundo o mesmo estudo, não é só o PIB que "encolhe", já que no desemprego o impacto é idêntico (mais 0,5% por cada avanço de 10 USD no preço do barril de crude).
Mas no mundo dos petróleos as teses sobre a actual alta não são coincidentes. Na indústria, há mesmo quem tenha feito contas, como é o caso da Exxon Mobil, e tirado a conclusão de que o crude está, ainda agora, a preços mais baixos do que no choque dos anos 80. Descontada a inflação e o efeito cambial, o petróleo devia estar agora acima dos 80 USD para ter o mesmo preço que nessa altura. No entanto, outros, como é o caso recente de Felipe González, acreditam que desta vez a crise é diferente, já que se trata de um aumento exponencial da procura e não de um fechar da torneira por parte dos produtores.
Aumento de eficiência energética de 20% poupa 840 milhões de dólares/ano petróleo.
A alta dos preços e o aumento da procura podem levar os investidores a olhar para reservas no Canadá e na Venezuela que até agora eram consideradas não rentáveis
Em apenas três anos a factura energética nacional poderá triplicar. Em 2002, segundo dados da Direcção-Geral da Energia (DGE) , Portugal gastou cerca de 2000 milhões de euros em energia. Aos preços actuais do petróleo e restantes combustíveis, o total pode chegar este ano aos 6 mil milhões. A extrapolação foi feita ao DN por Nuno Ribeiro da Silva, ex-secretário de Estado da Energia. Na passada semana, o ministro da Economia tinha alertado por cada 10 dólares (USD) de aumento do barril do petróleo, Portugal paga mais 1000 milhões de USD. Com os stocks de combustíveis fósseis, segundo alguns estudos, perto da exaustão, e com a procura a avançar para níveis recorde, os especialistas não acreditam numa inversão da tendência de preços nos próximos tempos. E por isso aconselham a questão fulcral vai passar a ser a eficiência com que gastamos a energia disponível. Um dado de facto: por cada euro de riqueza criada na Dinamarca 7 cêntimos são gastos com energia; em Portugal gastam-se 15 cêntimos.
"O maior perigo não são os preços do petróleo, mas sim a quantidade de energia que desperdiçamos", refere Nuno Ribeiro da Silva. "Se reduzirmos 20% do consumo de energia, o que é plausível, poupamos por ano 2 milhões de toneladas em equivalente petróleo", afirma a mesma fonte. Sabe-se que uma tonelada de petróleo é igual a um pouco menos de 7 barris. Com o barril em torno dos 60 dólares norte-americanos (USD), a poupança conseguida por essa via poderia atingir os 840 milhões USD/ano. "Este objectivo, que na União Europeia está apontado para 2020, pode ser atingido em Portugal em 5 anos, dado o nosso maior índice de desperdício", afirma Nuno Ribeiro da Silva.
Em termos rigorosos, não existem estudos para determinar qual o impacto da alta do petróleo (que desde Maio de 2004 já subiu entre 25 e 30 USD). Mas um estudo da Associação Internacional de Energia (AIE) para a OCDE revela que um aumento de 10 USD por barril provoca uma retracção no produto dos países membros de 0,5%. Ou seja, com a actual alta, as previsões mais optimistas, que atiram o crescimento do produto interno bruto (PIB) português para os 1,7%, seriam em boa parte "comidos" só por acção do factor energético. Mas, segundo o mesmo estudo, não é só o PIB que "encolhe", já que no desemprego o impacto é idêntico (mais 0,5% por cada avanço de 10 USD no preço do barril de crude).
Mas no mundo dos petróleos as teses sobre a actual alta não são coincidentes. Na indústria, há mesmo quem tenha feito contas, como é o caso da Exxon Mobil, e tirado a conclusão de que o crude está, ainda agora, a preços mais baixos do que no choque dos anos 80. Descontada a inflação e o efeito cambial, o petróleo devia estar agora acima dos 80 USD para ter o mesmo preço que nessa altura. No entanto, outros, como é o caso recente de Felipe González, acreditam que desta vez a crise é diferente, já que se trata de um aumento exponencial da procura e não de um fechar da torneira por parte dos produtores.
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O Orçamento Rectificativo apresentado pelo ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, prevê um défice orçamental de 6,23% do PIB. Só que a revisão do PIB, em alta, a efectuar pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), poderá resultar num "bónus" de 0,3 pontos na redução do défice orçamental, o que colocará o défice abaixo dos 6%.
Contas feitas, em menos de um ano, a equipa de Campos e Cunha poderá apresentar uma redução do défice orçamental em um ponto percentual, após a Comissão Constâncio situar o défice orçamental de 2005 em 6,83% do PIB.
