Caldeirão da Bolsa

A mais digna profissão

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Pata-Hari » 25/6/2005 11:37

Recortei um artigo (infelizmente não consegui encontrar a versão online do mesmo), de que gostei imenso e que, apesar de não ter uma ligação directa com o que o luiz inicialmente aqui colocou, levanta a questão da educação num sentido mais lato e mais cívico. Sem querer mais uma vez entrar no muro das lamentações nacional - mas entrando, admito - reconheço que as qualidades descritas deixaram de fazer parte da nossa cultura e deixaram de ser transmitidas como cruciais e fundamentais às crianças. Usámos e abusámos tanto das nossas capacidades de desenrascanço nacional que nos distanciámos do que efectivamente faz a diferença e esquecemos que a educação académica de nada nos serve se não a soubermos usar para fins válidos.
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por psb » 24/6/2005 10:39

Caros todos,

Não podia deixar de destacar a importancia dada por (quase) todos à importancia da CULTURA DE RESPONSABILIDADE, quanto a mim na base de todos os problemas deste País, incluindo os que se discutem neste Forum.

Porque sempre me senti "políticamente incorrecto" é bom saber que não estou só.
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por lobo » 23/6/2005 17:56

Certo Josema

Abraço
 
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por josema » 23/6/2005 16:17

Lobo, só uma pergunta, onde não há dúvida mas ironia: e não é para admirar?

Nota: não sou exemplo para ninguém. Se falei de mim foi apenas para me não acusarem de "lírico". Do que eu vivi e vivo, do que eu fiz e faço, tenho plena consciência: sou culpado de bem de do mal que fiz e faço. Não tenho deuses, mas valores; não tenho líderes, mas ideologia; não vou pelo caminho da maioria, mas por aquele que entendo ser o melhor (quase sempre escolho mal, mesmo assim não mudo de método). Errado ou não, penso que o nosso país está carenciado de gente que pense por si, na proporção em que está cheio de religiões (mais ou menos políticas) que nos indicam caminhos já feitos. Mais parecem agências turísticas com "pacotes" a medida do gosto de cada um.
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por lobo » 22/6/2005 18:36

É curioso como todos admiram o "missionário".

Esta é uma profissão extremamente mal remunerada.

Só este é o ponto de partida para tudo o resto.
 
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A profissão mais nobre

por josema » 22/6/2005 14:46

Amigos, as vossas palavras, (que me comoveram) obrigam-me a tratar-vos assim. Sei que fiz sempre e só aquilo que considero como um dever:estar ao serviço dos meus alunos. Está na hora, seja no sector privado seja no público, dos trabalhadores e dos empresários (no público - gestores) de cada um ser avaliado em função de parâmetros como: qualidade de produção (incluíndo juízes), empenho, assiduidade, responsabilidade, etc. Está na hora de dizer aos empresários que os impostos são para pagar. Está na hora de os empresários perceberem que a empresa de que são donos cresce ou morre conforme o empenho de quantos lá trabalham. Está na hora de termos empresários que aceitam o risco como condição de crescimento e que avaliam e compensam os trabalhadores em função dois critérios atrás enunciados. Podemos mudar de governo todos os dias quie nada se alterará se as mentalidades de quem investe e de quem trabalha não mudarem.

Como escreveu Pessoa "falta cumprir Portugal". Como todos percebemos, chegámos ao fim da linha: é agora ou amanhã será tarde.

Nota: Aos Srs. Administradores. Eu sei que este tópico não é muito "bolsista". Parece-me contudo que é por causa do que neste tópico está a ser abordado que a nossa bolsa desce enquanto todas as outras sobem. Medo do risco. Mesquinhez nos investimentos e esperteza saloia no modo de negociar. Basta estar uma hora a olhar para o Stream para ver a quantidade de gente que negoceia ao cêntimo.
Sinto-me assim justificado, pois, gostaria de ver a bolsa do meu país a subir e a descer pelos factores que afectam ou beneficiam todas as outras e não por outras razões.

Obrigado pelas vossas palavras e um abraço amigo a todos.
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por Flying Turtle » 21/6/2005 22:01

Tive a sorte de ter tido muitos professores - a grande maioria, de facto - profundamente dedicados à sua missão e aos seus alunos. E tive-os desde o primeiro ano da primária até ao fim do mestrado, ao longo de cerca de 18 anos, desde 1961 até 1978 e depois em 2000/2001.