Na noite de sexta-feira passada, Campos e Cunha deu a conhecer o Orçamento Rectificativo. As receitas, influenciadas pelo aumento do imposto do IVA (de 19 para 21%) e do ISP, crescem 440 milhões de euros, mas ainda assim o défice total ascende a 8,74 mil milhões de euros, 6,23% do PIB, contra os quase quatro mil milhões de euros - cerca de 2,8% do PIB - apresentados pelo ex-ministro Bagão Félix.
Onde está a diferença? Na eliminação das medidas extraordinárias e num aumento das despesas - calculadas em cerca de 4,6 mil milhões de euros -, para enfrentar, diz o Governo, suborçamentações na Saúde, Ensino e Segurança Social.
Despesa. Metade do aumento dos gastos estatais está explicado pelo acréscimo de despesa corrente, enquanto para investimentos de capital foram transferidos mais mil milhões de euros.
No subsector Estado - por onde "correm" os custos com salários, Saúde, Educação, Segurança Social -, o aumento dos gastos face ao orçamento desenhado por Bagão Félix atinge os 2,08 mil milhões de euros. Como foi isto possível? Simples O Governo afirma que teve de proceder a "reforços de dotações" no montante global de 3,58 mil milhões de euros, tendo, por sua vez, anulado despesas no valor de 1,5 mil milhões de euros.
Pouco mais de metade do reforço da despesa, cerca de 1,8 mil milhões de euros, destinou-se ao Serviço Nacional de Saúde, SNS. Isto para pagar despesas de 2004 e satisfazer "compromissos estimados para 2005, em relação aos quais" as verbas inscritas por Bagão Félix eram "insuficientes". Para a Educação, o reforço global ascende a 488,3 milhões de euros. Deste montante, mais de 400 milhões de euros destinam-se a reforçar os salários dos professores e "acomodar" o efeito das progressões dos escalões dos docentes do ensino primário e secundário, já que o governo de Santana Lopes não contabilizou o efeito dos aumentos salariais. Por fim, para a Caixa de Aposentações segue um cheque de 150 milhões de euros.
Para contrabalançar um aumento dos gastos, o Executivo procedeu a cortes no valor total de 1,5 mil milhões de euros.
No investimento, o Governo cortou 215 milhões de euros e anulou 250 milhões em cativações "associadas a despesas de funcionamento", garantindo que estes cortes não afectam a "operacionalidade" dos serviços do Estado. Nas dotações, o ministro Luís Campos e Cunha riscou do mapa das despesas cerca de mil milhões de euros.
Contas feitas, em menos de um ano, a equipa de Campos e Cunha poderá apresentar uma redução do défice orçamental em um ponto percentual, após a Comissão Constâncio situar o défice orçamental de 2005 em 6,83% do PIB.
Na noite de sexta-feira passada, Campos e Cunha deu a conhecer o Orçamento Rectificativo. As receitas, influenciadas pelo aumento do imposto do IVA (de 19 para 21%) e do ISP, crescem 440 milhões de euros, mas ainda assim o défice total ascende a 8,74 mil milhões de euros, 6,23% do PIB, contra os quase quatro mil milhões de euros - cerca de 2,8% do PIB - apresentados pelo ex-ministro Bagão Félix.
Onde está a diferença? Na eliminação das medidas extraordinárias e num aumento das despesas - calculadas em cerca de 4,6 mil milhões de euros -, para enfrentar, diz o Governo, suborçamentações na Saúde, Ensino e Segurança Social.
Despesa. Metade do aumento dos gastos estatais está explicado pelo acréscimo de despesa corrente, enquanto para investimentos de capital foram transferidos mais mil milhões de euros.
No subsector Estado - por onde "correm" os custos com salários, Saúde, Educação, Segurança Social -, o aumento dos gastos face ao orçamento desenhado por Bagão Félix atinge os 2,08 mil milhões de euros. Como foi isto possível? Simples O Governo afirma que teve de proceder a "reforços de dotações" no montante global de 3,58 mil milhões de euros, tendo, por sua vez, anulado despesas no valor de 1,5 mil milhões de euros.
Pouco mais de metade do reforço da despesa, cerca de 1,8 mil milhões de euros, destinou-se ao Serviço Nacional de Saúde, SNS. Isto para pagar despesas de 2004 e satisfazer "compromissos estimados para 2005, em relação aos quais" as verbas inscritas por Bagão Félix eram "insuficientes". Para a Educação, o reforço global ascende a 488,3 milhões de euros. Deste montante, mais de 400 milhões de euros destinam-se a reforçar os salários dos professores e "acomodar" o efeito das progressões dos escalões dos docentes do ensino primário e secundário, já que o governo de Santana Lopes não contabilizou o efeito dos aumentos salariais. Por fim, para a Caixa de Aposentações segue um cheque de 150 milhões de euros.
Para contrabalançar um aumento dos gastos, o Executivo procedeu a cortes no valor total de 1,5 mil milhões de euros.
No investimento, o Governo cortou 215 milhões de euros e anulou 250 milhões em cativações "associadas a despesas de funcionamento", garantindo que estes cortes não afectam a "operacionalidade" dos serviços do Estado. Nas dotações, o ministro Luís Campos e Cunha riscou do mapa das despesas cerca de mil milhões de euros.
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o número
92%
O endividamento das administrações públicas, entre Janeiro e Abril, deste ano aumentou 91,8%, em relação a idêntico período de 2004, revelou o boletim estatístico do Banco de Portugal. As administrações públicas agregam os subsectores do Estado e fundos autónomos, a administração regional e local e os fundos da Segurança Social. O valor de Abril equivale a 53% do de Dezembro.
92%
O endividamento das administrações públicas, entre Janeiro e Abril, deste ano aumentou 91,8%, em relação a idêntico período de 2004, revelou o boletim estatístico do Banco de Portugal. As administrações públicas agregam os subsectores do Estado e fundos autónomos, a administração regional e local e os fundos da Segurança Social. O valor de Abril equivale a 53% do de Dezembro.
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Mulheres à frente na economia
Prémio Primus Inter Pares para estudantes
O Prémio Primus Inter Pares, instituído pelo Expresso e pelo Totta para distinguir um recém-licenciado nas áreas de Economia e Gestão, premiou este ano Raquel Seabra de Sousa, da Universidade Católica. As mulheres estão a dar cartas neste capítulo o prémio só tem dois anos de vida e de ambas as vezes foi ganho por uma jovem. Este ano concorreram 25 rapazes e 23 raparigas, mas na final eram 3 meninas e apenas 2 meninos.
Prémio Primus Inter Pares para estudantes
O Prémio Primus Inter Pares, instituído pelo Expresso e pelo Totta para distinguir um recém-licenciado nas áreas de Economia e Gestão, premiou este ano Raquel Seabra de Sousa, da Universidade Católica. As mulheres estão a dar cartas neste capítulo o prémio só tem dois anos de vida e de ambas as vezes foi ganho por uma jovem. Este ano concorreram 25 rapazes e 23 raparigas, mas na final eram 3 meninas e apenas 2 meninos.
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oper AÇÕES EM p ORTUGAL
Espanhóis são os mais activos
As aquisições e fusões na banca portuguesa tiveram sempre um denominador comum a entrada ou reforço da posição de um banco espanhol. Quando se fala desta questão em Portugal é incontornável a operação de compra do Totta pelos espanhóis do Santander. Num processo controverso, iniciado no Verão de 92, o negócio só veio a concretizar-se em Abril de 2000, com os espanhóis a ficarem com o Totta e o CPP e o BCP, que entrou igualmente na 'corrida', a adquirir o Sotto Mayor.
Para além desta aquisição, 'hostil' para o Governo português, outra das operações bancárias a assinalar foi a compra do Banco Nacional de Crédito (BNC) pelos espanhóis do Popular, concretizada em 2003, com a compra de 75% ao accionista Américo Amorim e os restantes 25% através de uma OPA.
Se recuarmos mais no tempo, encontramos também o mesmo modo de actuação para o BBVA no nosso mercado adquiriu duas sucursais de bancos estrangeiros, primeiro o Lloyds Bank e mais recentemente o Crédit Lyonnais.
Entre instituições portuguesas, este tipo de operações registam um fracasso a fusão entre o BES e o BPI, que envolvia dois bancos de dimensão quase semelhante e onde o problema da liderança do projecto deitou por terra a sua concretização.
De assinalar ainda a actuação do BCP, o banco mais activo nesta matéria comprou o Português do Atlântico, o Sotto Mayor e o Banco Mello.
O BCP é igualmente a instituição que mais vezes é referida como alvo de uma potencial aquisição. O último interessado na sua compra, o holandês Fortis Bank, acabou por desenvolver uma parceria com o banco português, adquirindo metade da sua holding seguradora.
E o movimento inverso? O mercado espanhol é também o principal alvo da banca portuguesa, com a aquisição de pequenas instituições. A excepção é o BCP, com a tomada de posição num banco polaco e o lançamento de um banco na Grécia.