Perante o que vejo hoje (e vejo-o por dentro) não posso no entanto deixar de concordar com o Sérgio Figueiredo no seu artigo e com a opinião manifestada pelo josema, a quem quero agradecer o seu empenho e a sua consciência social e profissional. Não ´~aom só os seus alunos que devem estar-lhe reconhecidos, somos todos nós, porquanto só mudaremos quando a maioria de nós for civicamente evoluída e intrinsecamente capaz de ser obreira da mudança e de constante inovação.

Um abraço
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Não Josema, de certeza que não foste estúpido....

por Xanax » 21/6/2005 20:09

foste certamente um óptimo professor e és certamente uma óptima pessoa. Pena é que pessoas como tu estejam aos poucos a serem excluidas da Sociedade em que vivemos. Bem haja store , ainda que não o conheça pena de não ter sido seu aluno.

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Pois josema ...

por AC » 21/6/2005 19:36

acredito que sejas um dos que foge á regra, agora aquilo que eu vejo e ouço com os meus filhos, é que os professores passam a vida a faltar e aproveitar qualquer oportunidade para o fazer, agora são punidos por isso ? Acho que não, se o absentismo fosse tratado da forma como é feita no sector ( indústria ..... ) a educação em Portugal era um exemplo, quer a nivel de faltas como de comportamentos.
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por josema » 21/6/2005 19:08

Claro que permito, Zé. Aliás, quando saía com os meus alunos(as), tratavam-me por tu e isso nunca foi obstáculo para que se trabalhasse nas aulas a sério e com respeito pelo stôr. Acredita que há, no ensino e em muitas outras profissões, gente competente, dedicada e apostada em fazer o melhor que sabe e pode. Infelizmente - mas este é o mundo que temos - são sempre (ou quase) os mais mal tratados. As pessoas que vivem por valores sabem que assim é e não mudam porque sabem também que alguém tem de passar o testemunho. É isto que me faz acreditar que o dia de amanhã pode ser melhor que o de hoje.
Abraço amigo de um(também)Zé.
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por zé povinho » 21/6/2005 16:46

Caro "josema"

tive alguns professores como tu (se permites, já que a diferença de idade não deve ser muita), mas parece-me que hoje esses são cada vez mais a excepção neste sistema, onde as coisas valem, cada vez mais, pelo que se diz/propagandeia e não pelo que de facto SÃO.

gostei de ver que ainda há alguns como tu nesta terra, que parece comandada por gente louca sem sentido dos direitos e dos deveres.

um abraço
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por josema » 21/6/2005 16:04

Luis 22 escreveu:"Acreditamos, portanto, que as nossas crianças sejam educadas, em casa por pais preocupados, na escola por professores informados. E sobretudo, em casa ou na escola, por adultos conscientes."

Fui prof. quase toda a minha vida profissional. Na 1ª aula de cada ano, dava aos meus alunos o meu nº de telefone para me fazerem perguntas até às 22 horas, em qualquer dia da semanã; e para me ligarem -24 horas por dia - em caso de SOS.

Acabei a minha actividade profissional e a escola a que estava vinculado ignorou a minha saída, embora sempre me tenha colocado, declaradamente, ao serviço dos alunos, sem nunca pedir horas extraordinárias.

Os únicos que sempre - e ainda hoje - reconheceram o meu mérito, empenho e competência profissional, foram os meus alunos. Aliás, a única que me interessa.

Tenho, particularmente, no Concelho de Gaia, milhares de jovens, muitos já com mais de 40 anos, que assinariam por baixo se eu publicasse este texto com o meu nome próprio.

Fiz greves, mas porque o meu problema não era com os alunos, dei as aulas nesses dias, recusando-me a assinar o livro de ponto, sendo-me, por isso mesmo, descontados os dias de greve.

Nunca me limitei a "dar o programa". Mais importante que o programa, sempre considerei o crescimento dos meus alunos como seres humanos e cidadãos conscientes da sua própria responsabilidade na construção daquela parte de futuro que é exclusiva de cada um de nós.

Hoje, olhando para trás, sinto que tentei fazer o possível e é com alegria sem tamanho que guardo na memória as vezes - e já foram muitas - que (quando encontro um ex-aluno) oiço dizer: "professor, quantas vezes, em momento de crise, me lembro das nossas aulas e recobro coragem para continuar".