Espanhóis são os mais activos
As aquisições e fusões na banca portuguesa tiveram sempre um denominador comum a entrada ou reforço da posição de um banco espanhol. Quando se fala desta questão em Portugal é incontornável a operação de compra do Totta pelos espanhóis do Santander. Num processo controverso, iniciado no Verão de 92, o negócio só veio a concretizar-se em Abril de 2000, com os espanhóis a ficarem com o Totta e o CPP e o BCP, que entrou igualmente na 'corrida', a adquirir o Sotto Mayor.
Para além desta aquisição, 'hostil' para o Governo português, outra das operações bancárias a assinalar foi a compra do Banco Nacional de Crédito (BNC) pelos espanhóis do Popular, concretizada em 2003, com a compra de 75% ao accionista Américo Amorim e os restantes 25% através de uma OPA.
Se recuarmos mais no tempo, encontramos também o mesmo modo de actuação para o BBVA no nosso mercado adquiriu duas sucursais de bancos estrangeiros, primeiro o Lloyds Bank e mais recentemente o Crédit Lyonnais.
Entre instituições portuguesas, este tipo de operações registam um fracasso a fusão entre o BES e o BPI, que envolvia dois bancos de dimensão quase semelhante e onde o problema da liderança do projecto deitou por terra a sua concretização.
De assinalar ainda a actuação do BCP, o banco mais activo nesta matéria comprou o Português do Atlântico, o Sotto Mayor e o Banco Mello.
O BCP é igualmente a instituição que mais vezes é referida como alvo de uma potencial aquisição. O último interessado na sua compra, o holandês Fortis Bank, acabou por desenvolver uma parceria com o banco português, adquirindo metade da sua holding seguradora.
E o movimento inverso? O mercado espanhol é também o principal alvo da banca portuguesa, com a aquisição de pequenas instituições. A excepção é o BCP, com a tomada de posição num banco polaco e o lançamento de um banco na Grécia.
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Operações na Europa voltam a intensificar-se
A maior parte das operações de fusões e aquisições na banca europeia ocorreram entre países vizinhos, criando-se grandes bancos regionais espanhóis.
O BBVA protagoniza a primeira OPA estrangeira em Itália
Depois de alguns tempos de acalmia, as fusões e aquisições na banca europeia regressaram em 2005. Mais concretamente, reiniciaram--se em Novembro de 2004, quando se concretizou a compra do inglês Abbey National Bank pelos espanhóis do Santander.
Mas foi já no início de Junho que nasceu o "primeiro banco verdadeiramente europeu" na opinião de vários analistas, uma vez que se trata da maior fusão transfronteiriça na banca europeia o takeover do alemão Hypo Vereinsbank (HVB) pelo italiano Unicredito. Numa operação que atinge o valor recorde (até agora) de 19 mil milhões de euros, a nova instituição marca presença em 19 países, nomeadamente na Europa Central e do Leste.
Este negócio 'amigável', com os dois bancos a concertarem os termos da operação, contrasta com a outra grande aquisição bancária deste primeiro semestre de 2005, a oferta pública de aquisição (OPA) hostil do espanhol Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) sobre o italiano Banca Nazionale del Lavoro (BNL).
Os proteccionismos nacionalistas vieram ao de cima com esta operação, com o Banco de Itália e um grupo de accionistas do BNL a tentarem bloquear a OPA. Esta 'guerra' de posições e palavras levou a Comissão Europeia a tomar posição e a declarar que não admitirá impedimentos de natureza administrativa.
Devendo ficar concluída até finais de Julho, esta operação colocará o BBVA na posição de primeiro grupo financeiro estrangeiro a comprar um banco ita- liano. Paralelamente, está a decorrer uma operação de menor dimensão, ou seja, a OPA do holandês ABN Amro Bank sobre o italiano Antonveneta, negócio que também está a agitar o mercado italiano.
Estas operações colocam em evidência algumas das actuais realidades da banca europeia. Por um lado, o 'atraso' do mercado bancário italiano face à abertura e globalização que a actividade bancária tem vindo a conhecer não só a nível europeu como mundial. Por outro, a apetência dos dois 'gigantes' espanhóis em ganhar dimensão a nível europeu, depois de algumas operações menos bem- -sucedidas na América Latina.
Analisando não só estas duas operações, como as fusões realizadas na banca desde 1998, conclui- -se que quase todas elas ocorreram entre países vizinhos, criando-se grandes bancos regionais.
Isto num mercado europeu onde ainda subsistem vários entraves legislativos e administrativos, que vão contribuindo para que outras operações de aquisição não cheguem a avançar.
A maior parte das operações de fusões e aquisições na banca europeia ocorreram entre países vizinhos, criando-se grandes bancos regionais espanhóis.
O BBVA protagoniza a primeira OPA estrangeira em Itália
Depois de alguns tempos de acalmia, as fusões e aquisições na banca europeia regressaram em 2005. Mais concretamente, reiniciaram--se em Novembro de 2004, quando se concretizou a compra do inglês Abbey National Bank pelos espanhóis do Santander.
Mas foi já no início de Junho que nasceu o "primeiro banco verdadeiramente europeu" na opinião de vários analistas, uma vez que se trata da maior fusão transfronteiriça na banca europeia o takeover do alemão Hypo Vereinsbank (HVB) pelo italiano Unicredito. Numa operação que atinge o valor recorde (até agora) de 19 mil milhões de euros, a nova instituição marca presença em 19 países, nomeadamente na Europa Central e do Leste.
Este negócio 'amigável', com os dois bancos a concertarem os termos da operação, contrasta com a outra grande aquisição bancária deste primeiro semestre de 2005, a oferta pública de aquisição (OPA) hostil do espanhol Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) sobre o italiano Banca Nazionale del Lavoro (BNL).
Os proteccionismos nacionalistas vieram ao de cima com esta operação, com o Banco de Itália e um grupo de accionistas do BNL a tentarem bloquear a OPA. Esta 'guerra' de posições e palavras levou a Comissão Europeia a tomar posição e a declarar que não admitirá impedimentos de natureza administrativa.
Devendo ficar concluída até finais de Julho, esta operação colocará o BBVA na posição de primeiro grupo financeiro estrangeiro a comprar um banco ita- liano. Paralelamente, está a decorrer uma operação de menor dimensão, ou seja, a OPA do holandês ABN Amro Bank sobre o italiano Antonveneta, negócio que também está a agitar o mercado italiano.
Estas operações colocam em evidência algumas das actuais realidades da banca europeia. Por um lado, o 'atraso' do mercado bancário italiano face à abertura e globalização que a actividade bancária tem vindo a conhecer não só a nível europeu como mundial. Por outro, a apetência dos dois 'gigantes' espanhóis em ganhar dimensão a nível europeu, depois de algumas operações menos bem- -sucedidas na América Latina.
Analisando não só estas duas operações, como as fusões realizadas na banca desde 1998, conclui- -se que quase todas elas ocorreram entre países vizinhos, criando-se grandes bancos regionais.
Isto num mercado europeu onde ainda subsistem vários entraves legislativos e administrativos, que vão contribuindo para que outras operações de aquisição não cheguem a avançar.
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entrevista
Nogueira Leite
economista
"Estrangeiros podem entrar em parcerias"
Os bancos portugueses poderão entrar nesta onda de fusões e aquisições?
É difícil fazer previsões sobre esta matéria. Depende de quem está no sector em termos individuais. Na Europa têm-se registado alguns movimentos no sentido de os bancos estenderem as suas estruturas nacionais de actuação, uma vez que a banca é um mercado altamente segmentado. As operações que têm sido anunciadas ocorrem em mercados historicamente fechados, como é o caso de Itália. Mas as fusões e aquisições na banca já começaram há cerca de 15 anos.
Mas julga que a actual situação económica, em que se espera alguma recuperação, é o momento propício para estas operações?
Não sei. Não tenho a percepção de que a situação económica esteja a melhorar ao ponto de justificar estas operações. O que acontece é que parte do ajustamento das perdas ocorridas em 1999/2000 já foram superadas. Os bancos e as empresas, em geral, estão bem capitalizadas e avançam para processos de consolidação.
A banca portuguesa está limitada a processos de fusão e aquisição com os bancos espanhóis?
A banca estrangeira, e concretamente a espanhola, não tem tido uma experiência bem-sucedida em Portugal, à excepção do Santander e mais recentemente do Popular. Depois, existem estratégias diferentes, como o La Caixa, que participa no BPI e noutros projectos, como a Unicer e a Cofina. É possível que outras instituições queiram entrar desta forma.
Mesmo instituições de outros países?
Para os bancos de outros países, Portugal não é um mercado de grande dimensão, o que não impede que se interessem. Além dos espanhóis presentes no nosso mercado, existe ainda a parceria entre o BES e os franceses do Crédit Agricole e a presença de italianos no capital do BCP. Mas vale a pena pensar que as coisas podem não ser apenas unidireccionais.
O contrário também é possível?
Basta ver a tentativa da CGD crescer em Espanha, apesar de ter sido impedida pelo Sabadell/La Caixa.
O que torna a banca portuguesa atractiva face a potenciais compradores?
Trata-se de um sector que tem uma boa performance e práticas que comparam com as melhores a nível europeu. Isto apesar de desenvolver a sua actividade num país com magras perspectivas de crescimento.
Pensa que ainda poderá ocorrer algum processo de consolidação interna?