Caro Luis22, não nos conhecemos e, por isso, este texto não poderá ser entendido como auto elogio. Se alguém assim o ler, problema dele. O que quis dizer foi apenas e só que há nas nossas escolas muita gente competente, quer como educador, quer como transmissor de conhecimentos. Infelizmente o sistema em funcionamento é nivelador por baixo: só os "estúpidos" como eu se empenham em nome dos valores humanistas que professam. Este sistema tem que mudar. Tem que haver uma avaliação independente e as promoções têm de resultar da competência e empenho revelados. Os sindicatos que temos (fui sindicalizado 34anos) vivem do clientelismo e, por isso estão muribundos. É chegada a hora de alterar tudo: escola, sindicatos, destacamento dos propf. para os sindicatos, etc., etc.

Como escreveu Vergílio Ferreira" só para ter existido valeu a pena existir. A maior recompensa da vida é ela própria". Eu acrescento: mas é preciso dar-lhe sentido e isto é uma tarefa que não podemos delegar seja em quem for e, muito menos, comprar.
Há muita gente a oferecer "sentidos" para a vida. Muita gente acredita e vai atrás. Só a ignorância explica este comportamento porque os sentidos que nos oferecem são os deles e, por isso, só a ilusão permitirá a alguém convencer-se de que um desses sentidos é o seu.
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A mais digna profissão

por luiz22 » 21/6/2005 14:30

21 Junho 2005 13:59
Sérgio Figueiredo
A mais digna profissão
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É a de professor. Digo-o e escrevo-o com toda a convicção: ser professor é a mais digna das profissões. Não é preciso convencer ninguém disso. Basta ser pai. Basta ter filhos na escola. E perceber em que mãos os deixamos, em quem estamos a confiar o seu futuro.
Um banqueiro, e pai, afirmava a este jornal, há uns meses, em entrevista, que a educação é aquilo que cada vez mais marca a diferença entre um cidadão de pleno direito e um excluído. É isso. Edu ca ção é cidadania. Não a rotina demencial, o empinanço de rios e serras, como alguns saudosos e bolorentos ainda defendem.

Os filhos da globalização já não têm províncias ultramarinas para decorar. Algo de muito mais difícil é-lhes exigido: preparem-se. Essa preparação significa habilitação para, a qualquer momento, mudar de emprego, mudar de profissão e mudar até de país.

Acreditamos, portanto, que as nossas crianças sejam educadas, em casa por pais preocupados, na escola por professores informados. E sobretudo, em casa ou na escola, por adultos conscientes.

O que é grave na contestação em curso, no braço-de-ferro entre «profs.» e Governo, não está nas «questões técnicas» da greve. Pouco im porta se é legal ou ilegal fixar «serviços mínimos». Nem interessa discutir se o professor grevista deve, ou não, ficar sujeito a processos disciplinares.

Os sindicalistas agarram-se às questões processuais, aos aspectos formais, porque evitam falar das razões, certamente cobrem-se de vergonha ao promover uma greve por aqueles motivos.

Sim, se os professores são responsáveis pelos cidadãos do futuro, se a sua conduta é exemplar, que exemplo estão a dar às crianças que educam?

Que não aceitam um sistema de progresso são na carreira mais exigente e mais rigoroso? Que a sua idade de reforma se deve manter nos 60 anos, sem uma justificação plausível?

É este discurso dos direitos adquiridos compatível com a cultura de responsabilidade? Uma cultura que o país definitivamente não tem e muito menos se pode dar ao luxo de assim continuar por mais uma geração?

E como é que podem os representantes sindicais exigir sentido de Estado à ministra, se lhes faltou sentido moral ao marcarem este protesto para os dias de exames nacionais?

Para justificar a greve, garantem que os exames são trabalho. Em simultâneo, recusam abdicar dos pagamentos «extra» por cada prova de exame corrigida. Se é trabalho, não está incluído no salário? Que coerência é esta?

As greves são justas quando os seus motivos são justificáveis. Noutras circunstâncias, um boicote a exames molesta famílias e perturba os estudantes. O conflito de interesses existe sempre, mas pode ser compreensível. Assim, é ofensivo.

Não há como evitar a conclusão. Se a educação dos nossos filhos estão em boas mãos, então os nossos professores estão muito mal representados. Os sindicatos avisam a ministra que ela não pode dirigir o ensino com outros professores. Mas os professores têm a obrigação de se escolher outra gente que os represente.

Estes perderam o sentido de nação. Quando andaram na escola, foram muito mal educados.
 
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