Não estou a ver, nomeadamente entre os grandes bancos. Estes movimentos de concentração dependem muito dos protagonistas, das relações accionistas. Cada um segue a sua linha estratégica. Mas repare que o nível de concentração da banca portuguesa já é muito elevado.
O que poderá acontecer se a União Europeia acabar com a blindagem de estatutos como forma de evitar uma OPA?
Isso pode vir a acontecer, o que terá implicações em Portugal, onde as blindagens são a regra e não a excepção. Caso isso venha a acontecer, então a regra passa a ser o valor de mercado. Mas não creio que isso venha a acontecer tão cedo.
Nogueira Leite
economista
"Estrangeiros podem entrar em parcerias"
Os bancos portugueses poderão entrar nesta onda de fusões e aquisições?
É difícil fazer previsões sobre esta matéria. Depende de quem está no sector em termos individuais. Na Europa têm-se registado alguns movimentos no sentido de os bancos estenderem as suas estruturas nacionais de actuação, uma vez que a banca é um mercado altamente segmentado. As operações que têm sido anunciadas ocorrem em mercados historicamente fechados, como é o caso de Itália. Mas as fusões e aquisições na banca já começaram há cerca de 15 anos.
Mas julga que a actual situação económica, em que se espera alguma recuperação, é o momento propício para estas operações?
Não sei. Não tenho a percepção de que a situação económica esteja a melhorar ao ponto de justificar estas operações. O que acontece é que parte do ajustamento das perdas ocorridas em 1999/2000 já foram superadas. Os bancos e as empresas, em geral, estão bem capitalizadas e avançam para processos de consolidação.
A banca portuguesa está limitada a processos de fusão e aquisição com os bancos espanhóis?
A banca estrangeira, e concretamente a espanhola, não tem tido uma experiência bem-sucedida em Portugal, à excepção do Santander e mais recentemente do Popular. Depois, existem estratégias diferentes, como o La Caixa, que participa no BPI e noutros projectos, como a Unicer e a Cofina. É possível que outras instituições queiram entrar desta forma.
Mesmo instituições de outros países?
Para os bancos de outros países, Portugal não é um mercado de grande dimensão, o que não impede que se interessem. Além dos espanhóis presentes no nosso mercado, existe ainda a parceria entre o BES e os franceses do Crédit Agricole e a presença de italianos no capital do BCP. Mas vale a pena pensar que as coisas podem não ser apenas unidireccionais.
O contrário também é possível?
Basta ver a tentativa da CGD crescer em Espanha, apesar de ter sido impedida pelo Sabadell/La Caixa.
O que torna a banca portuguesa atractiva face a potenciais compradores?
Trata-se de um sector que tem uma boa performance e práticas que comparam com as melhores a nível europeu. Isto apesar de desenvolver a sua actividade num país com magras perspectivas de crescimento.
Pensa que ainda poderá ocorrer algum processo de consolidação interna?
Não estou a ver, nomeadamente entre os grandes bancos. Estes movimentos de concentração dependem muito dos protagonistas, das relações accionistas. Cada um segue a sua linha estratégica. Mas repare que o nível de concentração da banca portuguesa já é muito elevado.
O que poderá acontecer se a União Europeia acabar com a blindagem de estatutos como forma de evitar uma OPA?
Isso pode vir a acontecer, o que terá implicações em Portugal, onde as blindagens são a regra e não a excepção. Caso isso venha a acontecer, então a regra passa a ser o valor de mercado. Mas não creio que isso venha a acontecer tão cedo.
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Banca nacional à margem das fusões e aquisições
Banca nacional à margem das fusões e aquisições
A 'onda' europeia de concentrações não atingirá Portugal, dizem especialistas
npaula cordeiro
Se a UE acabar com a blindagem de estatutos, outras estratégias surgirão para defender as posições accionistas, dizem os analistas ouvidos pelo DN
A banca portuguesa deverá ficar à margem do movimento de concentrações que ressurgiu na Europa. Apesar de não ser possível fazer 'futurologia' sobre uma matéria que baseia o seu sucesso no inesperado, tudo se conjuga para que os bancos portugueses, no curto prazo, não se envolvam em operações de fusões e aquisições, numa altura em que se desenvolvem alguns processos entre espanhóis, italianos, alemães e holandeses.
Esta é a opinião generalizada de algumas personalidades do universo económico e académico português, ouvidas pelo DN sobre o tema. A elevada concentração do sector, a sua forte relação com o mercado espanhol, o seu carácter periférico e as dificuldades macro-económicas que o País atravessa poderão ser factores de afastamento do movimento de concentração bancária, mais focalizado na Europa Central e de Leste.
Para João Salgueiro, as operações que recentemente se desenvolveram na Europa ainda não geraram os chamados "grandes números". "Tanto a banca italiana como a alemã estavam atrasadas em relação ao que se passou no resto do espaço europeu", afirma o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), alertando para o facto da Itália apresentar um quadro jurídico complexo e diferente para o sector bancário.
"Pode haver interesses entre fusões e aquisições transfronteiriças, mas tratam-se de processos difíceis", acrescenta. No entanto, João Salgueiro considera ser uma matéria sobre a qual não se deve especular.
"A curto prazo, não vejo que a banca portuguesa possa entrar em operações desta natureza à escala europeia", afirma, por sua vez, Luís Mira Amaral. O ex-presidente da CGD e ex-administrador do BPI alerta, no entanto, que pelo facto de alguns bancos estarem no mercado de capitais poderão sempre ser alvo de uma oferta pública de aquisição (OPA) .
"De referir que, com a prevista entrada em vigor em 2007 do Basileia II ( nova regulamentação para a gestão bancária sobre riscos de crédito), as operações de concentração transfronteiriças vão ficar mais dificultadas, na medida em que a supervisão europeia ficará ao critério dos supervisores nacionais, não havendo uniformidade de procedimentos", alerta Mira Amaral.
Para este ex-banqueiro, o facto de as estruturas accionistas dos bancos portugueses estarem estabilizadas é um sinal de que não são de prever alterações, especialmente a nível interno.
Amigáveis ou hostis. As fusões e aquisições bancárias deverão continuar a ocorrer na Europa, mas através de operações amigáveis. Esta é a opinião de José Correia Guedes, professor associado do departamento de Economia e Gestão da Universidade Católica, e que se dedica ao estudo desta problemática. "No sector bancário é mais difícil concretizar uma aquisição hostil", refere este académico.
Correia Guedes considera que vão continuar a acontecer operações deste tipo na Europa, devagar e amigavelmente, embora seja difícil de prever o envolvimento de instituições portuguesas.
"As concentrações transfronteiriças entre Portugal e Espanha são naturais, pois os bancos têm tendência para vir atrás dos seus clientes", adianta.
A atractividade por esta ou outra instituição, refere aquele professor, depende muito do seu grau de eficiência e da carteira de clientes que apresenta.
"Os bancos portugueses acabam por ser envolvidos nestes processos. É tudo uma questão de tempo", vaticina.
Também Carvalho das Neves, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), com vários trabalhos publicados sobre fusões e aquisições, diz que a banca portuguesa "já não fica à margem de nada", apesar de considerar que "a sua estrutura empresarial e accionista poderá dificultar um pouco". Acrescenta, contudo, que qualquer aquisição é possível. "Só a CGD está protegida".
Com as estimativas apontar para uma ligeira melhoria da economia europeia, "a tendência actual é para aumentar o volume destas operações, com os bancos a procurarem ganhar dimensão".
Para Edmund Freitas, igualmente docente do ISEG, de Gestão Financeira, "a febre da consolidação entre a banca portuguesa já foi mais forte". O sector está a atravessar um período de acalmia, com as preocupações centradas na redução dos custos e em ganhos de rentabilidade. Além de que, diz este académico ,"Portugal já não está na moda como há alguns anos". A nossa periferia é preterida em favor dos países do Leste.
desblindagem? Numa altura em que se discute a futura directiva sobre fusões e aquisições que pretende evitar, entre outros aspectos, o recurso às blindagens de estatutos (limitação dos direitos de voto dos accionistas a determinados valores, independentemente da sua participação) para impedir uma OPA, os responsáveis ouvidos pelo DN acreditam pouco na eficácia da medida. João Salgueiro duvida mesmo que se consiga uma posição comum sobre a matéria. "Trata-se de uma ideia que parte do princípio de que existia alguma solidariedade entre os países europeus. Agora parece pouco provável", argumenta.
Correia Guedes, por seu lado, adianta que se a blindagem for contornada será substituída por outros 'obstáculos'.
A mesma ideia é defendida por Carvalho das Neves. "Paga-se muito a advogados para planearem estratégias de defesa das estruturas accionistas", refere.
A 'onda' europeia de concentrações não atingirá Portugal, dizem especialistas
npaula cordeiro
Se a UE acabar com a blindagem de estatutos, outras estratégias surgirão para defender as posições accionistas, dizem os analistas ouvidos pelo DN
A banca portuguesa deverá ficar à margem do movimento de concentrações que ressurgiu na Europa. Apesar de não ser possível fazer 'futurologia' sobre uma matéria que baseia o seu sucesso no inesperado, tudo se conjuga para que os bancos portugueses, no curto prazo, não se envolvam em operações de fusões e aquisições, numa altura em que se desenvolvem alguns processos entre espanhóis, italianos, alemães e holandeses.
Esta é a opinião generalizada de algumas personalidades do universo económico e académico português, ouvidas pelo DN sobre o tema. A elevada concentração do sector, a sua forte relação com o mercado espanhol, o seu carácter periférico e as dificuldades macro-económicas que o País atravessa poderão ser factores de afastamento do movimento de concentração bancária, mais focalizado na Europa Central e de Leste.
Para João Salgueiro, as operações que recentemente se desenvolveram na Europa ainda não geraram os chamados "grandes números". "Tanto a banca italiana como a alemã estavam atrasadas em relação ao que se passou no resto do espaço europeu", afirma o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), alertando para o facto da Itália apresentar um quadro jurídico complexo e diferente para o sector bancário.
"Pode haver interesses entre fusões e aquisições transfronteiriças, mas tratam-se de processos difíceis", acrescenta. No entanto, João Salgueiro considera ser uma matéria sobre a qual não se deve especular.
"A curto prazo, não vejo que a banca portuguesa possa entrar em operações desta natureza à escala europeia", afirma, por sua vez, Luís Mira Amaral. O ex-presidente da CGD e ex-administrador do BPI alerta, no entanto, que pelo facto de alguns bancos estarem no mercado de capitais poderão sempre ser alvo de uma oferta pública de aquisição (OPA) .
"De referir que, com a prevista entrada em vigor em 2007 do Basileia II ( nova regulamentação para a gestão bancária sobre riscos de crédito), as operações de concentração transfronteiriças vão ficar mais dificultadas, na medida em que a supervisão europeia ficará ao critério dos supervisores nacionais, não havendo uniformidade de procedimentos", alerta Mira Amaral.
Para este ex-banqueiro, o facto de as estruturas accionistas dos bancos portugueses estarem estabilizadas é um sinal de que não são de prever alterações, especialmente a nível interno.
Amigáveis ou hostis. As fusões e aquisições bancárias deverão continuar a ocorrer na Europa, mas através de operações amigáveis. Esta é a opinião de José Correia Guedes, professor associado do departamento de Economia e Gestão da Universidade Católica, e que se dedica ao estudo desta problemática. "No sector bancário é mais difícil concretizar uma aquisição hostil", refere este académico.
Correia Guedes considera que vão continuar a acontecer operações deste tipo na Europa, devagar e amigavelmente, embora seja difícil de prever o envolvimento de instituições portuguesas.
"As concentrações transfronteiriças entre Portugal e Espanha são naturais, pois os bancos têm tendência para vir atrás dos seus clientes", adianta.
A atractividade por esta ou outra instituição, refere aquele professor, depende muito do seu grau de eficiência e da carteira de clientes que apresenta.
"Os bancos portugueses acabam por ser envolvidos nestes processos. É tudo uma questão de tempo", vaticina.
Também Carvalho das Neves, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), com vários trabalhos publicados sobre fusões e aquisições, diz que a banca portuguesa "já não fica à margem de nada", apesar de considerar que "a sua estrutura empresarial e accionista poderá dificultar um pouco". Acrescenta, contudo, que qualquer aquisição é possível. "Só a CGD está protegida".
Com as estimativas apontar para uma ligeira melhoria da economia europeia, "a tendência actual é para aumentar o volume destas operações, com os bancos a procurarem ganhar dimensão".
Para Edmund Freitas, igualmente docente do ISEG, de Gestão Financeira, "a febre da consolidação entre a banca portuguesa já foi mais forte". O sector está a atravessar um período de acalmia, com as preocupações centradas na redução dos custos e em ganhos de rentabilidade. Além de que, diz este académico ,"Portugal já não está na moda como há alguns anos". A nossa periferia é preterida em favor dos países do Leste.
desblindagem? Numa altura em que se discute a futura directiva sobre fusões e aquisições que pretende evitar, entre outros aspectos, o recurso às blindagens de estatutos (limitação dos direitos de voto dos accionistas a determinados valores, independentemente da sua participação) para impedir uma OPA, os responsáveis ouvidos pelo DN acreditam pouco na eficácia da medida. João Salgueiro duvida mesmo que se consiga uma posição comum sobre a matéria. "Trata-se de uma ideia que parte do princípio de que existia alguma solidariedade entre os países europeus. Agora parece pouco provável", argumenta.
Correia Guedes, por seu lado, adianta que se a blindagem for contornada será substituída por outros 'obstáculos'.
A mesma ideia é defendida por Carvalho das Neves. "Paga-se muito a advogados para planearem estratégias de defesa das estruturas accionistas", refere.
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